Beatriz pergunta sobre o significado do “Limbo”. Recentemente o papa declarou que essa hipótese teológica não faz parte essencial de nossa fé. Na verdade ele já havia dito isso quando prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na década de 1980, em entrevista ao jornalista Vittorio Messori.
—
Pe Joãozinho e Pe Fábio,
Semana passada vocês usaram uma palavra, durante o programa, que me
despertou a atenção, “Limbo”, se eu não estou enganada foi isso mesmo?
Por acaso, essa semana comecei a ler “A Divina Comédia” de Dante
Alighieri, e no livro fala também de um lugar chamado “Limbo”. Vocês
podem explicar melhor o que é isso? Eu nunca havia prestado atenção
nesta palavra, e agora lendo o livro fiquei curiosa.
Obrigada,
Beatriz Lobo
Vitória, ES
Limbo é um local distinto do inferno para onde vai as almas que só tem a culpa do pecado original (geralmente crianças e fetos abortados) que não foram batizadas e é dogma de fé, ou seja, somos obrigados a aceitar que isso existe conforme bem colocado no blog http://contraimpugnantes.blogspot.com/2009/05/limbo-sem-duvida-alguma-um-dogma.html . Essas almas vão para esse local porque não tiveram apagada a culpa do pecado original com a qual todos os seres humanos nascem.
Aliás o pessoal do Contra Impugnantes fazem um excelente trabalho, se eu tivesse dinheiro eu iria nesse curso deles http://contraimpugnantes.blogspot.com/2009/08/o-trivium-em-belo-horizonte-rio-de.html, mas como tá difícil até pagar as contas do mês, então fica para outra hora.
Sra. Baetriz Lobo,
Procurei alguma explicação sobre o Limbo para você, e achei que esta abixo não deixa dúvida… A fonte está logo abaixo do texto. Foi uma resposta do Sr. Paulo Pedrosa no site da Montfort.
O termo limbo é aplicado teologicamente ao
(1) lugar temporário ou estado das almas dos justos que, apesar de livres dos pecados, estavam excluídos da visão beatífica até a ascensão triunfante de Cristo ao Céu (o “limbus patrum”) ou
(2) ao lugar ou estado permanente daquelas crianças não batizadas e de outros que, morrendo sem nenhum pecado pessoal grave, são excluídos da visão beatífica por causa do pecado original (o “limbus infantium”).
O limbus patrum é mencionado diversas vezes no antigo testamento, como na parábola de Lázaro e o rico
epulão, onde é chamado de “seio de Abraão” (Lucas 16:22), por exemplo.
A crença no limbus patrum era corrente entre os judeus no tempo de Jesus, e a tradição patristica também
suporta inequivocamente sua existência.
Quanto ao limbus infantium, para onde vão as almas daqueles que morreram sem pecado mortal, mas sem ter a mancha do pecado original apagado pelo batista, diz São Gregório Nanzianzo (325-389):
“aqueles citados por último (crianças que morreram sem batismo) não serão admitidos pelo justo Juiz na glória
do Céu nem condenados a sofrer punições, uma vez que, apesar de não terem sido batizados, não eram
maus” [Orat., xl, 23]
O Papa Inocêncio III (1160-1216) ensina que aqueles que morreram apenas com o pecado original em suas
almas não sofreram “outra pena, seja fogo material ou do verme da consciência, exceto a dor de ser privado
para sempre da visão de Deus” (Corp. Juris, Decret. l. III, tit. xlii, c. iii — Majores).
São Tomás de Aquino, o maior de todos os teólogos ensinou que os não batizados que morreram sem pecado
não sofrem nenhuma dor da perda ou “aflição interior” nihil omnino dolebunt de carentia visionis divinae —
“In Sent.”, II, 33, q. ii, a.2). At first (“In Sent.”, loc. cit.). São Tomás explica que o limbus infantium
não é apenas um mero estado negativo de imunidade contra o sofrimento e a amargura, mas um estado de
alegria positiva no qual a alma é unida a Deus pelo conhecimento e amor por Ele proporcionado pela
capacidade natural.
(…) não só provas da Sagrada Escritura, como também a palavra de um padre da Igreja e do maior teólogo de todos, e mais importante, o ensinamento de um papa.
Fonte:
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=doutrina&artigo=20050426130618&lang=bra
MP
O MAGISTÉRIO DESPREZADO
O Batismo das Crianças e o Limbo
Um leitor nos escreve:
“Escutei, num programa de televisão, um debate entre dois padres, sobre o tema do ‘Batismo’, que me deixou inteiramente perplexo:
Um dos padres sustentava a tese da Igreja Católica, segundo o qual é justo que o Batismo seja administrado na idade infantil; o outro, ao contrário (dissidente), baseando-se no conceito de escolha, sustentava que se deve batizar na idade adulta.
As duas teses estavam apoiadas em citações dos Atos dos Apóstolos e em afirmações feitas por santos, teólogos e doutores da Igreja.
Gostaria de saber, sobretudo, se é verdade que a alma de uma criança, morrendo sem o Batismo, é privada da visão de Deus, isto é, destinada eternamente ao lugar que se chama ‘Limbo’.
Peço esses esclarecimentos para saber os motivos teológicos nos quais se inspira a Igreja a respeito desses problemas.
… Com meus agradecimentos…”
Será um prazer responder-lhe, porque esta carta nos dá ocasião de definir uma vez mais, com precisão, a causa da crise atual da Igreja.
Uma sentença infalível da Igreja
O Magistério infalível pronunciou-se infalivelmente sobre a questão do Batismo das crianças.
Em particular, o Concílio de Trento pune com excomunhão aqueles que sustentam que todos os batizados na idade infantil devem ser rebatizados quando atingem a idade da razão; ou ainda os que sustentam que vale mais a pena não batizar as crianças: “Se alguém diz que as crianças… [devem ser]… batizadas novamente… ou que é preferível não batizá-las do que batizá-las na Fé única da Igreja [in sola fide Ecclesiae], esses que são incapazes de um ato de Fé pessoal, que seja anátema” (Denz. 869).
Quanto à objeção da “escolha”, levantada pelos racionalistas de ontem e de hoje, Santo Agostinho já respondeu há muito tempo: “Na Igreja do Salvador as crianças crêem como todo mundo, da mesma maneira que, como todo mundo, contraíram o pecado que é apagado pelo Batismo” (1 cont. duas Ep. Pelag. C.22). Em outros termos: porque se deveria “escolher” ser libertado de um pecado que não se escolheu cometer? Qual o pai, que para libertar seu filho de um mal, esperaria que este chegasse a idade da razão? E por que se deveria raciocinar para os bens de ordem sobrenatural de maneira diferente que para os bens de ordem natural? Sem dúvida, o Batismo também comporta deveres, mas não se trata de deveres de um estado particular, tal como o Sacerdócio, a Virgindade ou o Matrimônio. Trata-se de deveres gerais de todos os cristãos, impostos por Deus a todos os homens, sob pena de condenação eterna: “Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc. 16, 16).
O Desprezo
O que nos interessa aqui é sobretudo sublinhar que sobre a questão há, como sempre, um julgamento fundado sobre a Revelação divina. Mas eis que dois padres, numa transmissão de televisão, debatem a matéria como se se tratasse de questão ainda sujeita a disputas entre os teólogos, de ponto ainda não definido pelo Magistério. É um escândalo. É o escândalo desse pós-concílio: questões definidas de modo infalível pela Igreja são reabertas e discutidas publicamente, como se o Magistério sobre elas nunca tivesse emitido qualquer julgamento.
No caso presente, nosso amigo leitor escreve: “As duas teses estavam apoiadas em citações dos Atos dos Apóstolos e em afirmações feitas por santos, teólogos e doutores da Igreja”. Mas… e os atos do Magistério infalível da Igreja? É como se não existissem! Mesmo o padre que sustentava a tese da Igreja Católica, pelo que parece, não cuidou de enfatizar que a definição infalível da Igreja elimina qualquer controvérsia. Entre católicos, e com mais razão os padres, a disputa é, de fato, concebível e admitida sob duas condições: 1) que se trate de verdades contidas apenas de maneira obscura e implícita no “depósito da Fé”; 2) que a questão não tenha sido ainda definida pela Igreja. Se, ao contrário, se trate de verdades contidas de maneira clara e explícita no “depositum fidei” ou de questões já definidas pela Igreja, consente-se a disputa somente com os não-católicos, mas para defender o julgamento da Igreja ou a verdade de Fé. Sempre houve, de fato, do lado dos católicos, disputas desse gênero, fundadas unicamente sobre passagens da Escritura Santa ou dos Padres da Igreja, mas com os protestantes, que não reconhecem o Magistério infalível da Igreja; nunca, porém, com outros “católicos” (ou pior ainda, entre padres) para os quais o Magistério infalível deveria ter a última palavra. Mas é assim: hoje, quando as definições dos concílios dogmáticos e os decretos do Magistério não são mais citados e quando se cita somente o concílio “pastoral” Vaticano II, os católicos são reduzidos ao nível dos protestantes e se comportam como protestantes: o que se chama o magistério “vivo” enterrou o Magistério infalível.
Claro que é permitido pesquisar sobre quais “motivações” (não somente teológicas, mas antes de tudo escriturais e patrísticas) se funda a definição da Igreja, mas conservando sempre uma adesão perfeita de espírito e de coração às verdades definidas, com o assentimento cego que é devido à autoridade infalível da Igreja.
É por isso que Pio IX e em seguida Pio XII em Humani Generis lembram aos teólogos e aos próprios exegetas que, voltando às fontes da Revelação divina (Sagrada Escritura e Tradição atestadas pelos Padres da Igreja) eles não se devem afastar das definições da Igreja e que se deve pesquisar uma verdade já definida na Escritura Santa e nos Padres “no mesmo sentido no qual ela foi definida”.
Uma verdade de Fé: o destino das crianças mortas sem batismo
Voltemos agora à pergunta feita por nosso leitor, não sem razão, a respeito da sorte das crianças mortas sem Batismo e sobre o Limbo.
É verdade que as crianças mortas sem Batismo são privadas da visão de Deus e destinadas ao lugar chamado “limbo”.
Sobre o destino dessas crianças mortas sem Batismo existem: 1) o ensinamento claro da Sagrada Escritura: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não renascer da água e do Espírito Santo” (Jo 3, 5); 2) o ensinamento unânime dos Padres (Tradição) sobre a necessidade absoluta do Batismo para salvar-se. Pelágio e seus discípulos que, ao negar a transmissão do pecado original e suas conseqüências, negaram também essas verdades, foram condenados pelo Concílio de Mileto (416) e em seguida pelo Concílio de Cartago (1418), ambos aprovados pelo Papa: “Se alguém diz que as palavras do Senhor: ‘Há várias moradas na casa de meu Pai’ devem ser entendidas no sentido de que no reino dos céus há um certo lugar intermediário ou que existe um lugar qualquer onde vivem felizes as crianças mortas sem Batismo, sem o qual elas não podem entrar no reino dos céus que é a vida eterna, que seja anátema” (Denz. 102 nota 4).
Esta doutrina foi em seguida reafirmada várias vezes por diversos Papas e Concílios, entre os quais o Concílio de Florença e de Trento, e nas diversas profissões de Fé prescritas aos Orientais pelos Papas e pelos Concílios (Denz. 387, 588, 870, 875). Particularmente, o Concílio de Florença afirma que o Batismo é o único meio para tirar as crianças do poder do demônio (Denz. 603) e que aqueles que morrem unicamente com o pecado original (é o caso das crianças não batizadas) vão ao “inferno” (entendido aqui num sentido amplo, como o “lugar inferior” que acolhe os excluídos da visão de Deus”, onde, entretanto, são submetidos a penas diferentes daqueles que morrem em estado de pecado atual grave (Denz. 693). É, portanto, uma verdade de Fé que as crianças mortas sem Batismo são excluídas da visão de Deus.
Uma conclusão teológica: o limbo
Com fundamento nessa verdade de Fé e na Justiça de Deus, há o julgamento comum dos teólogos, confirmado por Inocêncio III, que as crianças mortas sem Batismo não partilham com os condenados a pena temporal e nem mesmo sofrem a privação de Deus, contrariamente aos pecadores condenados, mas antes, como pessoas que, por circunstâncias independentes de sua vontade, encontram-se privadas de uma condição de vida superior, à qual elas não teriam nenhum direito. Em conseqüência, a privação da bem-aventurança sobrenatural para as crianças mortas sem Batismo é compatível com um estado de felicidade natural.
Os teólogos concluíram com isso a existência de um lugar “inferior”, sim, mas distinto do inferno dos pecadores condenados, e atribuíram-lhe o nome de “limbo das crianças”, para distinguir do limbo dos patriarcas, e esta conclusão teológica foi defendida por Pio VI contra o sínodo herético de Pistóia, na bula auctorem Fidei (D. B. 1526).
O retorno da heresia de Pelágio
O neo-modernismo, que é essencialmente naturalista, porque ou bem nega a graça ou a reduz à natureza. Faz reviver a heresia de Pelágio e com ela a negação da verdade de Fé, pela qual as crianças mortas sem Batismo são excluídas da visão beatifica. A negação é, como sempre, sonsa: nega-se a conclusão teológica do “limbo” para negar indiretamente a verdade de Fé à qual está associada, e assim, na prática “pastoral” difere-se o Batismo das crianças, apagando das consciências católicas, pouco a pouco, a necessidade absoluta do Batismo para a salvação. O jogo desleal sempre fica a descoberto à medida que os neo-modernistas adquirem maior segurança de “terem vencido” (ver Sim sim Nãonão de outubro de 1993).
Aqui também o desprezo pelo Magistério infalível é total. Cabe-nos, então, reafirmar de modo total a autoridade dos atos do Magistério infalível.
A Bem-Aventurada Maria de Jesus, carmelita descalça, quando criança, “escutava a leitura de certos livros que tratavam dos mistérios da nossa Fé católica e percebia que os autores, para convencer, davam explicações. Ela, então, impacientava-se e exclamava: ‘Mas não basta que seja um mistério de Fé? Para que tudo isso?’” (Vida do padre Acosta, cit. Pelo padre Siméon da Santa Família em La Beata Maria di Gesu).
É essa a atitude fundamental da Fé. Essa deve ser hoje a atitude dos filhos fiéis da Igreja para com esses católicos que, tendo perdido a Fé, pretendem “ter um pé sobre o terreno da Igreja Católica e o outro sobre o do protestantismo, cuja essência é […] uma religião sem nenhuma autoridade religiosa” (F. Heiner, Il decreto “Lamentabili sane exitu”, Desclée ed. 1908).
(Revista Sim Sim Não Não n°40, Abril de 1996)
O LIMBO:
Uma Doutrina Incontestável Confundida Pela “Nova Teologia”.
Depois do nosso artigo “Magistério desprezado — o Batismo das crianças e o limbo” (Sim sim Não não de abril de 1996 p.1), recebemos a seguinte correspondência do Rev. Pe. Sulmont ― carta publicada no Boletim Paroquial de Domqueur de novembro de 1995 (suplemento do Boletim n°287, p. 1):
Domqueur, 25 de outubro de 1995
Senhores,
Li seu artigo em SiSiNoNO do mês de outubro..
Sem dúvida, estou inteiramente de acordo com sua posição sobre a necessidade de batizar as crianças, como ensinam o Magistério infalível da Igreja, todos os Concílios, toda a tradição, inclusive o Credo de Paulo VI, de 30 de junho de 1968.
Entretanto, permitam-me ser menos categórico a respeito do limbo e da sorte das crianças mortas sem Batismo.
O limbo das crianças é uma conclusão teológica que não é de Fé divina mas somente de Fé eclesiástica, segundo a classificação que me foi outrora ensinada no Seminário.
Dito de outra forma, o limbo não faz parte da Revelação contida no Evangelho. Quando Cristo diz a Nicodemo ‘ninguém, se não renasce da água e do Espírito Santo, pode entrar no reino de Deu´ (Jo. III, 5), funda o Batismo, mas Ele fala a pessoas que não são ainda batizadas e os próprios apóstolos não o estavam ainda, como se acredita.
Necessita-se, assim, um certo tempo para que o sacramento do Batismo seja generalizado: o reino de Deus se instaurará aqui, pouco a pouco.
O limbo, ou melhor, as franjas do reino de Deus, existe na terra, para a Igreja, antes que a evangelização se tenha realizado plenamente em seus fiéis.
Guardei a lembrança da morte de parto de uma mãe há alguns anos, e vejo ainda o pequeno caixão da sua filhinha, chamada Aurora, posto ao lado da mãe, que era boa cristã.
O senhor pensa que Deus possa abrir o céu à mãe, dar-lhe a bem-aventurança, e fechar a porta ao seu bebê, enviando-o a algum outro lugar?
Ainda que uma mãe pudesse esquecer seu filhinho, Deus não esquece os seus.
Parece-me que a solução do limbo não leva suficientemente em conta o dogma da Comunhão dos Santos que está no Credo.
Em todos os tempos, e desde o Antigo Testamento, os fiéis admitem que a morte permite o reencontro com seus pais. Os laços naturais da família não são definitivamente rompidos. Os méritos dos santos não podem ser atribuídos, com prioridade, aos membros de sua família natural e àqueles que eles amaram na terra? Senão a caridade seria uma virtude descontínua.
Eis o que sugiro: talvez os senhores possam dar-me sua opinião sobre esse assunto difícil do limbo.
De qualquer maneira, estou de acordo com os senhores em combater, o mais energicamente possível, o retorno da heresia de Pelágio e a inadmissível teoria da escolha pessoal do Batismo unicamente para os adultos.
O pelagianismo é hoje uma praga: a negação do pecado original, o culto do Homem, os sacramentos laicizados, o desprezo da graça de Deus em benefício de truques; ignora-se o texto do Evangelho: “Não foram vós que me escolheram, mas eu, diz Jesus, que vos escolhi” (Jo, XV, 16).
Cordialmente,
Pe. Sulmont
Por seu lado, uma leitora nos escreve:
Rev. Pe.,
[…] o artigo a respeito do Batismo das crianças e o limbo, no seu último número, fez-me refletir de novo.
Minha cunhada, por ocasião de uma intervenção cirúrgica, estando grávida de quatro meses, pediu que o feto fosse batizado, no caso de… Tendo sido mudada a equipe cirúrgica (durante a noite), não se fez o que ela tinha pedido.
À uma pergunta feita a […] me responderam que não havia, nesse caso, Batismo de desejo, porque não se podia intervir da mesma maneira para um adulto, que deveria acusar seus pecados.
Permita-me refazer a pergunta ao mesmo tempo em que formulo esta outra: Como encarar, nesse particular, a questão do Juízo Final?
Espero que o senhor me esclareça sobre esse ponto delicado, sabendo que no fm do mundo haverá aqueles que terão (feito…) e os que não terão (feito…) em função de sua vontade livre e esclarecida, e lhe peço que aceite, com meus agradecimentos antecipados, a expressão do meu respeito.
Carta assinada
Respondemos aqui a essas duas cartas.
Uma “doutrina comum da Igreja”
“… permitam-me ser menos categórico a respeito do limbo e da sorte das crianças mortas sem Batismo”. (Pe. Sulmont).
Não se trata aqui de ser mais ou menos “categórico”. Trata-se, ao contrário, de manter a doutrina ensinada durante séculos, até às vésperas do Concílio Vaticano II, pela maioria dos Pastores, doutrina adotada pela maioria dos teólogos, acreditada por todo o povo cristão. Separar-se dela significa separar-se da doutrina comum para aderir a essas vozes discordantes e isoladas, que não faltaram em diversos períodos, no curso dos séculos, mas que se mostraram inconciliáveis com a Revelação divina ou que permaneceram como hipóteses, piedosas e caritativas, se quiserem, mas que não são fundadas sobre qualquer revelação.
Em 1935, padre J. Webert, O.P. escrevia: “Se, no curso dos tempos, houve entre os teólogos certas hesitações ou obscuridades, a doutrina da Igreja está doravante bem determinada sobre a existência do Limbo, como lugar onde repousarão eternamente as almas daqueles que morreram somente com o pecado original” (L’au dela, notas e apêndices à tradução francesa da Suma Teológica de São Tomás de Aquino, ed. Desclée). O próprio Häring, que nega o limbo das crianças, reconhece que se trata de “uma doutrina comum da Igreja” (Famiglia Christiana 27 de maio de 1975) e todos os teólogos a reconhecem como tal.
Ora, um padre deve estimar no seu justo valor o peso — no domínio doutrinário — de um consenso tão longamente mantido e tão unânime na Igreja, consenso que, por sua aceitação tranqüila e sua duração, compromete a própria infalibilidade da Igreja tanto “in docendo” quanto “in credendo”.
A isto, deve-se acrescentar o favor, tácito ou expresso, do Magistério Pontifício que, pela boca de Pio VI, defendeu como ortodoxa a crença no limbo contra o concílio herético de Pistóia: “O papa declara falsa, temerária, injuriosa às escolas católicas, a proposição segundo a qual deve ser rejeitado como uma fábula pelagiana o lugar dos infernos, chamado vulgarmente limbo das crianças, no qual as almas daqueles que morrem somente com o pecado original são punidas com a pena de dano [privação da visão de Deus] sem a pena do fogo” (DB 1526).
Assim, em 1954, nas vésperas do Vaticano II, os padres jesuítas espanhóis na sua Sacrae Theologiae Summa (BAC, Madri) escreviam que “etsi de limbo plures sunt quaestiones, ejus existentia certo tenenda est [em itálico no texto] quamvis non sit doctrina de fide definita”. “Apesar de haver várias questões [a resolver] sobre os limbos, sua existência deve ser tida por certa, conquanto não haja uma fé definida” (vol. II De sacramentis p. 150). E depois de ter examinado e refutado as diversas objeções e hipóteses sobre o destino das crianças mortas sem Batismo, estes padres jesuítas lembravam o gravíssimo julgamento de Santo Agostinho: “Noli credere nec docere infantes antequam baptizantur morte praeventos pervenire posse ad originalium indulgentiam peccatorum, si vis esse catholicus [em itálico no texto]”. “Quem quer ser católico, não creia, nem diga, nem ensine que as crianças colhidas pela morte antes de serem batizadas podem obter a remissão do pecado original” (Ibid.)
Um erro
“O limbo das crianças é uma conclusão teológica que não é de Fé divina mas somente de Fé eclesiástica, segundo a classificação que me foi outrora ensinada no Seminário” (Pe. Sulmont).
Sentimos muito ter que dizer que o Pe. Sulmont é aqui “categórico” e que está em erro, e isso por vários motivos. O limbo é, realmente, uma conclusão teológica, mas não uma conclusão teológica de Fé eclesiástica, sem que a Igreja tenha ainda se pronunciado sobre a questão (e veremos por que) de maneira solene e definitiva. Contudo, fosse a doutrina sobre o limbo de Fé eclesiástica, como crê nosso leitor, sua certeza seria “infalível como nos casos dos verdadeiros dogmas” (L. Ott Compendio di teologia dogmatica, Marietti 1955 p.22) e, portanto, o argumento segundo o qual o Limbo “não seria de Fé divina mas somente de Fé eclesiástica” não tem nenhum peso, em realidade.
SENTENTIA AD FIDEM PERTINENS
“Dito de outra forma, o limbo não faz parte da Revelação contida no Evangelho” (Pe. Sulmont).
Infelizmente, não estamos de acordo com nosso reverendo leitor. O limbo é uma conclusão teológica como, aliás, ele mesmo o diz e, por conseguinte, justamente por ser uma conclusão teológica, é uma verdade virtualmente ou implicitamente revelada, como o ensina qualquer manual de teologia: “Chama-se conclusão teológica uma verdade religiosa deduzida de duas premissas, das quais uma é formalmente revelada e a outra é conhecida unicamente pela razão. Sendo tais verdades derivadas de uma raiz da Revelação, são ditas virtualmente reveladas (virtualiter revelatae)” (Bartmann Manuale di teologia dogmática, vol. I, ed. Paoline 1949, p. 20).
Por esta relação teológica com a Revelação divina, a conclusão teológica, antes mesmo de ter sido pronunciada definitivamente pela Igreja, é chamada “sententia ad fidem pertinens”, sentença que pertence à Fé. Não seremos, portanto, tão categóricos para concluir como nosso leitor que “o limbo não faz parte da Revelação, contida no Evangelho”.
Uma opinião “muito singular”
“O limbo, ou melhor, as franjas do reino de Deus, existe na terra, para a Igreja, antes que a evangelização se tenha realizado plenamente em seus fiéis” (Pe. Sulmont).
E é assim que os limbos são completamente negados. Não se trata aqui, de fato, do destino das crianças mortas sem Batismo e que seus pais tenham desejado batizá-las, trata-se sim da própria existência do limbo. Não vemos como essa opinião totalmente pessoal, que situa o limbo “aqui em baixo”, sobre a terra, possa conciliar-se com o Evangelho: “Ninguém, se não renasce da água e do Espírito Santo, pode entrar no Reino de Deus” (Jo. 3,5), e com dois mil anos de reflexão teológica “in eodem sensu et eadem sententia” sobre a sorte das crianças mortas sem Batismo e com os documentos do Magistério infalível da Igreja. Se o limbo existe somente “aqui em baixo” e não existe depois da morte, quer dizer que jamais haverá o caso de almas que morrem unicamente com o pecado original, mas somente almas dignas ou do Céu (com seu anexo, o Purgatório) ou do Inferno, por terem morrido não somente com o pecado original, mas também com pecados pessoais. As definições infalíveis da Igreja, ao contrário — todas sem exceção — consideram certo que existem almas que morrem somente com o pecado original: na profissão de Fé de Michel Paleólogo e em todas as profissões de Fé impostas aos orientais (Dz. 387, 588, 870, 875), no Concílio de Lyon e no de Florença (DB 464) distingue-se sempre entre os que morrem em estado de pecado mortal e os que morrem “somente com o pecado original” (isto é, as crianças e os dementes não batizados). Daí a conclusão lógica, tirada pelos teólogos, da existência de um lugar especial que acolhe essas almas depois da morte.
Além disso, uma vez negado o limbo depois da morte com a finalidade de salvar as crianças cujos pais desejaram ardentemente o batismo, faltaria estabelecer onde vão terminar as outras crianças, inclusive as dos infiéis, cujos pais não desejaram batizar, nem mesmo vagamente. Não chegaríamos, por este caminho, a negar a própria verdade revelada, da qual o limbo não é senão uma conseqüência lógica, a saber, a necessidade absoluta do Batismo para todos? Ficaremos por aqui. Acrescentemos somente que a Igreja, hoje, sofre com opiniões “muito pessoais”. Evitemos, nós que queremos ser filhos fiéis da Igreja, dela sair.
Uma pergunta desrespeitosa para com o Magistério e a teologia católica
“Guardei a lembrança da morte de parto de uma mãe há alguns anos, […] O senhor pensa que Deus possa abrir o céu à mãe, […] e fechar a porta ao seu bebê, enviando-o a algum outro lugar?” (Pe. Sulmont)
Essa pergunta nos parece, antes de tudo, e é o menos que se pode dizer, desrespeitosa para com tantos grandes teólogos católicos (incluindo Santo Agostinho e São Tomás de Aquino), como para com a Igreja que – como se exprime Pio XII em Humani Generis — “deu com sua autoridade, uma aprovação tão notável a sua teologia”. De fato, esses grandes teólogos — e a Igreja com eles — não se teriam dado conta de que o limbo faz injustiça à … bondade de Deus! Na realidade, os grandes teólogos bem sabiam que a visão direta de Deus é um dom totalmente gratuito (ninguém tem “direito” à graça e à glória), que ultrapassa infinitamente as exigências e as aspirações da natureza humana (coisa negada pela “nova teologia”) e que não é permitido, portanto, pedir contas a Deus quando Ele não concede a alguém as alegrias do Céu que, apesar de querer dar a todos, não deve a ninguém. Nossa geração orgulhosa parece ter esquecido isso, mas a palavra de Deus está aí para nos lembrar: “Ó homem, quem és para altercar com Deus? Será que o vaso de argila diz a quem lhe deu a forma: Por que me fizeste assim? O oleiro não é dono da sua argila, para fazer da mesma massa um vaso de honra e um vaso de ignomínia?” (Rm 9, 20-21). Ou ainda: “Não fostes vós que me escolheram, mas eu que vos escolhi” (Jo 15, 16) recordado pelo Pe. Sulmont na conclusão de sua carta e que é uma das várias passagens evangélicas que afirmam a soberana liberdade de Deus no plano da salvação. (Lembremo-nos também de: “Não sou livre de fazer dos meus bens o que quero?”, do dono da vinha, na parábola dos operários da última hora).
É certo que Deus quer que todos os homens se salvem, mas o quer com uma vontade condicionada, não absoluta (como o quereria, contrariamente, a “nova teologia”), isto é, Ele o quer com a condição que os homens e as causas segundas, em geral, concorram para a obra de salvação e, se esse concurso falta, Deus não intervém distribuindo milagres, para enviar todos os homens ao Paraíso, a qualquer preço, violando a liberdade humana, mas deixa as causas segundas seguirem seu curso. Por isso muitas crianças morrem sem Batismo por negligência culpável dos pais e de outras pessoas (no caso exposto pela leitora, por falta de equipe médica precedente que não transmitiu à nova equipe a vontade da mãe). E mesmo se a negligencia não é evidente, como nesse caso, sempre se poderia procurar uma responsabilidade — segundo a hipótese plausível de um teólogo — na falta de utilização de todas as graças atuais que Deus distribui aos homens para que se cumpra perfeitamente seu plano de salvação. Com isto, não pretendemos que a questão esteja completamente resolvida: ela permanece sempre misteriosa para o homem porque, no fundo, trata-se de uma desigual repartição de graças, desigualdade da qual Deus se reserva o segredo. O que está dito, no entanto, basta para estabelecer que a existência do limbo não põe em questão a justiça, nem a bondade divina. Tanto é assim que, segundo o julgamento comum dos teólogos, se as alegrias do Céu são recusadas às almas do limbo (elas não lhes são devidas), as alegrias naturais, as mais elevadas, não se lhe são, no entanto, recusadas, alegrias que lhes asseguram uma felicidade pelas quais não cessam de agradecer a Deus.
Uma doutrina consoladora
Realmente, a reflexão teológica sobre os limbos, se estes são bem conhecidos (o que não parece o caso, segundo as cartas recebidas) oferece vários motivos de consolação aos pais cristãos aflitos.
É certo que as almas do limbo sofrem objetivamente a pena do pecado original, que é “a privação da visão de Deus” (Inocêncio III, Dz. Enchiridion n° 341), mas é de julgamento comum dos teólogos que a justiça divina não permite que elas a sofram subjetivamente. Já havia dito Santo Agostinho que sua pena “é entre todas a mais doce” “omnium mitissima” (a dureza ulterior do doutor de Hipona é devida à controvérsia pelagiana). Foi em seguida, aprofundando a natureza do pecado original, que nos descendentes de Adão tem um caráter não de falta, mas de privação da graça, que os teólogos precisaram melhor a natureza da pena do limbo, puramente privativa também, e não aflitiva.
Seu julgamento é assim ilustrado e defendido por São Tomás: “a mesma razão vale para a ausência de sofrimento sensível e para a ausência de sofrimento espiritual (para as crianças mortas sem Batismo).
É sempre o gozo ilegítimo que merece sofrer, e o pecado original não o comporta: há, portanto, isenção de todo sofrimento.
A terceira opinião admite que as crianças possuem um perfeito conhecimento de tudo o que pode ser conhecido naturalmente, sabem que estão privadas da vida eterna e sabem a razão, e, no entanto, não experimentam nenhum sofrimento. É o que se precisa explicar.
A ausência de uma perfeição que o excede, não aflige aquele cuja razão é reta (é o caso das crianças mortas sem Batismo), por exemplo, não poder voar como os pássaros, não ser nem rei nem imperador, porque não há nenhum direito a isso; mas ele devia afligir-se por ser privado de um bem que lhe é proporcionado e ao qual é apto. Digo, pois, que todos os homens no uso de seu livre arbítrio são capazes de obter a vida eterna, porque podem preparar-se à graça, que é o meio para isso. Desde então, se faltam a ela, conservarão uma soberana dor por ter perdido o que eles poderiam possuir. Ora, essa capacidade sempre faltou às crianças: a vida eterna não lhes era devida por natureza, da qual excede totalmente as exigências, e por outro lado, não poderiam praticar nenhum ato pessoal, que as fizesse merecer tão grande bem. Portanto, elas não se afligem de nenhuma maneira por não ver a Deus, e de outra parte, gozam por participar em grande parte do bem do qual Deus é a fonte e possuir todos os dons naturais que recebem Dele.
Não se pode atribuir-lhes a capacidade de obter a vida eterna por uma ação pessoal e nem tão pouco por uma ação externa; não se pode dizer que elas poderiam ter sido batizadas, como muitas outras o foram, e que assim viessem a gozar da visão de Deus. Porque, ser recompensado por uma ação que não é pessoal é o efeito de uma graça totalmente particular, que as crianças não se entristecem de não ter recebido, assim como um homem sensato não se entristece por não ter recebido muitas graças concedidas por Deus a outros homens”. São Tomás App.q.2 a.2. Tradução francesa: Revue des Jeunes, suppl: q.70 bis art.2).
Em suma, se o limbo não é o Paraíso, também não é o inferno dos danados e, se lá as almas não gozam da visão beatifica, gozam, não obstante, de uma felicidade acidental secundária, possuindo sem dor bens naturais, de nenhum modo desprezíveis, e em primeiro lugar o conhecimento e o amor natural de Deus, como o explica São Tomás.
“Apesar de que as crianças não batizadas estejam separadas de Deus, no que concerne à visão beatifica, elas não estão completamente separadas Dele. Ao contrário, estão unidas a Deus pela participação nos bens naturais e podem assim gozar Dele também pelo conhecimento natural e o amor natural” (In IV Sent. I.II, dist. XXX, q.II a.2 ad.5).
Suarez, por seu lado, diz que as crianças mortas sem Batismo amam a Deus com um amor natural, acima de todas as coisas e gozam por estarem ao abrigo de todo pecado e de todo sofrimento (De peccatis et vitiis disp. IX sect VI).
Lessius diz que elas possuem um conhecimento natural perfeito das coisas materiais e espirituais que as leva a amar soberanamente a Deus, mesmo se se trata de um amor natural, a abençoá-Lo e louvá-Lo por toda eternidade (inclusive por tê-las poupado do combate terrestre, cujo resultado é sempre incerto) (De perfect divin. 1 XII c. XXII n° 144 ss).
O cardeal Sfondrati acrescenta que “Esse benefício da inocência pessoal e da exceção do pecado é tão grande que essas crianças prefeririam ser privadas da glória celeste a cometer um só pecado; e todo cristão deve ser desta opinião [como o foram, de fato, os Santos]. Portanto, não há lugar para queixas nem aflição a propósito dessas crianças, mas antes, convém louvar a Deus e agradecer-Lhe a esse respeito” (Nodus praedestinationis dissolutus, Roma 1687, p. 120).
Como é evidente, para consolar os pais cristãos, aflitos com a morte de seus filhos sem Batismo, não é, de modo nenhum, necessário negar a existência do limbo; basta simplesmente instruí-los sobre sua doutrina. Gostaríamos também de lembrar aqui que o cônego Didiot, da Faculdade teológica, se diz “inteiramente disposto a crer que as relações entre o céu dos eleitos e o limbo das crianças são possíveis e mesmos freqüentes; que o laço de sangue conservará sua força na eternidade, e que a família cristã, reconstituídas no céu, não será privada da alegria de reencontrar e amar seus queridos participantes de um dia” (Mortos sem Batismo, Lille 1896 p. 60). Essa é somente uma hipótese pessoal e o autor a tem por tal, mas é uma hipótese que se harmoniza com o dogma e a doutrina tradicional.
Pelos méritos de Cristo e não dos Santos
“Parece-me que a solução do limbo não leva suficientemente em conta o dogma da Comunhão dos Santos que está no Credo. […] Os méritos dos santos não podem ser atribuídos, com prioridade, aos membros de sua família natural e àqueles que eles amaram na terra?” (Pe. Sulmont)
Esta observação também é um agravo aos grandes teólogos da Igreja e a Ela mesma que não se teriam dado conta, todos, que a conclusão teológica sobre o limbo não está bem de acordo com o “dogma da Comunhão dos Santos que está no Credo”. Na realidade os grandes teólogos não estavam esquecidos, como parece esquecer-se nosso leitor, que a primeira graça (conferida justamente pelo Batismo e restituída eventualmente pela Confissão) é concedida pelos méritos de Cristo e não dos Santos e que a Revelação divina associa absolutamente a primeira graça ao Batismo (Jo 3, 5). Esse Batismo de água pode ser substituído pelo de sangue, como no caso dos santos inocentes, assassinados pelo ódio a Cristo, ou pelo de desejo que, consistindo em atos pessoais de Fé e de contrição, não pode, no entanto, ser dado aos recém nascidos (nem aos dementes).
Não nos foi dado a conhecer outros meios de salvação, e é com justiça que os teólogos, unânimes, dizem que a uma lei tão geral e tão universal, revelada por Deus, como a do Batismo, não se pode admitir nenhuma exceção, se o próprio Deus não revelar a existência desta exceção (Sacrae theologiae Summa cit. e Dicionário de teologia católica, palavra batismo e limbo). Aí está porque todas as hipóteses sobre a questão, inclusive as piedosas, acabam por basear-se somente em razões de sentimento e carecem de fundamento sólido: “solido quidem fundamento carere”, como declara a seu respeito o Santo Ofício no Monitum de 18 de fevereiro de 1958 (AAS 50/1958, 114).
O julgamento universal
Acreditamos ter assim respondido igualmente à segunda carta. Falta-nos somente responder a pergunta sobre o julgamento final. A questão não foi ignorada pela teologia católica. É verdade que o Evangelho sobre o julgamento final nada diz daqueles que não terão tido a possibilidade de “fazer ou não fazer”, mas não é permitido, de modo nenhum, deduzir daí que eles não existem. Para prová-lo há os documentos do Magistério infalível da Igreja, única à qual é dado explicar o verdadeiro sentido das Escrituras.
Esses documentos, já mencionamos, colocam sempre numa categoria à parte, distinta dos bem-aventurados e dos danados, as almas que morrem “somente com o pecado original”, quer dizer, aqueles que, como as crianças ou os dementes, não tiveram a possibilidade de agir ou não agir em função da sua vontade livre e esclarecida. Se não se faz menção dessas almas no julgamento geral é simplesmente porque esse julgamento não lhes diz respeito: elas não serão julgadas, porque não há nada para julgar, uma vez que estas almas não tiveram a possibilidade nem de merecer nem de desmerecer. É por isso que, segundo alguns teólogos, as almas do limbo nem mesmo assistirão ao julgamento final e, ignorando a felicidade dos eleitos, não sentirão nenhum pesar. Segundo outros, ao contrário, elas terão conhecimento da felicidade dos eleitos, mas igualmente não sentirão desgosto, estando sua vontade perfeitamente conforme à vontade divina, que eles sabem ser sensata, justa e boa; ao contrário, vendo a danação dos reprovados, alegrar-se-ão por seu estado e agradecerão à bondade divina de lhes haver poupado misericordiosamente a prova terrestre, que pode terminar com o céu, mas também com o inferno (do qual os danados ficariam bem contentes se as portas do limbo se abrissem para eles). Segundo Santo Tomás e os tomistas, ao contrário, mesmo se as almas do limbo assistissem ao julgamento geral, a Providência continuaria misericordiosamente mantendo-os na ignorância da felicidade dos eleitos. Todos os teólogos, sejam quais forem, estão de acordo sobre o seguinte: que o texto do Evangelho acerca do julgamento final não põe obstáculo à conclusão teológica sobre o limbo.
Uma fácil conclusão
A Igreja, com razão, insiste no seu ensinamento sobre o dever de batizar as crianças o mais rápido possível (D.B. 712). O limbo, de fato, mesmo se não é um lugar de sofrimento, mas de prazer estimável, não é, no entanto, o Paraíso, ao qual Deus chama todos os homens. Não é nem mesmo um paraíso natural, porque as almas suportam aí, ainda que sem sofrimento, um dano real, provocado pelo pecado original: a privação da visão direta de Deus. Essa insistência justa da Igreja [sobre o Batismo precoce das crianças] não deve, no entanto, levar a comparar a danação das almas do limbo à danação dos reprovados, por que isto seria contrário ao Magistério infalível da Igreja, que os distingue bem. Tão pouco deve levar a considerar o limbo como um lugar de aflição, apesar de diferente do inferno, porque a Igreja não ensina e jamais deixou de ensinar assim, e à doutrina de Belarmino, que queria ver nas almas das crianças uma leve tristeza pela bem-aventurança perdida, ela claramente preferiu a doutrina que expusemos aqui.
A “nova teologia” contra o limbo
Se os neo-modernistas não tivessem feito abortar, desde seu começo, o Concílio Vaticano II, a doutrina consoladora sobre o estado das almas no limbo seria hoje realmente de Fé eclesiástica (como supõe erradamente nosso leitor) e, portanto, sua certeza seria “infalível como no caso dos verdadeiros dogmas” (L. Ott. cit.).
No esquema preparado pela comissão teológica, lê-se: “O concílio declara vão e sem fundamento todos os julgamentos segundo os quais se admite para as crianças um meio [para atingir a visão de Deus] diferente do Batismo realmente recebido. Todavia, não faltam motivos para considerar que elas gozarão eternamente de uma felicidade conforme seu estado”.
Com isto o Concílio teria encorajado o aprofundamento teológico sobre o estado de felicidade acidental e secundário das almas no limbo, e teria fechado a porta à busca de outros meios de salvação diferentes do “Batismo realmente recebido”, busca essa que na véspera do Concílio tornou-se ainda mais inquieta e inquietante sob o impulso da “nova teologia”. Esta conclusão está, aliás, perfeitamente de acordo com diferentes textos do Magistério infalível, tais como, por exemplo, o decreto Pro Jacobitis do Concílio de Florença (retornado em seguida pelo Concílio de Trento), no qual se lê: “Cum ipisis (pueris) non possit alio remedio subveniri nisi per sacramentum baptismi… admonet… quamprimum commode fieri potest, debere conferri” (DB 712). “Porque as crianças só podem ser socorridas pelo Sacramento do Batismo… (a Igreja) adverte severamente… que ele deve ser administrado logo que for possível fazê-lo sem problemas” (e Pio XII lembra também essa doutrina, no seu famoso discurso às mulheres parteiras). Infelizmente, esta conclusão definitiva não foi adotada pelo Concílio, por causa do desvio que lhe impôs a minoria modernista, e os neo-modernistas aproveitaram dessa falta de definição para definir a questão no pós-concílio, à sua maneira… ou seja, eliminando o limbo, somente pelas seguintes razões:
1) ele contraria a heresia de De Lubac e de “sua turma” que, desenterrando o modernismo condenado por São Pio X, queriam que o sobrenatural (portanto a visão beatífica) não fosse um dom absolutamente gratuito, que Deus não deve a ninguém, mas ao contrário, que fosse qualquer coisa de devido, porque é um aperfeiçoamento da natureza humana (v. SiSiNoNo de 15/2/1993 p.3).
2) a existência do limbo está igualmente em desacordo com a outra heresia, própria da nova teologia, que quer a salvação incondicional de todos os homens, fiéis e infiéis, batizados ou não (V. SiSiNoNo de 15/4/1993, pp. 1 ss).
Apesar disso, o texto preparado pela comissão teológica permanece aqui para testemunhar, se for necessário, que na véspera do Concílio a doutrina sobre o limbo era comumente professada pelos Pastores, teólogos e fiéis e que somente a revolução modernista perturbou (e encontramos o eco dessa perturbação nas cartas que recebemos) a possessão tranqüila dessa conclusão teológica, tão notavelmente resumida, justamente na véspera do Concílio, pela Enciclopédia Católica: “III. O Limbo das Crianças — Existe ainda, segundo a teologia, o limbo das crianças, isto é, o estado e o lugar das crianças não batizadas, mortas sem o uso da razão, sem a remissão do pecado original. Não estando em condições, por sua idade, de praticar atos de Fé e de contrição (Batismo de desejo), elas não podem ser libertadas da falta original senão por meio do Batismo, conferido in ‘fide Ecclesiae’, não o recebendo, ‘elas não renascem na água e no Espírito Santo’ (Jo. 3,5) e portanto não são admitidas no Reino de Deus: não terão entretanto, nenhuma pena, ao contrário, segundo a opinião comum dos teólogos gozarão de certa bem-aventurança natural. Como diz São Tomás: ‘elas serão felizes, participando amplamente da bondade divina nas perfeições naturais’ (II Sent. d.33 q.11. a.2; cf. d.45, q.1, ª2: Suma Teológica supl. Q. 79. a.4). essa concepção teológica, apesar de não ser explícita [mas implícita, sim], nas Sagradas Escrituras, está fundada sobre a justiça de Deus, a qual não pode infligir castigos pessoais a quem não possui pecados pessoais. Logo, a sorte das crianças mortas sem Batismo, como observa São Gregório de Nissa (PG 46.177-80), deve-se distinguir da dos adultos que, por falta própria, desdenharam o Batismo; contudo, elas não serão admitidas à felicidade sobrenatural, como pensavam os pelagianos contra os quais se pronunciaram, o Concílio de Cartago em 418 (Dez. U. 102 note4) e Santo Agostinho (De anima e eius origine, 12, 17: PL 44. 505). O limbo das crianças dura eternamente, pois, aqueles que morreram somente com o pecado original estão fixados neste estado para sempre. Esta doutrina foi explicitada [e não inventada como o desejaria a ‘nova teologia’] pelos grandes teólogos do século XIII” (palavra limbos col. 1358).
*
Em conclusão, queremos acrescentar que compreendemos perfeitamente a dor dos pais cristãos que não puderam batizar seus filhinhos e o desejo que têm de saber alguma coisa mais sobre o seu destino. Mas como já tivemos a ocasião de dizer, não há necessidade de inventar fábulas nem, menos ainda, de negar o limbo, para os consolar: o aprofundamento teológico sobre a questão oferece abundantes motivos de consolação; trata-se somente de torná-lo conhecido. Sentimo-nos, além disso, no dever de lembrar a gravidade da hora presente e a ameaça insistente do neo-modernismo, que hoje parece corromper mesmo os melhores na Igreja. Tudo isso exige, dos que querem ser e permanecer realmente filhos da Igreja, a mais rigorosa fidelidade ao seu Magistério e à teologia católica autentica, para não pôr em perigo sua própria Fé e não cooperar para essa demolição da Igreja por seus inimigos internos, expressa impropriamente por Paulo VI como “a autodemolição da Igreja”.
Gregorius
(Revista SIM SIM NÃO NÃO n° 45 ― Setembro de 1996)
beau
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Prezada Beatriz, Salve Maria.
O Limbo não pode ser abolido porque é uma verdade incontestável.
O Papa Inocencio III apoia a questão.
São Tomás de Aquino, o maior de todos os teólogos, comporta essa verdade de forma clara. Objetiva.
Portanto nem o Papa, nem ninguem, pode negar uma Verdade.
Desconfie bem dessa informação de que o Papa teria dito isso.
Desconfie mais ainda de quem nega a ressurreição de Nosso Senhor.
Desacredite de quem mente dizendo que Cristo não esta presente na Hóstia Consagrada.
Despreze quem diz que o “Dogma evolui”. – Isso é uma mentira!
Não dê atenção a quem diz que “tanto faz ser católico ou protestante”.
Ignore com vigor quem engana suas pobres ovelhinhas dizendo que : “É ótimo perder a fé”.
Veja com ressalvas quem troca a Cruz de Nosso Senhor por um violão, e a oração e a penitência, pela maquiagem, xampu de primeira e botox.
Mire – se nas palavras de Santo Cura D’Arns que disse: Me mostre o caminho de Arns, que eu te mostro o caminho do céu!!!
Hoje isso, na boca de alguns padres arrumadinhos seria dito: Me mostre o caminho do Caesar Palace que eu te dou um ingresso do show.
Por fim, reze o terço todos os dias.
Fuja do mundo.
Em Jesus e Maria.
Em tempo: Obrigado Padre João(zinho) por me permitir praticar a caridade em ajudar uma irmã.
Olegário.
O Limbo existe sim! Embora, o Vaticano recentemente afirme que ele não exista, e como às vezes é difícil as pessoas entenderem direi de um modo extremamente didático. Ele tb faz parte do Santo Catecismo de São João Paulo II, que segue a tradição da Igreja,e o Santo Padre, o Papa Bento XVI não desserta disso. Por isso, eu acho que essa afirmação saiu de algum teólogo que se passou pelo Santo Papa Atual.
Bom, numa parte Credo rezamos: “E desceu a Mansão dos Mortos”.
A Mansão dos Mortos, nada mais é do que o Limbo. Jesus foi lá mosrtar a Sua Glória a todos os que lá estavam.
Como o Céu estava fechado aos Filhos de Deus até a Santíssimo MArtírio de Nosso Senhor, as almas não ficavam vagando pela terra não. Elas iam para o Limbo (lugar ao lado do inferno). Qd Jesus morreu Ele desceu (ou seja, depois de ir ao Encontro do Pai) foi buscar todo o povo judeu que lá se encontravam, uma vez que estes não tinham sido batizados e nem podiam, por isso, ir ao Purgatório.
O Purgatório passou a existir tão logo, o primeiro batizado morreu. Logo, o primeiro batizado que morreu já se encontrava sob o Julgo do Juízo Particular, logo, ou ia ao Purgatório ou ao inferno. Direto ainda não se podia pois não existia os Santos Sacramentos da Santa Eucarista e a Santa Confissão (embora prática já acontecia entre os Santos Apóstolos.
Logo, todas as pessoas batizadas: em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (mesmo todos os protestantes)e pessoas que se disvirtuaram da Santa Igreja Católica para as seitas terão seus atos julgado e com duas opções: Céu ou Inferno. Claro, que alguns católicos entram direto no Céu, mas bilhões passam pelo Purgatório.
Logo, o limbo é um lugar para as almas que não são batizadas na Igreja Católica (e isso reune todas as Igrejas Protestantes – as Evangélicas também são protestantes)ou seja, todos os pagãos vão para o limbo, os natimortos e as almas dos nenens abortados vão para lá.
As almas dos Natimortos e dos nenéns abortados, podem ser batizadas, e a partir desse batismo de coração, a Água Benta utilizada chega até essa alma pelo Amor de Deus, e esta ascende ao Céu feliz! E Deus fica Feliz também.
Agora as almas dos pagãos só serão julgadas no dia do Juízo Final.
Lá no limbo elas possuem uma noção da Verdade e elas decidem se querem ir ao Céu ou ao Inferno. (acho que é isso).
O Limbo pode ser chamado de Mansão Pagã ou Mansão dos Morto.
Pq “mortos” se estão na realidade vivos?
Evagelho do Domingo Passado: “Eu sou o Pão da Vida, quem comer desse Pão não morrerá”. “Os seus pais comeram o maná no deserto e morreram”.
Pe. Joãozinho,
São muitas respostas para um mesmo tema! Tem gente que escreveu: “O Limbo existe sim! Embora, o Vaticano recentemente afirme que ele não exista…”
Em quem devo acreditar, no Vaticano ou em pessoas que nem sei quem são? Não sei como é feita a triagem dos comentários, mas espero uma resposta do senhor(consequentemente da igreja, pois o senhor responde diretamente ao Bispo) sobre os assuntos discutidos no blog.
Vejo que ultimamente tem muitos “teólogos de plantão” escrevendo para o blog, que acusam disto, acusam daquilo e não tem a humildade de simplesmente perguntar: O que o senhor quis dizer com aquela frase? Ou, pode nos explicar melhor aquela citação? Até para sabermos realmente o que o senhor quis dizer para só depois discutirmos o assunto. Eles colocam a pergunta mas já respondem que se o senhor falou no sentido tal é um absurdo, ou se o senhor falou em outro sentido é heresia! Tá complicado acompanhar tantas acusações sem direito de resposta!
Ainda prefiro esperar o seu pronunciamento sobre as questões, não que eu ache que o que o senhor fale é lei, mas tenho certeza que quando o senhor escreve, se baseia na Doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, doutrina esta que o senhor estudou muito mas, principalmente, vivencia no seu dia-a-dia!
Paz e bem!
A sua benção,
Anderson.
Agradeço aos irmãos que tiveram a boa vontade de esclarecer as dúvidas da amiga Beatriz, é muito bom aprender. Só acho desnecessário que, disfarçado sob a atitude caridosa de esclarecer dúvidas, um irmãozinho aqui se aproveitou para (como outros) jogar pedras em quem o incomoda. Isso não é caridoso, irmão. Você deveria limitar-se a esclarecer a dúvida apresentada, e não provocar discórdia. Deixe que a própria Beatriz use seu discernimento.
Em e-mail que enviei ao Pe Joãozinho havia dito que não me manifestaria sobre outros assuntos aqui apresentados pra não alimentar ainda mais a fogueira da discórdia. Mas achei que deveria apresentar esse questão para o irmãozinho lá em cima, pode ser que ele pense melhor e se lembre de Jesus antes de repetir este tipo de atitude.
Fiquem com Deus, e que Ele os ilumine.
Padre Joãozinho,
Salve Maria!
Bento XVI (ao que tudo indica), não assinou o documento da “Comissão Teológica Internacional” sobre o Limbo, veja:
http://www.capela.org.br/Artigos/limbo.htm
Vá para o Limbo!
Dom Lourenço Fleichman OSB
Depois que o papa Bento XVI recusou-se a assinar o documento que falsifica a doutrina sobre o Limbo das crianças mortas sem batismo, chega-nos agora a notícia de que o documento acaba de ser publicado com a autorização do Pontifice. Método típico da Revolução, que toma atalhos extra-oficiais apimentados com uma ou duas mentiras difíceis de serem confirmadas. Ou será que, de fato, teria o papa autorizado a publicação? Por enquanto não encontrei nenhuma versão oficial da notícia, mas o texto é citado pelas agências de informação.
Quanta asneira dizem esses falsos teólogos! Quanta arrogância e pretensão, de querer enganar o povo fiel com argumentos tendenciosos e de falsa doutrina. Basta uma formação média na doutrina para sentir o cheiro da heresia. Iniciam seu raciocínio com a questão da vontade de Deus. Dizem estes senhores que Deus é misericordioso e quer a salvação de todos os homens. Dizendo assim, parece que a Igreja Católica, de tantos santos doutores, de um Sto Anselmo que festejamos neste dia 21 de abril, de um São Tomás de Aquino, de tantos santos papas, não percebeu, ao longo de seus dois mil anos, a límpida verdade. Ora, ora… descobriram a pólvora! Deus quer a salvação de todos os homens! Pois eu digo que se Jesus Cristo estivesse diante desta tal comissão, diria: “Raça de víboras”! porque não apresentam aos fiéis a doutrina completa sobre a vontade de Deus? Porque não dizem que, na sua vontade absoluta, sim, Deus só pode querer a salvação de todos os homens. Mas na sua vontade aplicada, ou seja, diante da realidade de cada um dos homens, a vontade de Deus como que respeita as circunstâncias das causas segundas, da vontade livre do homem, da situação das almas, dos atropelos da vida. A vontade de Deus só se torna eficaz com a colaboração do homem. Se assim não fosse, seríamos robôs, e não seres criados à imagem e semelhança de Deus.
Depois de falsificar assim o princípio básico do raciocínio, a quadrilha de “teólogos” parte para outra frente de combate revolucinário: a doutrina do Limbo seria apenas uma hipótese teológica. Desconhecem estes bastardos da fé o modo como a doutrina da Igreja forma sua unidade coesa e sólida? Claro que sabem. Mas escondem e querem impor a novidade a qualquer preço, e escondem a verdade. E onde está a verdade? É dogma ou não é dogma? A verdade é que a teologia católica não é feita apenas de dogmas. Existem muitas verdades anexas aos dogmas, as quais, se forem negadas, atingem em cheio o dogma a que elas se referem. Por isso elas são intocáveis, não havendo autoridade neste mundo que as possa mudar. No caso do Limbo, o dogma do pecado original e o dogma da necessidade do batismo para a salvação. Com que autoridade podem eles sair por aí, numa revista americana, com ou sem o aval do Vaticano, dizendo que o Limbo é uma hipótese? Hipótese é Vaticano II, meus senhores! Hipótese é esta tese revolucinária, anti-católica, herética e que só serve ao senhor das Trevas. E porque razão pretendem estes modernistas evolucionistas, prestidigitadores, que os católicos deixem de dar seu assentimento de fé ao que a Igreja sempre ensinou, com a garantia de dois mil anos de santos e santidade, para aderir a eles? E por quanto tempo, pergunto eu, deveriam os católicos “obedecer” a estas fantasias? Até que um próximo passo seja dado e um documento novo venha acrescentar que, na verdade, não é só o Limbo que não existe, mas o inferno também?
Do mesmo modo, ao afirmar que é pela misericórdia de Deus que se estabelece esta novidade, mostram o total desconhecimento dos dogmas referentes a Deus. Reduzem a misericórdia divina a um sentimento humano, onde Deus teria pena das crianças mortas sem batismo, como se fosse possível para Deus ter sentimentos de pena e agir como um homem poderoso que agracia um criminoso que lhe pede perdão. Quanta fantasia. E dizem que são teólogos! Os autores tentam afirmar que esta doutrina não atinge o dogma do pecado original. Vamos mostrar que atinge sim.
A questão do Limbo está ligada intimamente à doutrina da necessidade do batismo para se entrar no Céu. Isto é um dogma da nossa fé, declarado explicitamente por Nosso Senhor a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito Santo não entrará no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne e o que nasceu do Espírito é espírito.” (S. Jo, 3,5) Já aqui nos deparamos com uma justificativa dos modernistas de quererem acabar com o Limbo. De fato, depois de Vaticano II, estabeleceu-se a prática de deixar o batismo para um momento em que a pessoa possa escolher. Prática certamente diabólica, pela qual muitas almas, já contaminadas pelas tentações, tomaram o caminho do pecado e se embrenharam nas trevas do inferno. Porque, se é indiferente às crianças antes da idade da razão, morrerem com ou sem batismo, então desaparece a necessidade de batizar-se desde o nascimento. Mas não é esta a Tradição dos Apóstolos: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a Tradição de batizar também as criancinhas” (Orígines, Ad Rom. VI,6). E o Concílio de Trento determinará que sejam batizadas as crianças recém-nascidas “ex traditione Apostolorum” (Dec. sobre o Pecado Original, 4). Sejamos honestos: não se pode dizer que o Limbo não existe porque Deus, na sua misericórdia, leva as almas das crianças para o céu mesmo sem batismo e, ao mesmo tempo, afirmar que esta nova doutrina não afeta o dogma do pecado original e da necessidade do batismo.
Vários erros grosseiros são cometidos por esta super “Comissão Teológica Internacional”, da Congregação para a Doutrina da Fé. Segundo as citações apresentadas pela imprensa, um dos membros “acrescentou que os muitos fatores analisados oferecem a suficiente base teológica e litúrgica para se acreditar que as crianças que morrem sem batismo se salvarão e gozarão da visão beatífica”. Pelo visto estas razões teológicas são tão fracas quanto o argumento levantado na notícia: Para este membro da Comissão, no caso das crianças mortas antes da idade da razão, a misericórdia de Deus prevalece sobre o pecado. Oh! trevas da ignorância; Oh! astúcia do antigo inimigo! A quem querem estes senhores enganar? Pois quem foi que disse que as crianças mortas sem batismo vão para o Limbo por causa do pecado? Este senhor acaba de provar que o Limbo existe, pois se a razão da não existência do Limbo é uma suposta prevalência da misericórdia sobre o pecado, basta assinalar a doutrina católica que dá razões bem diferentes para a existência do Limbo e todo o trabalho desta comissão será posto a nu diante de todos, como mais uma armação contra a fé católica.
De fato, o que obriga a existência do Limbo é a ausência de vida sobrenatural antes do batismo. Esta ausência se deve à presença do pecado original, sua marca na alma. Mas a presença do pecado original não significa que exista a culpa do pecado original, sendo esta atribuída a Adão e Eva. Não havendo a culpa, não há como se contrapor a este pecado a misericórdia de Deus. Esta só poderia ser apresentada como argumento diante de pecados pessoais, com a culpa correspondente. Mas, por definição, estes pecados atuais não existem na alma das crianças antes da idade da razão. Não há como negar, isso é dogma da nossa fé (e eles afirmam que o Limbo nada tem a ver com o dogma!) Quando um bebê nasce, ele possui a alma espiritual em estado natural: capacidade de conhecer, pela razão natural, e capacidade de amar, por atos livres da sua vontade. Mas ela não está apta, apenas por sua natureza, a ter em si a presença de Deus, a graça santificante, a posse do Divino Espírito Santo. Em outras palavras: ela não é o templo da Santíssima Trindade. Deus Nosso Senhor quis que só mediante o batismo nos fosse dada, em acréscimo, esta capacidade de vida sobrenatural. (cf. S. Marcos 16, 15) Se alguém achar isso injusto, que vá se entender com Nosso Senhor lá na porta do céu. Não temos o que discutir o que é Revelado por Deus, basta-nos o ato de fé; e o batismo é o meio de obter a vida da graça, sendo, certamente, o melhor para nós, o mais fácil, o mais comum, o mais usual. As Sagradas Escrituras nos trouxeram pelo menos um exemplo maravilhoso desta imensa bondade e misericórdia de Deus, que facilitou a entrada de tantas almas na visão beatífica: o batismo é dado com água, e qualquer pessoa pode batizar. Foi na estrada de Gaza, onde viajava o eunuco da Rainha da Etiópia, sentado em um carro, lendo o livro de Isaías. A ele foi enviado o diácono Felipe, por obra do Espírito Santo. E ali mesmo, na beira da estrada, o pobre homem pergunta a Felipe: “Eis água, que motivo me impede de ser batizado”. (Atos, 8, 26) E Felipe o batiza, na beira da estrada, em açude ou riacho, e o milagre se consuma: aquela alma já não é um pagão, já não é incapaz da graça, mas tornou-se luminosa, filho de Deus, plenamente apta para a vida sobrenatural e mergulhada nela. E este milagre, os falsos teólogos querem roubar das criancinhas, atacando um dos flancos da muralha protetora da fé, que é o Limbo.
O que é o Limbo?
Diante da guerra levantada contra a doutrina católica sobre o Limbo, as pessoas sem formação tendem a pensar que este lugar é um castigo, quando na verdade não é. Trata-se de um lugar apropriado para a capacidade de uma alma humana impedida, pela presença do pecado original, de ter a vida sobrenatural. E o que acontece com esta alma, no Limbo? Ela vai agir segundo as suas capacidades naturais, e isto vai depender da idade em que tiver morrido. Se chegou a desenvolver um pouco sua inteligência e sua vontade, poderá receber algum conhecimento natural de Deus e dos eleitos do paraíso, que lhe trará uma felicidade natural compatível com o seu estado. É, portanto, um lugar de paz, de felicidade natural. Não é um lugar de visão beatífica, porém isso não afeta as almas dali, pois elas não têm nem mesmo a noção do que seja a visão beatífica, não podendo assim desejá-la ou sentir inveja dos eleitos do Paraíso. Ao contrário, Deus pode perfeitamente alegrar estas alminhas permitindo que algum lampejo da luz do Céu venha iluminar este lugar, como fogos de artifício para que batam palmas ao Criador.
Onde querem chegar?
Vários erros modernistas, da Nova Teologia de Henri de Lubac, von Balthasar e outros exigem as mudanças que esta comissão tenta empurrar goela abaixo aos católicos. Toda a Nova Teologia e Vaticano II baseiam-se na redução da ordem sobrenatural à ordem natural. Ou seja, a graça e a glória do céu deixariam de ser acréscimos sobrenaturais dados gratuitamente por Deus, para fazerem parte da própria natureza do homem. A partir daí, fica fácil introduzir outras novidades, como a salvação universal de todos os homens, já ao nascer, ou ainda o emparelhamento de todas as religiões como sendo eficazes para salvar os homens. De fato, se as crianças mortas sem batismo vão necessariamente para o céu, já não se faz necessária a fé católica, abre-se a porta para o ecumenismo radical e alucinado proposto durante mais de trinta anos por João Paulo II. Abre-se também as portas para canonizações de pessoas que, pelos critérios católicos, nunca alcançariam os altares. O próprio João Paulo II, absurdamente proposto para ser beatificado; Madre Tereza de Calcutá, a queridinha da mídia mundial, que proibia que fossem batizados, em seus hospitais, as crianças em perigo de morte vindas de outras religiões. Se elas iriam para o céu, então esta atitude seria tolerável, mas se a doutrina verdadeira, do Limbo, é a tradicional, então esta religiosa nunca poderá ser canonizada pelos ritos tradicionais, tendo impedido tantas e tantas alminhas de irem para o céu.
Ainda na questão das intenções destes agentes do mal, devemos assinalar a frase citada na imprensa: “o limbo representava um “problema pastoral urgente”, pois há cada vez mais crianças que nascem de pais não católicos e que não são batizados e também “outras que não nasceram ao serem vítimas de abortos”. A se confirmar o teor desta afirmação, estamos diante de um curioso critério dogmático: já que Vaticano II derrubou a fé católica no mundo inteiro, aumentou consideravelmente o número de crianças nascidas de pais não católicos. Cabe então, segundo a frase citada, uma modificação no dogma católico, para arrombar a porta do céu, explodir tudo, deixar entrar todo mundo, batizado ou não batizado, vindos de pais católicos ou não. É impressionante a pretenção dos desvairados: arrombaram as portas da Igreja com sua “abertura ao mundo” e com isso acham, sem se darem conta do ridículo, que abriram também as portas do céu.
Não estamos mais em 1965, ou em 1969. Naqueles dias, os católicos enguliram a heresia progressista sem perceber e hoje já não sabem mais o que são. Diante destes fatos urge ao católico armar-se com a armadura de Deus, resistindo-lhes fortes na fé, com a espada da verdade, o elmo da salvação, a alegria no coração no bom combate, na esperança da salvação, na vida eterna do céu.
Beatriz, não tenho capacidade de lhe explicar o que você pergunta citando-lhe todos os documentos e fazendo várias análises teológicas, mas como sua pergunta foi direta, acho que posso lhe ajudar: antigamente, quando as crianças morriam sem batismo, afirmava-se que essas crianças iriam para “um tipo de céu só para crianças que não tinham pecados próprios, mas apenas o pecado original” – a esse lugar chamavam “limbo”. Isso não era um Dogma de Igreja, mas a afirmação de teólogos que não admitiam que Deus pudesse salvar alguém que não tivesse recebido o batismo. Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal, como teólogo e Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé, afirmou que essas crianças estão junto de Deus. O limbo não existe. Na realidade ninguém conhece todos os meios que Deus tem para salvar seus filhos. Sabemos que pela morte e ressurreição de Jesus e seguindo seus ensinamentos preservados pela Igreja Católica através da Bíblia e da Tradição recebida dos apóstolos através do tempo, seremos salvos. O Batismo é um sacramento que nos introduz na Igreja e na fé, sem o qual não se recebe nenhum outro sacramento. É um caminho que, com certeza, pode nos levar a Deus, mas sabemos que Deus plantou “sementes do Reino” no coração de cada ser humano e que o Espírito Santo sopra aonde quer. Além disso, para Deus não existe tempo: existe o batismo de desejo e o batismo de sangue. Explico: quando
pais cristãos desejavam batizar seus filhos, mas não tiveram tempo para isso ou pessoas que estavam se preparando para serem batizaddas (quando o batismo ainda era dado só a adultos) e que, mesmo sem receberem o sacramento, morriam para defender sua fé em Jesus e na ressurreção, Deus já conhecia o desejo de que tinham de receber o sacramento e de viver como batizados. O Batismo é um mergulho em Deus, por isso podemos e devemos viver constantimente mergulhados nEle e procurando cada vez mais a sabedoria das águas mais profundas.
Espero que isso possa esclarecer sua dúvida. Peço ao Pe. Joãozinho que me cocrrija se eu tiver dito alguma coisa contrária a nossa fé. Como afirmei no início: nunca fiz cursos de teologia, apenas quis saber um pouco mais sobre a fé e comecei a ler e participar de Pastorais e Movimentos da Igreja na adolescência e continuo até hoje.
Um grande abraço,
Simone.
Padre, boa tarde!
Estou tentando fazer um curso de teologia, mas os cursos presenciais que encontrei são todos de vertente evangélica ao procurar na internet achei: Seminario de Teologia Católica e o Padre Fabio da Canção Nova Seminario de Teologia Católica junto com Padre Fabio, Canção Nova ea Renovação Carismatica na Igreja.www.seminariocatolico.com.br.Gostaria de saber, se possivel, qual sua opinião sobre o curso.
Obrigada
Angélica
Boa tarde!!!
Evangelho do dia!!!
Mt 18,21-19,1
Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou:
– Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
– Não! – respondeu Jesus.
– Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes. Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía. Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor.”
– O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora. O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: “Pague o que me deve!”
– Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo.”
– Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida. Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão. Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: “Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você.”
– O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
E Jesus terminou, dizendo:
– É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.
Depois de dizer isso, Jesus saiu da Galiléia e foi para a região da Judéia que fica no lado leste do rio Jordão.
abraço fraterno
ANA VALESKA – FORTALEZA
Padre Joãozinho permita-me fazer uma critica: OS COMENTARIOS DO SEU BLOG, JA ESTÃO SE TORNANDO CHATOS E CANSATIVOS, pois passaram a ser uma extensão da Monfort. No fim só estamos vendo a opinião deles. Acho que o negócio esta indo longe demais…..
Padre Joãozinho,
Concordo completamente com a Edna. Eu gostava desse blog como era antes. Eu não acesso o site do Monfort, porque não gosto. Esse povo é violento demais. Não tem como parar isto?
Maria Célia – rib preto
Edna e Maria Célia,
estudar é muito cansativo, daí muitos dos post’s, serem também cansativos. Será mais fácil acabar com as postagens dos membros da Montfort do que estudar? Será que o blog do Padre Joãozinho, é apenas um espaço para se ver opiniões, e não se debater a verdade?
No Evangelho, Nosso Senhor diz:
“Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João.” Mt 11, 11-12
A obra de conversão de Santo Agostinho, foi uma obra de violência, imprimida pelo própio, a si mesmo. E com todos os Santos e Santas, não é diferente, sem a violência, não é sepultado o homem velho, ele não aceita estar crucificado com Cristo. Isto é o que se vê na vida de todos os Santos que efetivamente, são novas criaturas em Cristo.
Vocês querem a paz do mundo, ou a paz de Cristo?
Fiquem com Deus.
Abraço
“Só aquele que se enraivece sem motivo se torna culpado; quem se enraivecer por um motivo justo não tem culpa alguma. Pois, se faltasse a ira, a ciência de Deus não progrediria, os julgamentos não teriam consistência e os crimes não seriam reprimidos. Mais ainda: aquele que não se encoleriza quando a razão o exige, comete um pecado grave, pois a paciência não regulada pela razão propaga os vícios, favorece as negligências e leva ao mal não somente os maus, mas sobretudo os bons” (São João Crisóstomo, Homilia XI, in Math.)
Agradeço a todos, inclusive ao Pe Joazinho, pela ajuda. Mas sinto em meu coração que não devo me preocupar com o significado de “Limbo”. É impossível pra mim acreditar que no Reino de Deus existe tanta burocracia e discussão, quando Ele, nosso Pai tão amado e querido por nós, nos pede a todo momento para sermos como crianças.
“Deixai vir a mim as crianças
Pois delas é o reino dos céus.
Em verdade vos digo, aquele que
Não for como uma criança não
Entrará no Reino de Deus”.
Luc 18, 16-17
Senhor Jesus, já não posso ser como uma criança, pois já não possuo mais tamanha inocência. Como ser uma criança? A cada novo dia a vida me leva o vigor, me distancio da juventude. A cada novo dia adquiro mais conhecimento, o que me leva a ser cada vez mais prudente e os acontecimentos já não mais me surpreende. Sinto-me muito alegre em estar ao Teu lado, o Senhor me ensinou a adaptar-me às necessidades do momento, me fez mais forte. Mas, essa palavra me deixou inquieta, como ser uma criança depois de tanto aprendizado?
A resposta a esta pergunta não me veio tão rápida, como em outros momentos. Veio-me lentamente em gotas de ternura. Aos poucos Ele foi me dizendo: “Continue jovem, jovem aos olhos do Pai, mesmo que o padrão humano não te considere jovem. Deixe que o amor do Pai te transforme a cada novo dia. Permita-se nascer de novo, junto com o sol a cada manhã. Não fique pensando no que pode ou não acontecer a cada novo dia. Surpreenda-se! Entregue a mim suas preocupações e se concentre em sua ocupação do momento, não sofra antes da hora. Confie em mim, tenha fé. Estarei sempre ao seu lado para te ajudar no momento certo. Não permita que os frutos da falta de amor, como a impaciência e a irritabilidade, cresçam em você. Não estreite seu horizonte, olhe com mais atenção, e veja como ele é grande, é todo seu. O Pai o criou para você.
Aos olhos do Pai nada fica escondido, ele vê as intenções do seu coração. Conserve seu coração puro como o de uma criança. Quando criança seus passos foram vigiados e orientados por um adulto. Agora como adulto você é responsável por cada passo que dá, a cada dia adquiri mais conhecimento, se esforce em estar sempre bem intencionada. Não se preocupe com o que as pessoas pensam de você, apenas dê cada passo à sua maneira, no seu tempo. Respeite a você e ao seu próximo, e siga em paz em direção ao Pai”.
Pai me encha do teu espírito em nome do seu filho Jesus. Dê-me sabedoria e discernimento para decidir cada passo, para escolher meus caminhos em cada encruzilhada. Quero manter meu coração puro, sempre puro e jovem. Transforma-me a cada dia.
Bendito seja o meu Deus!
Amem!
Beatriz Lobo
O limbo seria o lugar para onde vão as crianças não batizadas.
Não se trata de dogma da Igreja, tanto que o Papa Bento XVI, recentemente, deixou claro que se trata de uma questão puramente teológica.
PADRE JOÃOZINHO
Se eu tivesse uma explicação sobre o limbo, depois de ler os comentários acima acredito que estaia mais confuso do que estou, sinceramente acho uma temeridade deixar os comentários abertos para colocarmos opiniões teológicas, pois nem todos tem formação adequada,(é triste aquele que não sabe e acha que sabe) com todo respeito temos padres que carecem de formação, não é o seu caso.
Nestas duvidas, penso que uma pessoa abalisada, de bom senso e de boa formação teológica poderia explicar, o mais esmiuçado possível a posição oficial da Igreja sobre a polêmica e ponto final, pois com as coisas de Deus, não se brinca, e existem muitas questões complexas e dificeis de serem entendidas.
O Limbo, na Igreja Católica Apostólica Romana, é “um lugar fora dos limites do Céu, aonde se vive a plena felicidade natural, mas privado da visão beatífica de Deus” e, por isso, da felicidade suprema e eterna[1].
Mais precisamente, o Limbo é um lugar para onde iam as almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais, estão para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não foi submetido à remissão através do batismo. Vão para o limbo, por exemplo, as crianças não-baptizadas e as almas justas que viveram antes da existência terrena de Jesus Cristo [1].
“O Limbo não deve ser confundido com o estado de purificação do Purgatório que antecede o juízo particular e o ingresso das almas na beatitude celeste. No Limbo, não há penas nem purificação a serem realizadas” [1].
Limbo dos Patriarcas
O Limbo dos Patriarcas (ou, em latim, “limbus patrum”), que é dogma da Igreja Católica, é um lugar provisório para onde iam os justos do Antigo Testamento “que creram no Messias, tendo feito a contrição de seus pecados, mas ainda possuindo a marca do pecado original”, porque a “missão salvífica” de Jesus ainda não foi realizada na Terra [1]. Neste limbo, chamado também de Sheol (ou Hades ou o Seio de Abraão), os justos que o habitam “aguardavam […] o momento de serem levados à presença de Deus, pela redenção completa operada pelo Cristo” através da sua morte na cruz [1].
Depois da sua morte redentora, Jesus Cristo, o Messias, desceu à mansão dos mortos, ou seja, ao Limbo dos Patriarcas para conceder às almas que o habitam, mortas antes de Jesus morrer na cruz, “os benefícios do seu sacrifício expiatório; estas almas foram, então, alcançadas pelo sangue do Cordeiro (Romanos 3.25)”, podendo assim serem salvas. De seguida, Jesus transportou todas estas almas santas para o Céu, desfazendo assim o Limbo dos Patriarcas [1].
Limbo infantil
“O Limbo infantil, ao contrário do Limbo dos patriarcas, não constitui dogma, nem uma verdade de fé”, tratando-se de uma mera hipótese teológica. “A doutrina tradicional do Limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem eternamente neste lugar ou estado, sem penas pessoais, mas privadas da visão beatífica de Deus” [1].
Porém, recentemente, a Igreja Católica “tem adotado uma linha doutrinária distinta em face da tradicional crença na existência de um limbo infantil”, porque ela acredita que “Deus tem meios invisíveis, não comunicados aos homens, para salvar todas as crianças, mesmo as que morrem sem o batismo” (veja mais informações na subsecção História e Actualidade) [1].
História e Actualidade
A figura do Limbo foi criada por São Gregório no século IV e depois aperfeiçoada por são Tomás de Aquino no século XIII com o fim de resolver o problema teológico das crianças que morriam sem ter sido batizadas e que, segundo a doutrina anteriormente vigente, eram enviadas ao Inferno. Alguns críticos atuais dão ao limbo nomes sarcásticos, como mezzanino do Inferno.
Em 2005, o Papa Bento XVI convocou cerca de trinta teólogos para que fosse feita uma espécie de “reengenharia celestial” e revisar o conceito do Limbo na teologia católica. Finalmente, em Abril de 2007, a Comissão Teológica Internacional, que reporta à Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu um documento afirmando que o limbo infantil não passaria de uma hipótese e que nunca foi um dogma, e que “Deus, no seu grande amor e misericórdia, assegurará que as crianças não batizadas desfrutem da vida eterna com Ele no céu”[2]. O papa Bento XVI confirmou o documento e assegurou que as almas que não tiverem cometido pecados graves vão para o céu, mesmo que não tenham sido batizadas.
No Protestantismo
Nas denominações religiosas conhecidas como protestantes ou evangélicas, este conceito não existe, pois para umas as crianças são consideradas puras e vão diretamente para o Céu em caso de morte, para outras, que acreditam na predestinação absoluta, as crianças escolhidas por Deus para a salvação vão para o céu e as preparadas para a destruição vão para o inferno. Em algumas denominações evangélicas, o batismo é permitido somente para pessoas que já têm condições de abdicar, conscientemente, de viver em pecado, e aceitam que seus pecados foram pagos por Jesus Cristo.
LIMBO
Emerick14@uol.com.br
Governador Valadares, MG
Fantastic article, well crafted I have to admit.