Algumas questões são recorrentes… voltam todos os dias. Por mais que se explique sempre vem alguém com a mesma história: os católicos adoram imagens. Veja, por exemplo, a opinião postada no BLOG hoje:

A igreja católica venera Maria porque eles não não tem o hábito de ler a bíblia, em Êxodo 20 o próprio Deus condena todos aqueles que se prostam, adoram, veneram ou oram por qualquer um que esta no céu na terra ou em baixo da terra, tanto imagem de escultura ou fotografia, Deus quer que nós adoramos somente a ele e mais ninguem, infelizmente muitos irão para o inferno devido a esta desobediencia, principalmente os católicos qe não aceitam isto ou seja, eles na verdade negam a autoridade de Jesus, e como Maria pode ser a mãe de Deus como eles falam sendo que, quando Deus criou todas as coisas maria não existia interessante né, Jesus dise para Pedro que antes de Abraão ele ja o conhecia, engraçado que Abraão existiu a 1800 anos antes de Cristo provalvenmente Maria não existia. Na verdade Maria foi escolhida como eu e muitos pelo o próprio Deus, e claro que ela esta no céu, mas ela ja morreu e jamais pode interceder por nós e porque pedir a ela se Jesus esta no meio de nós, os católicos não acreditam que Jesus resuscitou que pena pois eu falo com ele toodos os dias e ele me responde quase em viva voz.

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Será que este missionário tem carteira de identidade? Neste caso seria melhor queimar, pois ali tem uma imagem!!!

Esta quinta-feira vai ao ar pela Canção Nova, mais um programa DIREÇÃO ESPIRITUAL em que participo de alguns debates com Pe. Fábio de Melo. O assunto desta vez será a difícil e maravilhosa questão do Deus Uno e Trino. Abordaremos algumas coisas referentes ao livro A CABANA que está muito em voga no momento. Há alguns dias Padre Fábio e eu fizemos um desses programas e entramos em assuntos que merecem sempre aprofundamento. Dois deles são a experiência de fé de Maria Madalena e como ela, de pecadora, tornou-se uma grande discípula-missionária. Outra é a questão da Eucaristia como presença real. Tentamos mostrar que aquele pão e vinho consagrados são “substancialmente” Cristo. Acreditamos na transubstanciação e não na transmaterialização. Não é quimicamente carne e sangue. Eucaristia é sacramento, não é magia. Recebi um comentário de um irmão no sacerdócio que reproduzo para aprofundar este debate.

Pe. Joãozinho,

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo pelo dia do padre. Seja feliz!

Em segundo, não poderia me furtar de dizer-lhe que me causou estranheza o modo pelo qual o senhor, defendendo num programa de TV da CN afirmações no mínimo muito ambíguas do Pe. Fábio de Melo sobre a eucaristia e outras coisas, deu a entender que a proclamação da Ressurreição de Nosso Senhor pela Igreja nascente teria sido apenas o resultado de uma espécie de “intuição” de Maria Madalena. E que dessa “fé” de Maria Madalena toda a Igreja, inclusive Tomé, teria bebido (sic).

Ora, se o entendi bem, assim o senhor corrobora uma tese simplesmente incompatível com o ensinamento da Igreja Católica. A Ressurreição não pode ser tida simplesmente fruto das “saudades” dos discípulos. É um fato real – para além das intuições e das mentes dos discípulos – que provocou o reconhecimento dos desanimados seguidores, que a princípio relutaram em acreditar no Cristo Jesus que se lhes mostrava redivivo.

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O autor do comentário é Pe. Elílio, presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana, incardinado na Arquidiocese de Juiz de Fora. Atualmente, mestrando em Filosofia pela FAJE (Belo Horizonte). Também ele tem um BLOG muito interessante: http://padreelilio.blogspot.com/

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Alegra-me sempre a atenção de um colega no sacerdócio, ainda mais vinda de um mestrando da Faje, onde eu mesmo fiz o mestrado nos idos de 1996-1997, sob orientação do Pe. João Batista Libanio.

Não acredito ter afirmado que “A Ressurreição foi simplesmente fruto das ‘saudades’ dos discípulos ou de uma ‘intuição’ de Madalena”. Seria simplória heresia. O programa foi gravado próximo do dia 22 de julho, festa de Santa Maria Madalena. Sem dúvida ela foi a PRIMEIRA a ver o Redentor ressuscitado (cf. Mc 16,9). Seu testemunho foi muito importante para a Igreja dos primórdios. Conforme diz a coleta deste dia: “Ó Deus, o vosso Filho confiou a Maria Madalena o primeiro anúncio da alegria pascal; dai-nos, por suas preces e a seu exemplo, anunciar também que Cristo vive…” Neste sentido podemos dizer que a experiência de fé da Igreja passou pela experiência de fé de Maria Madalena.

Sobre isso vale o texto de Bento XVI em 2005: “Ontem celebrámos a memória litúrgica de Santa Maria Madalena, discípula do Senhor, que nos Evangelhos ocupa um lugar de primeiro plano. São Lucas enumera-a entre as mulheres que tinham seguido Jesus depois de terem sido “curadas de espíritos malignos e de enfermidades”, especificando que dela “tinham saído sete demónios” (Lc 8, 2). Madalena estará presente aos pés da Cruz, juntamente com a Mãe de Jesus e com outras mulheres. Ela descobrirá, na manhã do primeiro dia após o sábado, o túmulo vazio, ao lado do qual permanecerá em lágrimas, até que Jesus ressuscitado compareça diante dela (cf. Jo 20, 11). A história de Maria Madalena recorda a todos uma verdade fundamental:  discípulo de Cristo é aquele que, na experiência da debilidade humana, teve a humildade de lhe pedir ajuda, foi por Ele curado e se pôs no seu seguimento de perto, tornando-se testemunha do poder do seu amor misericordioso, mais forte do que o pecado e a morte”. Cf. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2006/documents/hf_ben-xvi_ang_20060723_po.html

Teria sido mais preciso utilizar a expressão, sempre precisa, do papa teólogo: “Maria Madalena ocupa um lugar de primeiro plano”. Afinal de contas, nós somos confirmados na fé por Pedro. Sobre isso poderíamos continuar o discurso… quem sabe em outro programa de TV. Espero que Pe. Fábio e eu tenhamos esta oportunidade. Convidaremos pessoas inteligentes e estudadas como Pe. Elílio para o debate. O objetivo não é a polêmica pela polêmica, mas aprofundar as “razões de nossa esperança”.

Concluindo, confirmo a convicção de fé da Igreja Católica na realidade objetiva da ressurreição e da Eucaristia. Não são realidades subjetivas. Seria simplório subjetivismo relativista. Nem Pe. Fábio, nem eu nos enquadramos neste tipo pouco inteligente de perspectiva pós-moderna. Seria “humano demais”.