Recebi alguns comentários perguntando qual seria a minha resposta ao desafio lançado publicamente pelo Sr. Orlando Fedeli, do site Montfort, a respeito de um post em que afirmo que “é um absurdo não reconhecer que existe santidade entre os evangélicos”. Sr. Orlando rebate dizendo que absurdo seria reconhecer que existem evangélicos santos. Em outras partes do seu comentário este senhor é mais tomado pelo humor (mau) do que pela razão e ataca a minha pessoa e a de outros sacerdotes, inclusive com apelidos depreciativos. Lamentável. Sobre isso tenho pouco a falar, pois a falta de caridade é explícita e fala por si só. Vamos manter aqui o nível do debate. O desafio foi subscrever uma frase do IV Concílio de Latrão. Eis o trecho central da crítica (a íntegra em www.montfort.org.br)

“Mas que haja santos protestantes não é possível.
       
Diz São Paulo — que não foi avaliado pelas notas da Capes — que “Sem a fé é impossível agradar a Deus”(Heb, XI, 6).
 
Ora, os protestantes não têm Fé verdadeira. Logo, eles não podem agradar a Deus e, portanto,  não podem ser santos. 
 
Padre Joáozinho (sic) muito provavelmente desconhece que o IV Concílio de Latrão declarou infalivelmente que fora da Igreja não há salvação:
 
     “De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, não de hereges, mas a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva”
(IV      Concílio de Latrão, Denzinger 423).
     
Desafiamos Padre Joãozinho a subscrever ou a negar publicamente essa declaração infalível do IV Concílio de Latrão.”
Um forte abraço bem amigo.
 
In Corde Jesu, semper,
     Orlando Fedeli
Poderíamos aqui tecer longas considerações teológicas sobre a hermenêutica desta máxima “Extra Ecclesiam nulla salus”. Não me parece necessário, pois tudo foi resolvido pelo Concílio Vaticano II no “subsistit”. Nossa visão é a da Igreja Católica Apostólica Romana, em seu magistério recente e INFALÍVEL. Falamos de uma Encíclica UT UNUM SINT (que todos seja um).
Vejo que o sr. Orlando Fedeli engana seus seguidores afirmando que está em comunhão com o magistério da Igreja Católica. Na verdade ele não está. Suas afirmações são de natureza cismática. Neste sentido ele é um “protestante”. Seus protestos contra o magistério atual da Igreja são claros. Melhor para ele que a Igreja Católica reconheça possibilidade de santidade e de salvação entre os não-católicos, pois caso contrário sua própria santidade e salvação estariam em risco. A coerência do sr. Orlando Fedeli com suas idéias cismáticas o levaria à certeza de sua condenação eterna por não estar em comunhão com o Magistério da Igreja Católica.
DESAFIO O SR. ORLANDO FEDELI A SUBSCREVER OU NÃO ESTE TRECHO LITERAL DA ENCÍCLICA “UT UNUM SINT”.
EIS O TRECHO DO ESCRITO OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA ONDE APOIO MINHA AFIRMAÇÃO DE QUE EXISTE SANTIDADE POSSÍVEL ENTRE OS EVANGÉLICOS:

10. Na atual situação de divisão entre os cristãos e de procura respeitosa da plena comunhão, os fiéis católicos sentem-se profundamente interpelados pelo Senhor da Igreja. O Concílio Vaticano II reforçou o seu empenho com uma visão eclesiológica clara e aberta a todos os valores eclesiais presentes nos outros cristãos. Os fiéis católicos enfrentam a problemática ecumênica com espírito de fé.

O Concílio diz que « a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele », e contemporaneamente reconhece que « fora da sua comunidade visível, se encontram muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica ». 11

« Por isso, as Igrejas e Comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos, de forma alguma estão despojadas de sentido e de significação no mistério da salvação. Pois o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como de meios de salvação cuja virtude deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja Católica ». 12

 

11. Deste modo, a Igreja Católica afirma que, ao longo dos dois mil anos da sua história, foi conservada na unidade com todos os bens que Deus quer dotar a sua Igreja, e isto apesar das crises, por vezes graves, que a abalaram, as faltas de fidelidade de alguns dos seus ministros, e os erros que diariamente investem os seus membros. A Igreja Católica sabe que, graças ao apoio que lhe vem do Espírito Santo, as fraquezas, as mediocridades, os pecados, e às vezes as traições de alguns dos seus filhos, não podem destruir aquilo que Deus nela infundiu tendo em vista o seu desígnio de graça. E até « as portas do inferno nada poderão contra ela » (Mt 16, 18). Contudo, a Igreja Católica não esquece que, no seu seio, muitos eclipsam o desígnio de Deus. Ao evocar a divisão dos cristãos, o Decreto sobre o ecumenismo não ignora « a culpa dos homens dum e doutro lado », 13 reconhecendo que a responsabilidade não pode ser atribuída somente aos « outros ». Por graça de Deus, porém, não foi destruído o que pertence à estrutura da Igreja de Cristo e nem mesmo aquela comunhão que permanece com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais.

Com efeito, os elementos de santificação e de verdade presentes nas outras Comunidades cristãs, em grau variável duma para outra, constituem a base objectiva da comunhão, ainda imperfeita, que existe entre elas e a Igreja Católica.

Na medida em que tais elementos se encontram nas outras Comunidades cristãs, a única Igreja de Cristo tem nelas uma presença operante. Por este motivo, o Concílio Vaticano II fala de uma certa comunhão, embora imperfeita. A Constituição Lumen gentium ressalta que a Igreja Católica « vê-se unida por muitos títulos » 14 a estas Comunidades, por uma certa união verdadeira no Espírito Santo.

 

12. A mesma Constituição explicitou amplamente « os elementos de santificação e de verdade » que, de modo distinto, se encontram e atuam para além das fronteiras visíveis da Igreja Católica: « Muitos há, com efeito, que têm e prezam a Sagrada Escritura como norma de fé e de vida, manifestam sincero zelo religioso, crêem de coração em Deus Pai onipotente e em Cristo, Filho de Deus Salvador, são marcados pelo Batismo que os une a Cristo e reconhecem e recebem mesmo outros sacramentos nas suas próprias igrejas ou comunidades eclesiásticas. Muitos de entre eles têm mesmo um episcopado, celebram a sagrada Eucaristia e cultivam a devoção para com a Virgem Mãe de Deus. Acrescenta-se a isto a comunhão de orações e outros bens espirituais; mais ainda, existe certa união verdadeira no Espírito Santo, o qual neles atua com os dons e graças do seu poder santificador, chegando a fortalecer alguns deles até ao martírio. Deste modo, o Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a prática efetiva em vista de que todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente num só rebanho sob um só pastor ». 15

 

http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25051995_ut-unum-sint_po.html

 

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Sr. Orlando, responda com sinceridade:

1. O sr. aceita este documento oficial da Igreja e o subscreve?

2. O sr. aceita o Concílio Vaticano II?

3. O sr. aceita o Magistério infalível do Santo Padre?

4. O sr. recebeu da Igreja Missio Canonica?

5. Qual o seu bispo?

6. Seu site tem Nihil Obstat e Imprimatur?

Finalizo parabenizando-o pelo Curso de Latim I ministrado pela Profa. Lúcia Sant´Anna.

In Corde Jesu

Dr. Pe. João Carlos Almeida, scj

 

Beatriz fez um longo e interessante comentário sobre a questão do Canto Gregoriano. Retalho o trecho final. A íntegra está entre os comentários do POST. O que o papa João Paulo II sugere não tem nada a ver com “arqueologia musical”. O Canto Chão, mesmo na versão reformada pelo papa Gregório (Gregoriano) tem uma matriz teórica que se caracteriza pelo primado da palavra sobre a melodia, graças a uma métrica mais conceitual que matemática. Isto significa que não existem compassos, como na música ocidental atual. O ritmo existe, mas é ditado pelo significado, como ondas (neumas). Pessoalmente estou convencido que esta “matriz musical” é a mais apta para a liturgia. Acredito que um dia a liturgia redescobrirá o Canto Chão e evitará até mesmo a polifonia como antropocêntrica demais.

O comentário de Beatriz:

Hoje em dia, o gregoriano não representa mais a síntese das nossas culturas. Por isso ele deixou de ser “cantochão”. Precisamos fazer brotar de nossa terra uma nova canção, um novo cantochão. A Igreja admitiu e estimulou isso apos o Concílio Vaticano II. Hoje precisamos compor canções com as quais o povo de uma determinada região se identifique. Mais que isso, precisamos estimular o povo a compor suas próprias canções de amor a Deus. O Espírito Santo fala todos os idiomas. Se expressa em todas as culturas. A música eleva a alma, nos deixa leves, é instrumento do Espírito Santo para nos lavar e purificar. A nova canção sobe até a Deus em forma de louvor…. na certeza da libertação.

História da Música Cristã fonte de pesquisa:
http://www.musicrista.hpg.com.br/historia.htm

Paz e Bem em Cristo Jesus
Beatriz Lobo

Demorei para aprovar este Post do Sr. Antônio, não porque ele não tivesse valor. Pelo contrário, aqui está um horizonte muito rico para debater assuntos como: o gregoriano como matriz ideal para o canto litúrgico (como disse João Paulo II em seu quirógrafo sobre música); a forma ideal de o padre se comportar com relação à gestualidade; o lugar do altar e do sacrário; o uso do vernáculo ou do latim; a possível adaptação litúrgia e os limites desta adaptação; a Tradição e o Magistério na liturgia; a pesquisa sobre os diversos ritos, especialmente da Igreja Oriental.

Caro Pe. João, que a Paz esteja contigo.
Não sou tão jovem, nem tão velho, nem mais inteligente, nem menos desatento.
Sou um observador e católico, praticante e errante, no sentido da prática católica e, dos pecados que caio, mas, com a Graça, levanto.
Sou formado em Música (Canto), dirijo um Coro Gregoriano (Schola Cantorum Sancte Michael Archangele; http://www.scsma.blogspot.com). Já fui catequista, membro de diversas pastorais paroquiais, diocesanas e de regionais da CNBB. Já vi muito discurso em busca de “poder” clerical por parte de pessoas do estado laico, leigos, e discurso tanto modernista quanto tradicionalista, mas com os mesmos viéses da busca por “poder”, não reta doutrina, fidelidade à Igreja, mas à sua “igreja”, o seu “grupo”, “patota”.
Se me permite, comentarei os tópicos levantados pela Gabriela, com quem “teclo” também…
* 1º Missa alegre: existe alegria maior que participar piedosamente da Santa Missa? Lembrando: 950. Cân. 3. Se alguém disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades — seja excomungado [cfr. n° 940].
Concílio Ecumênico de Trento
– Há quem tenha participado da missa no Mosteiro de São Bento em São Paulo. Bom, em todas as vezes que fui lá, sempre vi pessoas de todos os níveis socioculturais participando, cantando de cor as partes fixas da missa (Ato Penitencial, Hino de Louvor, Profissão de Fé, Santo, Pai Nosso, Cordeiro) e mesmo no Ofício Divino / Liturgia das Horas, já vi esse mesmo povo cantar o Pai Nosso, o Magnificat e a Antifona Mariana final, tudo isso em latim. Logo, a justificativa dada para o não uso do latim só se sustenta se não houver ensino, que deve partir das autoridades responsáveis por essa missão. São os catequistas? Coitados, nem sempre tem até mesmo fé no que ensinam… Muitos só estão fazendo número, ou, pior, pretender um “cargo clerical”, uma função para se ocupar dentro da igreja, não a função de formar almas para a Igreja.
* 2º A Igreja perderia muitos fiéis por não entenderem o latim: Ora, missal português-latim existe para isso.
– O missal bilíngue ajuda, mas a formação é ainda mais imprescindível. O que seria das igrejas que usam o rito bizantino se não houvesse a catequese, o ensino do grego como língua litúrgica, dentro de casa? Ora, não existiria mais. No entanto, ainda existe e é bem viva. Da mesma forma ocorre com o rito maronita, e tantos outros que usam suas linguas litúrgicas ditas “fossilizadas”. Há que se pensar nisso, pois o latim começou a ser considerado “língua morta” pelos Iluministas, os mesmos que usavam o latim em seu tempo para propagar as idéias filosóficas que fizeram crescer o pensamento humano, os mesmos que também combatiam a Igreja. Eles, e todos os “bons estrategistas”, sabem que, ao se minimizar a cultura de um povo, este se torna fácil de se manipular. O que falta mesmo é formação do clero, dos pastores, para conduzirem melhor suas ovelhas.
* 3º É chato um Padre celebrando de costas para o povo: e muito mais lícito certamente. O Sacerdote deve estar voltado para DEUS. Ou acaso a Missa não passa de um teatro onde se cultua aos homens ao invés de DEUS? É o que vemos hoje. Infelizmente. Muitos sacerdotes não fazem nem questão de celebrar a Missa que temos hoje de modo mais conveniente.
– A saber, na liturgia bizantina isso é ainda mantido, e a Divina Liturgia não se torna mais ou menos “chata” por isso, pelo contrário, mantém sua beleza, desde que se faça o devido esforço para entendê-la. Logo, há que se formar as pessoas na Liturgia para melhor compreender, participar e, principalmente, amar. “Ninguém ama o que não conhece”, já dizia um certo Aurélio Augusto…
* 4º A Igreja deve se modernizar, pois, a sociedade se moderniza e a Igreja acompanha: isso não tem lógica, pois a Igreja é a Igreja de Cristo, a verdadeira Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica, cuja Verdade lhe foi ensinada para que durasse até o final dos tempos. É tudo imutável. Cristo deixou de uma forma mas a maioria hoje mostra o contrário de tudo aquilo que ELE ensinou. O mundo, a sociedade, tudo se modernizou, mas nunca foi dito que a Igreja abandonasse suas Tadições para agradar aos homens com novidades.
– A Igreja muda? Uma coisa é “mudar”, outra, se transformar, atualizar a práxis dinâmica da Palavra de Deus. Se lembramos do que está nos evangelhos: pobres vocês vão sempre encontrar… Mas nem por isso devemos virar as costas ao apelo de ajuda do próximo, das suas necessidades; deveríamos ensiná-lo a pescar… Muito menos cruzar os braços diante da balbúrdia litúrgica que muitas vezes testemunhamos nas missas. Missa é palavra de origem latina, se não estou enganado… Ite missa est, e a missão se faz. Parodiando Guilherme Arantes, “agora é brincar de viver”. Após a participação na missa é que o “jogo” começa, é que a nossa “missão” começa a fazer sentido mesmo, pois o próprio Filho nos deu a força. Louvar a Deus ultrapassa o momento da Missa. Ela é o centro da vida do cristão católico, sem dúvida. Mas, quantos sabem o que é e vivem a dimensão plena dessa ação de graças (eucaristia)? Quantos sabem que as Horas deveriam ser também parte da vida do cristão católico? Bom, acho que se a dúvida paira, falta informação, falta formação. Escolas da Fé não são palanques para “iniciados”, muito menos para “candidatos”, mas momento em que se aprende sobre a Igreja. Me lembro do tempo da catequese, quando pouco se falava da vida dos santos, da história da Igreja, da liturgia e sua formação, desde os primórdios da Igreja até hoje. E creio que isso ainda continua… infelizmente.

Recebi o seguinte pedido a respeito dos comentários deste BLOG:

Querido Pe. Joãozinho, a paz de Jesus!

Sei que o Senhor tem sido extremamente democrático ao “liberar” a publicação de “certos comentários”. Mas acho que estes seguidores do site Monfort, que invadiram (literalmente) seu blog, têm um único intuito: divulgar aquele site, que prega a discórdia.

Portanto, gostaria de pedir ao senhor, que não aprovasse mais tais comentários, pois eles tanto criticam a Canção Nova, mas estão se valendo dela – através de seu blog – para divulgarem suas idéias “malucas” e fazerem propaganda do referido site. São “lobos” em pele de “cordeiros”.

Espero que o senhor considere esta possibilidade. Obrigado pela coragem e ousadia!

De fato, sempre primei pela abertura ao debate e pela aceitação das críticas. Mas concordo que esta “invasão” recente tem tornado alguns debates um tanto quanto repetitivos. Há trechos longos copiados de outros sites e que não representam nenhuma autoralidade. Existem por sua vez comentários críticos mas muito bem escritos e fundamentados (não significa que sejam críticas pertinentes nem relevantes). Aceitarei em parte a sugestão acima. Não aprovarei mais comentários que contenham críticas ácidas contra pessoas ou instituições. Farei uma revisão nos comentários recentes e apagarei os que tiverem este intuito. Nossa filosofia neste BLOG é a partilha, o debate franco e aberto em busca da Verdade. Alguns não se convencem nunca. Existem aqueles para os quais dei argumentos irrefutáveis e continuam fazendo as mesmas perguntas. É hora de mudar a canção. Não podemos ficar o tempo todo na mesma cantilena. Vamos amplicar o leque de nossos assuntos e diversificar o estudo. Benvinda segunda feira. Um friozinho…