No Capítulo oito, mudamos novamente de estilo, fazendo uma espécie de estudo de caso. No seu artigo “O Mel’odrama do deicídio – considerações sobre o filme A Paixão de Cristo”, o exegeta Walter Eduardo Lisboa utiliza uma série de critérios bíblico-teológicos para apreciar o roteiro do famoso filme de Mel Gibson.  Por trás dos diálogos, imagens, cenários e jogos de câmera, esconde-se uma imagem de Deus que Walter procura desvendar. O texto está longe de ser meramente opinativo. O autor utilizou seus amplos conhecimentos de exegese bíblica para demonstrar que a caricatura de Deus proposta por Gibson, promete, mas não cumpre a promessa de ser absolutamente coerente com os relatos originais. Há opções ideológicas de duvidoso valor. Há erros históricos. Há reducionismos facilmente perceptíveis. Reduzir a vida de Jesus aos seus momentos finais pode realizar a reafirmação do sacrifício salvífico, mas esquece que este sacrifício não teve seu início na cruz, mas na encarnação; esquece também que a missão salvífica de Cristo se prolonga na ressurreição e ascensão. Toda esta dinâmica é praticamente ocultada pela proposta sacrifical de Gibson. Assistir este filme sem estas informações até emociona o espectador, mas pode aprisioná-lo em uma imagem reducionista do Deus revelado na Bíblia. Voltamos ao terror de Isaac e perdemos o Abbá de Jesus. Estamos diante de uma construção da caricatura de Deus à imagem e semelhança do humano Gibson. É de se perguntar quais os impactos disso no imaginário do nosso povo.

9 Comentários

  1. Renata Prado

    Somos homens imperfeitos, tentando traduzir a essência de Deus!!!
    Como assim, traduzir uma essência, se nem a superfície nos é clara?

    Renata Prado.

  2. Padre, o filme é bonito.
    Creio que a escolha do Gibson ser restrita aos momentos finais da vida humana de Jesus foi por licença poética e pela impossibilidade de se reduzir em dua sou três horas toda a mensagem de Cristo.
    Os outros filmes sobre Jesus que contam a história de toda a vida dele entre os homens tbém me parecem superficiais, mesmo narrando toda a trajetória.
    A história de Cristo é grandiosa demais para ser contada ou compreendida na película ou em qq livro.
    Mesmo lindos como arte, os autos de Natal que já vi tbém são superficiais.
    Creio que dentro dos limites que o homem tem para representar a história de Jesus, o Gibson mandou muito bem.
    A representação da vida de Jesus pelo homem nunca será perfeita ou completa, pois cada pessoa sente-se mais ligado a uma determinada parte da trajetória Dele.
    Como representar o Infinito? Como saber o que é Infinito?
    Não vejo no filme do Gibson o Deus do sacrifício, do Velho Testamento, mas o Pai amoroso.
    Cada pessoa interpreta um sinal de uma forma.
    A Arte não é matemática e cada representação, seja no cinema, livro ou pintura, atinge os corações de foram diferente.
    Concordo com a Renata Prado.

    Qro ler logo seu livro.
    Sua benção.

  3. Edmundo Fernandes

    Olá,

    Também concordo com ambas, Mariazinha e Renata. No filme eu vi um pedaço, mas entendi o todo. Eu vi a hipocrisia da humanindade retratada na multidão amorfa sendo conduzida pelos doutores da lei; eu vi a fraqueza do homem diante dos momentos de escolha cruciais, simbolizado por um Pilatos vascilante; eu vi um Jesus, verdeiro homem pedindo ao Pai que o livrasse do sofrimento, mas tambem vi a vitória da obediencia e da encarnação da mansidão; eu vi a sabedoria simples e profunda ao mesmo tempo quando questiona o centurião, “…mas se não fiz nada, porque me bates…”, como que perguntando a todos nós o mesmo. Vi um Jesus convivendo com sua Mãe, e vimos sim um Jesus ressuscitando ao final. E a cena na qual ele se coloca entre a multidão enfurecida (novamente conduzida a isso) e a mulher pecadora. Naquele momento me veio toda a passagem das Escrituras à mente. O filme não é uma obra prima da Exegese e nem o seu famoso produtor será reconhecido como doutor da igreja por ele, mas não é interessante como ele tocou tantas pessoas, cada qual por uma passagem, cada qual por um momento em especial?

    Um forte e fraternal abraço

    Edmundo

  4. Prezado Padre Joãozinho,
    Salve Maria!

    Estranhei a abordagem do filme de Mel Gibson, feita pelo Sr., pois ela corresponde exatamente a pregação paulina:

    “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria;
    mas nós pregamos Cristo crucificado , escândalo para os judeus e loucura para os pagãos;” 1 Cor 1,22-23

    “Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado”. 1 Cor 2,2

    “Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado?” Gl 3,1

    O filme de Mel Gibson, considerando-se as palavras do apóstolo, reflete o mais profundo significado de nossa fé que nos é repassada pelo batismo: Nele estamos crucificados com Cristo, mortos para o mundo e vivos para Deus.

    Evidentemente a encarnação é importante, mas na pregação apostólica, sempre a primazia foi a crucificação. Apenas na teologia moderna, é que se considera “que estamos encarnados no mundo, com Cristo” para encarnar a verdade revelada, em todas as culturas e até mesmo religiões. Contudo, o Verbo, não se fez mundo, ele se fez carne. Este posicionamento, é fruto da péssima teologia de Teilhard de Chardin, que aponta para o tão aclamado “Cristo cósmico.”

    Na teologia de Chardin, a cruz é desnecessária, porque é pela encarnação que somos salvos. Isto, partindo da premissa de que ao se encarnar ,o Verbo teria santificado toda matéria e toda carne (então qual seria a necessidade da cruz?). Então a própria profecia de Isaías, que aparece na abertura do filme, se converteria em mentira. Porque Cristo teria apenas se solidarizado com nosso sofrimento, não propriamente tenha se entregado, para nos redimir de nossos pecados, ou seja, é uma teologia que nega o dogma da redenção.

    O problema que a teologia de Teilhar de Chardin, pretende resolver, é o problema da gnose, segundo o qual, as coisas teriam sido criadas, por uma divindade má. Contudo, se tudo que Deus criou é bom, não é pela encarnação que se tornam boas e santas, mas pela própria criação. Ao afirmar que as coisas criadas são santas, não o afirmo no sentido de salvação afirmado por Teilhard de Chardin. Mas no sentido em que o próprio Satanás era santo, mas perdeu esta santidade, ao cair em pecado. Isto também é visível no homem, que pelo pecado de Adão, não nasce (nem mesmo pela encarnação do Verbo) santo. O Padre francês da uma resposta a dualidade gnóstica, onde pela encarnação, a matéria poderia ser considerada criada por um divindade má, mas que agora pode ser considerada santificada, por uma divindade boa.

    Repito o que disse anteriormente; os modernistas consideram-se “encarnados com Cristo, no mundo”, pois acreditam que todo homem, tem uma vocação divina (e que essa vocação, não é somente a cristã). Assim, a missão modernista, torna-se a de “encarnar a verdade revelada ao mundo” entendida exatamente, como a vocação divina do homem, sem necessariamente necessitar crucificar o homem velho. O homem velho, pressupõe a velha cultura humana, e o homem novo, pressupõe a cultura de Cristo que tem seu vínculo essencial e fundamental, na cruz, porque a cruz pressupõe tanto a encarnação, como a ressurreição. Mas a encarnação e a ressurreição podem não pressupor a crucificação, como é comum vermos hoje em dia, na pregação de muitos Padres.

    Por fim, o filme de Gibson, é também um retrato do profético Salmo 21:

    Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus ossos. Eles me olham e me observam com alegria, repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica. Salmo 21, 17-19

  5. Eu não diria que Mel Gibson seja um ótimo Padre ou hegeseta, na verdade ele é um cineasta e como tal procura fazer seu filme como um cineásta, ficando claramente brechas e erros de datas, hesegese e outros, na verdade ele insere nas cenas a presença do mal que não é narrada nas escrituras Bíblicas, apesar de estar subtendido a sua presença nas ações tomadas contra Jesus.

    Em compensação, Mel Gibson coloca na cena final, quando Jesus entrega seu Espírito ao Pai, a queda de uma gota de agrima diretamente dos olhos do Pai que assistia a cena e não pode deixar de manifestar a sua dor quando seu filho morre na Cruz, a consequencia da queda desta lagrima desencadeia o terremoto, o rasgar do véu no Santuário e etc…

    O que muitas vezes acontece conosco é que recitamos o nosso credo todo domingo na Santa Missa, mas nem sempre percebemos esta presença de Deus real em nossas vidas, assim como parecia que Deus não estava presente quando seu Filho era massacrado pelos Homens.

    Sabemos que este filme não é uma obra completa, nem a bíblia sria uma obra completa, o proprio Apostolo João declara que na terra não caberiam os livros que se escreveriam com todas as palavras e ações que Jesus fez quando esteve aqui conosco, a Bíblia é o que é essencial para a nossa Salvação e sei que no Filme “A Paixão de Cristo” não está totalmente o que é preciso para a nossa Salvação, mas nos chama a atenção de que precisamos buscar cada vez mais a nossa Salvação através da Igreja.

    Apesar de toda Crítica, este filme fez história e é o filme mais copiado e utilizado como exemplo em pregações e clips musicais postados no Youtube.

    Eu daria uma sugestão ao Mel Gibson, ele poderia produzir um filme com a natividade de Jesus e todo o drama sofrido por José e Maria na tentativa de matar Jesus ainda nos braços de sua Mãe, não podemos nos esquecer que Jesus se salvou por um aviso Divino, mas milhares de criancinhas de no máximo dois anos de idade não tiveram a mesma sorte e morreram cruelmente inocentemente.

    Paz para Todos

  6. O filme não tem condições de abarcar todas as situações. Foi preciso escolher um momento, o da crucificação, e isso o filme retrata brilhantemente, a ponto de o Papa João Paulo, ao ver filme, ter dito: foi assim que aconteceu.
    Gibson não é padre ou teólogo, mas se esforçou a retratar o melhor que pôde.
    Não li a crítica teológica, mas não se deve exigir um determinado enfoque de um filme que não tem pretensões de ser um tratado teológico, mas de narrar uma história.

  7. Clébio Cid

    NSPIRADO TAMBÉM NAS VISOES DE Anna Katharina Emmerick:

    O roteiro do filme “The Passion” (“A Paixão”), que deve estrear no começo de 2004 nos Estados Unidos, está inspirado nas visões da religiosa, tal como revelou o diretor, Mel Gibson.

    Fonte: Zenit

    As “visões”, “revelações” ou mensagens desta monja muito profundas e interessantes, são alvas de distorções e de criticas, em especial pelo Professor Orlando Fedeli, que se eu não estou enganado, tem até uma tese de doutorado a respeito (me desculpem a imprecisão). Contudo a Santa Igreja já beatificou Anna Katharina em 2004 no pontificado de SS joão Paulo II.

    http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=101662
    http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2004/index_20041003.html

  8. REVELAÇÃO / EXORTAÇÃO:
    Urge propagarmos na terra, a certeza de que Jesus Cristo ja vive agindo entre nós, espargindo a luz do saber, criando Irmãos espirituais, e a nova era Cristã. Eu não minto, e a Espiritualidade que esperava pela sua volta, pode comprovar que digo a verdade. Por princípio, basta recompormos as 77 letras e os 5 sinais que compõem o titulo do 1º. livro bíblico, assim: O PRIMEIRO LIVRO DE MOISÉS CHAMADO GÊNESIS: A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E DE TUDO O QUE NÊLES HÁ: Agora, pois, todos podem ver que: HÁ UM HOMEM LENDO AS VERDADES DO SEU ESPÍRITO: ÊLE É O GÊNIO CRIADOR QUE CRIA ESSA AÇÃO DE CRISTO. (LC.15.28) E cumpriu-se a escritura que diz: (JB.14.17) O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem conhece, vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós. Regozijemo-nos ante a presença do Nosso Senhor, e façamos jus ao poder que o Filho do Homem traz às Almas Justas, para a formação da verdadeira Cristandade.

    (MT.26.24) – O FILHO DO HOMEM VAI, COMO ESTÁ ESCRITO A SEU RESPEITO, MAS AI DAQUELE POR INTERMÉDIO DE QUEM O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO TRAIDO! MELHOR LHE FORA NÃO HAVER NASCIDO.

    E, ao recompormos as 130 letras e os 7 sinais que compõem esse texto, todos já podem ler, saber e entender quem é o Filho do Homem.

    E O FILHO DO HOMEM É O ESPÍRITO QUE TESTA AS ALMAS DO HOMEM E DA MULHER, NA VERDADE DO SENHOR, COMO CRISTO: E EIS A PROVA QUE O FILHO DO HOMEM FOI TREINADO NA LEI CRISTÃ

    (MC.14.41) – CHEGOU A HORA, O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO ENTREGUE NAS MÃOS DOS PECADORES. E hoje, quem quiser interagir com o Filho do Homem, deve buscar “A Bibliogênese de Israel”, que já está disponível na internet. E quem não quiser, pode continuar vivendo de esperança vã, assistindo passivamente a agonia da vida terrena, à par da auto-destruição do nosso planeta….

  9. Maria Eudora Villarinho

    Quando anos atrás foi lançado o filme de Mel Gibson sobre Jesus Cristo, os comentários, a favor e contra, pecaram, a meu ver, por não perceberem, acima de qualquer outra consideração de ordem teológica, histórica e estética, um fato lamentável. É o seguinte: o sr. Gibson é, antes de mais nada, um oportunista. Seu discurso de “católico” se descola de sua prática cotidiana e artística. A filmografia desse senhor é marcada pela mais abjeta violência,mais do que isso, pelo culto à violência, que ele sabe, num mundo moralmente decadente, dá audiência, logo, faturamento. Como americano, ele tudo transforma em “business”, mesmo os temas mais sagrados. Gibson, ao contrário do que muitos pensam, não é australiano, e sim um americano que, a partir de certa idade, foi transferido para a Austrália com a família)
    Num de seus filmes, do qual ele foi produtor, houve críticos de cinema que notaram, entre os dois detetives protagonistas da história, uma subliminar relação homossexual. De posse dessa informação, na sequência do filme (que, praza aos céus, não assisti), esse detalhe, informam os críticos, foi acentuado, porque representaria, como se mostrou verdadeiro, que isso atrairia mais público, em particular os gays.
    Publicações de cinema informaram na época do filme sobre a paixão de Cristo que o sr. Gibson tivera um grande baque financeiro com o fracasso de bilheteria de seu filme anterior, no qual ele, mais uma vez, entrou como produtor.
    Recentemente, a imprensa mundial revelou os escândalos conjugais do sr. Gibson – que em entrevistas anteriores tanto exaltara os valores familiares cristãos -, marcado por infidelidade e outras mazelas. Na ocasião do escândalo, Gibson foi pilhado, em conversa telefônica gravada pela ex-amante, fazendo comentários racistas. Algum tempo atrás, registre-se, a imprensa norte-americana denunciou o pai de Gibson como integrante de uma organização racista norte-americana.
    Seria bom, portanto, que nós católicos analisássemos a atitude de certos autoproclamados católicos, cuja prática, na verdade, só deserve nossa fé.

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