Acabo de publicar uma reflexão teológica que considero clara e ortodoxa. Não entendo por que alguns a chama de herética. Será que alguma frase não combina com a doutrina da Igreja. Agradeço aos irmãos que me mostrarm este erro para que eu possa me corrigir. Mas continuo achando que “o ministério sacramental não está jamais à nossa disposição, mas deve ser doado sempre e continuamente pelo Espírito, sendo precisamente aquele Sacramento-Espírito que não podemos fazer por nós mesmos, agir por nós mesmos. Para isso, não é suficiente a competência funcional enquanto tal: é necessário o dom do Senhor.” Por isso afirmo que o batismo é um processo que dura toda uma vida. É um mergulho (baptismoi).

O Post anterior não foi dedicado aos tradicionalistas, mas aos fundamentalistas. São coisas bastante diferentes. Alguns tradicionalistas rapidamente se identificaram com o post e reagiram. Não é o caso. O problema do fundamentalismo religioso é real e gritante em nossos dias. O próprio Papa Bento XVI tem denunciado estas tendências terríveis do mundo moderno: relativismo, subjetivismo e fundamentalismo. Não me apresso em acusar nenhum tradicionalista de fundamentalista. Também agradeço o respeito aos que leram muito pouco do que escrevi, ou não me conhecem o suficiente, de não me acusarem de relativista ou modernista. Esta crítica é no mínimo leviana.

Um dos grandes erros dos fundamentalistas é achar que acreditar em “verdades” basta. Esta, ainda que seja uma fé aparentemente ortodoxa, ainda não fé madura, pois as verdades, ou seja, os dogmas, são balisas que nos apontam aonde esta O CAMINHO VERDADEIRO PARA A VIDA: Jesus. Amadurecer na fé significa aderir à pessoa de Jesus. O Espírito vai realizando em nós uma obra de santificação, ou seja, vai nos cristiformizando, até podermos dizer com Paulo: Já não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim. Sem este processo de amadurecimento na fé, professar verdades pode ser usar uma maquiagem como aquela que Jesus criticou nos fariseus: SEPULCROS CAIADOS!!!

Hoje, 21h, teremos o lançamento do novo CD do VIDA RELUZ, pela Canção Nova. Acompanhe tudo pelo BLOG oficial deste ministério:

http://blog.cancaonova.com/vidareluz/

Agradeço à Katia pelo comentário lembrando que hoje fazem 12 anos que Madre Teresa de Calcutá voltou para a Casa do Pai.

Bom dia a todos!
Hoje, 05 de agosto de 2009, faz 12 anos que Madre Teresa de Calcuta partiu.
Lembremo-nos desta que soube utilizar tao bem o dom da vida.
Segue um texto de Madre Teresa:

“Muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as, assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e inimigos verdadeiros.
Vença, assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto e franco, assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz, assim mesmo.

O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem, assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante,
Dê o melhor de você, assim mesmo.

Veja você que, no final das contas é

Entre Você e Deus e não entre você e os homens”.

Em alguns comentários recentes percebo que existe uma certa confusão na compreensão do que significa a “fé”. Alguém chegou a afirmar categoricamente que sua fé é imutável. Mas fé em que sentido? Isso ele não disse. Assim começam as confusões, ainda mais quando a pressa em condenar antecede a pesquisa do pensamento integral de alguém. Caçadores de “hereges” não conseguem se furtar a esta pressa e até ficam tristes quando percebem que sua vítima na verdade é ortodoxa. Isso, sinceramente, não é coisa de Deus nem de gente normal. 

A fé uma palavra polissêmica (tem vários sentidos). A Tradição destacou pelo menos dois sentidos: FIDES QUAE (a doutrina da Igreja… os artigos da fé) e a FIDES QUA (adesão pessoal à Deus, confissão de fé). Lato Sensu poderíamos falar de “fé objetiva” e “fé subjetiva”. Reproduzo abaixo um ótimo artigo do site

http://www.presbiteros.com.br/index.php/fe-e-teologia/

 

  1. A fé como pressuposto objetivo da Teologia:

Os dados revelados (os artigos da fé ou o fides quae) constituem o fundamento e a matéria prima da Teologia. O teólogo deve ser antes de tudo um crente, que aceita o Credo da Igreja segundo o sentido exato das proposições dogmáticas.

Os artigos da fé não são inventados pelos teólogos, mas lhe são transmitidos pela comunidade eclesial, que é guiada por Deus. A Teologia parte da fé e ela mesma é um ato de fé.

“À Teologia pertence o crer e à teologia pertence o pensar. A ausência de um ou do outro provocaria a dissolução da atividade teológica. Isto significa que a teologia pressupõe um novo inicio no pensar que não e produto de nossa reflexão, mas que nasce do encontra com a Palavra que nos precede[1].”

A Teologia chama ao dado revelado objetivo presente na Sagrada Escritura e na Tradição Eclesial como a expressão “depósito da fé”. O Magistério atua como um depositário, que mantém vivo o testemunho dos apóstolos e garante a sua integridade. A palavra apostólica segue, portanto, viva. Este depósito da fé possui a capacidade de se proteger contra corrupções e de se atualizar em novas situações culturais.

  1.  A fides qua como pressuposto subjetivo da Teologia:

A fé pela qual cremos é no teólogo cristão a raiz de sua Teologia. A Teologia nasce como efeito de uma fé que assume o discurso ou o proceder da razão. A razão que é instrumento da Teologia não é carismática nem racionalista, mas uma razão guiada pela fé. Entendemos aqui que a fé é a atitude interior e a conduta livre, sobrenatural e razoável dos homens e mulheres que aceitaram a revelação de Deus e tentam viver a vontade divina. A fé, portanto, é entendida com a resposta da criatura humana a Deus que se revela e a chama.

Crer é um ato pessoal, quer dizer, algo que ocorre entre dois seres pessoais. Deus se auto-comunica, se deixa encontrar e o crente responde à sua chamada. Antes de crer em algo, o fiel cristão crê em alguém.

O Concílio Vaticano II ensina que “quando Deus se revela deve-se prestar-lhe a obediência da fé (Rom. 16,26), pela qual o homem se confia livre e totalmente a Deus (se totum libere Deo committit), prestando do Deus revelador a homenagem do entendimento e da vontade, e assentindo voluntariamente à revelação feita por ele.[2]”

Se olharmos o Novo Testamento veremos:

  • a) Nos Evangelhos Sinóticos: a fé é a resposto ao chamado de Jesus, é um ato interior de confiança plena na pessoa e na autoridade de Jesus, entendido como enviado de Deus e centro do Reino que chega com ele.
  • b) São Paulo: destaca o fato de que pela fé em Deus se aceita uma mensagem de vida sob Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nós (Cfr. Rom. 4, 25);
  • c) São João: a fé é um impulso interior que leva a reconhecer livremente o caráter divino de Jesus. Não tem uma causa externa porque é graça direta de Deus.
  1.  O Ato de fé:

A fé subjetiva contém as seguintes características: a) É um ato de assentimento;  b) é livre e incondicionado; c) É razoável; d) É um dom sobrenatural; e) Leva consigo um modo de viver;

  • a) É um ato de assentimento: o crente aceita verdades e mistérios que não são evidentes para a razão. “Pela fé cremos ser verdadeiro o que nos foi revelado por Deus e o cremos não pela intrínseca verdade das coisas, percebida pela luz natural da razão, mas pela autoridade do mesmo Deus que se revela que não pode se enganar, nem nos enganar.[3]” O aspecto intelectual da fé significa que a fé é conhecimento certo, não simples opinião, e que não se esgota na confiança em Deus. O crente aceita e incorpora à sua visão da realidade, verdades concretas de modo que a sua fé possui um conteúdo preciso e certo.
  • b) É livre e condicionado: “pela fé o homem se confia livre e totalmente a Deus” (D.V. 5). A fé é uma opção da vontade que se inclina para Deus e decide se entregar a Ele. Os sinais contidos na Revelação, não impelem o homem a aceita-la necessariamente. O homem permanece livre para responder a esses sinais.
  • c) É razoável: a fé supera a razão, como a graça supera à natureza, mas não a destrói nem a ignora. “Quero falar da doutrina de Cristo Salvador, a fim de que alguns não considerem o seu ensinamento demasiado rude e possam suspeitar que haja uma fé carente de razão” (Santo Atanásio). Nesse sentido também Pascal afirmava: “Se submetemos tudo à razão, nossa religião nada terá de misterioso nem de sobrenatural. Se são desprezados o princípios da razão, nossa religião será absurda e ridícula.” Os crentes tem sempre razões para crer, ainda que a fé procede sempre de uma moção da graça.
  • d) É um dom gratuito e sobrenatural: os homens não somos capazes de alcançar nenhum conhecimento salvífico sem a graça de Deus (Cfr. Concilio II de Orange, D. 373-378). A fé é um ato humano livre, mais só é possível mediante uma graça aceita pela pessoa.
  • e) A fé é o principio e a base do modo de viver segundo o Evangelho (Cfr. Rom. 6, 3-4). A fé é para vida, deve se fazer operativa e deve se realizar na vida do crente.
  1.  O Mistério Cristão e os dogmas da Igreja:

A religião crista é uma religião dogmática, quer dizer, os mistérios revelados são expressos pela Igreja em formulas de fé que traduzem as verdades divinas a linguagem humana. Os dogmas são a identidade doutrinal do cristianismo. São declarações precisas sobre a realidade sobrenatural e a confissões vivas de fé verdadeira.

Os primeiros autores cristãos aplicaram a palavra dogma aos ensinamentos e preceitos de Jesus. Orígenes fala expressamente dos dogmas de Deus como diferentes das opiniões humanas. O dogma cristão se apresenta basicamente como pronunciamento eclesial sobre a verdade religiosa. Os dogmas são princípios fundamentais que orientam o comportamento humano. O dogma não pode ser entendido como uma opinião, ou ponto de vista. É sempre formulado com rigor e precisão, que supõe veneração ao mistério que contem e também respeito e consideração ao intelecto e à sensibilidade do homem que o aceita. O dogma expressa sempre a consciência doutrinal da igreja, encerra sempre um componente eclesial e tradicional, que não pode ser eliminado.

  1.  O valor das fórmulas dogmáticas:

As fórmulas dogmáticas mantêm sempre o mesmo sentido que tinham no tempo que foram definidas pela igreja. O Concílio Vaticano I reconheceu o desenvolvimento dogmático, mas declarou que o dogma possui seu sentido próprio de uma vez para sempre e censuram aqueles que se separam desse sentido, sob o pretexto de um conhecimento superior, do progresso da ciência ou de uma interpretação mais profunda da formulação dogmática. O caráter irreversível e irreformável do dogma se encontra implícito na infalibilidade da igreja guiada pelo Espírito Santo. O Espírito faz que a igreja participe da veracidade de Deus. Paulo VI insistiu na Encíclica Mysterium Fidei (1965) na necessidade de se reter as expressões precisas dos dogmas fixados pela tradição da igreja.

O dogma nos proporciona o conhecimento certo da verdade revelada. É um conhecimento certo e imperfeito por causa dos limites da nossa inteligência, da debilidade da linguagem humana e das circunstancias históricas da formulação, que às vezes não nos permitem captar e entender bem todos os aspectos de verdade que se encontram nela. “As formulas dogmáticas devem ser consideradas como respostas a problemas precisos e é nesta perspectiva que permanecem sempre verdadeiras.[4]”

  1.  A interpretação dos dogmas:

Os dogmas necessitam interpretação para que a verdade neles contida se faça mais clara e explicita à Igreja e a todos os crentes. A interpretação dos dogmas deve responder aos seguintes princípios:

  • a) Integração de todos os dogmas na totalidade da doutrina e na vida da Igreja (D.V. 8);
  • b) Integração de cada dogma no conjunto de todos os demais, já que os dogmas não são compreendidos senão a partir dos seus nexos intrínsecos e da hierarquia de verdades (U. R. 11);
  • c) Compreensão analógica, que permite superar interpretações errôneas;
  • d) Eliminação das concepções puramente simbólicas ;
  • e) Idéia da interpretação como um processo que não é meramente intelectual, que deve ser entendido como um esforço espiritual dirigido pelo Espírito da Verdade.
  1.  O desenvolvimento dogmático:

Os dogmas não mudam, mas se desenvolvem. A verdade pode se desenvolver e receber uma nova formulação. Nesse caso, a doutrina não se corrompeu nem perdeu sua pureza evangélica. O que ocorre, é que o implícito na doutrina se torna mais explicito. Quando, por exemplo, a Igreja definiu os dogmas da Conceição Imaculada de Maria (1854), e de sua Assunção ao céu (1950), não inventou novas verdades marianas, mas declarou explicitamente aspectos que estavam contidos desde sempre no mistério de Maria. O desenvolvimento do dogma é sintoma da vida da Igreja.

O teólogo Cardeal John Newman em 1845 escreveu uma obra decisiva para explicar o desenvolvimento dogmático da Igreja, o Ensaio Sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã. Nesta obra Newman propõe sete critérios que ajudam a distinguir um desenvolvimento genuíno de um falso:

  • a) “Preservação do tipo”: conservação da formula fundamental das proporções e da relação entre as partes e o todo.
  • b) “Continuidade de princípios”: cada uma das diferentes doutrinas representa princípios que vivem num nível mais profundo.
  • c) “Poder de assimilação”: uma idéia viva demonstra sua força por sua capacidade de penetrar a realidade, de assimilar outras idéias, de estimular o pensamento, e desenvolver-se sem perder sua unidade interior.
  • d) “Coerência lógica”: as conclusões dogmáticas devem ser sempre congruentes com os dados iniciais da Revelação;
  • e) “Antecipação do futuro”: tendências que só mais tarde chegarão a sua plenitude são signos do acordo do desenvolvimento posterior com a idéia original;
  • f) “Influência protetora sobre o passado”: um verdadeiro desenvolvimento confirma os desenvolvimentos e formulações precedentes, enquanto que uma corrupção é negadora do passado;
  • g) “Vigor durável”: a corrupção conduz à desintegração; o que esse corrompe não pode durar de modo que a força vital é um critério do desenvolvimento fiel e genuíno;

 

 


 

[1] J RATZINGER, Natura e compito della teología, Millano, 1993, p.54.

[2] Constituição Dogmática Dei Verbum, n. 5.  

[3] Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática sobre a Fé Católica, c. 3.

[4] Comissão Teológica Internacional, Unidade da fé e pluralismo teológico, tese 10.

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