Entrevista com o teólogo e liturgista Nicola Bux
Por Antonio Gaspari
ROMA, segunda-feira, 29 de março de 2010 (ZENIT.org).- Em julho de 2007, com o motu proprio “Summorum Pontificum”, Bento XVI restabeleceu a celebração da Missa segundo o rito tridentino.
O fato suscitou uma agitação. Elevaram-se vibrantes vozes de protesto, mas também aclamações valentes.
Para explicar o sentido e a prática da reforma litúrgica de Bento XVI, Nicola Bux, sacerdote e especialista em liturgia oriental, além de consultor do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, publicou o livro La riforma di Benedetto XVI. La liturgia tra innovazione e tradizione (Piemme, Casale Monferrato 2008), com prólogo de Vittorio Messori.
No livro, o especialista explica que a recuperação do rito latino não é um retrocesso, uma volta à época anterior ao Concílio Vaticano II, mas sim um olhar adiante, recuperando da tradição passada o mais belo e significativo que esta pode oferecer à vida presente da Igreja.
Segundo Bux, o que o Pontífice pretende fazer em sua paciente obra de reforma é renovar a vida do cristão, os gestos, as palavras, o tempo cotidiano, restaurando na liturgia um sábio equilíbrio entre inovação e tradição, fazendo surgir, com isso, a imagem de uma Igreja sempre em caminho, capaz de refletir sobre si mesma e de valorizar os tesouros dos quais é rico seu depósito milenar.
Para tentar aprofundar no significado e no sentido da liturgia, em suas mudanças, na relação com a tradição e no mistério da linguagem com Deus, Zenit entrevistou Nicola Bux.
-O que é a liturgia e por que ela é tão importante para a Igreja e para o povo cristão?
Bux: A sagrada liturgia é o tempo e o lugar no qual certamente Deus vai ao encontro do homem. Portanto, o método para entrar em relação com Ele é precisamente o de dar-lhe culto: Ele nos fala e nós lhe respondemos; agradecemos e Ele se comunica conosco. O culto, do latim colere – cultivar uma relação importante –, pertence ao sentido religioso do homem, em toda religião, desde os tempos mais remotos.
Para o povo cristão, a sagrada liturgia e o culto divino realizam, portanto, a relação com tudo o que existe de mais querido, Jesus Cristo Deus. O atributo “sagrada” significa que nela tocamos sua presença divina. Por isso, a liturgia é a realidade e a atividade mais importantes para a Igreja.
-Em que consiste a reforma de Bento XVI e por que ela suscitou tantas reações?
Bux: A reforma da liturgia, segundo a constituição litúrgica do Concílio Vaticano II, como instauratio, isto é, como restabelecimento no lugar correto da vida eclesial, não começa com Bento XVI, mas com a própria história da Igreja, desde os apóstolos à época dos mártires, do Papa Dâmaso até Gregório Magno, de Pio V e Pio X a Pio XII e Paulo VI.
A instauratio é contínua, porque o risco de que a liturgia decaia do seu lugar, que é o de ser fonte da vida cristã, existe sempre; a decadência chega quando o culto divino é submetido ao sentimentalismo e ao ativismo pessoais de clérigos e leigos que, penetrando-o, transformam-no em obra humana e entretenimento espetacular: um sintoma hoje é, por exemplo, o aplauso na Igreja, que sublinha indistintamente o batismo de um recém-nascido e a saída de um caixão em um funeral.
Uma liturgia convertida em entretenimento não precisa de uma reforma? Isso é o que Bento XVI está fazendo: o emblema da sua obra reformadora será o restabelecimento da cruz no centro do altar, para fazer compreender que a liturgia está dirigida ao Senhor e não ao homem, ainda que este seja ministro sagrado.
A reação existe sempre em cada mudança na história da Igreja, mas não é preciso assustar-se.
-Quais são as diferenças entre os chamados inovadores e os tradicionalistas?
Bux: Estes dois termos devem antes ser esclarecidos. Se inovar significa favorecer a instauratio da qual falávamos, é precisamente o que está faltando; assim também quanto à traditio, que significa proteger o depósito revelado, sedimentado também na liturgia. Se, no entanto, inovar significa transformar a liturgia de obra de Deus em ação humana, oscilando entre um gosto arcaico, que quer conservar dela somente os aspectos que agradam, e um conformismo segundo a moda do momento, estaríamos no mau caminho. Ou ao contrário: ser conservadores de tradições meramente humanas, que se sobrepuseram como incrustação na pintura e não permitem que percebamos a harmonia do conjunto.
Na verdade, os dois opostos acabam coincidindo, revelando sua contradição. Um exemplo: os inovadores sustentam que a Missa antigamente era celebrada dirigida ao povo. Os estudos demonstram o contrário: a orientação ad Deum, ad Orientem, é a própria do culto do homem a Deus. Pensemos no judaísmo. Ainda hoje, todas as liturgias orientais conservam isso. Como é possível que os inovadores, amantes da restauração dos elementos antigos na liturgia pós-conciliar, não o tenham conservado?
-Que significado tem a tradição na história e na fé cristãs?
Bux: A tradição é uma das fontes da Revelação: a liturgia, como diz o Catecismo (n. 1124), é seu elemento constitutivo. Bento XVI, no livro “Jesus de Nazaré”, recorda que a Revelação se tornou liturgia. Depois, temos as tradições de fé, de cultura, de piedade que entraram e revestiram a liturgia, de maneira que conhecemos várias formas de ritos no Oriente e no Ocidente. Todos compreendem, portanto, por que a constituição sobre liturgia, no n. 22, § 3, afirma peremptoriamente: “Ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica”.
-Você acha que seria possível voltar à Missa em latim hoje?
Bux: O Missal Romano renovado por Paulo VI está em latim e constitui a edição chamada típica, porque a ela devem se referir as edições em línguas atuais preparadas pelas conferências episcopais nacionais e territoriais, aprovadas pela Santa Sé. Portanto, a Missa em latim continuou sendo celebrada também com o novo Ordo, ainda que raramente. Isso acabou contribuindo para a impossibilidade de uma assembleia composta de línguas e nações participar de uma Missa celebrada na língua sagrada universal da Igreja Católica de rito latino. Assim, em seu lugar, nasceram as chamadas Missas internacionais, celebradas de forma que as partes da celebração sejam recitadas ou cantadas em muitas línguas; assim, cada grupo entende somente a sua!
Havia-se mantido que o latim não era entendido por ninguém; agora, se a Missa em um santuário é celebrada em quatro idiomas, cada grupo acaba compreendendo apenas 25% dela. Além de outras considerações, como desejou o sínodo de 2005 sobre a Eucaristia, é preciso voltar à Missa em latim: pelo menos uma dominical nas catedrais e nas paróquias. Isso ajudará, no convite à sociedade multicultural atual, a recuperar a participação católica, seja quanto a sentir-se Igreja universal, seja quanto a unir-se a outros povos e nações que compõem a única Igreja. Os cristãos nacionais, ainda dando espaço às línguas nacionais, conservaram o grego e o eslavo eclesiástico nas partes mais importantes da liturgia, como a anáfora e as procissões com as antífonas para o Evangelho e o ofertório.
Para instaurar tudo isso, contribui enormemente o antigo Ordo do Missal Romano anterior, restabelecido por Bento XVI com o motu proprio “Summorum Pontificum”, que, simplificando, chama-se Missa em latim: na verdade, é a Missa de São Gregório Magno, enquanto sua estrutura básica se remonta à época desse pontífice e permaneceu intacta através dos acréscimos e simplificações de Pio V e dos demais pontífices até João XXIII. Os padres do Vaticano II a celebraram diariamente, sem advertir nenhuma oposição com relação à modernização que estavam realizando.
-Bento XVI falou do problema dos abusos litúrgicos. De que se trata?
Bux: Para dizer a verdade, o primeiro em lamentar as manipulações na liturgia foi Paulo VI, poucos anos depois da publicação do Missal Romano, na audiência geral de 22 de agosto de 1973. Paulo VI, por outro lado, estava certo de que a reforma litúrgica realizada após o Concílio verdadeiramente havia introduzido e sustentado firmemente as indicações da constituição litúrgica (cf. Discurso ao Colégio dos Cardeais, 22 de junho de 1973). Mas a experimentação arbitrária continuava e exacerbava, no entanto, a saudade do rito antigo. O Papa, no consistório de 27 de junho de 1977, admoestava os “rebeldes” pelas improvisações, banalidades, frivolidades e profanações, pedindo-lhes severamente que se ativessem à norma estabelecida para não comprometer a regula fidei, o dogma, a disciplina eclesiástica, lex credendi e orandi; e também aos tradicionalistas, para que reconhecessem a “acidentalidade” das modificações introduzidas nos ritos sagrados.
Em 1975, a bula Apostolorum Limina, de Paulo VI, para a convocação do ano santo, a propósito da renovação litúrgica, observava: “Consideramos extremamente oportuno que esta obra seja reexaminada e receba novas evoluções, de forma que, baseando-se no que foi firmemente confirmado pela autoridade da Igreja, possa-se observar em todos os lugares os que são verdadeiramente válidos e legítimos e continuar sua aplicação com zelo ainda maior, segundo as normas e métodos aconselhados pela prudência pastoral e por uma verdadeira piedade”.
Omito as denúncias de abusos e sombras na liturgia por parte de João Paulo II em muitas ocasiões, em particular na carta Vicesimus quintus annus, desde a entrada em vigor da constituição sobre liturgia. Bento XVI, portanto, pretendeu voltar a examinar e dar novo impulso precisamente abrindo uma janela com o motu proprio, para que, pouco a pouco, mude o ar e encarrilhe tudo o que foi além da intenção e da letra do Concílio Vaticano II, em continuidade com toda a tradição da Igreja.
-Você afirmou diversas vezes que, em uma liturgia correta, é necessário respeitar os direitos de Deus. Você poderia explicar isso?
Bux: A liturgia, termo que em grego indica a ação ritual de um povo que celebra, por exemplo, suas festas, como acontecia em Atenas ou como acontece ainda hoje com a inauguração das olimpíadas e outras manifestações civis, evidentemente é produzida pelo homem. A sagrada liturgia ostenta este atributo porque não está feita à nossa imagem – em tal caso, o culto seria idolátrico, isto é, criado pelas nossas mãos –, mas pelo Senhor onipotente: no Antigo Testamento, com sua presença, indicava a Moisés como ele deveria dispor, nos seus mínimos detalhes, o culto ao Deus único, junto ao seu irmão Aarão. No Novo Testamento, Jesus defendeu o verdadeiro culto, expulsando os vendedores do templo, e deu aos apóstolos as disposições para a Ceia pascal.
A tradição apostólica recebeu e relançou o mandato de Jesus Cristo. Portanto, a liturgia é sagrada, como diz o Ocidente, e é divina, como diz o Oriente, porque é instituída por Deus. São Bento a define como opus dei, obra de Deus, à qual nada deve ser anteposto. Precisamente a função mediadora entre Deus e o homem, própria do sumo sacerdócio de Cristo e exercida na e com a liturgia pelo sacerdote ministro da Igreja, testifica que a liturgia descende do céu, como diz a liturgia bizantina, baseada na imagem do Apocalipse. É Deus quem a estabelece e, portanto, indica como devemos adorá-lo “em espírito e em verdade”, isto é, em Jesus, seu Filho, e no Espírito Santo. Ele tem o direito de ser adorado como Ele quer.
Sobre tudo isso, é necessária uma profunda reflexão, porque seu esquecimento está na origem dos abusos e das profanações, já descritas admiravelmente em 2004 pela instrução Redemptionis Sacramentum, da Congregação para o Culto Divino. A recuperação do Ius divinum na liturgia contribui muito para respeitá-la como coisa sagrada, como prescreviam as normas; mas também as normas devem voltar a ser seguidas com espírito de devoção e obediência por parte dos ministros sagrados, para edificação de todos os fiéis e para ajudar muitos dos que buscam Deus a encontrá-lo vivo e verdadeiro no culto divino da Igreja.
Os bispos, sacerdotes e seminaristas devem voltar a aprender e realizar os sagrados ritos com este espírito, e assim contribuirão para a verdadeira reforma querida pelo Vaticano II e, sobretudo, para reavivar a fé que, como escreveu o Santo Padre na carta aos bispos, de 10 de março de 2009, corre o risco de apagar-se em muitos lugares do mundo.
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Desculpem minha ignorância, mas de que serve um ritual se as pessoas envolvidas não entendem o que está sendo falado? São essas atitudes que afastam cada vez mais as pessoas da Igreja Católica. A Igreja deve dar menos valor ao formato e prestar mais atenção ás intenções. Proliferam casos de pedofilia e a Igreja preocupada em ministrar missas em latim. Com todo respeito:tenham dó!
Acho que não dei conta de entender tudo que diz o texto mas me preocupa um retrocesso ao passado tradicional daquelas missas sonolentas, das quais me afastei por não conseguir etender o que aqueles “padres” mal humorados da minha infancia e adolecência diziam. Agora que conheci outro lado da igreja, padres como o senhor, Pe Fábio, Pe Marcelo e tantos outros, que falam de um Deus de amor, de perdão de acolhimento, não quero voltar àqueles tempos.
Não guardo boas lembranças de minha vida religosa na infancia, jamais poderia imaginar que um dia seguiria padres no Twitter e buscaria um maior aprofundamento religioso a partir deste conhecimento. Gosto do que conquistamos, não gostaria que mudasse, espero que tenha entendido errado.
Penso que a Igreja de Deus deve sim voltar a celebrar em latim, ao menos em ocasióes especiais, Se sou católico tenho a obrigação de saber quais são as leituras bíblicas do dia e também qual o texto do evangelho que será lido. Se vou à missa com frequência conheço a liturgia.Ou será que alguém pensa que a homilia será também ela em latim?
Quanto à pedofilia, a julgar pelo número da população de um país, é de se crer que fora da igreja ela é praticada por milhões de adultos, até mesmo pela internet, não? Óbvio que é um crime que deve ser punido, mas a sociedade em geral parece estar cega ao fato de que ela é praticada até mesmo dentro de lares que se afirmam totalmente cristãos. Ou será que só padres praticam esse crime? Nosso telhado é de vidro, e vidro quebra-se à primeira pedrada. Ou estou enganado e somos todos santos prontos a serem assuntos ao céu?
“Desculpem minha ignorância”
Claudio Jacobini, meu filho…
Esta desculpado.
tenha dó..
In Corde Jesu.
Olegario.
Missa não é culto, missa não é show, não é grupo de oração, não é palestra, não é retiro, nem sessão de terapia…quem frequenta uma missa apenas buscando o SEU conforto espiritual, não entendeu qual o foco do encontro. Celebrar a eucaristia é renovar o sacrifício de Cristo na cruz tornando presente a salvação. Deve ser um ato solene sim. A reprodução da Última Ceia deve obedecer a um ritual. Agora, a homilia deve estabelecer o vínculo da Palavra de Deus com a nossa realidade espiritual, emocional, social…se não vira aula de história apenas. É assim que entendo!
Fico na expectativa de ainda serem celebradas missas no Rito Tridentino aqui em Taubaté (o mais próximo daqui é em Jacareí, se alguém tive interesse). Pois chegam a ser INSUPORTÁVEIS as missas em algumas igrejas, pois se não é o padre que inventa coisas estranhas a liturgia (ele deve achar que é o “dono” do “pedaço” e faz o que der na telha dele), é o povo da música que pensa que está dando um “show” em algum palco qualquer. Sem falar nos abusos liturgicos cometidos na hora da comunhão… acredito que pelo menos no Rito Tridentino o padre não teria muito o que inventar. Estou totalmente de acordo com a Juliana, se alguém procura a missa porque quer encontrar o SEU conforto espiritual, essa pessoa está no lugar errado. Que vá pra uma igreja protestante ou qualquer outra que não seja Católica Apostólica Romana. E mais, é muito estranho o povo ficar reclamando que não entenderia nada numa missa em latim e blá, blá, blá… mas quando é a respeito de algo em inglês, espanhol, ou qualquer outro idioma, tudo bem! O latim que é a lingua oficial da nossa Santa Igreja ninguém quer aprender, nem o mínimo, que seriam as orações comuns (Pai-Nosso, Credo,…).
Esse Olegário… (risos). Essa foi boa! Realmente está desculpado!
Mas falando sério… Nosso irmão Claudio Jacobini, posso usar sua mesma retórica, você tão ‘preocupado’ com os casos de pedofilia com alguns padres da Igreja, e que você erroneamente chama de proliferação, deveria sim, estar mais preocupado com a proliferação da pedofilia espalhada na sociedade. Vou apenas te citar dois exemplos, e que a IMPRENSA não divulga.
Dom Luiz Azcona é Bispo da Ilha de Marajó – PA. Está ameaçado de morte. Sabe por quê? Porque denuncia a exploração da prostituição infantil.
Há ainda a prática do chamado turismo sexual. Estrangeiros que vêm ao nosso país, para desfrutar das belezas naturais, aproveitam para desfrutar de meninas de 13, 14 ou 15 anos, oferecidas como se fossem itens de um cardápio. Vez ou outra a imprensa divulga, depois cai no esquecimento.
Pergunto: A imprensa internacional divulga isso? Não! Por quê? Porque chama mais a atenção casos, certamente graves, de padres pegos em pedofilia. O negócio é escandalizar!
Em suma, procure se informar mais sobre os assuntos. Ter um nível crítico das coisas, e não apenas ecoar o que a imprensa coloca contra a Igreja Católica.
Repito. Pedofilia na Igreja é grave sim, mas devemos combater esse mal de forma global. Restringir o assunto pedofilia a apenas um seguimento da sociedade, como se vem fazendo, é pura perseguição. Não sejamos injustos perseguidores. A pedofilia está espalhada mais nas ruas do que na Igreja.
Caro Sérgio!
Será que um erro justifica outro? A Igreja deve dar o exemplo e não se justificar dizendo ” se os outros fazem…”. Devemos sim combater todo o caso de pedofilia , cabe às autoridades punir exemplarmente.Quando um padre abusa de 200 crianças excepcionais o exemplo deveria vir de cima: expulsão da Igreja e CADEIA! Mas,parece que o espírito de corpo prevalece . E amigo Olegário, não sou obrigado a aprender latim.E mais,JESUS não falava em latim aos seus seguidores. Latim era a língua dos opressores imperialistas romanos.Só não fiquem irados comigo, por ter uma visão diferente.
Abraço em Cristo
Eu tive a graça de ter um emprego que façilita a navegação na web.
E minhas pesquisas me renderam uma boa argumentação para postar aqui meu comentário.
Tenho certeza que a reforma da liturgia é mais um resgate do que se perdeu por conta do relativismo.
Uma liturgia que contem elementos incompatíveis com o depósito da fé apostólica, não poderá em hipótese alguma, render bons frutos.
Basta olhar as missas que hoje se celebram mundo à fora.
Exageros incontáveis, o sentido do sagrado e sacrificio de Cristo foi banalizado.
Hoje fala-se apenas de banquete, será que não se crê mais na presença real de Cristo?
Essa reforma-resgate vem em ótima hora, pois estamos a beira de uma aniquilação total da missa.
Engraçado é que os que reclamam de não entender o latim, são os mesmos que entendem o bláblá blá dos carismáticos…
“Claudio Jacobini diz: Desculpem minha ignorância […] A Igreja deve dar menos valor ao formato e prestar mais atenção ás intenções […}Só não fiquem irados comigo, por ter uma visão diferente.”
Bom, para não ser mais ignorante, vá ler, vá pesquisar, ou faça qualquer outra coisa ao invés de ficar se desculpando por ser ignorante. Não sei a que raio de formato vc está se referindo da igreja, me parece ser liturgico, se for, para nossa alegria ela não vai mudar (a não ser quando a missa estiver sendo celebrada por padres muderrninhos). Com relação a sua visão, uma coisa tem que ficar clara pra vc, ACHISMO não serve pra nada na vida pessoal, profissional ou espiritual. Vai defender uma tese e fala pra sua banca que vc ACHA que aquilo lá que vc está defendendo está certo que vc vai ver onde vai parar a sua defesa…
Dona Olga, escreveu a senhora:
“Acho que não dei conta de entender tudo que diz o texto mas me preocupa um retrocesso ao passado tradicional daquelas missas sonolentas, das quais me afastei por não conseguir etender o que aqueles “padres” mal humorados da minha infancia e adolecência diziam. Agora que conheci outro lado da igreja, padres como o senhor, Pe Fábio, Pe Marcelo e tantos outros, que falam de um Deus de amor, de perdão de acolhimento, não quero voltar àqueles tempos.”
Comento: Minha prezada senhora, não creio que o padre que celebrava as missas em latim fosse – como afirmou a senhora – “mal humorado”.
É que quando um sacerdote celebra a missa ele contempla alí o SACRIFÍCIO de Nosso Senhor Jesus Cristo que na agonia do calvário, sofria.
Logo, perceba a senhora, que em virtude da importância do rito, não exista lugar para sorrisos, palmas, nem tão pouco o famoso “rebolation”…
Disse o santo Padre Pio que a missa deve ser acolhida como a acolheram Maria e São João, ao pé do calvário, ou seja, com extrema piedade.
Lembro-te que todos os santos da Igreja forjaram suas virtudes participando desse rito latino – esse mesmo que a senhora julga ser “sonolento” – e nenhum deles reclamou da língua.
E nós, diz bem a Igreja, e também o bom senso, devemos ser imitadores dos santos, que foram por sua vez, perfeitos imitadores de Cristo na terra.
Querendo a senhora algo que não lhe proporcione o “sono” e a faça entender bem a “lingua”, procure uma festa de debutante.
Ou um evento de moda.
Ou o domingão do Faustão.
Talvez o Gugu Liberato.
Ou, no melhor das hipótese, o circo…
Deus a abençoe Dona Olga.
Olegário
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sr. Claudio Jacobini, disse o sr;
“Latim era a língua dos opressores imperialistas romanos.Só não fiquem irados comigo, por ter uma visão diferente.”
O inglês é a língua dos imperialista americanos.
Vamos acabar com as FisK’s e queimar todo o livro de inglês…
Sr. Cláudio…
Tenha dó.
Olegário.
Ps: Sinta-se novamente desculpado.
Caro Jacobini… Em nenhum momento eu disse que um erro justifca o outro. Eu disse, pedofilia é um caso grave. Há casos envolvendo alguns padres? Existe sim! Devem responder conforme a lei? Sim, devem! Mas qualquer pessoa que se detém a ler os noticiários sabe que a pedofilia é um mal espelhado na sociedade, meu caro. O número de casos de pedofilia fora da Igreja Católica é esmagador superior aos casos registrados na Igreja. O que acontece é que a imprensa vende a imagem que a fonte da pedofilia é a Igreja Católica, e você, pelo visto mal informado, acabou engolindo essas difamações. Lamentável! Você anda extra valorizando os casos de pedofilia ocrridos na Igreja Católica, e se esquecendo que há muito mais vítimas fora dela!
Enquanto estamos aqui teclando, usando a internet, essa mesma rede, está sendo, nesse momento, utilizada, para que milhares de pedófilos, de fora da Igreja, estejam aliciando novas vítimas. Isso mesmo, a internet. E aí? VAMOS ACABAR COM A INTERNET?
Latin é língua de opressores? O que dizer da língua espanhola?Já leu como se deu a colonização espanhola? E as atrocidades cometidas pelos portugueses? E o que falar dos Britânicos? O que falar dos japoneses? Faça o seguinte: Leia a história, e nos proponha uma língua para que se celebre a missa.
E do modo que você fala, parece-me com um ‘evangélico’ não como um católico… Se você é um ‘evangélico’ (protestante), assuma-se e mostre que você o é um. Caso seja católico, repense seu jeito de ser católico, na minha opinião, se colocando como inimiga dela.
DEUS TE ABENÇOE!
Desisto do diálogo. As pessoas aqui presentes são extremamente mau-humoradas, com ideias preconcebidas,fechadas ao diálogo, dispostas somente a ofender. Em nenhum momento fui preconceituoso ou ofensivo, porém só recebi destratos. Pena…
Só para concluir:A missa em latim remete a Igreja a um retrocesso de décadas. Para entender, de uma forma bem simplista, temos de ponderar inicialmente duas questões: o idioma, praticamente desconhecido em todo o mundo; e a postura dos padres, que nestes momentos, ficam de costas para os fiéis. Celebrar uma missa em latim antigo – mesmo que isto inclua apenas partes de toda a celebração – distancia o catolicismo de seus devotos.
Lembro-me que, certa vez, numa viagem a Paris decidi entrar em uma igreja. Entrei na igreja para conversar com Deus. Havia uma missa em andamento. Em francês. Como meu francês é péssimo e o meu objetivo era mesmo sentir Deus mais perto de mim,comecei a rezar e abstraí o que ouvia ao fundo. Não estava entendendo quase nada mesmo.
Associei minha experiência ao retorno do latim, que pode “isolar” gradualmente os fiéis. É engraçado como algumas posturas podem ser tão contraproducentes. Sabemos que o catolicismo é a maior religião em todo o mundo – o Brasil é o maior País católico do planeta. Hoje, há, em todo o mundo, 1, 98 bilhão de católicos. Sabemos também que esta é uma rota em queda gradual, com o alastramento de outras religiões mundo afora. E que, dentro disto,o querido e finado papa João Paulo II se empenhou como ninguém para tentar reverter a situação.
Na verdade, a “abertura” da Igreja Católica teve início propriamente no Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1968. Na ocasião, a assembléia episcopal deixou reafirmado que “a fé católica não se vincula diretamente a nenhuma expressão cultural em particular, mas deve adequar-se às diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evangélica é transmitida”. Este foi, talvez, o mais importante Concílio da Igreja, que substituiu o latim por idiomas locais na liturgia aproximando, assim, a Igreja do povo.
A missa em latim vai desagradar a muitos, vai mesmo. Fico imaginando lá nos rincões periféricos, o que aquele povo que mal sabe ler vai achar de ouvir orações em latim. Depois não me venham os “doutores” da Igreja me dizer que a instituição não é elitista. Veja os evangélicos. O povão que vai lá, ouve o pastor falando diretamente para ele. “Você, irmão, está passando por um problema assim, assim”. E, na Igreja Católica? Um padre de costas, dando benções em latim: “Domine Iesu Chiristi, qui dixisti: Petite, et accipietis; quaeriti, et invenietis; pulsate et aperietur vobis; quesumus da nobis, petentibus,divinissimi tui amoris affectum, ut te todo corde, ore et opere diligamus et a tua nunquam laude cessemus. Sancti nominis tui, Domine, timorem pariter et amorem facnos habere perpetuum. quia nunquan tua gubernatione destituis,quos in soliditare tuae dilectionis instituis. Qui vivis et regnas in saecula saeculorum”.
O Papa disse que seu objetivo é se reconciliar com os tradicionalistas, alguns dos quais ficaram tão irritados com as reformas do Concílio Vaticano Segundo que romperam com a Igreja, provocando o primeiro cisma dos tempos modernos. “É uma questão de chegar a uma reconciliação interior no coração da Igreja”, disse o papa. “Olhando em retrospecto, para as divisões … os líderes da Igreja não fizeram o suficiente para manter ou resgatar a reconciliação e a unidade.”
Agora, digam-me, se não está na própria Bíblia: o “Dom de Línguas”. O Dom de Línguas é a capacidade, dada pelo Espírito Santo, de falar em uma língua desconhecida daquele que fala. É concedida pelo Espírito Santo (At 2.4) e não aprendida. As palavras não brotam da mente, mas do espírito. A Bíblia fala de línguas dos homens e dos Anjos (1 Co 13.1).
Existem hoje, no mundo todo, cerca de 5.600 idiomas e dialetos. E, para mim, a linguagem de Deus é universal. Porque ele criou os homens em sua imagem e semelhança. Onipotente, onipresente e onisciente, Deus compreende a todos os seus filhos,independentemente do idioma por ele falado. Pelo menos, foi isso que aprendi lendo o Livro Sagrado.
Então, pra quê complicar?
Sr. Claudio Jacobini…
Oh! meu Deus.
Escreveu o sr.
“O povão que vai lá, ouve o pastor falando diretamente para ele. “Você, irmão, está passando por um problema assim, assim”.
Filho, para isso existe a IURD.
Quando você escreveu ” perdoem a minha ignorância” eu julguei que fosse apenas uma frase pronta dando a conotação de humildade.
O resto do seu texto acima escrito, prova que eu me enganei.
Em matéria de doutrina católica, o sr. é completamente ignorante mesmo.
Encerro minha prosa contigo.
E as “desculpas” também.
Uma santa Páscoa ao sr e sua família.
Olegário.
Sou de geração bem posterior ao Vaticano II. Portanto, nunca vi uma missa em latim e tudo o que conheço sobre o assunto e sobre a raiva a respeito da renovação litúrgica me vem exclusivamente do movimento tradicionalista na internet. Conversando com os mais velhos não sinto que eles tinham sentimento de respeito pela Missa por ser em latim. Na verdade iam a Missa por costume social e durante a celebração rezam o terço, enquanto outros cochilavam, já que iam à Igreja para assistir e não para participar. Este sentimento está em total contraste com a Tradição e o espírito litúrgico exposto na Bíblia e no Catecismo atual. Por isso, quanto mais eu leio os textos do Vaticano II mais me apaixono por ele e me surpreendo com a coragem das mudanças necessárias. A reforma litúrgica não foi apenas uma mudança de língua, foi uma mudança de sentimento em relação à liturgia. Algumas recomendações da Constituição Sacrosanctum Concilium foram fundamentais para as alterações: Participação consciente, Simplificação dos ritos, Promoção do canto popular, Inculturação.
48. É por isso que a Igreja procura, solÍcita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou ESPECTADORES mudos, mas PARTICIPEM na ação sagrada, CONSCIENTE, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos.
50. QUE OS RITOS SE SIMPLIFIQUEM, bem respeitados na sua estrutura essencial; sejam omitidos todos os que, com o andar do tempo, se duplicaram ou menos ùtilmente se acrescentaram; restaurem-se, porém, se parecer oportuno ou necessário e segundo a antiga tradição dos Santos Padres, alguns que desapareceram com o tempo.
118. PROMOVA-SE MUITO O CANTO POPULAR RELIGIOSO, para que os fiéis possam cantar tanto nos exercícios piedosos e sagrados como nas próprias acções litúrgicas, segundo o que as rubricas determinam.
119. Em certas regiões, sobretudo nas Missões, há povos com tradição musical própria, a qual tem excepcional importância na sua vida religiosa e social. Estime-se como se deve e dê-se-lhe o lugar que lhe compete, tanto na educação do sentido religioso desses povos como na ADAPTAÇÃO DO CULTO À SUA ÍNDOLE, segundo os art. 39 e 40.
O movimento tradicionalista não gosta da cultura e do gênio do povo brasileiro. Prefere a cultura europeia, isto é evidente. Contrários a este sentimento estão os bispos da América Latina e do Caribe, como vemos nos documentos pastorais aprovados pela Igreja:
IV CELAM (Santo Domingo):
117. Que assuma as novas formas celebrativas da fé, próprias da cultura dos jovens; fomente a CRIATIVIDADE E A PEDAGOGIA DOS SINAIS, respeitando sempre os elementos essenciais da liturgia.
V CELAM (Aparecida):
99.b A renovação litúrgica acentuou a DIMENSÃO CELEBRATIVA E FESTIVA centrada no mistério pascal de Cristo Salvador.
Na verdade, o que vejo na internet são leigos destratando padres e bispos numa falta de respeito jamais vista na história da Igreja. O achismo dos tradicionalistas nos diz que o clero brasileiro desviou-se do caminho correto, tal fato os leva a atacar constantemente a idoneidade pastoral dos bispos, expondo-os ao ridículo, tentando proteger o rebanho dos bispos que se perderam. Não sei onde isso vai parar.
O Papa João Paulo II já alertava que a partir dos anos da reforma litúrgica pós-conciliar, por um ambíguo sentido de criatividade e adaptação, não faltaram abusos. Mas isto não significa desprezar palavras tão belas quanto:
“É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Batismo, um direito e um dever do povo cristão, raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido. Na reforma e incremento da sagrada Liturgia, deve dar-se a maior atenção a esta plena e ativa participação de todo o povo porque ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão de beber o espírito genuìnamente cristão.” (Concílio Ecumênico Vaticano II)
Não é uma questão de mau humor… Se você não gosta de ser contrariado, sinto muito, o mundo não tem a intenção de mimá-lo.
Que você seja contra a missa tridentina, coloque então os seus argumentos, masnão querer a missa em latim porque ela pertenceu a imperialistas romanos… É um absurdo! Então, as pessoas ao lerem sua colocação, vão cobrar coerência… Inglês tb não pode, nem francês, nem português, nem inglês, nem coreano, nem chinês…
A questão sobre a pedofilia é sua desinformação. Você tem demonstrado, infelizmente, que não possui senso crítico, não procura aprofundar os fatos e o que há por detrás de uma notícia.
O jornal Folha de SP publicou uma matéria (23/3/2010 – Padres e pedófilos – ilustrada) de João Pereria Coutinho, onde ele afirma sobre os casos de pedofia na Alemanha:
“… existiram na Alemanha, desde 1995, 210 mil denúncias de abusos a menores. Dessas 210 mil, 300 lidaram com padres católicos. Ou seja, menos de 0,2%.
Está vendo? A imprensa da Alemanha faz um carnaval por causa de 0,2%. Se você colocar toda a sua energia para querer exclusivamente debelar 300 padres, não vai acabar com a pedofilia irmão! Ok! Que sejam punidos os 300 padres, e os outros 99,8%?
Bastante interessante o comentário do irmão João.
Não vivi essa época da Missa do Rito Tridentino, mas conversando com pessoas mais antigas, percebo que uns são saudosistas e outros repugnam aqueles tempos.
Minha percepção é que, embora com o advento do Concílio Vaticano II, não vejo ainda uma grande massa de católicos cientes de sua fé. Obviamente, nós vemos, aqui mesmo nesse espaçõ, católicos que buscam a formação, lêem bastante e que se aprofundam no conhecimento da doutrina da Igreja, mas a realidade da grande maioria não é essa. Somos um povo muito devocionário, católicos por tradição e sem o devido conhecimento do significado das coisas. Percebo isso, na geração que viveu o rito tridentino. Batizamos dominicalmente muitos filhos, mas será que seus pais e padrinhos sabem da enorme responsabilidade que têm nas mãos?
Bem, algo tem que ser feito! Será que o advento do Rito Tridentino será um marco para renascer no povo a doação pela Igreja?
Ou seja, se vier o rito tridentino, espero que:
1º) Que seja um marco de um novo pentecostes para sacerdotes e povo. Que sejamos inspirados a sermos imitadores daqueles homens e mulheres de pentecostes. Que sejamos um povo ávidos em buscar crescer na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e mais, que tenhamos intrepidez para evangelizar os filhos da Igreja.
2º) Que não haja novos rachas. O QUE MENOS PRECISAMOS É DE NOVOS “MARCEL LEFEVBRE”, que sinceramente, não é e nem foi um bom exemplo até mesmo para que é dito tradicionalista.
Precisamos sim, de SACERDOTES e FIÉS LEIGOS, obedientes a Igreja, MESTRA DA VERDADE!