Hoje é dia de aula de pneumatologia, com o 2º ano de teologia. O tema será a relação entre o Espírito e a Igreja. Além da reflexão de João Paulo II, Yves Congar e J.B. Libanio, faremos uma meditação teológica sobre o seguinte texto do sempre iluminado Santo Ireneu. Detalhe: estamos no segundo século da era cristã.

Santo Irineu de Lyon

(130 – 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as Heresias III, 24, 1-2

 

 

 

Assentar os alicerces sobre a rocha

 

A pregação da Igreja apresenta, sob todos os aspectos, uma solidez inabalável; permanece idêntica a si mesma e beneficia do testemunho dos profetas, dos apóstolos e de todos os seus discípulos, testemunho que engloba “o começo, o meio e o fim”, a totalidade do desígnio de Deus infalivelmente ordenada para a salvação do homem e pedra angular da nossa fé. Por isso, nós guardamos com cuidado essa fé que recebemos da Igreja… Com efeito, foi à Igreja que foi confiado o “dom de Deus” (jo 4,10) – assim como o sopro tinha sido confiado à primeira obra que Deus modelou, Adão (Gn 2,7) – a fim de que todos os membros da Igreja possam dele participar e por ele ser vivificados. Nela é que foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor do dom da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e escada para a nossa ascenção até Deus: “Na Igreja, escreve S. Paulo, Deus colocou apóstolos, profetas, doutores” e todos os outros, por acção do Espírito (1 Co 12,28.11).

   

Onde estiver a Igreja, está também o Espírito Santo; e onde está o Espírito de Deus, está também a Igreja e toda a graça. E o Espírito é Verdade (1 Jo 5,6). É por isso que aqueles que se excluem do Espírito deixam de se alimentar no seio de sua Mãe para receber a vida e de participar da fonte límpida que brota do corpo de Cristo(Jo 7,37), mas, pelo contrário, “controem para si cisternas quebradas” (Jr 2,13)… Tornando-se estrangeiros à verdade, é fatal que persistam no erro e sejam sacudidos por ele, que… não tenham nunca uma doutrina firmemente estabelecida, uma vez que preferem ser argumentadores de palavras mais do que discípulos da verdade. Porque não se alicerçam na única Rocha mas na areia.