Ontem citei de passagem uma frase de Santo Agostinho na conclusão de sua obra magna “De Trinitate”. Este gênio da teologia e da língua latina é mais que atual. O binômio fundamental de sua obra é o mesmo que tem pautado o magistério de Bento XVI: Caritas in veritate. Recebi alguns comentários, nem sempre bem humorados, de pessoas que denunciam o fato de pegar uma frase fora de contexto. Estranho é que estas pessoas tem feito o mesmo com minhas palavras. Temos que tomar cuidado para não julgar apressadamente alguem considerando-o como herege. Esta é uma missão das autoridades competentes da Igreja. Até o momento ensino com MISSIO CANONICA concedida pelo meu bispo. Estes críticos ensinam em nome de que autoridade canônica? Reproduzo abaixo dois comentários, que considero de valor, para que você possa entender melhor o que estou dizendo. Aliás, a frase “dilige et quod vis fac”, de Santo Agostinho tem sido muito utilizada de modo deturpado. De fato precisamos definir antes de tudo o que é o amor na acepção cristã. Isto o Santo Padre não tem cansado de fazer. Suas três encíclicas vão nesta direção.
—-
Santo Agostinho também diz: “Ama e fazes o que queres.” Recentemente este pensamento de Santo Agostinho, foi utilizado em uma campanha pelas “Católicas” pelo direito de decidir, onde defendiam (salvo engano), o amor entre pessoas do mesmo sexo. Sabemos que o pensamento é bem restrito ao significado da palavra amor, dentro da cultura católica. Contudo, como diz o mesmo Santo: “Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro” ?
Havendo liberdade para o erro, perde se a distinção entre certo e errado, o que produz a mentalidade: “Quem nos fará ver o bem?”
Nosso tempo é bem interessante, tudo de um certo modo, são desdobramentos da verdade (até mesmo o uso que a CDD faz do pensamento…), não existe mais mentira, mas um processo de evolução para a verdade, tudo muito subjetivo.
Por fim, alguém poderá dizer que as “”Católicas” pelo direito de decidir”, também não pensaram a fé?
Pensar a fé, todos pensam, mas o que importa é a finalidade com que se pensa a fé. Na história da Igreja, todos os hereges, pensaram a fé para modificá-la, e todos os apologistas católicos pensaram a fé para defender a sua unidade, não seus desdobramentos. Se tivéssemos tido a defesa dos desdobramentos da verdade nos primórdios do cristianismo, não teríamos tido tantos mártires. Teríamos tido ecumenismo e diálogo inter-religioso…
—
Caríssimo,
Santo Agostinho pensava a fé sim (“eu creio para compreender e compreendo para crer melhor”, Sermão 43, 7, 9), contudo sem estar separado da Igreja (Roma locuta, causa finita est (Sermão 131,10), diferentemente da moça que escreveu que a Igreja é falha e nos impinge mentiras(?). Vale lembrar o que dissera nosso querido Papa Bento XVI lembrando Santo Agostinho: “mas tende confiança: a Igreja é santa e incorruptível (cf. Ef 5,27). Dizia Santo Agostinho: “Vacilará a Igreja se vacila o seu fundamento, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos” (Enarrationes in Psalmos, 103,2,5; PL, 37, 1353)
Santo Agostinho, ia além: “é de importância capital para a salvação dos homens que estejam unidos pelo dogma, antes de estarem pelo culto.” (Santo Agostinho, 1, De Vera religione)
Sua benção Pe,
Att!
——
Agradeço aos autores destes comentários inteligentes. Espero que possamos manter o nível da reflexão sem julgar (e condenar) apressadamente o interlocutor.
Grato
Dr. Pe. João Carlos Almeida, scj