Já o Papa João Paulo II havia escrito uma belíssima carta aos artistas. Agora Bento 16 retoma o diálogo com o meio artístico. O próprio papa, não sei se você sabe, é um exímio pianista. Todos os dias ele ensaia ao menos meia hora. É uma arte cultivada pessoalmente como forma e distração. O papa admira também o cinema. Tive oportunidade de assistir um filme sobre a vida de João Paulo II ao lado de Bento 16, em Roma. Não vejo nenhum problema de um padre, bispo ou papa desenvolver seus dotes artísticos. Antes de entrar para o seminário, aos 11 anos, eu já tocava violão. Nos seminários tínhamos aula de teatro. Atuei em muitas peças e escrevi algumas também. A música faz parte essencial de mim. Mas não sou padre porque canto. Canto para evangelizar… é um instrumento a serviço da missão. Faço quando a Igreja pede. Pode ser que alguém use o sacerdócio como palco de seus dotes artísticos. Isto não seria honesto. E não pensem que falo do meu querido irmão Pe. Fábio, pois existem fãs míopes de plantão que imaginam que tudo que se fala tem como destinatário o Pe. Fábio. Desencana povo!!! Amplie seus horizontes. A propósito, Jesus nao precisa de fãs, precisa de seguidores, de discípulos. Perdi a conta de quantos sacerdotes e leigos iniciei no mundo da arte. Fico muito feliz com o sucesso deles. Veja o maravilhoso artigo sobre este tema da arte:
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Artistas veem início de novo encontro com Igreja
Reações entre os participantes do encontro com o Papa
Por Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 23 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- Um reencontro entre a Igreja e o mundo da arte: com este objetivo, Bento XVI convocou, no último dia 21 de novembro, na Capela Sistina, mais de 260 artistas de renome internacional. Seus convidados compreenderam este propósito?
Zenit reuniu os comentários que os jornalistas puderam recolher entre os participantes. Em geral, todos coincidem em constatar que esta audiência constitui um primeiro passo, como reconheceu o diretor de cinema polonês Kristof Zanussi.
“Esta é nossa expectativa – assegura o cineasta: algo mais de ação por parte da Igreja para dar um passo rumo ao mundo do espetáculo, dos artistas. Sabemos que os artistas, por sua vez, não darão nunca nenhum passo.”
Zanussi considera que as “belíssimas palavras do Santo Padre trazem mais diálogo, mais abertura, mais conhecimento entre o mundo da arte e a Igreja”. Mas ao mesmo tempo é realista, pois “a arte de hoje está em decadência, porque não há nenhum limite”.
“Não acho que a Igreja limita a liberdade, mas precisamos de inspirações, pois a arte, incluída a arte sagrada, com frequência é de baixíssima qualidade, não se inspira em uma dimensão espiritual”, acrescenta.
O ator e produtor mexicano Eduardo Verástegui, que mora atualmente em Los Angeles e é conhecido por sua participação no filme Bella, confessou que este encontro com o Papa foi “um sonho feito realidade”.
“A Igreja criou cumes de arte na história e estar na Capela Sistina, com o Santo Padre, cercado por toda esta arte, acompanhado por artistas de todas as expressões, é algo histórico. E tudo isso em silêncio, oração e reflexão. É algo que enriqueceu muito todos os que estavam presentes”, afirma.
Divórcio Igreja-arte
O motivo que levou o Papa a convocar este encontro é o mesmo que inspirou Paulo VI, quando organizou um encontro semelhante, neste mesmo cenário, há 45 anos (no dia 7 de março de 1964): o dramático divórcio que se verificou, sobretudo no século XX, entre a Igreja e o mundo artístico.
Bento XVI, inspirando-se nas palavras do seu predecessor, Giovanni Battista Montini, assumiu o compromisso de “restabelecer a amizade entre a Igreja e os artistas” e lhes pediu para “fazer o que lhes corresponde e compartilhá-lo, analisando com seriedade e objetividade os motivos que turbaram esta relação, assumindo, cada um com valentia e paixão, a responsabilidade de um renovado e profundo itinerário de conhecimento e de diálogo, frente a um autêntico ‘renascimento’ da arte no contexto de um novo humanismo”.
O diretor de cinema italiano Pupi Avati, talvez o mais exitoso em seu país neste momento, fez este balanço do encontro: “Parece-me que este encontro deu um resultado totalmente extraordinário. E isso digo eu, que esperava ver uma série de colegas de diferentes expressões artísticas, porém mais ou menos ligados à mesma ideia confessional, de prática mais ou menos religiosa”.
“Pelo contrário, e isso foi verdadeiramente milagroso: vimos colegas procedentes precisamente dos âmbitos mais afastados. Portanto, acolheram este convite já não à colaboração, que me parece uma palavra excessiva, mas sim ao diálogo. Parece que foi uma ideia extraordinária que supera muito as previsões.”
Comentários parecidos foram recolhidos, por exemplo, de Zaha Hadid, a arquiteta iraquiana mundialmente conhecida, que estava na primeira fila na Capela Sistina; ela confessou que espera que este seja o início de um diálogo, “pois é oportuno enfrentar os temas expostos pelo Papa”.
Beleza transcendente
A escritora italiana Susanna Tamaro sublinhou a importância da dimensão transcendente que Bento XVI deu à beleza, pois, “para quem não tem fé, é difícil falar de esperança neste momento”.
O diretor de cinema israelense Samuel Maoz, Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza com o filme “Lebanon”, declarou: “Acho que o Papa disse um grande ‘não’ ao ódio e à guerra e um grande ‘sim’ ao amor e à arte”.
O Papa se mostrou de acordo com os artistas ao sinalizar que este encontro é o início, não o final de um caminho; de fato, ele se despediu deles com um arrivederci (até logo).
O organizador da audiência, arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, explicou que este encontro “deve ser entendido como o início de um diálogo novo, baseado na fraternidade entre fé e arte. Procuraremos organizar outro encontro, talvez novamente com o Papa”.
Neste sentido se enquadra o projeto, revelado pelo próprio prelado italiano, de criar pela primeira vez um pavilhão da Santa Sé na Bienal de Veneza, uma das exposições internacionais de arte de maior prestígio, cuja próxima edição acontecerá em 2011.
NUNCA VOU ME CANSAR DE LER SEUS ESCRITOS.. ALÉM DE SEREM BONS CONTEUDOS O SR ESCREVE COM CARINHO E DEDICAÇÃO..PARABENS!!!!
Padre.. Estou com uma dúvida sobre o assunto.. Eu li todos os posts e entendi o q o Sr. escreveu.. Porém, ainda fico confusa sobra uma coisa, pois hj os shows estão cada dia mais cheios, e as missas cada dia mais vazias.. Concordo com toda forma de evangelização, mas esse não seria algo para se pensar? Somente os shows são ‘suficientes’ para uma verdadeira conversão, ou a uma verdadeira vida de cristão? Pq infelizmente é a realidade que vejo em muitas pessoas..
Oi Padre,
este assunto acabou virando debate. Excelente!
Talvez seja um assunto discutido por muitos e que ficaram entrelinhas. O respeito aos párocos como santidade, talvez impeça os fiéis a tirarem dúvidas como essas. Tenho certeza de que muitos, assim como eu, desconhecem sobre “padres soltos”.
Assuntos como esses passam a ser um alerta. Mesmo porque, além dos padres estrelas (artistas), existem os estrelas (intócaveis), que se vestem de armadura para ninguém chegar perto.
O Sr. poderia lançar mais assuntos como esse. Nos ajuda a conhecer os bastidores da igreja.
Parabéns pelos posts.
Adriana
Quanta polêmica padre! Estou acompanhado seus blogs esta semana e é incrivel como as vezes somos julgados por uma frase ou uma atitude .Quando isso vem de alguem que diz acompanhar o Sr fica difícil de acreditar .(Gostaria muito se saber o que padre Fabio esta achando de toda essa intriga.)
Achar que o Sr resume Padre Fabio a um simples Show man e imaginar o Sr um traidor e covarde é realmente ter um a imaginação muito fertil, pena que é fertil para pensamento feios . Devemos sempre refletir quando alguem que gostamos e admiramos disse ou fez algo que achamos errados, pois não somos donos da verdade , temos liberdade e direito de pensar diferente e ser respeitado mas quando discordamos temos que cuidado ao questionar e criticar. As crticas devem ser sempre construtivas sem a pretenção de ofender. Fiquei realmente curiosa em saber quem são esses padres show man,eles devem saber quem são e se cuidar para não brincar com a palavra de Deus. Quanto a Padre fabio acho que as pessoas devem ve-lo com um padre maravilhoso, um homem de Deus que veio para anunciar a palavra de Jesus ,acalmar corações e parar de idolatra-lo , pois idolatria não faz bem a ninguem nem mesmo à ele que precisa de paz e orações para seguir seu caminho de evangelização. Devemos ve-lo tambem como um ser humano que acerta e tambem comete erros por isso quando alguem ouvir alguma crítica( não me referindo ao Sr obviamente)em relação refletir , respeitar opiniões e defende-lo se julgar necessário sem ofender. Afinal vocês padres pregam a paz , compreensão e perdão. Continue com seu bom humar que nos faz muito bem e daqui a algum tempo tenho certeza o Sr dará gargalhadas quando se lembrar de tanto barulho por tão pouco.
Um abraço e continue sendo o que é , expressando sua opiniões certas ou erradas , quando errar aprenderemos juntos.
Pois é, olhando com olhar panorâmico, é interessante que ao mesmo tempo em que a igreja, através de alguns dos seus representantes, questiona a “saída da arte sacra” da igreja para o mundo, esta mesma igreja, chama a arte do mundo para dentro de si!!!
Me desculpe a ignorância Pe. Joãozinho, mas alguém que não lembro quem, disse que “arte é o belo fazendo o bom”, não disse?
Então fico me perguntando, porque tanta separação?
Afinal uma arte qualquer, que expresse uma temática, traduzida numa ética e numa estética favorável ao bem comum, deixará de ter valor, porque tem sua autoria em mãos não sacerdotais?
Eu me pergunto sempre, quando foi que resolveram separar a arte popular da arte Divina, dando a cada uma, um juízo de valor diferente, pura e simplesmente, com base no papel leigo ou sagrado dos seus autores?
Penso que a arte e os artistas, assim como todos aqueles que cumprem papéis sociais mais diretamente voltados à Deus, podem fazer sagrado ou profano, o seu talento e sua obra e, penso também, que o valor conferido a cada um, deveria ser dado em função das dimensões benéficas, que tal obra foi capaz de provocar na vidas do seu público alvo ou até mesmo, do quanto ela foi capaz de afetar positivamente a vida, inclusive, daqueles a quem não intencionava atingir.
Acredito que deveríamos questionar tudo que recebemos da vida, das mídias e das personalidades, em relação a toda e qualquer matéria de artes, de textos, de idéias, de posicionamentos, pois termos senso crítico para ser usado exatamente para isso e, quando fizermos uso deste senso, com base em critérios enraizados de certos e errados, bons e ruins, seremos capazes de separar o joio do trigo, sem qualquer dependência de papéis ou de personagens ou de personalidades.
É fato que a vida nos pede comunhão e não separação.
É fato que tudo, todos os caminhos, nos conduzem à Deus.
É fato que só existe o certo, porque fazemos a diferenciação entre o que é bom e o que é ruim.
E é fato que as verdades de Deus, nos convidam todos os dias, a ter e manter uma conduta, que faça com que tudo seja santo, mas nós não obedecemos à Sua vontade.
Renata Prado.