Por Marine Soreau
PARIS, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- “Catastrófica”, “apocalíptica”: os adjetivos não faltam para descrever a situação do Haiti, mais de três semanas depois do terremoto que destruiu a capital do país.
Depois de voltar de uma primeira missão de peritos, Jean Robin, diretor da ONG católica Fidesco*, presente há 12 anos sobre no Haiti, oferece a ZENIT seu depoimento.
–O senhor está de volta depois de uma semana no Haiti para avaliar suas necessidades e estruturas que devem ser restauradas, o que encontrou?
–Jean Robin: A situação do país é catastrófica. Porto Príncipe está devastada. Tudo está em ruínas, como se a cidade tivesse sido bombardeada. Já ninguém entra nas casas, todos dormem do lado de fora. A maior parte dos haitianos perdeu seu trabalho e sua casa. Milhares de cadáveres se encontram debaixo dos escombros. A paisagem é apocalíptica.
–Como vivem os haitianos com essa situação?
–Jean Robin: Centenas de milhares de haitianos deixaram Porto Príncipe para ir às zonas rurais. Muitos tinham um passaporte ou um visto americano e partiram para os Estados Unidos.
No geral, a população está assombrada. A vida continua, os pequenos comércios retomam suas atividades. Trata-se de um povo cristão que não desiste fácil.
É verdade que alguns se interrogam assim: “Deus não está castigando, mas o que ele quer nos dizer?”.
A maioria dos haitianos sabe que um terremoto é uma catástrofe natural. São valentes, é possível vê-los orando nas ruas. Os haitianos lutam, querer reconstruir seu país.
–Qual é a ação da Igreja após o terremoto?
–Jean Robin: A Igreja – que também sofreu duramente no terremoto – é um dos autores principais da ação sobre o terremoto. Cáritas internacional está presente em todas as partes. Continua sendo um elemento essencial na reconstrução do país.
–Qual são as missões que a Fidesco têm confiadas desde muitos anos aos Voluntários de Solidariedade Internacional (VSI)?
–Jean Robn: Antes do terremoto, tínhamos no lugar um casal, três crianças e duas meninas jovens celibatárias que trabalhavam nas missões educativas e em um orfanato com os pequenos mais desfavorecidos. A respeito de nossas missões, agora tudo está por reconstruir.
–Não é um pouco cedo para falar de reconstrução?
–Jean Robin: Por agora, estamos com algumas urgências. As pessoas necessitam de alimentos, de água e de barracas de acampamento. Abrimos um pequeno acampamento, de 150 pessoas, que pensamos em aumentar. Os agentes humanitários estão se situando. Em seu conjunto, as ONGs estão fazendo o que podem, mas não é fácil.
–Foi constatada uma boa coordenação humanitária?
–Joean Robin: As reações são múltiplas. Alguns se queixam de que as toneladas de materiais provisórios são armazenadas e não chegam à população. De fato, em algumas zonas não foi possível ver um só caminhão de ajuda nem de urgência humanitária. A maior parte dos acampamentos são de improviso. A coordenação está longe de ser perfeita, mas também está longe de ser fácil.
–Hoje, quais são seus projetos para Fidesco?
–Jean Robin: Queremos ajudar nossos projetos para que sigam adiante, mas também lançar novos projetos. Fidesco não é somente uma ONG que envia voluntários para trabalhar junto das Igrejas locais; também cria projetos. Queremos propor alguns projetos de reconstrução e de desenvolvimento duradouro a largo prazo: escolas, ação social, reinserção profissional, orfanatos. Estamos em vias de avaliar com nossos sócios haitianos com quem trabalhamos toda a semana. E por isso necessitamos de doações: as necessidades são enormes. Vamos ter de reconstruir de maneira diferente. É uma urgência.
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* Fidesco é uma das mais importantes ONGs francesas de envio de voluntários, reconhecida pelo Ministério de Exteriores.