10/12/2009 – 12h41

Defesa suspende julgamento de assassinato de Dorothy; réu confesso cumprirá pena em regime semi-aberto

Sandra Rocha
Especial para o UOL Notícias
Em Belém

A advogada de Rayfran das Neves, Marilda Cantal, desistiu do julgamento do acusado de matar a missionária Doroty Stang. Ela alegou que o cliente será beneficiado com uma redução de pena maior. Surpresa, a promotoria acredita que apesar da desistência, a decisão ajudará a condenar os acusados de serem os mandantes do crime, Regivaldo Galvão, o “taradão”, e Vitalmiro Bastos, o Bida.

  • 12.mai.2005 - ReutersNo Brasil desde 1966, a missionária americana trabalhava com lideranças rurais, políticas e religiosas em busca de soluções para os conflitos relacionados à posse e exploração de terras na região Amazônica

A desistência foi anunciada no início da sessão do júri, às 8h de hoje (10). A própria advogada solicitou o novo julgamento há dez dias, mas disse que voltou atrás porque não teria tempo de analisar novos elementos apresentados nos autos pela acusação.

Marilda disse que, diante do risco de uma nova condenação, com pena ainda maior, preferiu se conformar com a sentença de 27 anos de prisão conferida pelo primeiro julgamento, ocorrido nos dias 9 e 10 de dezembro de 2005.

O argumento é que a primeira sentença permitirá que o réu cumpra pena semi-aberta porque já cumpriu um sexto do tempo. Devido a mudanças na legislação penal, se ele fosse condenado novamente, só obteria a progressão quando cumprisse dois terços.

A advogada disse que o pedido de progressão será apresentado à Vara de Execuções Penais amanhã. A expectativa é que Rayfran passe menos tempo preso e possa trabalhar na Colônia Agrícola Heleno Fragoso durante o dia e retorne à cela à noite.

O presidente da sessão do júri, Raimundo Flexa, explicou que a desistência é um direito da defesa. Mas ela só pode ser concedida porque o segundo e o terceiro julgamentos de Rayfran foram anulados.

Segundo Flexa, a decisão recai sobre o primeiro julgamento. A primeira sentença (20 anos de prisão) foi anulada a pedido da defesa. A lei garantiu direito a novo julgamento.

Com a decisão de hoje, não há mais chances de a sentença ser modificada. Sendo assim, é aguardado o julgamento somente de outros dois acusados de envolvimento no crime, os fazendeiros Regivaldo Galvão e Vitalmiro Bastos.

Segundo o advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso, Galvão poderá ser julgado primeiro porque a fase de recursos à pronúncia judicial já se esgotou. A expectativa é de que a data seja anunciada até o final do primeiro semestre de 2010.

No caso de Galvão, só falta o Supremo Tribunal Federal (STF) informar essa situação ao Tribunal de Justiça do Estado para que este transfira o julgamento da comarca de Pacajá para Belém, capital.

Com relação a Bida, ele explica que ainda há muitos recursos a julgar contra a anulação da condenação em um primeiro julgamento. Não há qualquer previsão de quando ele voltará a sentar no banco dos réus.

“Ainda não foi feita Justiça”
O bispo do Xingu, Dom Erwin Krauter, disse que a decisão surpreendeu, mas a Justiça ainda não está completa porque nenhum mandante do crime foi condenado até agora. Os crimes continuam, afirma o bispo, que continua a receber ameaças de morte, apesar de andar 24 horas sob a guarda de policiais.

Dom Erwin acompanhou sessão do júri que acabou cancelada. Ao final, disse que ele e demais integrantes de movimentos sociais continuarão exigindo justiça.

Ele sustenta que falta julgar os fazendeiros Regivaldo Galvão e Vitalmiro Bastos, assim como investigar mais profundamente o crime porque tem convicção que há mais pessoas envolvidas do que as denunciadas pela Polícia.

Ele defende a tese da existência de um consórcio formado por empresários interessados na morte da missionária por causa da defesa que ela fazia dos pequenos produtores.

“A Justiça pensa que cumpriu seu dever. Vão dizer que foi feita justiça, mas não. Enquanto não forem presos os mandantes, não temos sossego. E quanto mais tempo passa é pior”, disse.

Dom Erwin é uma das lideranças sociais que constam na lista de marcados para morrer reconhecida pela Polícia. Ele revelou que, apesar da escolta policial, as ameaças não param. Há dois meses foi informado por uma pessoa de seu convívio que ele seria o próximo a morrer.

Nestes próximos três dias estou me dedicando à definição final da AGENDA 2010. Em conversa com meus superiores de congregação ficou definido que deverei dar prioridade total à FACULDADE DEHONIANA, na qualidade de diretor geral e professor. Isto normalmente me ocupa de segunda a sexta-feira. Poderei assumir algumas atividades eventuais nos finais de semana, porém, todas serão organizadas e administradas por MC PRODUÇÕES. Por isso, fica desde já descartada a possibilidade de minha participação em eventos que me ocupem todo um final de semana. Para uma participação pontual peço que ligue para (81) 3622-1915 ou 9984-1162. Ou ainda envie e-mail para mc@producoeseventos.com.br   Eles estão encarregados de toda a logística de meus finais de semana e terão a qualidade de atendimento que você e sua comunidade merecem. Para conhecer melhor o trabalho deles você pode acessar o site www.mcproducoeseventos.com.br

Pe. Joãozinho, scj

No Capítulo oito, mudamos novamente de estilo, fazendo uma espécie de estudo de caso. No seu artigo “O Mel’odrama do deicídio – considerações sobre o filme A Paixão de Cristo”, o exegeta Walter Eduardo Lisboa utiliza uma série de critérios bíblico-teológicos para apreciar o roteiro do famoso filme de Mel Gibson.  Por trás dos diálogos, imagens, cenários e jogos de câmera, esconde-se uma imagem de Deus que Walter procura desvendar. O texto está longe de ser meramente opinativo. O autor utilizou seus amplos conhecimentos de exegese bíblica para demonstrar que a caricatura de Deus proposta por Gibson, promete, mas não cumpre a promessa de ser absolutamente coerente com os relatos originais. Há opções ideológicas de duvidoso valor. Há erros históricos. Há reducionismos facilmente perceptíveis. Reduzir a vida de Jesus aos seus momentos finais pode realizar a reafirmação do sacrifício salvífico, mas esquece que este sacrifício não teve seu início na cruz, mas na encarnação; esquece também que a missão salvífica de Cristo se prolonga na ressurreição e ascensão. Toda esta dinâmica é praticamente ocultada pela proposta sacrifical de Gibson. Assistir este filme sem estas informações até emociona o espectador, mas pode aprisioná-lo em uma imagem reducionista do Deus revelado na Bíblia. Voltamos ao terror de Isaac e perdemos o Abbá de Jesus. Estamos diante de uma construção da caricatura de Deus à imagem e semelhança do humano Gibson. É de se perguntar quais os impactos disso no imaginário do nosso povo.