Neste espaço havia uma postagem que recebi como comentário. O autor gentilmente pediu que eu retirasse seu texto em nome da paz. Em respeito ao autor imediatamente retiro a postagem, porém, igualmente em respeito aos frequentadores deste BLOG, mantenho os comentários.

Pe. João Carlos Almeida, scj

Tenho lido com interesse as publicações do site Montfort. Alguns dos frequentadores deste espaço costuma passar diariamente em meu BLOG e deixar aqui seus comentários. Alguns deles têm muito valor, inclusive acadêmico. Mas o que tem me deixado com uma pulga atrás da orelha é a sistemática “metodologia do conflito” utilizada por alguns deles. Esta dialética “diabólica” (no sentido etimológico da palavra) é própria da dialética materialista marxista, que tem como essência o ateísmo prático. Neste caso vejo uma ortodoxia teórica e um ateísmo prático. A necessidade de sempre combater alguém é tipica da guerrilha marxista. Esta “guerra santa” promovida pela site Montfort no fundo professa o ateísmo prático. O cristão prefere a ternura. Quando afirmei isso outro dia, um dos Montfortianos me chamou de sentimental. Outro ridularizou pessoas deste BLOG. Tenho coleções de pecados contra a caridade entre os comentários registrados aqui no BLOG. Ultimamente tenho visto a guerra santa acontecendo mesmo entre os próprios tradicionalistas. Como diz Jesus “como é possível sobreviver um reino dividido contra si mesmo”? Se professamos a mesma fé, vamos viver na caridade que nos une e congrega. Fora disso, até a mais autêntica ortodoxia é heterodoxa. Até a mais genuína fé se torna pagã!

Joel mandou a seguinte mensagem:

Padre, veja se compreendi bem o que o senhor pensa.

Quando comungamos, recebemos espiritualmente o Corpo de Cristo, mas não o comemos.

Se alguém não tem fé, ele só recebe pão, mas não recebe realmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. É isso que o senhor quer dizer?

Joel

É lógico que suas palavras não coincidem com minha convicção de fé, enquanto cristão, católico e padre. Não procure colocar em minha boca palavras que eu jamais diria. A Eucaristia não é uma experiência meramente subjetiva. Estamos diante diante da presença objetiva, real, substancial de Cristo. Mas é claro que podemos suspeitar de alguns pseudo-tradicionalistas que fazem da Eucaristia um fetiche. No fundo isso é um materialismo disfarçado de ortodoxia. A raiz de todo fundamentalismo é o orgulho e idolaria. Certas posturas são idólatras, pois desvinculam completamente Pessoa, Igreja e Eucaristia.

Agradeço por esse testemunho recebido:

Padre João, quero aproveitar a oportunidade para duas coisas:
1ª) Testemunho – Conheço o padre João desde os tempos que era estudante de Teologia em nossa cidade de Taubaté/SP. Desde jovem, sempre foi atuante na missão de propagar a fé por meio de canções, pregações, retiros, na animação da juventude, e até na formação litúrgica e musical dos fiéis. Sempre foi coerente em seus posicionamentos teológicos, espirituais e até políticos. Tem história e competência para se expor nos meios de comunicação. Merece respeito, como já foi dito em outra ocasião, pela sua pessoa, sua história e pelo seu sacerdócio, principalmente, afinal está no Salmo 105/104, 15 (TEB): “Não toqueis nos meus messias, não façais mal aos meus profetas!”
Dou este testemunho com a maior liberdade, pois não tenho amizade com o padre João, apenas conheço-o e acompanho o seu trabalho.
2ª) Pergunta – afinal, não é sempre que temos um teólogo com tanta disposição para atender-nos: Padre, sou apenas um fiel leigo em busca de sua salvação. Muitas vezes não me satisfaço com o que ouço e vejo a respeito da fé, creio que tenho que fazer uma experiência para entender o que estão anunciando. Concordo quando se fala que a Eucaristia vai além do Corpo e Sangue de Cristo consagrado no altar, no Pão e no Vinho. Creio na Eucaristia da vida de Nosso Senhor Jesus descrita nos Evangelhos. A Santa Missa retrata bem isto, a meu ver, afinal seria apenas necessário o momento da consagração e comunhão dos fiéis. Creio na missa toda eucarística, quando se é acolhido na casa de oração, no perdão, na partilha da Palavra, na partilha do que se tem nas oferendas, na saudação do abraço aos irmão, quando oramos junto o Pai Nosso, na partilha do Corpo e Sangue e também na despedida, quando o sacerdote nos diz para o Senhor nos acompanhar. Se a missa toda não fosse eucarística, quem não pode comungar naquele dia não precisaria ir à Santa Missa. É a simples visão de um fiel leigo. Este é o sentido ou preciso de um novo conceito? Deus lhe pague pela atenção.

Hoje é o dia em que dou aulas de Teologia do Tempo (Ano Litúrgico) para o primeiro ano de teologia e em seguida passo para o primeiro ano de filosofia para dar a disciplina LEITURA DE TEXTOS FILOSÓFICOS. Ao descer a escada entre uma aula e outra é necessário fazer uma verdadeira conversão epistemológica, pois filosofia e teologia têm cada uma seu estatuto epistemológico e métodos próprios, inclusive com a justa autonomia entre estes dois níveis do saber.