VATICANO – Por Deus, tenham um blog!, disse o papa Bento XVI aos padres católicos neste sábado, afirmando que eles devem aprender a usar novas formas de comunicação para disseminar as mensagens do evangelho.

Em sua mensagem para a Igreja Católica no Dia Mundial da Comunicação, o papa, de 82 anos e conhecido por não amar computadores ou a internet, reconheceu que os padres devem aproveitar ao máximo o “rico menu de opções” oferecido pelas novas tecnologias.

“Os padres são assim desafiados a proclamar o evangelho empregando as últimas gerações de recursos audiovisuais – imagens, vídeos, atributos animados, blogs, sites – que, juntamente com os meios tradicionais, podem abrir novas visões para o diálogo, evangelização e catequização”, disse ele.

Os padres, disse ele, precisam responder aos desafios das “mudanças culturais de hoje” se quiserem chegar aos mais jovens.

Mas Bento XVI alertou os padres de que não tentem se tornar estrelas da nova mídia. “Os padres no mundo das comunicações digitais devem ser mais chamativos pelos seus corações religiosos do que por seus talentos comunicativos”, disse ele.

No ano passado, um novo site do Vaticano, www.pope2you.net, foi lançado, oferecendo um novo aplicativo chamado “O Papa se encontra com você no Facebook” e outro permitindo acesso aos discursos e mensagens do papa nos iPhones ou iPods dos fiéis.

Bento XVI também escreve a maior parte de seus discursos à mão, em alemão, e seus ajudantes mais jovens ficam encarregados de colocá-los em conteúdo digital.

Fonte: Reuters

 

O sacerdote e a pastoral no mundo digital

Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais

CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de janeiro de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a mensagem do Papa para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais (16 de maio), intitulada: O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra.

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O sacerdote e a pastoral no mundo digital:
os novos media ao serviço da Palavra

Queridos Irmãos e Irmãs,

O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais – “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra” – insere-se perfeitamente no trajecto do Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital, que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra. Os meios modernos de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contacto com o seu próprio território e estabelecendo, muito frequentemente, formas de diálogo mais abrangentes, mas a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal.

A tarefa primária do sacerdote é anunciar Cristo, Palavra de Deus encarnada, e comunicar a multiforme graça divina portadora de salvação mediante os sacramentos. Convocada pela Palavra, a Igreja coloca-se como sinal e instrumento da comunhão que Deus realiza com o homem e que todo o sacerdote é chamado a edificar n’Ele e com Ele. Aqui reside a altíssima dignidade e beleza da missão sacerdotal, na qual se concretiza de modo privilegiado aquilo que afirma o apóstolo Paulo: “Na verdade, a Escritura diz: “Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido”. […] Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão-de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão-de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão-de pregar, se não forem enviados?” (Rm 10,11.13-15).

Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De facto, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento paulino: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Por conseguinte, com a sua difusão, não só aumenta a responsabilidade do anúncio, mas esta torna-se também mais premente reclamando um compromisso mais motivado e eficaz. A este respeito, o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma “história nova”, porque quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais será chamado o sacerdote a ocupar-se disso pastoralmente, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra.

Contudo, a divulgação dos “multimédia” e o diversificado “espectro de funções” da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas “vozes” que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.

Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquirido já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da “rede”.

Também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e actual. De facto, a pastoral no mundo digital há-de conseguir mostrar, aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que “Deus está próximo, que, em Cristo, somos todos parte uns dos outros” [Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal: “L’Osservatore Romano” (21-22 de Dezembro de 2009) pág. 6].

Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e actual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era “digital”, os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral. A Palavra poderá assim fazer-se ao largono meio das numerosas encruzilhadas criadas pelo denso emaranhado das auto-estradas que sulcam o ciberespaço e afirmar o direito de cidadania de Deus em todas as épocas, a fim de que, através das novas formas de comunicação, Ele possa passar pelas ruas das cidades e deter-se no limiar das casas e dos corações, fazendo ouvir de novo a sua voz: “Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20).

Na Mensagem do ano passado para idêntica ocasião, encorajei os responsáveis pelos processos de comunicação a promoverem uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma “diaconia da cultura” no actual “continente digital”. Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização. Efectivamente, uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o “pátio dos gentios” do Templo de Jerusalém -também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?

O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma grande oportunidade para os crentes. De facto nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem. Por conseguinte e antes de mais nada, os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente, ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão ampla e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar. Mas, é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.

A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na “ágora” moderna criada pelos meios actuais de comunicação.

Com estes votos, invoco sobre vós a protecção da Mãe de Deus e do Santo Cura d’Ars e, com afecto, concedo a cada um a Bênção Apostólica.

Vaticano, 24 de Janeiro – dia de São Francisco de Sales – de 2010

BENEDICTUS PP. XVI

[© Copyright 2010 – Libreria Editrice Vaticana]

 

Hoje é dia do Apóstolo que internacionalizou o cristianismo: Paulo de Tarso. Nossa maior metrópole brasileira tem o nome deste santo. São Paulo está em festa pelos seus 456 anos de fundação. Lembro bem quando cheguei a São Paulo em 1993. Meus três primeiros anos de padre foram vividos no Santuário São Judas Tadeu (que dentro de alguns dias comemora 70 anos). Fiquei meio assustado com a correria da grande cidade. Um velho sacerdote profetizou: “São Paulo é assim: quem tá fora não quer entrar; quem tá dentro não quer sair”. Dito e feito. Foi difícil sair de São Paulo em 1995. Fui fazer o mestrado em Belo Horizonte. Minas Gerais esconde outros mistérios. Mas hoje volto meu pensamento ao meu primeiro amor pastoral. PARABÉNS, SÃO PAULO!

Assisti com interesse o filme da moda: AVATAR. Meu primeiro olhar era biocêntrico. Estava interessado em verificar o estágio americano do debate ecológico. Convenhamos que o filme acrescenta pouco. Propõe a tese de que temos uma mãe que é a natureza e que tudo está solidamente interligado. Nada contra. O velado panteísmo do filme passa como proposta alegórica. Mas aos poucos fui vendo no filme uma repetição quase literal dos velhos filmes de índios que os americanos fizeram às pencas. Os habitantes de Pandora são iguaizinhos aos filmes de índios. Até as armas são iguais. Lamentável é que um terráqueo tenha que trazer a solução para a população ameaçada da floresta. Os americanos continuam pouco criativos, etnocêntricos e religiosamente apegados à tese de que “A América” tem a missão de salvar o mundo. Resumindo: são “deus”! Esta lógica não dá mais pra suportar. Nós, dos países emergente somos os povos da floresta. Atenção… algum comandante fortão virá! Será que precisaremos de um avatar norte-americano para nos salvar? O Haiti que o diga. E ali… bem ali não é filme. É vida real!!!

Termina meu tempo de uma semana em Juazeiro, na Bahia. Um olhar sobre o Rio São Francisco traduz a alma desta gente: por que ter pressa? Um dia chegaremos ao mar.  Aprendo muito com esta calma baiana, pois como bom catarinense reconheço que sou um pouco apressado. Não sou único. Nosso mundo tem aumentado a velocidade de tudo nos últimos séculos. Quanto penso que o fundador de minha congregação, faleceu em 1925 e nunca viu televisão, chego à conclusão que o século XX foi o século da radical mudança e hábitos. Como seria a vida no tempo em que tudo começava e terminava bem cedo…. sem energia elétrica. Pense em chegar em casa hoje e não ter TV, Rádio, Celular, Computador… Parece que ficamos reféns de tudo isso e apressamos nossa vida. Queremos andar sempre mais de 120Km. O problemas é que não somos máquinas e em nossas veias corre sangue e se a velocidade deste líquido da vida aumentar… aumenta a pressão. Vamos voltar à santa calma… faz bem para a alma!

Todos os dias temos que renovar nossas reservas de paciência interior. A vida exige esta sabedoria: a ciência da paz. Já existe uma ciência do conflito e da guerra instalada em cada quarteirão do mundo. Precisamos inverter este círculo vicioso da violência no círculo virtuoso da serenidade. Mas não é fácil conquistar a ciência da ternura. Este conhecimento não habita o currículo de nossas escolas. É necessário aprender com a vida. Cada dia é uma lição. Que hoje possamos crescer, pelo menos, na paciência conosco mesmos… já é um bom começo!

Todos acompanhamos com muita atenção o socorro das nações ao povo do Haiti. Nada justifica roubar-lhes o protagonismo nesta hora. O Haiti foi a primeira colônia das Américas a declarar a sua independência. Pagou caro por isso. Este socorro das nações não é uma esmola. Na verdade o mundo paga uma dívida. Neste caso refiro-me às metrópoles européias. É o caso de França, Inglaterra, Holanda e outros. É no mínimo curiosa a preocupação e pressa da Holanda em retirar imadiatamente do Haiti crianças em processo de adoção. É um novo colonialismo às avessas. À margem de tudo isso os “salvadores da humanidade”, leia-se Estados Unidos, chegam com tropas e mais tropas como se estivessem vindo para a guerra… Seria uma guerra humanitária? Paradoxal demais. Tomaram o aeroporto e habitaram o palácio presidencial em ruínas. Emblemático. Isto recebe o apoio dos governantes hondurenhos. Não é difícil de imaginar que o desespero do presidente tome decisões sem medir as consequências. Mais uma vez fica evidente o pé-de-barro da cultura norte-americana: o etnocentrismo. Significa a atitude cultural de centrar-se sobre si mesmo. É como aquelas pessoas que não conseguem ouvir. Falam sempre e somente a partir de si e sobre si. Esta cultura infantil provoca falta de maleabilidade. Isto se choca de frente com a ginga brasileira. Somos um caldeirão de raças. Temos mil defeitos e pelo menos um belo traço cultural que herdamos de Portugal: a adaptabilidade. Sabemos ler a cultura do outro com uma velocidade incrível. O brasileiro encontra um americano no centro de São Paulo e tenta se comunicar em inglês. Em que país do mundo os americanos falam a lingua local? Sempre com muita dificuldade. São etnocêntricos sim. No caso do Haiti, que exige uma enorme força de cooperação internacional, este vício cultural é um perigo para os sofridos povos daquele país. Obama parecia ser uma excessão, por sua história multicultural. Tem mostrado que sofre da mesma miopia.