Boa tarde, Pe. Joãozinho.

A dedicação do homem ao trabalho é diretamente proporcional à evolução tecnológica. Infelizmente! Hoje, com internet, celular e demais tecnologias, houve a evolução de conceitos como “home office” (trabalhar em casa) e disponibilidade 100% do tempo para a empresa.

É muito comum a empresa entregar um celular e um notebook para o funcionário e aí obrigá-lo a ficar conectado 100% do tempo. Não existe mais descanso. A lei reconhece o chamado DSR – descanso semanal remunerado – mas este conceito precisa ser revisto pelos nossos legisladores, pois ele é anterior aos avanços tecnológicos.

Por um lado, vem o homem de RH – Recursos Humanos – falar em termos bonitos como qualidade de vida. Mas como ter qualidade de vida vivendo sob tensão 24 horas por dia? Sim, eu digo 24 horas por dia, pois há trabalhadores que dormem com o celular ligado debaixo do travesseiro, pois podem receber uma ligação do chefe maníaco por serviço a qualquer hora da noite.

Uma outra condição que agrava tudo isso é a globalização. Quem trabalha ou trabalhou numa multinacional sabe como isso funciona. Imagine quem trabalha numa filial de uma multinacional japonesa. Na hora que deveria estar dormindo aqui, a matriz está trabalhando lá no Japão. Então, é um tal de e-mail e ligações telefônicas de lá para cá, solicitando informações.

Entendo que a globalização aliada à integração das telecomunicações com a informática acabou tirando o descanso de muitas pessoas. O mundo ficou muito pequeno.

Há ainda outros fatores. O ambiente consumista da civilização pós-moderna inspira desejos e necessidades nas pessoas. A obsolescência tecnológica dos bens que deveriam ser duráveis é muito rápida. A propaganda consumista impele o homem para as compras, e nem sempre o orçamento familiar é suficiente, daí a necessidade de trabalho extraordinário, bicos e segundo emprego para muitas pessoas. Tudo isso sacrifica as horas de lazer e descanso.

Por fim, mas sem esgotar o assunto, lembro que o ambiente predominante nas empresas é de competição, com avaliações de desempenho, metas a serem batidas, bônus e remuneração variável. Os níveis cada vez mais sofisticados de produtividade e qualidade levam o trabalhador a estender a sua jornada de trabalho, muitas vezes sem a devida remuneração. O salário por si só não é suficiente para satisfazer todas as necessidades básicas do homem.

Abraço fraterno.

José Carlos Penha

No coração do Ano Litúrgico temos a Páscoa Semanal, celebrada no Domingo. Hoje é o dia em que tenho duas aulas no Primeiro ano de Teologia, sobre o significado do Domingo Cristão. Hoje vivemos um paradoxo. De um lado o mundo consumista quer matar o domingo como dia de repouso e celebração. por outro lado o desenvolvimento deveria ser capaz de permitir que a humanidade trabalhasse de segunda a quinta e repousasse nos dias sagrados das três grandes religiões: sexta-feita para os Muçulmanos, sábado para os Judeus e domingo para os cristãos. Mas, ao contrário, parece que trabalhamos cada vez de modo mais ininterrupto. Afinal, a máquina é para o homem ou o homem para a máquina?