Um seminarista postou hoje a seguinte questão:
Pe. Joãozinho , Visitando Seu blog Aqui vi um trecho sobre a Teologia da Libertação, E gostaria de Saber do Senhor Oque achas da Censura , do Então Papa Bento XVI ” Card. Ratzinger ” a Esta Teologia ?? ( Sou Seminarista Faço o 1º Ano de Teologia ) E vejo na teologia da Libertação , uma Certa Negação do Céu , Mas Tambem do Magisterio da Igreja , e De toda uma Mistica !! .. com Todo respeito gostaria de Saber sobre sua Opinião !!
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Meu irmão, de fato a década de sessenta assistiu à uma corrente chamada Teologia da Revolução, que dava respaldo teológico à guerrilheiros que lutavam contra as ditaduras que tomavam conta de quase toda a América Latina. A partir do Chile começou um movimento chamado “Cristãos pelo socialismo”. Neste contexto era utilizada a análise marxista como forma de compreender o que estava acontecendo na sociedade. A história seria longa, mas resumindo, é neste humus cultural que nasce a reflexão teológica de Gustavo Gutiérrez, pai da Teologia da Libertação, peruano de nascimento, mas que na ocasião estudava medicina no Chile. Ele fez psicologia na Bélgica, já como seminarista. Depois fez teologia em Lyon, na França. Iniciou o mestrado na Gregoriana, mas jamais terminou. Tornou-se assessor da conferência dos bispos do Peru e dava algumas palestras na PUC-Lima. Assessorou os bispos llatino-americanos durante o Concílio e esteve muito atuante em 1968 na Conferência de Medellín. Foi quem escreveu a o documento sobre a “Pobreza”, que depois, em Puebla (1979) seria expresso sob a forma de “Opção preferencial pelos pobres”. É o autor do clássico, TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO – PERSPECTIVAS. Na década de 1980 ele esteve muito atento aos limites da Teologia da Libertação, apontados pela Congregação para a Doutrina da Fé. Corrigiu alguns detalhes e reescreveu o livro TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO. Poucos (mesmo entre teológos da libertação) conhecem esta segunda edição revista. Esta públicada por Loyola. Jamais recebeu qualquer punição da Santa Sé. É preciso que se diga que os pontos questionados da teologia de Leonardo Boff não se referem diretamente à Teologia da Libertação, mas ao seu ensaio de antropocentrismo mariológico e à sua eclesiogênese em que chama a hierarquia de subordinacionismo prático, ou seja, heresia.
Gustavo Gutiérrez focou sua atenção na solidariedade para com os pobres e jamais cedeu à tentação marxista. Soube reler a sua teologia e reinventar-se, sempre em comunhão de Igreja. Aviso aos navegantes: não existe UMA teologia da libertação. Existem diversas leituras da teologia que nasceram na América Latina e que têm traços semelhantes entre si.