Não levaria este debate tão longe se a frase que o desencadeou não tivesse vindo de um arcebispo que ocupa o cargo de secretário da CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, órgão oficial do Vaticano para o cuidado dos sacerdotes do mundo inteiro, que está sob coordenação do Cardeal Dom Cláudio Hummes (Prefeito da Congregação para o Clero). Li a frase em uma notícia da Agência Zenit (de responsabilidade dos Legionários de Cristo). O Arcebispo Mauro Piacenza teria dito literalmente: “Para a evangelização, não servem os sacerdotes showman que vão à televisão”. Esta frase teria sido parte de sua palestra em um Dia de Estudo sobre “A comunicação na missão do sacerdote”, organizado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, de responsabilidade do Opus Dei. Isto aconteceu no dia 18 de novembro.
Dada a dimensão e importância do debate, resolvi pesquisar o que teria dito mesmo o arcebispo e qual o contexto de sua afirmação. Você encontra alguns apontamentos no site http://www.pusc.it/csi/gdis_18nov09cro.html
Como já disse o tema da jornada de estudos era A COMUNICAÇÃO NA MISSÃO DO SACERDOTE. Dom Mauro desenvolveu o tema: “A comunicação deve favorecer a comunhão na Igreja”. Infelizmente não temos acesso ao texto integral de sua palestra. A própria Pontifícia Universidade Santa Cruz assim sintetizou:
ROMA (18.11.2009) – “La comunicazione deve favorire la comunione nella Chiesa altrimenti diventa protagonismo individuale oppure, ed è ancora più grave, introduce divisione. All’evangelizzazione non servono i preti showman che vanno in TV”. Lo ha dichiarato Mons. Mauro Piacenza, Segretario della Congregazione per il Clero, intervenuto questa mattina alla Giornata di Studio su “La comunicazione nella missione del sacerdote” organizzata dalla Facoltà di Comunicazione della Pontificia Università della Santa Croce. “Il sacerdote non deve improvvisare quando utilizza i mezzi di comunicazione e neppure deve comunicare se stesso, ma duemila anni di comunione nella fede”. “Questo messaggio – ha concluso il Prelato – può essere trasmesso soltanto attraverso la propria esperienza e vita interiore”.
Porém, analisando o horário desde dia é possível verificar que Dom Mauro não falou mais do que 15 minutos. Fez apenas a abertura. É possível que não tenha levado um texto escrito e tenha feito esta afirmação de modo coloquial. Porém, quando a Universidade registra esta frase e a publica na Internet e ela ganha os jornais… fica uma impressão de oficialidade. Veja o horário do dia:
9.15
Presiede
S.E.R. Mons. Mauro Piacenza
Segretario della Congregazione per il Clero
9.30
La dimensione comunicativa dell’essere sacerdote
Rev. Prof. Philip Goyret
Facoltà di Teologia
Pontificia Università della Santa Croce
10.00
Cosa ci insegnano i Padri della Chiesa sulla comunicazione?
Rev. Prof. Mario Maritano
Preside-Decano della Facoltà di Lettere Cristiane e Classiche
Pontificia Università Salesiana
10.30
Intervallo
11.00
L’omelia come momento comunicativo
Rev. Prof. Sergio Tapia-Velasco
Facoltà di Comunicazione Istituzionale
Pontificia Università della Santa Croce
11.30 Colloquio con i relatori
12.30 Fine sessione
15.30
Presiede
Mons. Paul Tighe
Segretario del Pontificio Consiglio delle Comunicazioni Sociali
15.45
L’identità del sacerdote e i mezzi di comunicazione
Rev. Giovanni D’Ercole, F.D.P.
Segreteria di Stato della Santa Sede
Collaboratore di RAI 2
16.30
Il sacerdote come fonte informativa sulla vita della Chiesa
Rev. Prof. John Wauck
Facoltà di Comunicazione Istituzionale
Pontificia Università della Santa Croce
17.00
Intervallo
17.15
Due o tre cose che ho imparato da Don Matteo
Dott.ssa Alessandra Caneva
Co-autrice della serie “Don Matteo” (RAI-Lux Vide)
17.45 Colloquio con i relatori
18.30 Fine giornata di studio
Há um vídeo sobre esta palestra:
http://www.youtube.com/videopusc#p/u/2/xC1znjbJxbI
Pe. Joãozinho o seu trabalho e o do Pe Fabio só faz fortalecer a nossa fé. O jeito como voces abrangem temas tão complicados com tanta simplicidade me cativou particularmente.O Pe. Fábio e o Senhor são duas pessoas maravilhosas que Deus nos enviou. Sendo sacerdotes showmans ou não o importante e reavivar a nossa fé em Cristo, seja atraves da musica ou palestras.
Bom dia a todos que postam aqui seus comentários no blog do Pe Joãozinho.Na primeira parte do artigo “sacerdotes showman”,deixei aqui um comentário equivocado sobre o que li,e peço a todos publicamente desculpas.Em especial o perdão do Pe Joãozinho que tratei com certa crueldade,não foi a minha intenção te magoar,de verdade.
Não li todos os comentários que fizeram a meu respeito,até porque aqui não é um “Tribunal para Julgamentos” e ninguém me conhece.Também creio que poucos aqui se conhecem.
Reconheço a importância dos meios de comunicação para a evangelização,mas não sou obrigada a concordar com tudo.
Agradeço aos que tiveram o bom senso de me “compreender”,e ao demais que tiveram comigo a mesma atitude que tive com o pe deixo as palavras do Mestre Jesus:”Quem não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra.”
Um grato e fraterno abraço a todos.De qualquer forma receber críticas sempre nos edificam em alguma coisa.Fiquem com Deus!
A medida que posso, estou acompanhando o desenrolar a respeito dos padres showmans, do ser solto etc…
Claro que enquanto pessoas humanas, temos defeitos,limitações, acertos e erros. Me parece que os padres que evangelizam através dos meios de comunicação estão mais expostos, são vitrines, digamos assim. Ficam mais sucetíveis a comentários e julgamentos, de qq tipo. Exercer esse papel de evangelizador, consciente do sua missão,na mídia, exige coragem. Exige se expor,em todos os ambitos.
Fácil não é talvez porque tenhamos de alguma maneira, uma idéia de que o padre tem algo de santo, de que o padre de alguma maneira deveria cometer menos erros, deveria saber lidar melhor com as situações, deveria estar disponivel sempre, mais acessivel. Afinal ele é o representante da igreja, de Jesus. Fico pensando se não colocamos uma expectativa mto grande na figura do padre e nos esquecemos do qto ele é humano. Por mais que isso seja falado e lembrado, me parece que essa cobrança existe nas entrelinhas, ainda é forte.
Da nossa parte, enquanto leigos,membros da igreja, talvez ainda tenhamos que amadurecer um pouco mais. Não estou aqui para defender nenhum dos padres até aqui citados porque, considero que cd um tem competencia e sabedoria suficiente para fazer isso, se achar necessário.
Coloco amadurecer porque esperamos que eles nos atendam, o mais rápido possível. Claro que é ótimo receber um e-m, um twitter ou qq coisa que seja de um deles. A gente se sente valorizado, visto. De alguma maneira é como se o padre percebesse a existencia da gente,mesmo sem nunca nos termos vistos. Faz mto bem porém, e quando esse retorno nao acontece…. o que será que gera, a que conclusões chegamos, como nos sentimos…
Padre Joaozinho, acho interessante esse debate e acho fundamental que nós que estamos do ld de cá da “telinha”, tenhamos também noção, do que esperamos de quem está aí do outro ld.
Apesar de sabermos que são homens, talvez ainda tenhamos que ponderar a respeito do que esperamos desse padres que estão na mídia.
Acho que a fé também não pode ser pautada pela conduta, pela expressividade ou qq coisa do tipo ou genero, dos padres showmans. Acho que cd um tem que buscar construir e solidificar a fé, os conhecimentos.
Eles, os padres, escolheram um caminho de trabalho. Seguir,concordar, discordar, entender, acatar ou não, é uma escolha de cd um.
Se os padres showmans fazem sucesso é porque tem recebido respaldo de alguém. Só chegaram lá porque foram apoiados. Fico me questionando se os vemos como padres ou estamos colocando como possíveis ídolos…Uma história sempre tem dois lds.
Reflexões que fui fazendo padre. Se achar pertinente, que pode auxiliar no debate, coloque. Se não, sem problemas.
Um abraço
Regina
Esta é a típica situação em que o juízo temerário ganha os espaços nos blogs e sites diversos, causando tremendas confusões!
No primeiro instante, senti-me tentado a rebater o que lia! Mas observando direito o contexto, pude perceber que se trata de uma simples “cautela” do Arcebispo em relação ao risco que ele vê, como responsável pelo clero do mundo todo, no comportamento dos sacerdotes referidos. Todo o impacto se dá pelo termo “sacerdotes showman”. De fato, lendo-o, temos a impressão que ele retirou o termo daqueles “tópicos do Orkut”. É preciso que vejamos com “bons olhos” a preocupação do Arcebispo Piacenza, até porque não seria prudente de sua parte “atacar” os frutos que naturalmente se colheriam na nova fase da evangelização da Igreja.
Abraço a todos.
Liturgia deve ser mistagogia
Padre Elílio de Faria Matos Júnior
http://padreelilio.blogspot.com/search/label/Liturgia
Uma das constantes preocupações do Santo Padre Bento XVI diz respeito à liturgia. Ultimamente, ou desde a Reforma litúrgica de Paulo VI, como todos sabem, a Liturgia Romana tem sofrido duros golpes por parte de quem não lhe reconhece a dignidade devida. Muitos padres e comunidades acham que podem “fazer” sua própria liturgia, pois que acrescentam e tiram aqui e ali, tendo como único conselheiro e guia o próprio alvedrio ou o gosto pessoal, de modo a descaracterizar o que recebemos da Igreja e, em última análise, dos Apóstolos e do próprio Senhor.
Quem poderá negar que uma onda de atitudes e gestos estranhos invadiram a Liturgia Romana nos últimos anos? É o barulho ensurdecedor dos cantos e instrumentos musicais, as letras dos cantos que nada tem a ver com o senso litúrgico, o padre que se faz de showman, os “bom-dias” despropositados do padre e seu linguajar, muitas vezes, nada apropriado ao culto divino, a “bateção” de palmas do início ao fim da Missa, as danças descabidas, a invasão de procissões (é procissão disso, procissão daquilo…), as adulterações de orações e do sentido autêntico da celebração, etc. Santo Tomás de Aquino ensina que “incorre no vício da falsidade quem, da parte da Igreja, oferece o culto a Deus contrariamente à forma estabelecida pela autoridade divina da Igreja e seu costume” (Summa theologiae II-II, q.93, a.1).
O Santo Padre, na Carta aos Bispos que acompanha o Motu Proprio Summorum Pontificum, tocou na questão dos celebrantes que, não compreendendo bem a Reforma litúrgica, se sentem obrigados à criatividade, e disse que tal mal entendido “levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável” (Carta aos Bispos). Atingimos, na expressão do próprio Papa, o “limite do suportável”. O Papa não podia ser mais claro em sua desaprovação aos abusos litúrgicos.
O mais preocupante diz respeito à conservação e transmissão da autêntica fé católica e ao vigor espiritual dos fiéis. Todos sabemos, e a tradição da Igreja nos dá prova disso, que “legem credendi lex statuit orandi”. A fé se alimenta da liturgia bem celebrada. Não é à toa que as grandes reformas ao longo da história da Igreja tiveram como eixo e centro dinamizador a liturgia. A propósito, assim se expressou João Paulo II: “A tradição e a experiência milenar da Igreja nos mostram que é a Fé, celebrada e vivida na liturgia, que alimenta e fortifica a comunidade dos discípulos do Senhor” (Discurso,11 de maio de 1991).
Se a vida espiritual dos católicos hoje precisa de novo vigor e de uma fé mais profunda, será que não devemos voltar a celebrar com mais dignidade os mistérios da nossa salvação? Uma orientação que vem do Santo Padre Bento XVI, tanto de suas palavras como de seu exemplo prático, ensina-nos a preservar o sentido do mistério em nossas celebrações. Celebrar a liturgia deve constituir uma verdadeira mistagogia, isto é, um mergulho no mistério do Senhor, de cuja vida somos chamados a participar. E isso com todo o respeito e dignidade!