Hoje acordo pensando na recente Encíclica de Bento XVI: CARITAS IN VERITATE. Ela merece muitos estudos particulares. Um deles se refere à origem (etimologia) da palavra VERDADE. É famosa a pergunta feita por Pilatos a Jesus: QUID EST VERITAS? (O que é a verdade?). Não teve paciência para ouvir a resposta que estava diante dele em carne e osso: Jesus é a verdade. Ele poderia ter respondido com o anagrama: EST VIR QUI ADEST (É o homem que está diante de você). Pilatos morreu sem saber exatamente o que é a verdade. Saiu rápido demais. Não teve ouvidos. Nosso tempo é assim. Muitos não têm ouvidos para a Verdade. Preferem ilusões passageiras. Em grego verdade é A-LETEIA, que significa “o que não se esconde”, “aquilo que não passa”. A Verdade resiste ao tempo. Se você tiver alguma contribuição mais aprofundada sobre o significado da VERITAS, por favor, poste seu comentário e nos ajude a aprofundar esta questão. Amanhã conversaremos sobre isso, ao vivo, no Programa da TV CANÇÃO NOVA: Revolução Jesus… lá pelas 22h30.

24 Comentários

  1. Olá padre!

    Na encíclica Caritas in Veritatis, Bento XVI condena a caridade sem verdade, que se reduz em um vago sentimentalismo e mera conformação com a realidade:

    “Pela sua estreita ligação com a verdade, a caridade pode ser reconhecida como expressão autêntica de humanidade e como elemento de importância fundamental nas relações humanas, nomeadamente de natureza pública. Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida. A verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. Esta luz é simultaneamente a luz da razão e a da fé, através das quais a inteligência chega à verdade natural e sobrenatural da caridade: identifica o seu significado de doação, acolhimento e comunhão. Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A verdade liberta a caridade dos estrangulamentos do emotivismo, que a despoja de conteúdos relacionais e sociais, e do fideísmo, que a priva de amplitude humana e universal. Na verdade, a caridade reflecte a dimensão simultaneamente pessoal e pública da fé no Deus bíblico, que é conjuntamente « Agápe » e « Lógos »: Caridade e Verdade, Amor e Palavra.” (Caritas in Veritate, Parágrafo 3 – Introdução)

    e ainda:

    “Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais. Deste modo, deixaria de haver verdadeira e propriamente lugar para Deus no mundo. Sem a verdade, a caridade acaba confinada num âmbito restrito e carecido de relações; fica excluída dos projectos e processos de construção dum desenvolvimento humano de alcance universal, no diálogo entre o saber e a realização prática.” (Caritas in Veritate, Parágrafo 4 – Introdução)

    Mas também exorta que a verdade deve ser proposta e testemunho, radicados na caridade:

    “Por isso, defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade. Esta, de facto, « rejubila com a verdade » (1 Cor 13, 6). Todos os homens sentem o impulso interior para amar de maneira autêntica: amor e verdade nunca desaparecem de todo neles, porque são a vocação colocada por Deus no coração e na mente de cada homem. Jesus Cristo purifica e liberta das nossas carências humanas a busca do amor e da verdade e desvenda-nos, em plenitude, a iniciativa de amor e o projecto de vida verdadeira que Deus preparou para nós. Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos os nossos irmãos na verdade do seu projecto. De facto, Ele mesmo é a Verdade (cf. Jo 14, 6).” (Caritas in Veritate, Parágrafo 1 – Introdução)

    e ainda:

    “A verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na « economia » da caridade, mas esta por sua vez há-de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade. Deste modo teremos não apenas prestado um serviço à caridade, iluminada pela verdade, mas também contribuído para acreditar a verdade, mostrando o seu poder de autenticação e persuasão na vida social concreta. Facto este que se deve ter bem em conta hoje, num contexto social e cultural que relativiza a verdade, aparecendo muitas vezes negligente se não mesmo refractário à mesma.” (Caritas in Veritate, Parágrafo 2)

    Em Suma, Verdade na Caridade e Caridade na Verdade! Que não falte em nossos debates nem verdade e nem caridade, nem fé e nem razão!

    1. “Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine.”
    2 “Ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.”

    I Corintios 13

    Vivat Cor Jesu per Cor Mariae!

  2. Tomás de Aquino na Suma Teológica, I, XVI, I sugere a seguinte solução:

    “Assim como chamamos bem [Bonum] àquilo que tende o apetite [Appetitus], chamamos verdade [Verum] àquilo que tende ao intelecto [Intellectus].”

    Tomás explica que há uma natureza do bem, o que não falta ao ser que se dirige ao apetite, uma inclinação natural que abarca tanto a jurisdição espiritual, quanto a material, e é irreprimível, uma lei natural que não pode ser simplesmente ignorada, anulada ou destruída. Essa naturalidade também ocorre com a verdade que tende ao intelecto, é através dele que se torna possível o conhecimento dos universais e a essência das coisas. A coisa conhecida pode nos remeter ou ao intelecto por si, ou por acidente. Quando é pelo intelecto, significa que esse depende conforme o seu ser. Quando por acidente, trata-se ao intelecto que a torna cognoscível.

  3. A Verdade e o número
    Homilia contra os que consideram o número como prova da verdade
    Santo Atanásio

    «De Deus devemos esperar a força e as luzes necessárias para combater a mentira e o erro e a Ele recorreremos para obtê-las. Ele é o Deus da Verdade, Ele tirou-nos do erro e da ilusão, Ele diz-nos no fundo do coração: “Eu sou a Verdade”, Ele sustenta a nossa esperança e anima o nosso zelo, quando nos diz: “Tende confiança, Eu venci o mundo.”

    Depois disto, como não sentir compaixão pelos que medem a força e o poder da Verdade pelo grande número? Esqueceram, portanto, que Nosso Senhor Jesus Cristo não elegeu senão doze discípulos, gente simples, sem letras, pobres e ignorantes, para opô-los ao mundo inteiro , e que não lhes deu, como única defesa, outra coisa que a confiança Nele?…

    Quão admirável é a força da Verdade! Sim, a Verdade é sempre vencedora, ainda que seja sustentada por um número muito pequeno. Não ter outro recurso senão o grande número, recorrer a ele como a uma muralha contra todos os ataques, e como a uma resposta para todas as dificuldades, é reconhecer a debilidade da sua causa, é convir na impossibilidade em que se está de defender-se, é, numa palavra, reconhecer-se vencido….

    Que o vosso grande número me apresente a Verdade em toda a sua pureza e seu brilho. Estou disposto a render-me e a minha derrota é segura; mas que não me dê como prova e razão nada mais que o seu próprio grande número e a sua autoridade: é querer causar terror e dar medo, mas de nenhum modo persuadir-me-ia quando dez mil homens se tivessem reunido para fazer-me acreditar em pleno dia que é noite, para fazer-me aceitar uma moeda de cobre por uma moeda de ouro, para persuadir-me a tomar um veneno descoberto e conhecido por mim, como alimento útil e conveniente. Estaria obrigado por isso a crer-lhes?

    Portanto, já que não estou obrigado a acreditar no grande número, que está sujeito ao erro nas coisas puramente terrenas, por que é que quando se trata dos dogmas da religião e das coisas do céu, estaria eu obrigado a abandonar os que estão afeiçoados à Tradição dos seus Pais, os que crêem com todos os que Existiram antes deles?…

    Porquê, então, estaria eu obrigado a abandoná-los para seguir uma multidão que não dá nenhuma prova do que afirma? …

    “Não sigais a multidão para fazer mal, nem o juízo acomodes ao que parece do maior número, se com isso te desvias da verdade”

  4. Padre Joãzinho,
    Salve Maria!

    Poderia por gentileza apagar o primeiro post? Creio que tenha ficado muito grande.

    Obrigado

  5. “Quando alguém diz a verdade,não importa com quem disputa:não pode ser vencido.
    [cum aliquis veritatem loquitur vinci non potest cum quocumque disputet]” (Santo TOMÁS DE AQUINO,Comentário ao livro de Jó, 13,19).

  6. Elaine Mendes

    Que ótimo! Estou com saudades do senhor na televisão.

    E sobre a verdade, confesso que a amo e ao mesmo tempo a temo, pois ela dói muito e exige uma resposta. Fico imaginando o dia do nosso juízo, Meu Deus! Não sei se vou aguentar toda a verdade sobre minha vida, todas as conseqüencias de tudo que fiz na vida ou do que eu poderia ter feito.

    Nunca me esqueço um seriado que passava na TV a cabo, era sobre um ex-padre que fez um pacto com o demônio. Ele deixou a vida monástica para se casar com uma jovem. Ela era bela e graciosa, porém teve uma doença súbita e desesperado, achando que ela é que estava pagando pelo seu pecado, ele fez um pacto com o inimigo prometendo a sua alma em troca da vida da sua amada. O tempo passou, eles viveram muito bem juntos porém não tiveram filhos. Quando finalmente ela faleceu foi aí que o demônio revelou a ele que se ele não tivesse deixado a vida monástica ele teria descoberto uma droga que curaria os doentes da peste. Ele era um monge que adorava botânica.

    É… padre são as escolhas que nós fazemos, a verdade que há por trás delas. Nem sempre temos estrutura para suportá-la.

    Sua benção

  7. Tiba Camargos

    É sempre bom visitar o blog do senhor, parabéns pelo conteúdo que esclarece sobre muitas coisas.
    Não é a toa que é um dos mais visitados!
    Sua bênção.
    Tiba

  8. “Mentir é uma falta de correspondência entre o que alguém pensa e o que fala”.
    Fala-se com palavras. Jesus é o Verbo Divino. É Palavra de Deus, certo? Pe., Jesus é a Verdade porque ele obedecia totalmente ao Pai, e nós somos mentira na medida em que não obedecemos ao Pai? Ele, Verbo Divino, correspondia integralmente ao que Deus pensava do homem, é nesse sentido?

  9. Outra indicação que repasso: a bibliografia sobre “Verdade” em “The Great Ideas”, um “sintopicon” de “Great Books of the Western World”.

  10. Olá Padre Joaõzinho,

    Me desculpe se estiver falando tolices, mas faz um tempo, ouvi dizer que o conceito da palavra Verdade em grego, é diferente do conceito em hebraico. Talvez por isso, falando inicialmente para judeus, a ideia não foi entendida por Pilatos, que questionou. Em grego, o conceito de Verdade é algo, é uma coisa, uma informação, específica em sí, enquanto em hebraico, o conceito de Verdade seria mais amplo, estaria ligado a um modo de ser, algo dinâmico e não estático. Para o grego, verdade seria finita em si prórpria, algo mais a ver com a lógica, já para o judeu, a Verdade estaria ligada a um modo de ser, um comportamento, algo a ser vivido. Em grego a resposta seria: Verdade é isso. Em hebreu, a resposta seria: olhe para mim, veja o que faço, veja como atuo, e verá o que é Verdade.

    Sua benção e forte abraço,

    Edmundo

  11. Padre Joãozinho como vai? Olha eu dando palpite de novo rsrsrs sabe acredito que tanto a verdade como a caridade são faces da mesma moeda ( como vocês colocam nos textos teologicos) a verdade é a conformidade com o que é certo com o que é realmente real e a caridade é o amor e a busca pelo bem, uma não vive sem a outra, Pilatos não conseguia ver Jesus como a verdade porque não enxergava nele nenhuma das duas possibilidades estava voltado apenas para materialidade.
    Interessante no ano passado assisti a um filme sobre o Dr. Bezerra de Menezes (peguei este filme porque existe uma parte onde se fala sobre a questão abolicionista ele era abolicionista) e nas tribunas defendia os negros, era para um trabalho sobre Historia do Brasil no Segundo Reinado e é difícil achar filmes nacionais que falem a respeito deste assunto.
    O Dr. Bezerra de Menezes independente da fé que ele professava (ele era espírita) fez um discurso para os seus iguais onde foi à parte mais bonita que achei naquele filme, um homem o questiona e lança o desafio dele provar a questão da espiritualidade, pois era época do Iluminismo e para ele a única coisa real era o materialismo (a transcendência para ele era imaginaria, pois não tinha como ter provas materiais).
    Então o Dr. Bezerra de Menezes diz “Irmão aceito o desafio desde que você me traga uma sequer pessoa onde o materialismo tenha restituído o viço e a vontade de viver, que lhe tenha devolvido a paz de coração onde muitos estão mergulhados na dor , quando o materialismo devolveu o equilíbrio , a sinceridade e a paz? Ou quando a morte arrebatou os seus entes queridos onde o materialismo apontou a esperança?
    Aquele que não perdoa aprendeu com o materialismo a perdoar? Aos que tem idéias suicidas o materialismo conseguiu tirar este atentado tão grande contra o senhor da sua cabeça? Os mudos cegos e paralíticos conseguiram conforto com o materialismo? Traga-me uma única pessoa onde o materialismo tenha conseguido preencher a sua existência…
    O materialismo, a verdade que apenas tentamos justificar com a ciência também não consegue mostrar ou preencher totalmente a nossa existência.

    Jesus foi à soma total da caridade e da verdade e da razão da nossa vida… como esta escrito “O senhor é o caminho a verdade e a vida…
    E do qual através do seu sacrifício nos veio o Espírito Santo mostrando a forma indivisível da verdade “ A Trindade”… E acredito que para nos o Espírito Santo se manifesta quando nos da inspirações , milagres e promove as nossas ações e o nosso amor : A Caridade… como esta na Bíblia não é?
    “E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre conosco.
    O Espírito da “Verdade” que o mundo não pode receber porque não o vê, nem o conhece, vos os conheceis, porque ele habita convosco e estará entre vós. (João 91-16,17).
    Um beijo e um abraço…

  12. A verdade é absoluta, não depende dos pontos de vista, não é meramente aquilo que se entendeu ou ouviu. simplismente é.

    A verdade é.

    Leonardo Campos
    http://www.apostoladoshema.com

  13. Simone Teixeira

    Pe. Joãozinho,

    A verdade é a coerência entre o que se sabe e o que se diz. É por isso que existem verdades sob vários pontos de vistas. Cada um é verdadeiro segundo sua sabedoria e seus condicionamentos.
    Muitas “verdades científicas” que foram incontestáveis durante séculos e até milênios, caíram por terra. Antigamente acreditava-se que era verdade que a terra era o centro do universo e que o sol girava em torno da terra. A evolução da ciência provou o contrário! As verdades humanas podem ser revistas. Quem nasceu numa família “racista” pode acreditar firmemente que existam níveis entre os diversos povos. Quem acredita que “se tornando homem bomba” estará salvando sua vida e o mundo, vive a sua verdade e é coerente com ela. Precisamos ter muita coragem e humildade para abandonarmos coisas que julgávamos ser verdades absolutas, mas foram erros de interpretação passados a nós através de gerações. Quando Pilatos pergunta a Jesus o que é a verdade, não percebeu que a verdade estava diante dele! A verdade é Jesus porque para Deus não existe mistério a ser revelado. Nada pode ser modificado naquilo que Ele viveu e ensinou. A verdade está toda em Deus, porque Ele não se engana… A verdade é o que nos liberta porque nos aproxima de Jesus que é o caminho a “verdade” e a vida! O mundo vive em busca da verdade, mas nossa visão é limitada e nossa verdade é parcial…
    Grande abraço,

  14. Patricia-SP

    Pe. Joãozinho.

    Vou escrever aqui algo não muito haver com o seu texto do blog, mas é ao ligar o computer coloquei tbm a TVCN e quem estava sendo entrevistado no programa porta a porta? Vc Pe… achei graça qdo a Myrian Rios perguntou sobre seu metodo para ler a bíblia e vc respondeu seu método dos 7 P’s… rs. Vou tentar repassar pois a informação foi rápida…. e com acrescimos de outros P’s extras…rs

    Aqui vai.

    Passos:

    1)Primeiro pegar a palavra: Ler
    2)Pensar
    3)Por em prática
    4)…perdi o passo
    5)prece
    6)…perdi o passo
    7)Possuir a paz

    É isso?

    Achei o máximo e rí bastante.

    Abraço fraterno

  15. Prezado Pe Joãozinho,
    Salve Maria!

    O interessante na questão de Pôncio Pilatos é, que a pergunta feita, já havia sido previamente respondida por Nosso Senhor no breve diálogo que tiveram (Todo o que é da verdade ouve a minha voz.). Pilatos não ouviu, porque não era da verdade, pois até mesmo sua mulher o avisou (recebeu mensagem através de sonho), e mesmo não reconhecendo Nele culpa alguma consentiu com sua crucificação. Diga-se de passagem que, o julgamento de Pilatos, foi uma das primeiras decisões democráticas da história. Onde o número “prevaleceu” sobre a verdade.

    A questão de Pôncio Pilatos, também não é uma questão de contraposição entre a cultura greco/romana e a judaica, pois a fé não contraria a razão. Em essência, tanto a filosofia aristotélica, como a platônica, acredita que Deus é, o SER, por excelência, o que se identifica fortemente com aquilo que Moisés ouviu Dele, na sarça ardente: “EU SOU O QUE SOU.”

    Demonstra-se que não existe contradição entre a cultura judaica e romana, naquilo que diz respeito a fé, primeiro pela própria mulher de Pilatos, em segundo lugar pelo centurião romano que proferiu as palavras “Senhor não sou digno que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado” e por fim, pela própria fé da Igreja Romana, “preconizada em todo mundo.”

    Ainda há de se considerar que embora em Deus haja uma riqueza enorme de conhecimento, nossa ciência (cristã), é limitada (1 Cor 13). A ciência moderna profundamente influenciada pela gnose da Cabalah (a tradição condenada por Jesus), embora se apresente como ilimitada, é ela também limitada, pois ela investiga apenas os fenômenos. Além disso, é uma ciência que parte de definições filosóficas erradas, como a definição de Kant.

    Segundo Kant, as coisas não podem ser conhecidas em si, o que pode ser conhecido, são exatamente os fenômenos. Logo, pela filosofia moderna, Pilatos estaria justificado, pois do fenômeno que levou Nosso Senhor até ele, ele conheceu a verdade ao dizer que não encontrou nele culpa alguma. Contudo, errou em não aplicar seu julgamento e fazer do povo judaico, um dos primeiros júris populares da história. Aqui caberia perguntar:

    Até onde vai a veracidade do ditado: “Vox populi vox Dei” ?

    A definição de Kant é refutada pelo tomista argentino, Nicolas Derisi que argumenta:

    “Dizer que as coisas são, em si, incognoscíveis já é conhecer algo delas.”

    A filosofia moderna reconstitui o véu que foi rasgado por Nosso Senhor. Um dos efeitos é exatamente o retorno do julgamento apenas pela aparência. As autoridades da Igreja, não julgam pela aparência, mas considerando exatamente, a coisa em si. Daí ser natural a utilização do plural majestático nos documentos tradicionais: a Igreja tem o Espírito Santo.

    Quanto a Caritas in veritate, é uma Carta Encíclica bem complexa e complicada. A princípio, toda caridade sem a verdade, é uma caricatura da caridade. Santo Agostinho, dizia que as “virtudes dos pagãos, são tremendos vicíos.”

    A caridade considerada como maior das virtudes teologais, se dá pela fé e a esperança, existirem em função de servirem ao amor, onde apenas nesta relação, o amor, é potencializado e se transforma em amor de caridade. Onde nasce no homem a força para cumprir o preceito de amar a Deus sobre todas as coisas, e o próximo como a si mesmo. Aqueles que dizem Senhor, Senhor, embora manifestem a fé e a esperança, não serão salvos, por não testemunharem a caridade. Considerar com o apóstolo que, quando se consumarem a fé e a esperança, restará apenas a caridade, é apenas uma constatação lógica.

    Considerando-se isto, podemos dizer que sem a fé e a esperança, também não há caridade. Daí fica dificíl entender, por que Bento XVI, assinou a Carta Encíclica, que diz:

    “Por ser um dom recebido por todos, a caridade-na-verdade é uma força que constroi a comunidade, unifica os homens sem impor barreiras nem limites.” (§34).

    Ora, a caridade faz distinção entre aqueles que crêem e aqueles que não crêem, pois é um Dom recebido apenas por aqueles que acreditam em Cristo. Também, não é uma força construtora da comunidade, mas do Reino de Deus constituido pelos Filhos de Deus que são todos aqueles que crêem em Cristo.

    São João, o Apóstolo da caridade, costumava correr dos hereges. Ensinava que não devemos receber aqueles que não trazem consigo a doutrina de Cristo e a não rezar por aqueles que pecam para a morte. É bem complicado…

    Fique com Deus.

    Abraço

  16. Prezado Pe Joãozinho,
    Salve Maria!

    Encontrei um opúsculo de Santo Anselmo de Aosta intitulado “A verdade”, veja:

    http://bibliotecasaomiguel.files.wordpress.com/2009/09/santo-anselmo-a-verdade.pdf

    Encontrei também “O ente e a essência”, veja:
    http://www.lusosofia.net/textos/aquino_tomas_de_ente_et_essentia.pdf

    Considerando-se que o Sr. esta lendo “O ente e a essência”, poderia aproveitar para sugerir a todos a leitura e o estudo através do blog caso deseje. O que acha?

    Fique com Deus.

    Abraços

  17. Caro Leonardo,
    Salve Maria!

    Acessei o link que você indicou e li o artigo; “O Ateísmo científico – o Ateísmo contra a ciência.” Há um erro na consideração dos filósofos que são indicados no artigo. Platão, Aristóteles e Plotino, são filósofos socráticos (Sócrates teve por discípulo Platão e este por sua vez, foi mestre de Aristóteles). Sendo que Plotino nasceu no ano 205 da era cristã, ele foi o representante mais notável do perigoso neoplatonismo.

    Sócrates, Platão e Aristóteles são os refutadores dos filósofos pré-socráticos. E é exatamente (e somente), na filosofia destes que, São Justino, reconheci as famosas e polêmicas, sementes do Verbo.

    Heráclito (um deles), possuía a filosofia da evolução (vir-a-ser). Parmênides, julgava que o mundo sensível, era uma ilusão. Descartes só passou a reconhecer o mundo sensível, após pensar, para logo existir. Porém, o maior influenciador da filosofia moderna (sobretudo Karl Marx – o anti-filósofo excelência), foi a filosofia de Epicuro de Samos (Veja Epicuro e Marx: http://www.olavodecarvalho.org/livros/epicuro.htm).

    Fique com Deus.

    Abraço

  18. A verdade, ou, em outa palavra “conhecimento”, é o fato ou o objeto que ocorre no mundo existente. Por exemplo, se vemos um objeto, ou damos um testemunho de algo, a verdade é o objeto que vimos, e não a imagem que temos em nossa mente sobre o objeto que vimos, o fato que testemunhamos. Isto se chama verdade OBJETIVA, pois ela nos é informada pelos objetos em si mesmos ou fatos em si mesmos através da nossa percepção pelos sentidos.
    Desta forma os filósofos, pré e pós Socráticos, buscaram o verdadeiro conhecimento. Isso ocorreu até o no final da idade média com os escolásticos. Os Patrísticos dos primeiros séculos, quando do fundamento da Doutrina Católica e o estabelecimento do Canon, o conteúdo da Blíblia, o fizeram pelo conhecimento objetivo, que lhes era natural, i.é, observar e conhecer.
    Descartes, considerado o pai da filosofia moderna, mudou esta concepção (num procedimento incompreensível para mim), estabelecendo a máxima “cogito ergo sum”, i.é, penso logo existo. Esta idéia foi aprofundada por outros autores e culminou fundamentando a idéia da verdade SUBJETIVA, que seria o conhecimento obtido pelo que a mente pensa sobre o objeto. Assim a verdade seria o que pensamos sobre o objeto, p. ex., a verdade seria a imagem mental (Fotografia?) que temos do objeto, por isso subjetiva, pois ela, a verdade, é o que pensamos sobre o objeto. Como chiste, dizem que Descartes, em suas refeições, preferia comer a galinha em si mesma, e não a ave que ele mentalizava.
    Este pensamento subjetivo, gera na modernidade, idéia de que cada um tem a sua verdade (opinião) e que portanto não há a VERDADE ABSOLUTA, objetiva, percebida por todos da mesma maneira. Daí o RELATIVISMO, onde a verdade é relativa ao que eu penso, e também ao que os outros pensam, portanto relativa ao que cada um pensa. Assim, o pensamento moderno contesta a Doutrina Católica, que se fundamenta no princípio de que “Jesus Cristo é a verdade” pois ele diz: Eu SOU a verdade. Os conflitos da humanidade de hoje derivam destes fundamentos. O surgimento do nazizmo, do socialismo, do comunismo se fundamentaram no fato de que se poderia pensar um mundo ideal (paraíso) e através da revolução ou da guerra eliminar os fundamentos sociais atuais e que foram legados pelos antepassados (Cristãos ocidentais), fundamentos estes errados, pois não produziram a tal sociedade utópica prometida por Deus, e agora o homem, no lugar de Deus, realizará por sua própria mente.

  19. Tomás de Aquino na Suma Teológica, I, XVI, I sugere a seguinte solução:

    “Assim como chamamos bem [Bonum] àquilo que tende o apetite [Appetitus], chamamos verdade [Verum] àquilo que tende ao intelecto [Intellectus].”

    Tomás explica que há uma natureza do bem, o que não falta ao ser que se dirige ao apetite, uma inclinação natural que abarca tanto a jurisdição espiritual, quanto a material, e é irreprimível, uma lei natural que não pode ser simplesmente ignorada, anulada ou destruída. Essa naturalidade também ocorre com a verdade que tende ao intelecto, é através dele que se torna possível o conhecimento dos universais e a essência das coisas. A coisa conhecida pode nos remeter ou ao intelecto por si, ou por acidente. Quando é pelo intelecto, significa que esse depende conforme o seu ser. Quando por acidente, trata-se ao intelecto que a torna cognoscível.

  20. Simone Teixeira

    Pe. Joãozinho,

    Eu li vários artigos sobre a verdade. Seu questionamento foi útil. Também coloquei o que pensava de forma resumida. Hoje achei na internet um resumo abrangente de várias teorias. Vou colar aqui, só porque você poderá aproveitar alguma coisa, mas não é minha opinião e sim de pesquisa que fiz através da Google.
    Se não der para aproveitar, ou se você já estiver lido, apague.
    Não considero como comentário a ser divulgado, mas como fonte de pesquisa. Um abraço,

    Simone.

    Há várias perguntas filosoficamente relevantes que se pode fazer a respeito da verdade, e há mais de uma resposta a cada uma delas na história da filosofia, embora algumas predominem. As principais questões são:

    Pergunta metafísica: O que é (no que consiste) a verdade? Essa pergunta tem uma versão mais tradicional: Qual é a essência ou natureza da verdade? A essência ou natureza de uma coisa X é tradicionalmente concebida como o conjunto das condições necessárias e suficientes para que algo seja X, ou seja, como o conjunto das características que todos os Xs possuem e apenas os Xs possuem. (A metafísica é tradicionalmente concebida como a disciplina filosófica que estuda a essência das coisas e determina que tipos de coisas existem (ontologia).)

    Pergunta epistemológica: Como podemos conhecer a verdade? O conhecimento é concebido tradicionalmente como crença verdadeira justificada. Sendo assim, a pergunta epistemológica pode ser formulada assim: como podemos ter crenças verdadeiras justificadas? (A epistemologia é tradicionalmente concebida como a disciplina filosófica que estuda a essência e possibilidade do conhecimento.)

    Pergunta Semântica: Qual é o significado da palavra “verdade”? A explicação do significado de uma palavra é geralmente denominada “definição”, num sentido amplo. Nesse sentido amplo, a pergunta semântica pode ser reformulada assim: Qual é a definição da palavra “verdade”? Mas há uma pergunta mais geral: qual é a função da palavra “verdade”? (A semântica é tradicionalmente concebida como a parte da filosofia da linguagem que estuda o significado, ou, como algumas vezes é dito, a relaçao entre as expressões linguíticas e aquilo que elas significam. Mas essa última formulação pode levar a mal-entendidos.)

    Há controvérsia sobre qual é a relação entre essas perguntas. Por exemplo: a pergunta metafísica e a pergunta epistemológica não são a mesma pergunta? A resposta a essa questão depende muito de como entendemos (como explicamos o significado de) “significado”, algo que também é matéria de controvérsia (W. V. Quine, p.ex., acredita que essa palavra, bem como todas as noções intensionais, não tem utilidade teórica). Se o significado de “verdade” é completamente determinado pelos critérios nos quais nos baseamos para usar essa palavra e a essência da verdade é independente desses critérios, ou seja, se podemos usar a palavra “verdade” e ignorar, ao menos parcialmente, sua essência, então uma análise do significado da palavra “verdade” não fornecerá necessariamente conhecimento sobre a essência da verdade. Além disso, alguns filósofos pensam que a resposta correta à pergunta semântica implica uma dissolução da pergunta metafísica (cf. teoria da verdade como redundância em “Deflacionismo” infra). Se a essência do conhecimento é constituída parcialmente pela verdade (conhecimento = crença verdadeira justificada), então isso mostra que verdade e conhecimento não podem ser a mesma coisa. Não obstante, alguns filósofos tentaram reduzir a verdade total ou parcialmente ao conhecimento e outros deram a mesma resposta à pergunta metafísica e à pergunta epistemológica. Seja como for, uma resposta à pergunta epistemológica depende de uma resposta à pergunta metafísica. Por outro lado, as respostas à pergunta semântica têm relevância filosófica na medida em que determinam em alguma medida a resposta à pergunta metafísica. Por isso, o restante desse verbete se concentra na pergunta metafísica. Normalmente é assim que os verbetes sobre a verdade se estruturam. Eles apresentam teorias da verdade, ou seja, teorias sobre a essência da verdade.

    [editar] Dois usos de “verdadeiro”
    Antes da apresentação das principais teorias da verdade, convém chamar atenção para uma distinção importante entre dois usos de “verdadeiro”.

    Uso objetual
    Algumas vezes atribuímos verdade a objetos materiais, como quando dizemos “isso é ouro verdadeiro”. Mas há uma distinção essencial entre esse uso do predicado “é verdadeiro” e o uso em que atribuímos (ao menos aparentemente) a verdade a coisas que dizemos (ou pensamos, ou cremos, etc). Ouro falso não é um tipo de ouro. Ouro falso é um metal que parece ouro, mas não é. Ouro verdadeiro é um metal que não apenas parece ouro, mas é ouro. Nesse uso, “verdadeiro” é sinônimo de “genuíno”.

    [editar] Uso semântico
    Uma frase (ou enunciado, ou pensamento, ou crença, etc.) falsa não deixa de ser uma frase por ser falsa. (O problema dos enunciados falsos do Sofista de Platão surge justamente porque um certo argumento de Parmênides conclui que não pode haver enunciados falsos, que um enunciado falso, tal como o ouro falso, não é um tipo de enunciado.) Nesse uso, de “verdadeiro” não é sinônimo de “genuíno”. Há relações sistemáticas entre o uso objetual e o semântico de “verdadeiro”. Eles podem aparecer na mesma frase. Por exemplo: “A frase ‘Esse pedaço de metal é ouro verdadeiro’ é verdadeira”. Mas, quando se fala de teorias da verdade nesse verbete, é o uso semântico que está em questão.

    [editar] Portadores de verdade
    Um portador de verdade é o que quer que se possa dizer verdadeiramente que é verdadeiro. Há muita controvérsia sobre a natureza dos portadores de verdade. Alguns acreditam que apenas um ou alguns dos candidatos a portadores de verdade são portadores de verdade genuínos ou primitivos enquanto outros não o são ou o são apenas derivadamente. Mas há quem ache essa controvérsia inútil, na medida em que qualquer coisa poderia ser portador de verdade. Os principais candidatos são: frases individuais (em inglês token sentences), tipos de frases (em inglês type sentences), enunciados, proposições ou pensamentos e crenças. Nem sempre é clara a distinção entre esses candidatos e, muitas vezes o mesmo candidato recebe diferentes nomes de diferentes filósofos. Mas, em geral, se reconhece a diferença entre uma frase, que é um objeto físico, e aquilo que dizemos ao usar uma frase, o conteúdo da frase. As frases individuais “Chove” e “It is raining”, p.ex., dizem a mesma coisa. De modo mais geral ainda, se reconhece a diferença entre uma frase e o ato linguístico realizado ao se usá-la. Uma frase da forma gramatical interrogativa, p.ex., pode ser usada tanto para fazer uma pergunta quanto para azer um pedido (“Você não quer abrir a porta?”). A maneira correta de caracterizar esse ato linguístico no caso das atribuições de verdade (frases da forma “‘p’ é verdadeira”) é matéria de controvérsia. Também geralmente se reconhece a diferença entre uma crença e sua expressão lingüística. Uma crença é geralmente concebida como uma entidade mental, que pode ocorrer na mente de animais que não possuem linguagem. Para evitar essas controvérsias sobre portadores de verdade, no que se segue se falará apenas de portadores de verdade, sem especificar sua natureza.

    [editar] Teorias metafísicas da verdade
    Há quatro grupos principais de respostas à pergunta metafísica: teorias correspondentistas, teorias coerentistas, teorias pragmatistas e teorias deflacionárias.

    [editar] Teorias correspondentistas
    Teorias da verdade desse grupo são as mais aceitas, entre outras coisas por causa do seu caráter intuitivo. Nossas intuições pré-filosóficas sobre a verdade geralmente nos inclinam a explicar a verdade em termos de correspondência (como podemos ver nas definições de “verdade” da maioria dos dicionários). Segundo as teorias correspondentistas, a verdade é uma relação (ou propriedade relacional) entre dois tipos de entidades: um portador de verdade e um gerador de verdade, isto é, aquilo que torna esse portador verdadeiro (em inglês truth maker). O gerador de verdade é algumas vezes denominado estado de coisas, ou fato. A teoria diz que o portador de verdade f expressa ou representa o gerador de verdade p (f diz que p) e que o portador é verdadeiro quando o gerador de verdade ocorre ou é atual. Mais formalmente:

    (f)(f é verdadeiro se, e somente se, f diz que p e p)

    Há dois tipos de teorias da correspondência: correspondência como congruência e correspondência como correlação. A correspondência como congruência exige que os elementos do gerador de verdade e do portador de verdade estejam estruturados de maneira análoga. (Ludwig Wittgenstein, no Tractatus Logico-Philosophicus e Bertrand Russell). A teoria da correspondência como correlação não exige esse isomorfismo (John Langshaw Austin).

    Geralmente se considera Aristóteles como um defensor de uma teoria da verdade como correspondência. Ele diz na Metafísica que “Dizer do que é que é e do que não é que não é é dizer a verdade e dizer do que é que não é e do que não é que é é dizer algo falso”. Mas há quem diga que essa passagem pode ser interpretada como a expressão de uma teoria deflacionária da verdade (cf. infra).

    Alguns acreditam que toda teoria correspondentista da verdade é uma teoria realista da verdade. Isso depende de como definimos “realismo” nesse contexto. Se uma teoria realista da verdade é aquela que concebe os geradores de verdade (os estados de coisas ou fatos) como entidades independentes da nossa mente, então parece que poderia haver uma teoria correspondentista não-realista da verdade, isto é uma teoria que concebe os geradores de verdade como dependentes da nossa mente. Mas “independente da mente” é uma expressão ambígua. Algo pode ser independente da nossa mente quanto à existência ou quanto aos nossos estados intensionais (pensamento, crença ou conhecimento). Algo pode ser concebido como independente dos nossos estados intensionais, mas não independente da existência da nossa mente (ou de alguma mente). Se uma teoria realista da verdade exige apenas que os geradores de verdade sejam independentes dos nossos estados intensionais, então uma teoria da correspondência que concebesse os geradores de verdade como dependentes da existência da nossa mente (ou de alguma mente) seria realista.

    Não se deve confundir a definição correspondentista de “verdade” e o que Alfred Tarski chama de esquema T:

    (T) “p” é verdadeira se, e somente se, p

    Acreditar que as instâncias desse esquema (ou seja, os portadores de verdade que têm essa forma) são verdadeiras não implica aceitar a teoria correspondentista da verdade. Dizer que “‘p’ é verdadeira” equivale a “p” não é o mesmo que dizer que “p” é verdadeira porque p. Enquanto a equivalência é uma relação simétrica, a relação expressa por “porque” não é. Em outras palavras: dizer “‘p’ é verdadeira se, e somente se, p” e “p se, e somente se,’p’ verdadeira” é dizer a mesma coisa, mas dizer “‘p’ é verdadeira porque p” não é o mesmo que dizer “p porque ‘p’ é verdadeira”, salvo se quisermos negar que possa ocorrer fatos (geradores de verdade) aos quais não corresponde nenhum portador de verdade. Parece intuitivo supor que há estados de coisas ou fatos que não são representados por nenhum portandor de verdade.

    A chamada concepção semântica da verdade de Alfred Tarski é apresentada por ele como uma versão da teoria da verdade como correspondência. Mas há quem discorde disso e a veja como precursora do deflacionismo. Uma das motivações da teoria de Tarski era evitar que o paradoxo do mentiroso fosse formulado em uma linguagem que estivesse de acordo com a concepção semântica da verdade. Em tal linguagem o predicado “é verdadeiro” nunca é usado para atribuir verdade aos portadores de verdade da própria linguagem (metalinguagem), mas apenas aos portadores de verdade de uma linguagem objeto. Segundo Tarski a linguagem ordinária permite a formulação do paradoxo do mentiroso porque nela o predicado “é verdadeiro” atribui verdade aos portadores de verdade da própria linguagem ordinária.

    [editar] Teorias coerentistas
    Segundo as teorias coerentistas da verdade, a verdade é uma relação (ou propriedade relacional) não entre os portadores de verdade e os geradores de verdade, mas entre os próprios geradores de verdade. A teoria diz que um portador de verdade é verdadeiro se faz parte de um conjunto coerente de portadores de verdade. A coerência é geralmente definida (quando é) do seguinte modo: um conjunto de portadores de verdade é coerente quando nenhum contradiz o outro e quando qualquer subconjunto desse conjunto implica os demais portadores de verdade do conjunto. Mas não poderia haver dois conjuntos internamente coerentes de portadores de verdade de tal forma que um contradissesse o outro? Qual dos dois então teria portadores de verdade verdadeiros? É para evitar essa dificuldade que se costuma complementar a definição coerentista de verdade do seguinte modo: um portador de verdade é verdadeiro quando faz parte de um conjunto coerente de crenças que descreve completamente o mundo. Um romance de ficção, por exemplo, não atende a essa última exigência, apesar de ser internamente coerente. Mais formalmente:

    (f)(f é verdadeiro se, e somente se, f faz parte de um conjunto coerente de portadores de verdade que descreve completamente o mundo)

    [editar] Teorias pragmatistas
    Não é muito claro se, de acordo com as teorias pragmatistas da verdade, a verdade é uma propriedade que os portadores de verdade possuem independentemente das relações que mantêm entre si ou com geradores de verdade. A teoria diz que um portador de verdade é verdadeiro quando a crença na sua verdade é útil. Geralmente se acrescenta que essa utilidade deve ser medida a longo prazo. Uma crença imediatamente útil pode mostrar-se um obstáculo para a ação a longo prazo. A utilidade em questão é referente principalmente às ações de lidar com objetos no mundo, comunicar-se, prever e explicar acontecimentos. Mais formalmente:

    (f)(fé verdadeiro se, e somente se, a crença que f é verdadeiro é útil a longo prazo)

    [editar] Teorias deflacionárias
    Segundo as teorias deflacionárias da verdade, a verdade não é uma propriedade substancial, cuja natureza esteja oculta à espera de uma descoberta. Essa tese é sustentada através de uma análise da função do predicado “é verdadeiro”. A função desse predicado é trivial e pode ser completamente explicada por meio do esquema T. (Mas aceitar que as instâncias do esquema T são verdadeiras não é o mesmo que aceitar o deflacionismo, ou seja, que a função do predicado “é verdadeiro” pode ser completamente explicada por meio do esquema T.) Para os deflacionistas, as teorias tradicionais da verdade estão todas equivocadas justamente porque supõem que a verdade é uma propriedade substancial cuja natureza oculta deve ser exibida por uma teoria. Há dois tipos de teorias deflacionárias da verdade: a teoria da verdade como redundância e o minimalismo.

    De acordo com a teoria da verdade como redundância (geralmente atribuída a Frank P. Ramsey e às vezes chamada de teoria descitacional da verdade [em inglês disquotational theory of truth]), o esquema T é uma equivalência intencional, ou seja, uma sinonímia de acordo com a qual “‘p’ é verdadeira” significa o mesmo que “p” e, por isso, “é verdadeira” é redundante. Para o teórico da redundância, a verdade não é uma propriedade substancial porque não é propriedade nenhuma. A expressão “é verdadeira” é um pseudopredicado que não denota nenhuma propriedade. Com base nisso o teórico da verdade como redundância sustenta que o predicado “é verdadeiro” é eliminável da linguagem sem perda de capacidade expressiva. Isso significa que poderíamos dizer tudo o que dizemos usando esse predicado sem usá-lo.

    De acordo com o minimalismo (defendido por Paul Horwich), o esquema T é uma equivalência essencial (extensional necessária), mas não intensional. O minimalista acredita que o predicado “é verdadeiro” não é eliminável da linguagem sem perda de capacidade expressiva. Segundo o minimalista, o predicado “é verdadeira” é um predicado genuíno que denota uma propriedade genuína, não uma propriedade substancial, mas uma propriedade lógica. (O minimalista tem uma concepção minimalista de predicado e propriedade.) Segundo o minimalismo, o conceito de verdade é neutro com relação à controvérisa entre realistas e anti-realistas.

  21. Aliude Porto

    Verdade – aquilo que não esconde, muito profundo, rico e sábio, nunca pensei assim, estou muito feliz, com esse aprendizado.Obrigada e sua benção.

  22. ROBERTO DANTAS

    A verdade é a realidade!
    A verdade é o Bem. E o Bem, só quem sabe é quem recebe!
    A verdade é o caminho da vida!- LUZ, PAZ, AMOR!

    O camiho da vida é a existência!
    A existência real – um Bem que só quem sabe é quem recebe!

    Conhecer a Verdade é receber o Bem
    e o Bem só quem sabe é quem recebe

    Conhecer a Verdade torna o Homem: Livre e Liberto
    e esta condição: só quem sabe é quem recebe

    Falou o Mestre!

  23. ROBERTO DANTAS

    Não há muito o que falar sobre a verdade.
    Pergunte para quem a recebe, pois melhor do que saber é saber quem sabe!
    A verdade é um bem! E o bem, só quem sabe é quem recebe!

  24. ROBERTO DANTAS

    preceitos de Salomão – os 7 P’s.

    -percepção
    -prontidão
    -prudencia
    -perseverança
    -paciencia
    -plenitude
    -perfeição

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