Agradeço ao Ricardo a memória deste documento sobre a relação ecumenica com as Igrejas Orientais. É oportuno, diante do fato de muitos estranharem o encontro do papa com os patricarcas.

Segue o trecho do documento UNITATIS REDINTEGRATIO, que trata sobre as Igrejas Orientais, para estudo e reflexão: http://www.vatican.va/archive/…..io_po.html – acesso em 17-09-2009

CAPÍTULO IlII

IGREJAS E COMUNIDADES ECLESIAIS
 SEPARADAS DA SÉ APOSTÓLICA ROMANA

Duas categorias de cismas

13. Temos diante dos olhos as duas principais categorias de cisões que ferem a túnica inconsútil de Cristo.
As primeiras divisões sobrevieram no Oriente, já por contestação das fórmulas dogmáticas dos Concílios de Éfeso e Calcedónia, já em tempo posterior, pela ruptura da comunhão eclesiástica entre os Patriarcados orientais e a Sé Romana.
As outras, após mais de quatro séculos, originaram-se no Ocidente, provocadas pelos acontecimentos comumente conhecidos com o nome de Reforma. Desde então, muitas Comunhões, nacionais ou confessionais, se separaram da Sé Romana. Entre aquelas nas quais continuam parcialmente as tradições e as estruturas católicas, ocupa um lugar especial a Comunhão anglicana.
Estas diversas divisões, todavia, diferem muito entre si, não apenas em razão da origem, lugar e tempo, mas principalmente pela natureza e gravidade das questões relativas à fé e à estrutura eclesiástica.
Por isso, sem querer minimizar as diferenças entre os vários grupos cristãos e sem desconhecer os laços que, não obstante a divisão, entre eles existem, este sagrado Concílio determina propor as seguintes considerações para levar a cabo uma prudente acção ecuménica.

I. CONSIDERAÇÃO PECULIAR SOBRE AS IGREJAS ORIENTAIS

Carácter e história própria dos orientais

14. Durante não poucos séculos, as Igrejas do Oriente e do Ocidente seguiram por caminhos próprios, unidas, contudo, pela fraterna comunhão da fé e da vida sacramental. Quando entre elas surgiam dissensões acerca da fé ou da disciplina, era a Sé de Roma quem, de comum acordo, as resolvia. Entre outras coisas de grande importância, é grato ao sagrado Concílio trazer à memória de todos o facto de que no Oriente florescem muitas Igrejas particulares ou locais, entre as quais sobressaem as Igrejas patriarcais; não poucas delas se gloriam de ter origem nos próprios Apóstolos. Por isso entre os orientais prevaleceu e prevalece a solicitude e o cuidado de conservar na comunhão de fé e caridade aquelas relações fraternas que devem vigorar entre as Igrejas locais como entre irmãs.
Semelhantemente, não se deve esquecer que as Igrejas do Oriente têm desde a origem um tesouro, do qual a Igreja do Ocidente herdou muitas coisas em liturgia, tradição espiritual e ordenação jurídica. Nem se deve subestimar o facto de que os dogmas fundamentais da fé cristã sobre a Trindade e o Verbo de Deus encarnado da Virgem Maria, foram definidos em Concílios Ecuménicos celebrados no Oriente. Para preservar esta fé, muito sofreram e ainda sofrem aquelas Igrejas.
Mas a herança deixada pelos Apóstolos foi aceite de formas e modos diversos e desde os primórdios da Igreja cá e lá foi explicada de maneira diferente, também por causa da diversidade de génio e condições de vida. Tudo isso, além das causas externas, e também por falta de mútua compreensão e caridade, deu ocasião às separações.
Em vista disto, o sagrado Concilio exorta a todos, mormente aos que pretendem dedicar-se à restauração da plena comunhão desejada entre as Igrejas orientais e a Igreja católica, a que tenham na devida consideração esta peculiar condição da origem e do crescimento das Igrejas do Oriente e da índole das relações que vigoravam entre elas e a Sé Romana antes da separação. Procurem apreciar rectamente todos estes factores. Acuradamente observadas, estas coisas contribuirão muito para o desejado diálogo.
A tradição litúrgica espiritual dos orientais
15. Também é conhecido de todos com quanto amor os cristãos-orientais realizam as cerimónias litúrgicas, principalmente a celebração eucarística, fonte da vida da Igreja e penhor da glória futura, pela qual os fiéis unidos ao Bispo, tendo acesso a Deus Pai mediante o Filho, o Verbo encarnado, morto e glorificado, na efusão do Espírito Santo, conseguem a comunhão com a Santíssima Trindade, feitos «participantes da natureza divina» (2 Ped. 1,4). Por isso, pela celebração da Eucaristia do Senhor, em cada uma dessas Igrejas, a Igreja de Deus é edificada e cresce (26), e pela concelebração se manifesta a comunhão entre elas.
Neste culto litúrgico, os orientais proclamam com belíssimos hinos a grandeza de Maria sempre Virgem, a quem o Concílio Ecuménico de Éfeso solenemente proclamou Santíssima Mãe de Deus, para que se reconhecesse verdadeira e propriamente a Cristo como Filho de Deus e Filho do Homem segundo as Escrituras. Cantam hinos também a muitos santos, entre os quais os Padres da Igreja universal.
Como essas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos, e principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia, ainda se unem muito intimamente connosco. Por isso, alguma communicatio in sacris não só é possível mas até aconselhável, em circunstâncias oportunas e com aprovação da autoridade eclesiástica.
Também no Oriente se encontram as riquezas daquelas tradições espirituais, que o monaquismo sobretudo expressou. Pois desde os gloriosos tempos dos santos Padres floresceu no Oriente aquela elevada espiritualidade monástica, que de lá se difundiu para o Ocidente e da qual a vida religiosa dos latinos se originou como de sua fonte, e em seguida, sem cessar, recebeu novo vigor. Recomenda-se, por isso, vivamente que os católicos se abeirem com mais frequência destas riquezas espirituais dos Padres do Oriente que elevam o homem todo à contemplação das coisas divinas.
Conhecer, venerar, conservar e fomentar o riquíssimo património litúrgico e espiritual dos orientais é da máxima importância para guardar fielmente a plenitude da tradição cristã e realizar a reconciliação dos cristãos orientais e ocidentais.
Disciplina própria dos orientais
16. Além do mais, desde os primeiros tempos as Igrejas do Oriente seguiam disciplinas próprias, sancionadas pelos santos Padres e Concílios, mesmo Ecuménicos. Longe de obstar à unidade da Igreja, uma certa diversidade de costumes e usos, como acima se lembrou, aumenta-lhe a beleza e ajuda-a não pouco a cumprir a sua missão. Por isso, o sagrado Concilio, para tirar todas as dúvidas, declara que as Igrejas do Oriente, conscientes da necessária unidade de toda a Igreja, têm a faculdade de se governarem segundo as próprias disciplinas, mais conformes à índole de seus fiéis e mais aptas para atender ao bem das almas. A observância perfeita deste tradicional princípio, nem sempre respeitada, é condição prévia indispensável para a restauração da união.
Carácter da teologia dos orientais
17. O que acima foi dito acerca da legítima diversidade, apraz declarar também com relação à diversidade na enunciação teológica das doutrinas. Com efeito, no estudo da verdade revelada, o Oriente e o Ocidente usaram métodos e modos diferentes para conhecer e exprimir os mistérios divinos. Não admira, por isso, que alguns aspectos do mistério revelado sejam por vezes apreendidos mais convenientemente e postos em melhor luz por um que por outro. Nestes casos, deve dizer-se que aquelas várias fórmulas teológicas, em vez de se oporem, não poucas vezes se completam mutuamente. Com relação às tradições teológicas autênticas dos orientais, devemos reconhecer que elas estão profundamente radicadas na Sagrada Escritura, são fomentadas e expressas pela vida litúrgica, são nutridas pela viva tradição apostólica e pelos escritos dos Padres orientais e dos autores espirituais, e promovem a recta ordenação da vida e até a contemplação perfeita da verdade cristã.
Dando graças a Deus porque muitos filhos orientais da Igreja católica, que guardam este património e desejam vivê-lo mais pura e plenamente, já vivem em plena comunhão com os irmãos que cultivam a tradição ocidental, este sagrado Concilio declara que todo esse património espiritual e litúrgico, disciplinar e teológico, nas suas diversas tradições, faz parte da plena catolicidade e apostolicidade da Igreja.
A busca da unidade
18. Tendo ponderado tudo isso, este sagrado Concílio renova o que foi declarado pelos sagrados Concílios anteriores e também pelos Pontífices Romanos: para restaurar ou conservar a comunhão e a unidade, é preciso «não impor nenhum outro encargo além do necessário» (Act. 15, 28). Veementemente deseja também, que nas várias instituições e formas de vida da Igreja, se envidem todos os esforços para uma gradual concretização desta unidade, principalmente pela oração e pelo diálogo fraternal em torno da doutrina e das necessidades mais urgentes do ministério pastoral de hoje. Do mesmo modo recomenda aos pastores e fiéis da Igreja católica as boas relações com aqueles que já não vivem no Oriente, mas longe da pátria, para que cresça a colaboração fraterna com eles no espírito da caridade, excluído todo o espírito de contenda e rivalidade. E se este trabalho for promovido com todo o entusiasmo, o sagrado Concílio espera que, demolido o muro que separa a Igreja ocidental da oriental, haja finalmente uma única morada, firmada na pedra angular, Jesus Cristo, que fará de ambas uma só coisa (27).

8 Comentários

  1. Padre Joãozinho

    Se o senhor me permitir uma resalva, seria importante explicar aos seus seguidores no Blog, o que são as Igrejas Católicas orientais (Melkita, Maronita, Caldeia, Siria e Armênia) que estão em comunhão com o Papa, das Igrejas Cristãs Ortodoxas (Patriarcados de Constantinopla, Antioquia, Jerusalém, Russia entre outros além as Igrejas Autocefalas reconhecidas pela ortodoxia).
    Esse texto do documento concíliar se refere ao ecumenismo com as Igrejas separadas, mas o fato do senhor ter noticiado anteriormente o encontro do papa com os Patriarcas Católicos do Oriente, pode deixar as pessoas confusas e achar que essas Igrejas orientais de uma vida espiritual e liturgica tão ricas à qual João Paulo II se referiu como sendo o outro pulmão que a Igreja respira, fora da comunhão do papa.
    O senhor conhece mais o CVII melhor que eu, que tal falar também do documento Orientalium Ecclesiarum : http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19641121_orientalium-ecclesiarum_po.html
    Aguardo retorno.

  2. Simone Teixeira

    Pe. Joãozinho,

    Eu já conhecia um pouco da história da divisão entre a Igreja do Ocidente e do Oriente e como ambas continuaram com a sucessão apostólica, mas essa postagem veio me esclarecer muito! Agradeço ao Ricardo e a você pela partilha e por poder conhecer um pouco mais da história. Rezo sempre pela unidade dos Cristãos.
    Grande abraço,

    Simone.

  3. Sobre a nova historiografia conciliar sopra a inspiração de Bento XVI
    Roberto de Mattei

    DUAS RELEITURAS DO VATICANO II REDESCOBREM “A ININTERRUPTA TRADIÇÃO ECLESIAL” E O PESO NÃO DOGMÁTICO DO CONCÍLIO

    Roma. O Concílio Vaticano II, até ontem empreitadoatravés da leitura historiográfica da “escola de Bolonha”, começa a ser objeto de uma nova fase de reflexão histórico-crítica, que segue os impulsos do já agora célebre discurso à Cúria romana de Bento XVI de 22 de Dezembro de 2005. O próprio Papa Ratzinger tornou várias vezes a esse assunto: a última vez no discurso aos participantes da Reunião Plenária da Congregação para o Clero de 16 de Março de 2009, no qual o Papa reafirmou a necessidade de refazer-se “na ininterrupta Tradição eclesial” e de “favorecer nos sacerdotes, sobretudo nas jovens gerações, uma correta recepção dos textos do Concílio Ecumênico Vaticano II, interpretados à luz de toda a bagagem doutrinária da Igreja”.

    O Cardeal Ratzinger sempre sustentou, e hoje é Bento XVI que sustenta que a única maneira de tornar crível o Vaticano II é apresentá-lo como uma parte da inteira e única Tradição da Igreja e da sua Fé.

    Nessa linha, inseriu-se o recente livro “Vatican II. Renewal within Tradition” (Oxford University Press 2008) de Matthew Lamb e Matthew Levering, dois docentes da Universidade Ave Maria na Flórida. Ao discurso de Bento XVI, que abre o volume, segue-se uma série de densas contribuições, respectivamente dedicadas às quatro constituições conciliares, aos nove decretos e às três declarações do Vaticano II. Os nomes dos autores são prestigiosos: entre eles, dois Cardeais americanos (Avery Dulles e Francis George), conhecidos teólogos, assim como o dominicano do Angelicum Padre Charles Morerod, estudiosos de peso como o filósofo do direito Russell Hittinger. A tese de fundo é que o Vaticano II somente pode ser entendido em continuidade com a tradição bimilenar da Igreja, segundo a fórmula de Leão XIII “vetera novis augere et perficere”. A demonstração desenvolve-se no plano de uma análise textual dos documentos, naturalmente considerada redutiva por quem sustenta a prioridade qualitativa do “evento” conciliar com relação às suas decisões doutrinais que, como escreveu Giuseppe Alberigo, “não podem ser lidas como abstratos ditados normativos, mas como expressão e prolongamento do próprio evento do Concílio”.

    É nesse debate que se insere agora o recente livro de Monsenhor Brunero Gherardini, Concílio ecumenico Vaticano II. Um discorso da fare, editado pela Casa Mariana Editora de Frigento dos Franciscanos da Imaculada.

    Uma obra cuja importância deriva, ademais de seu conteúdo, da própria figura do autor, decano da Pontifícia Universidade Lateranense, postulador da causa de canonização de Pio IX, diretor da revista “Divinitas” e ultimo expoente da grande “escola teológica romana”. A autoridade do volume é aumentada graças ao prefácio de Monsenhor Mario Oliveri, Bispo de Albenga, e do Proêmio de Monsenhor Albert Malcolm Ranjith, [ex] secretário da Congregação do Culto Divino e Arcebispo de Colombo (Sri Lanka). Tema central do volume de Monsenhor Gherardini é o da natureza pastoral do Concílio, um ponto sobre o qual substancialmente concordam autores ainda que de teses diversas. O Vaticano II foi um Concílio pastoral: tal o disseram sempre João XXIII, Paulo VI e os seus sucessores, até o atual Pontífice. Mas quais são as conseqüências dessa “pastoralidade”, que é, em última análise, a relação da Igreja com o mondo?

    “Constituções dogmáticas”. O Vaticano II, esclarece Gherardini, enquanto “pastoral”, foi privado de caráter doutrinário “definitório”.

    A ausência de intenções definitórias parece contraditada pelo adjetivo “dogmática”, com o qual o Concílio qualifica duas de suas importantes constituições: a Lumen Gentium e a Dei Verbum.

    Na realidade, como explica o autor, dessas Constituições se fala como de “constituições dogmáticas” somente porque elas receberam e tornaram a propor como verdades de Fé dogmas já definidos em Concílios anteriores (pp. 50-51).

    O fato de que somente dois documentos conciliares foram definidos dogmáticos, de todo modo, torna evidente que os demais documentos não tiveram tal caráter. O Concílio Vaticano II certamente possui um ensinamento específico, não privado de autoridade, mas como explica Gherardini, “as suas doutrinas, não redutíveis a definições precedentes, não são nem infalíveis nem irreformáveis, e portanto não são nem mesmo vinculantes; quem as negasse nem por isso seria formalmente herege. Ademais, quem, as impusesse como infalíveis e irreformáveis, iria contra o próprio Concílio” (p. 51).

    Disso se segue que é lícito reconhecer ao Vaticano II uma natureza dogmática somente lá onde ele torna a propor como verdade de Fé dogmas definidos em Concílios precedentes.

    “Pelo contrário, as doutrinas que lhe são próprias não poderão absolutamente serem consideradas dogmáticas, pela razão que são privadas da ineludível formalidade definitória, e, pois, de relativa ‘voluntas definiendi’” (p. 51).

    Não se trata de mandar arquivar o último Concílio, ou de liquidá-lo, “trata-se somente de respeitar a natureza, ou ditado, as finalidades e a pastoralidade que ele mesmo reivindica” (p. 24).

    Bento XVI afirma que o Concílio Vaticano II deve ser lido à luz da Tradição, reivindicando um “retorno à verdade do texto”, além das intenções ou das conseqüências do evento”.

    Todavia, conforme Monsenhor Gherardini, os textos apresentam-se com ambigüidade, e podem ser objeto de crítica, histórica e teológica. Um exemplo típico é a constituição que foi chamada de “pastoral”, Gaudium et Spes, de Dezembro de 1965, sobre a Igreja no mundo contemporâneo. A palavra “pastoral” qualifica a sua abordagem “humanista” de simpatia, de abertura, de compreensão do homem, a sua história e “os aspetos da vida hodierna e da sociedade humana”, com particular atenção aos “problemas que parecem hoje mais urgentes”.

    O mito do Progresso típico dos séculos XIX e XX permeia o documento: progresso da cultura e das instituições (n. 53); progresso econômico e social (n. 66); progresso técnico (n. 23); e mais em geral “progresso humano” (nn. 37, 39, 53, 72). Trata-se de um cristianismo de novo caráter que alarga os próprios confins “aos cristãos anônimos de Karl Rahner e àqueles implícitos de E. Schillebeeckx, além de que aos cristãos finalmente maduros da assembléia conciliar” (p. 72).

    A Gaudium et Spes, mesmo contendo uma implícita doutrina, é todavia um documento privado de valor vinculante, nos pontos em que ela se afasta da Tradição da Igreja. Quando de fato um Concílio apresenta a si mesmo, o conteúdo e a razão de seus documentos sob a categoria da pastoralidade, auto qualificando-se como pastoral, ele exclui desse modo toda intenção definitória: “E por isso não pode pretender a qualificação de dogmático, nem outros podem lhe dar essa qualificação” (p. 23).

    Diferentemente de todos os demais Concílios Ecumênicos da história, o Vaticano II não é caracterizado por uma sua incidência doutrinal – e muito menos dogmática – mas pelas novidades de atitude, de avaliação, de movimento e de ação introduzidas nos gânglios vitais da Igreja (p. 65).

    O paradoxo se consistiu nisso: quis-se elevar a dogma um Concílio que tinha abertamente esclarecido que não queria afirmar nenhum princípio absoluto. Aquilo que é pastoral deve ser julgado não tanto pelos princípios quanto pelos resultados concretos.

    Monsenhor Gherardini, tornando a ecoar quanto já em 1985 o Cardeal Ratzinger afirmava no seu “Relatório sobre a Fé”, salienta que o desastre eclesial, desde o Vaticano II até hoje, assumiu, em progressão crescente, proporções gigantescas. “Para um observador atento e sobretudo para um católico coerente não deveria ser difícil constatar o desastre e reconhecê-lo entre as dobras daquele relativismo, que eu compararia ao crescer de um tsunami lamacento e destruidor” (p. 93).

    Na súplica ao Santo Padre que conclui o seu livro, Monsenhor Gherardini sugere como necessária uma atenta e científica análise de cada documento do Concílio, do seu conjunto, e de cada tema seu, como também de suas fontes imediatas e remotas: uma análise que deveria ser comparativa com a dos outros vinte concílios, com o objetivo de provar se o Vaticano II se colocou na trilha da continuidade mais ou menos evolutiva, ou em vez se está com ela em parcial ou total ruptura.

    O Concílio Vaticano II, de fato, não é maior que a Igreja nem que sua Tradição.

    Roma, 15 de setembro de 2009,
    Roberto De Mattei

    © Copyright IL Foglio, 15 de Setembro de 2009
    Publicado por Raffaella às 8.40

    L’autorità del volume è accresciuta dalla prefazione di monsignor Mario Oliveri, vescovo di Albenga e dalla premessa di monsignor Albert Malcolm Ranjith, segretario della Congregazione del Culto Divino e arcivescovo di Colombo (Sri Lanka). Tema centrale del volume di monsignor Gherardini è quello della natura pastorale del Concilio, un punto su cui i fautori delle pur diverse tesi sostanzialmente concordano. Il Vaticano II fu un concilio pastorale: tale lo dissero sempre Giovanni XXIII, Paolo VI e i suoi successori, fino all’attuale

    Pontefice. Ma quali sono le conseguenze di questa “pastoralità”, che è, in ultima analisi, la relazione della chiesa con il mondo?

    “Costituzioni dogmatiche” Il Vaticano II, chiarisce Gherardini, in quanto “pastorale”, fu privo di un carattere dottrinale “definitorio”.

    L’assenza di intenti definitori sembra contraddetta dall’aggettivo “dogmatica”, con cui il Concilio qualifica due sue importanti costituzioni: la Lumen Gentium e la Dei Verbum.
    In realtà, come spiega l’autore, di esse si parla come di “costituzioni dogmatiche” solo perché esse recepirono e riproposero come verità di fede dogmi definiti in precedenti Concili (pp. 50-51).

    Il fatto che solo due documenti conciliari furono definiti dogmatici, rende comunque evidente che tale carattere non ebbero gli altri documenti. Il Concilio Vaticano II ha certamente un suo specifico insegnamento, non privo di autorevolezza, ma come spiega Gherardini, “le sue dottrine, non riconducibili a precedenti definizioni, non sono né infallibili né irreformabili, e dunque nemmeno vincolanti; chi le negasse non per questo sarebbe formalmente eretico. Chi poi le imponesse come infallibili ed irreformabili andrebbe contro il Concilio stesso” (p. 51).

    Ne consegue che è lecito riconoscere al Vaticano II un’indole dogmatica solamente là dove esso ripropone come verità di fede dogmi definiti in precedenti concili.
    “Le dottrine, invece, che gli son proprie non potranno assolutamente considerarsi dogmatiche, per la ragione che son prive dell’ineludibile formalità definitoria e quindi della relativa ‘voluntas definiendi’” (p. 51).

    Non si tratta di mettere in soffitta l’ultimo concilio, o di liquidarlo, “si tratta solamente di rispettare la natura, il dettato, le finalità e la pastoralità che esso stesso rivendica” (p. 24).

    Benedetto XVI afferma che il Concilio Vaticano II deve essere letto alla luce della Tradizione, rivendicando un “ritorno alla verità del testo”, al di là delle intenzioni o delle conseguenze dell’”evento”.

    Tuttavia, secondo monsignor Gherardini, i testi presentano una loro ambiguità e possono essere oggetto di critica, storica e teologica. Un tipico esempio è la costituzione che fu detta “pastorale”, Gaudium et Spes, del 7 dicembre 1965, sulla chiesa nel mondo contemporaneo. La parola “pastorale” qualifica il suo approccio “umanistico” di simpatia, di apertura, di comprensione verso l’uomo, la sua storia e “gli aspetti della vita odierna e della società umana”, con particolare attenzione ai “problemi che sembrano oggi più urgenti”.
    Il mito ottocentesco e novecentesco del Progresso permea il documento: progresso della cultura e delle istituzioni (n. 53); progresso economico e sociale (n. 66); progresso tecnico (n. 23); e più in generale “progresso umano” (nn. 37, 39, 53, 72). Si tratta di un cristianesimo di nuovo conio che allarga i propri confini “ai cristiani anonimi di Karl Rahner e a quelli impliciti di E. Schillebeeckx, oltre che ai cristiani finalmente maturi dell’assise conciliare” (p. 72).

    La Gaudium et Spes, pur contenendo un’implicita dottrina, è tuttavia un documento privo di valore vincolante, nei punti in cui si discosta dalla Tradizione della chiesa. Quando infatti un Concilio presenta sé stesso, il contenuto e la ragione dei suoi documenti sotto la categoria della pastoralità, autoqualificandosi come pastorale, esclude in tal modo ogni intento definitorio: “E perciò non può pretender la qualifica di dogmatico, né altri posson conferirgliela” (p. 23).

    A differenza di tutti gli altri Concili Ecumenici della storia, il Vaticano II non è caratterizzato da una sua incidenza dottrinale – e ancor meno dogmatica – ma dalle novità di atteggiamento, di valutazione, di movimento e di azione introdotte nei gangli vitali della chiesa (p. 65).

    Il paradosso è consistito in questo: si è voluto elevare a dogma un Concilio che aveva apertamente chiarito di non voler affermare nessun principio assoluto. Ciò che è pastorale va giudicato non tanto nei principi quanto nei risultati concreti.

    Monsignor Gherardini, riecheggiando quanto già nel 1985 il cardinale Ratzinger affermava nel suo “Rapporto sulla fede”, rileva che il disastro ecclesiale, dal Vaticano II a oggi, ha assunto, con progressione crescente, proporzioni gigantesche. “A un osservatore attento e soprattutto a un cattolico coerente non dovrebb’esser difficile prender atto del disastro e riconoscerlo fra le pieghe di quel relativismo, che paragonerei al montare di uno tsunami limaccioso e travolgente” (p. 93).

    Nella supplica al Santo Padre che conclude il suo libro, monsignor Gherardini suggerisce come necessaria un’attenta e scientifica analisi dei singoli documenti del Concilio, del loro insieme e d’ogni loro argomento, nonché delle loro fonti immediate e remote: un’analisi che dovrebbe essere comparativa con quella degli altri venti concili, allo scopo di provare se il Vaticano II sia nel solco della continuità più o meno evolutiva, o sia invece con essa in parziale o totale rottura..

    Il Concilio Vaticano II, infatti, non è più grande della chiesa né della sua Tradizione.

    http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=historiografia-conciliar&lang=bra

  4. Domingos de Oliveira

    O encontro do Papa,será com patriarcas que são católicos.Eles não são patriarcas das igreja orientais cismáticas.
    Portanto,são católicos ,fiéis ao papa e ao Magistério da Igreja.São apenas patriarcas que seguem os ritos e tradições orientais.
    Portanto,não vamos confundir,achando q o papa estará se reunindo com cismáticos!

  5. Este texto não se refere às Igrejas Orientais Católicas, mas sim às Igreja Ortodoxas… Deve ser retirado para não fazer confusão na cabeças dos fieis.
    HC, OSB

    http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19641121_orientalium-ecclesiarum_po.html

    PROÉMIO

    Estima das Igrejas Orientais

    1. A Igreja católica aprecia as instituições, os ritos litúrgicos, as tradições eclesiásticas e a disciplina cristã das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres em razão da sua veneranda antiguidade, nelas brilha aquela tradição que vem dos Apóstolos através dos Padres(1) e quê constitui parte do património divinamente revelado e indiviso da Igreja universal. Por isso, no exercício da sua solicitude pelas Igrejas Orientais, que são vivas testemunhas desta tradição, este sagrado e ecuménico Concílio, desejando que elas floresçam e realizem com novo vigor apostólico a missão que lhes foi confiada, decidiu estabelecer alguns pontos, além daquilo que diz respeito à Igreja universal, deixando o restante à providência dos Sínodos orientais e da Sé Apostólica.

    AS IGREJAS PARTICULARES OU RITOS

    Diversidade de ritos na unidade da Igreja

    2. A santa Igreja católica, Corpo místico de Cristo, consta de fiéis que se unem orgânicamente no Espírito Santo pela mesma fé, pelos mesmos sacramentos e pelo mesmo regime. Juntando-se em vários grupos unidos pela Hierarquia, constituem as igrejas particulares ou os ritos. Entre elas vigora admirável comunhão, de tal forma que a variedade na Igreja, longe de prejudicar-lhe a unidade, antes a manifesta. Pois esta é a intenção da Igreja católica: que permaneçam salvas e íntegras as tradições de cada igreja particular ou rito. E ela mesma quer igualmente adaptar a sua forma de vida às várias necessidades dos tempos e lugares (2).

  6. Michelli Brainer

    Padre Joãozinho, sua bênção!
    Parte da minha família é da anglicana.
    Podes me indicar alguma leitura sobre a relação da Santa Sé com essa igreja?

  7. Bento XVI convoca Sínodo para o Médio Oriente
    Assembleia ocorrerá em Outubro de 2010. Tema sublinha “comunhão” e “testemunho”

    O Papa anunciou hoje a convocação da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, que se realizará de 10 a 24 de Outubro de 2010. O encontro reflectirá sobre o tema “A Igreja Católica no Médio Oriente: comunhão e testemunho – A multidão dos que haviam acreditado era um só coração e uma só alma.

    A novidade foi comunicada durante a audiência que Bento XVI concedeu em Castel Gandolfo a sete patriarcas católicos: o patriarca maronita Cardeal Nasrallah Pierre Sfeir, o patriarca de Cilícia dos Armênios, Sua Beatitude Nerses Bedros XIX Tarmouni, o patriarca dos Sírios de Antioquia, Sua Beatitude Ignace Youssef III Younan, o patriarca caldeu, Cardeal Emmanuel III Delly, o patriarca de Antioquia dos Greco-melquitas, Gregorio III Laham, o patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, e o patriarca copta Antonios Nagib. O encontro contou também com a presença dos arcebispos maiores das Igrejas Orientais, o cardeal Lubomyr Husar, de Lvov dos Ucranianos, e o arcebispo Lucian Muresan, de Alba Iulia (Roménia).

    Nas palavras que lhes dirigiu, o Papa congratulou-se com a realização desta “reunião de carácter informal, que nos permite escutar a voz das Igrejas que vós servis com admirável abnegação e de reforçar os vínculos de comunhão que as ligam à Sé Apostólica”.

    Bento XVI referiu que os patriarcas orientais católicos lhe solicitaram, por diversas vezes, “um contacto mais frequente com o Bispo de Roma, para tornar cada vez mais sólida a comunhão daquelas Igrejas com o Sucessor de Pedro e examinar conjuntamente, quando for o caso, eventuais temáticas de particular importância”.

    “Pela minha parte, advirto como dever principal promover aquela sinodalidade tão cara à eclesiologia oriental e saudada com apreço pelo Concílio Ecuménico Vaticano II”.

    O Papa assegurou “partilhar plenamente” a estima pelas Igrejas Orientais que o Concílio Vaticano II lhes manifestou no Decreto “Orientalium Ecclesiarum”, e que João Paulo II reafirmou, sobretudo na Exortação Apostólica ”Orientale Lumen”. Bento XVI fez sua a passagem deste documento, em que o Papa Wojtyla fazia votos para que as Igrejas Orientais Católicas “floresçam”, a fim de desenvolverem “com renovado vigor apostólico a missão (…) de promover a unidade de todos os cristãos, especialmente orientais”.

    “O horizonte ecuménico está muitas vezes ligado ao inter-religioso. Nestes dois âmbitos é toda a Igreja que tem necessidade da experiência de convivência que as vossas Igrejas maturaram desde o primeiro milénio cristão”, declarou Bento XVI.

    Relativamente às “problemáticas que vos preocupam”, expressas nas intervenções dos presentes, o Papa limitou-se a observar que essas questões “poderão encontrar orientações adequadas nas sedes competentes”.

    “Quereria assegurar-vos que estais constantemente no meu pensamento e na minha oração. Não esqueço, em especial, o apelo de paz que depusestes nas minhas mãos no final da Assembleia do Sínodo dos Bispos de Outubro passado”.

    Entre os temas que terão sido abordados pelos patriarcas orientais encontram-se o aumento do fundamentalismo no Médio Oriente, as preocupações dos cristãos, a importância do diálogo cristão – islâmico, o estatuto do patriarca católico oriental na Igreja universal e a jurisdição eclesiástica no Kuwait e nos Países do Golfo.

    Com Rádio Vaticano

    Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?tpl=&id=75081 – Acesso em 20-09-09

  8. Sei que V. Revma é por demais empenhado em seus afazeres quer espirituais quer da propagação do Evangelho por meio dá música.
    Mas gostava de que fosse corrigido, pois continua a fazer confusão o que são as Igrejas Rituais Orientais Católicas (22) e as Igrejas Ortodoxas; como dantes lhe havia dito, os patriarcas do Oriente, não os Orientais (pois tem um latino em Jerusalém) e os Arcebispos Mor.
    Foram estes os participantes:
    Sua Beatitude o Cardeal Pierre Sfeir, Patriarca de Antioquia dos Maronitas (Líbano); Sua Beatitude o Cardeal Emmanuel III Delly, Patriarca di Babilônia dos Caldeus (Iraque); Sua Beatitude o Cardeal Lubomyr Husar, Arcebispo Mor di Kyiv-Halič (Ucrânia); Sua Beatitude o Cardeal Varkey Vithayathil, C.Ss.R., Arcebispo Mor di Ernakulam-Angamaly dos Sírios-Malabares (Índia); Sua Beatitude Antonios Naguib, Patriarca di Alexandria dos Coptas (Egito); Sua Beatitude Grégoire III Laham, Patriarca di Antioquia dos Grecos-Melkitas (Síria); Sua Beatitudine Ignace Youssif III Younan, Patriarca di Antioquia dos Sírios (Líbano); Sua Beatitudine Nerses Bedros XIX Tarmouni, Patriarca di Cilícia dos Armenios (Líbano); Sua Beatitude Lucian Mureşan, Arcebispo Mor di Făgăraş e Alba Iulia dos Romenos (Romênia); Sua Beatitude Baselios Moran Mor Cleemis Thottunkal, Arcebispo Mor di Trivandrum dos Sírios-Malankares (Índia); Sua Beatitudine Fouad Twal, Patriarca Latino di Gerusalemme.
    Esse Sr. Ricardo não sabe que em português se diz Oriente Médio?
    E não foram dois Arcebispor Mor apenas, mas os quatro.

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