Dois erros que devemos evitar ao iniciar um debate é a pressa de tirar uma conclusão. Normalmente esta pressa é amiga da opinião, do senso comum e do erro. Bons debatedores não têm pressa… ponderam muito. O segundo erro é o autoritarismo. Você determina o que o outro “tem” que dizer. Veja bem: um debate é um diálogo entre liberdades. Avance esclarecendo o seu ponto de vista e deixe o o outro manifeste o ponto de vista dele. Em alguns comentários alguns apressados e autoritários têm me dado verdadeiras “ordens”. Diga isso. Revele os nomes. Fale logo. Estabelecer critérios para saber, por exemplo, quando um padre vive a sua incardinação ou quando vive seu ministério de modo “solto” já é um grande passo.
Debate é uma arte que exige alguns cuidados e habilidades. Não é briga, nem discussão. É uma ponderada partilha de pontos de vista para chegar à conclusões mais amplas e aprofudadas. Algumas pessoas ao ver um debate acalorado até imaginam que aquelas pessoas estão brigando. Mas o verdadeiro debate, mesmo quente, procura concentrar a atenção sobre o objeto debatido e não parte para a agressão física ou moral das pessoas envolvidas no debate. Quem acha que possui todas as certezas não precisa de debates. Este gênero de aprendizagem é para quem tem ouvidos de discípulo, ou seja, disposto a superar paradigmas e apreender.
Todo debate parte de uma dúvida. Existe no coração de um bom debate uma INTERROGAÇÃO, que em filosofia chamamos de PROBLEMA. Uma tese de doutorado não é nada mais do que uma boa resposta para um ótima pergunta, que até o momento ninguém conseguiu responder. Na pesquisa debatemos com nossos interlocutores nos livros.
O filósofo René Descartes (1596), em seu DISCURSO SOBRE O MÉTODO, formula o conceito de “dúvida metódica”. Segundo ele é preciso colocar asnossas certezas em dúvida para chegar à verdade absoluta. A dúvida metódica não é uma “duvida séria”, ou seja, algo que desequilibra meu universo de certezas. Duvido para não ficar aprisionado a uma certeza equivocada. Neste sentido a dúvida não é uma insegurança, mas humildade científica.
Quando debatemos devemos ter a coragem de fazer muitas perguntas. Algumas pessoas fogem do debate como se fosse algo perverso. Ou se apressam em chegar a uma conclusão categórica e individual. Este tipo de postura normalmente nos empobrece. Sábios são humildes, pois sabem que não sabem e por isso estão abertos a aprender mais. Orgulhosos são medíocres, pois achando que sabem tudo, fecham para si mesmo a possibilidade de aprender mais.
Por isso, continuemos o debate, com serenidade e humildade!
Já o Papa João Paulo II havia escrito uma belíssima carta aos artistas. Agora Bento 16 retoma o diálogo com o meio artístico. O próprio papa, não sei se você sabe, é um exímio pianista. Todos os dias ele ensaia ao menos meia hora. É uma arte cultivada pessoalmente como forma e distração. O papa admira também o cinema. Tive oportunidade de assistir um filme sobre a vida de João Paulo II ao lado de Bento 16, em Roma. Não vejo nenhum problema de um padre, bispo ou papa desenvolver seus dotes artísticos. Antes de entrar para o seminário, aos 11 anos, eu já tocava violão. Nos seminários tínhamos aula de teatro. Atuei em muitas peças e escrevi algumas também. A música faz parte essencial de mim. Mas não sou padre porque canto. Canto para evangelizar… é um instrumento a serviço da missão. Faço quando a Igreja pede. Pode ser que alguém use o sacerdócio como palco de seus dotes artísticos. Isto não seria honesto. E não pensem que falo do meu querido irmão Pe. Fábio, pois existem fãs míopes de plantão que imaginam que tudo que se fala tem como destinatário o Pe. Fábio. Desencana povo!!! Amplie seus horizontes. A propósito, Jesus nao precisa de fãs, precisa de seguidores, de discípulos. Perdi a conta de quantos sacerdotes e leigos iniciei no mundo da arte. Fico muito feliz com o sucesso deles. Veja o maravilhoso artigo sobre este tema da arte:
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Artistas veem início de novo encontro com Igreja
Reações entre os participantes do encontro com o Papa
Por Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 23 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- Um reencontro entre a Igreja e o mundo da arte: com este objetivo, Bento XVI convocou, no último dia 21 de novembro, na Capela Sistina, mais de 260 artistas de renome internacional. Seus convidados compreenderam este propósito?
Zenit reuniu os comentários que os jornalistas puderam recolher entre os participantes. Em geral, todos coincidem em constatar que esta audiência constitui um primeiro passo, como reconheceu o diretor de cinema polonês Kristof Zanussi.
“Esta é nossa expectativa – assegura o cineasta: algo mais de ação por parte da Igreja para dar um passo rumo ao mundo do espetáculo, dos artistas. Sabemos que os artistas, por sua vez, não darão nunca nenhum passo.”
Zanussi considera que as “belíssimas palavras do Santo Padre trazem mais diálogo, mais abertura, mais conhecimento entre o mundo da arte e a Igreja”. Mas ao mesmo tempo é realista, pois “a arte de hoje está em decadência, porque não há nenhum limite”.
“Não acho que a Igreja limita a liberdade, mas precisamos de inspirações, pois a arte, incluída a arte sagrada, com frequência é de baixíssima qualidade, não se inspira em uma dimensão espiritual”, acrescenta.
O ator e produtor mexicano Eduardo Verástegui, que mora atualmente em Los Angeles e é conhecido por sua participação no filme Bella, confessou que este encontro com o Papa foi “um sonho feito realidade”.
“A Igreja criou cumes de arte na história e estar na Capela Sistina, com o Santo Padre, cercado por toda esta arte, acompanhado por artistas de todas as expressões, é algo histórico. E tudo isso em silêncio, oração e reflexão. É algo que enriqueceu muito todos os que estavam presentes”, afirma.
Divórcio Igreja-arte
O motivo que levou o Papa a convocar este encontro é o mesmo que inspirou Paulo VI, quando organizou um encontro semelhante, neste mesmo cenário, há 45 anos (no dia 7 de março de 1964): o dramático divórcio que se verificou, sobretudo no século XX, entre a Igreja e o mundo artístico.
Bento XVI, inspirando-se nas palavras do seu predecessor, Giovanni Battista Montini, assumiu o compromisso de “restabelecer a amizade entre a Igreja e os artistas” e lhes pediu para “fazer o que lhes corresponde e compartilhá-lo, analisando com seriedade e objetividade os motivos que turbaram esta relação, assumindo, cada um com valentia e paixão, a responsabilidade de um renovado e profundo itinerário de conhecimento e de diálogo, frente a um autêntico ‘renascimento’ da arte no contexto de um novo humanismo”.
O diretor de cinema italiano Pupi Avati, talvez o mais exitoso em seu país neste momento, fez este balanço do encontro: “Parece-me que este encontro deu um resultado totalmente extraordinário. E isso digo eu, que esperava ver uma série de colegas de diferentes expressões artísticas, porém mais ou menos ligados à mesma ideia confessional, de prática mais ou menos religiosa”.
“Pelo contrário, e isso foi verdadeiramente milagroso: vimos colegas procedentes precisamente dos âmbitos mais afastados. Portanto, acolheram este convite já não à colaboração, que me parece uma palavra excessiva, mas sim ao diálogo. Parece que foi uma ideia extraordinária que supera muito as previsões.”
Comentários parecidos foram recolhidos, por exemplo, de Zaha Hadid, a arquiteta iraquiana mundialmente conhecida, que estava na primeira fila na Capela Sistina; ela confessou que espera que este seja o início de um diálogo, “pois é oportuno enfrentar os temas expostos pelo Papa”.
Beleza transcendente
A escritora italiana Susanna Tamaro sublinhou a importância da dimensão transcendente que Bento XVI deu à beleza, pois, “para quem não tem fé, é difícil falar de esperança neste momento”.
O diretor de cinema israelense Samuel Maoz, Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza com o filme “Lebanon”, declarou: “Acho que o Papa disse um grande ‘não’ ao ódio e à guerra e um grande ‘sim’ ao amor e à arte”.
O Papa se mostrou de acordo com os artistas ao sinalizar que este encontro é o início, não o final de um caminho; de fato, ele se despediu deles com um arrivederci (até logo).
O organizador da audiência, arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, explicou que este encontro “deve ser entendido como o início de um diálogo novo, baseado na fraternidade entre fé e arte. Procuraremos organizar outro encontro, talvez novamente com o Papa”.
Neste sentido se enquadra o projeto, revelado pelo próprio prelado italiano, de criar pela primeira vez um pavilhão da Santa Sé na Bienal de Veneza, uma das exposições internacionais de arte de maior prestígio, cuja próxima edição acontecerá em 2011.
Acabo de receber este comentário que manifesta uma reflexão muito interessante sobre o tema em debate esta semana. Mas, quem seriam mesmo estes padres soltos, ou músicos soltos; ou pregadores soltos; ou cristãos soltos. É fácil: pergunte a ele quem é seu bispo. Deverá estar na ponta da língua. Todo evangelizador deve ser enviado por alguma comunidade. Ninguém anuncia a si mesmo, mas a Jesus de Nazaré!
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Pe. Joãozinho boa tarde! Peço sua benção.
Se entendi bem o texto traduzido, a preocupação concentra-se na coerência da pureza doutrinária católica, que é pregada na mídia pelos padres, mas entendi também, que isto foi colocado como se alguns padres, que não foram autorizados e nem estão sendo devidamente fiscalizados, pregassem de forma distorcida na mídia, deixando de fazer jus à genuína fé católica, com todas as suas regras, rituais e padrões.
Então fico refletindo algumas coisas sobre esta posição da igreja:
1. Se há uma hierarquia a ser respeitada dentro da igreja, quais são os padres que transitam na mídia, sem a devida autorização dos seus bispos e ainda ficam falando de valores religiosos errados?
2. Quais são os padres que professam de maneira distorcida a doutrina católica e passam despercebidos pelos seus bispos?
3. E que bispos são estes, que estão deixando de cumprir seus papéis e de cobrar a devida postura dos seus “padres estrelas”?
No caso do Padre Fábio, que é o único (que eu tenho conhecimento…) que vem se mantendo em excessiva exposição nos meios de comunicação “mundana”, estamos cansados de ouvir o mesmo dizer, que agradece ao seu bispo por entender seu papel e permitir que ele exerça sua missão de padre da forma como ele tem exercido…então isso me dá a idéia, de que aquilo que está indo para a mídia, através do Padre Fábio, está sim, sendo devidamente supervisionado pelo seu bispo…
Agora, tem um outro questionamento que faço:
A população só será enganada com informações doutrinárias distorcidas e equivocadas, se a mesma for profunda desconhecedora da fé que ela própria professa, pois se eu sou católica, tenho a obrigação mínima de saber quais são as bases doutrinárias da religião que professo, logo, se tenho este conhecimento, saberei identificar aqueles que tratam esta doutrina de maneira distorcida e terei senso crítico bastante, para decidir se aquele que estou elegendo para confiar e seguir, é alguém realmente fiel à crença que partilhamos ou não.
Se os fiéis da igreja católica, geram preocupação, porque são considerados alvos fáceis nas mãos de “padres estrelas” equivocados, então acho que a igreja deve sim se preocupar, é com alguma forma de usar a midia, para esclarecer melhor os seus fiéis, quanto à pureza doutrinária católica.
Fico também imaginando quanto ao que poderia estar por detrás destas preocupações, pois eu não vejo nenhum padre na mídia profanando a fé católica!
Então aos meus olhos fica parecendo que algo mais direto deixou de ser dito, mas eu não tenho bases para supor o que seja, então fico no aguardo de mais um episódio “da saga dos padres showmans!”
Renata Prado. rapprado@yahoo.com.br
A história dos “padres soltos” nos dá ocasião para falar desta dimensão essencial da nossa fé: a comunidade. Ser cristão é estar inserido no Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. Isto não significa viver em uma comunidade religiosa ou mesmo em uma destas novas comunidades como a canção nova. Mas você precisa participar da IGREJA. Precisa saber quem é seu pároco. Precisa viver algum tipo de engajamento comunitário… ir à missa, contribuir com o dízimo. Cristão solto não está com nada. Veja este comentário que acabo de receber:
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Eu sei que o senhor não vai publicar porque vai me boicotar, mas tem coisas que não dá para se ficar calado! aff! Cristãos soltos? Tem que viver em Comunidade? Antes de viver em comunidade tem que ser realmente de “Jesus” isso sim! Olha eu nunca fui tão sincera na minha vida: A Canção Nova não é um espelho de comunidade REALMENTE CRISTÃ de forma homogênea( só alguns se salvam) sinto falta de verdade do Padre Leo, este sim como dizem as crianças da escola ele ” ERA O CARA” . Já vi e percebi cada coisa lá dentro que eu não sei como todos se denominam Cristãos!”Tem muito mais cristãos VERDADEIROS” soltos do que dentro das pseudo-comunidades, (e não estou falando apenas da igreja Católica, mas no geral) como diria o Boris Casoi:
“ISSO É UMA VERGONHA!
Como disse Jesus: Ninguém poderá ver o reino dos céus se NÃO NASCER DE NOVO DA AGUA E DO ESPIRITO, sabe para mim o que ele quis dizer: NASCER DA AGUA (NASCER PARA UMA NOVA VIDA UMA VIDA COM JUSTIÇA CARIDADE,ETICA E HONESTIDADE)E DO ESPIRITO NÃO COLOCANDO INSTITUIÇÕES NA FRENTE DE JESUS E NEM INTERESSES PROPRIOS ACREDITAR E VIVER DE VERDADE PARA ELE… EU TENHO FÉ QUE UM DIA ISSO ACONTEÇA… EU ACREDITO,VAI ACONTECER! COMO COMENTEI ANTES… O RESTO… O RESTO É DETALHE.
— AGORA OUTRA VISÃO—
Entendo o que quer dizer. Participo da minha comunidade desde 1998, fora que na paróquia que comecei, atuei de 1991 a 1998. Sou ministro extraordinário da Sagrada Comunhão e ministro de música. Sei que o mais difícil não é exercer as funções, mas é ir até as últimas consequências da minha consagração batismal e crismal. O mais difícil é ser cristão. É por isso que nesses shows e eventos, quem está a frente deve dizer que o indíviduo passe a frequentar a paróquia mais perto da sua casa. Mas vai dizer isso a quem se apegou ao movimento…é colocar o dedo na ferida, mas deve ser feito. Ultimamente, quem tem feito muito isso, justiça seja feita, é o Padre Zezinho. Por falar nisso, porque a Canção Nova nunca chamou o Padre Zezinho para fazer um acampamento de pregação e retiros? Porque canta temáticas ousadas e diferentes? Porque ele fala o que deve falar? Eu gostaria de ver o Pe. Zezinho pregando vários retiros na Canção Nova! Para refletir….
Ricardo Ferrara
É muito bom que estejamos debatendo sobre esta questão. Já sabemos que a preocupação da Congregação para o Clero não é exatamente os padres que fazem shows de evangelização. Esta foi uma simplificação infeliz da Agência ZENIT apoiada no resumo disponibilizado pela própria Universidade Santa Cruz. Alguns comentaristas imaginam que isto atinge diretamente o Pe. Fábio de Melo. Hummm. É reduzir muito a questão. Pe. Fábio tem a bênção de seu bispo que é Dom Carmo. Se alguém tem qualquer restrição ou crítica a ele deve dirigir-se a Dom Carmo, que aliás é o bispo a quem devo prestar contas de minha presença na mídia. Ele é quem dá o IMPRIMATUR (autorização para publicação) para meus livros. Lembro bem quando passei meu programa DIREÇÃO ESPIRITUAL para Padre Fábio. Luzia Santiago fez apenas uma pergunta: quem é o bispo que responde por ele? Na Canção Nova não queremos “padres soltos”. Achei graça da expressão “padre solto”. Hoje lendo e relendo a íntegra da palestra de Dom Mauro vejo que a crítica é exatamente a estes sacerdotes que aparecem em uma diocese ou canal de televisão e dizem tudo o que querem e não têm bispo nem superior religioso a quem prestar contas. NÃO É O CASO DO PADRE FÁBIO.
Olhando por aí, infelizmente vejo que existem muitos “cristãos soltos”. Gostaria de radicalizar a advertência do arcebispo. Não peçam que me cale!!! Não seria profético. Existem ministérios de música que viajam o Brasil fazendo shows mas não tem casa eclesial. Não prestam contas a nenhum pároco ou bispo. Lembro do primeiro disco do VIDA RELUZ. Antes de lançar o disco pedimos a apresentação do bispo. Até hoje fazem o mesmo. O que se passa na Canção Nova deve ser supervisionado pelo bispo de Lorena. A TV Aparecida deve prestar contas ao arcebispo de Aparecida… e assim vai!
Você tem pároco? Tem bispo? É um cristão vinculado à comunidade ou é um “cristão solto”? Saiba que a salvação passa pela comunhão. Todos precisamos de um vínculo comunitário. Falar apenas em nome próprio não vale a pena e faz a alma ficar pequena, invertendo a máxima de Fernando Pessoa!
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Bom receber comentários como este:
Olá novamente padre Joãozinho
Lendo o referido documento da conferência, tenho que parabenizar o belo discurso do Mons. Piacenza.
Vejo agora que a discussão sobre o padre da mídia alcançou um patamar universal. O que ele discursou não serve apenas aos padres que estão diretamente na mídia, mas também aos sacerdotes que tem o ministério da pregação desde a sua paróquia até os grandes eventos.
Apesar de gostar muito do seu trabalho evangelizador e também, do trabalho do padre Fábio, desejo cada vez mais como católico o zelo de vocês, que não se esqueçam daquilo que o mons. Falou:
il sacerdote e il sacerdozio non sono autosufficienti o indipendenti da Cristo e, quando — Dio non voglia! — lo divenissero, perderebbero la propria stessa forza missionaria, riducendosi a mere realtà umane, incapaci, per conseguenza di comunicare e rappresentare il Mistero.
Abraço fraterno
Fernando Mazer (twitter: @fernandomazer)