Meus caros amigos e amigas do Brasil, após longo silêncio, novamente aqui estou com algumas rapidas noticias de Butembo. Quero de um modo todo especial saudá-los por ocasião das festas pascais.
O Mistério Pascal, é feito de trevas e luzes, de morte e ressurreição! Ele nos ensina que nossa vida é também um misto de claro-escuro, de alegria e sofrimento, de sucesso e de derrota, de prazer e de dor, de morte e de ressurreição. Como Cristo, saibamos subir o Calvário de nossos problemas e de nossas cruzes para poder gozar plenamente da glória da Ressurreição.
Certamente durante essa semana, refletimos bastante sobre o grande amor de Deus para conosco: Ele nos deu o seu próprio Filho, que livremente se entregou à morte para o nosso bem, para a nossa libertação.
Bem, eu não escrevo mais frequentemente porque onde moro não temos internet, nem corrente elétrica. Apenas 3 horas e meia de luz, à noite. Fica muito caro instalar internet. Fizemos já um pedido, um projeto, mas nenhuma resposta por enquanto.
Já lhes informei também que moramos a 12 quilômetros do centro da cidade de Butembo, com acesso difícil, principalmente quando chove. E aqui chove constantemente. Para terem uma idéia, desde que estou aqui, há sete meses, somente uma vez aconteceu de termos 4 dias seguidos de sol. E chove regularmente e abundantemente. E faz frio. Estamos a 1700 metros de altitude, bem embaixo do equador.
Minha missão, graças a Deus, vai bem. Estou contente. Estou fazendo o que gosto de fazer: conferências sobre a vida religiosa, sobre a Igreja, sobre a nossa Congregação e sobre o nosso Fundador. Por enquanto estou sozinho nesse trabalho intelectual. Depois da Páscoa virá um auxiliar, o P. João Cláudio. Infelizmente, o jovem sacerdote, P. Alain, que veio em novembro, ficou pouco tempo aqui e foi embora.
A cidade de Butembo é muito próspera, com contrastes terríveis entre a riqueza e a pobreza. É chocante ver como vive a grande maioria de nossos irmãos e irmãs de Butembo. O que me faz sofrer muito é a condição das mulheres daqui: elas trabalham muito e pesadamente; Elas estão na roça, no mercado, no transporte de mercadoria, nas costas, na cabeça etc. Além disso, têm a responsabilidade da criação de uma infinidade de filhos e filhas.
Sob o ponto de vista da religião, a Igreja católica está relativamente bem, nessa cidade. O clero diocesano é numeroso. Inclusive envia missionários para outros paises da África e mesmo da Europa ( Italia, principalmente). O número de congregações religiosas, masculinas e femininas, é muito grande. São 11 noviciados nessa cidade, além de alguns postulantados e cursos propedêuticos, para os aspirantes à vida religiosa. A Congregação mais numerosa é a Congregação dos Assuncionistas, do Padre D’Alzon. Eles aqui vieram em 1929, substituir a nossa Congregação SCJ, que iniciou a evangelização dessa região em 1906.
Em outubro de 2010 estarei de novo no Brasil, para um periodo de férias. Então poderemos falar e conversar mais sobre minha vida aqui.
O local e a casa onde moramos é fantástico. Muito bonito. Montanhas, pastagens, criação de gado, ovelhas etc. Mas o difícil é o acesso a esse local. Sempre digo que moramos no paraíso, mas para chegar aqui é preciso passar pelo inferno das estradas. Além disso, há o perigo de grupos armados que ainda rondam por aqui. Não saímos à noite. Quando escurece, todo mundo fica em casa. A liturgia, as celebrações na igreja são sempre durante o dia.
Mais um vez, eu desejo a todos uma Feliz Páscoa! Que Jesus ressuscitado seja nossa alegria, nossa força, nossa vida! Pois Ele é o nosso caminho, nossa verdade e nossa vida!
P. Osnildo Carlos Kl.ann.
Pingback: Pe. Joãozinho, SCJ
Que linda carta do Pe. Osnildo!
Pelo que sei do Congo imagino a dificuldade de locomoção e as chuvas.
Quando leio cartas assim, vejo que Jesus caminha vivo nos passos e na boca de nossos padres, que correm o mundo espalhando a Palavra de Deus.
Que Deus ilumine o trabalho missionário dele e de todos os evangelizadores que correm mundo.
Sua benção.
Pingback: Amanda
por favor onde encontro qs partitruras de MARIA MINHA MÀE E MANDA TEU ESPIRITO JESUS. OBRIGADA SE RESPONDEREM http://recaptcha.net/popuphelp/pt.htmlAO MENOS.
Sei que o assunto não tem conexão com meu post, mas é preciso estarmos atentos ao ciclo de miséria que torneia a África:
Naomi Campbell admite ter recebido “2 ou 3 pedras sujas”
Leidschendam (Holanda), 5 ago (EFE).- A modelo Naomi Campbell declarou hoje ter recebido “duas ou três pequenas pedras sujas” das mãos de desconhecidos na noite em que conheceu o ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, em seu depoimento como testemunha no julgamento do antigo dirigente, acusado de crimes de guerra.
O Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL) julga Taylor pela acusação de financiamento à guerrilha revolucionária com os chamados “diamantes de sangue”.
Taylor presenteou supostamente com diamantes brutos a modelo britânica após um jantar realizado na casa de Nelson Mandela, em setembro de 1997, quando ela tinha 27 anos e ele 49.
Naomi explicou que naquela noite retirou-se para o seu quarto após o jantar. Quando já dormia, dois homens bateram à porta do quarto para entregar-lhe uma pequena bolsa de tecido com “duas ou três pequenas pedras sujas”, que então não sabia se tratar de diamantes.
“Para mim os diamantes eram peças lindas, brilhantes, que vinham em uma caixa especial, e não era isso que parecia”, acrescentou.
“Este é um presente para a senhora”, disseram os dois homens, sem se identificarem, como contou a top model.
Na manhã seguinte, Naomi comentou o episódio no café-da-manhã com sua agente, Carole White, e com outra das convidadas, a atriz Mia Farrow.
Segundo a modelo britânica, “uma das duas” disse que o responsável pelo presente “devia ser Charles Taylor”.
A top afirmou que aquela noite foi a primeira e única vez que viu Taylor. Na manhã seguinte ela doou as pedras à Fundação Nelson Mandela.
Como lembra, ela não ficou com as “pedras” mais do que seis horas, pois após o café-da-manhã entregou-as ao então chefe da Fundação Nelson Mandela, Jeremy Radcliffe.
Só no ano passado a modelo voltou a conversar com Radcliffe, quem disse então que ainda tinha os diamantes em seu poder.
Durante o depoimento, Naomi se mostrou tranquila. Mas deixou transparecer o “incômodo” que era para ela participar do julgamento e sua vontade de “acabar com tudo isto o mais rápido possível” para continuar sua vida.
A modelo admitiu preocupação com “a segurança de sua família”, pois viu na internet que Taylor “matou muitas pessoas” e não quer que sua família “corra risco algum”.
Até conhecer Charles Taylor naquela noite disse “nunca ter ouvido falar de um país chamado Libéria, nem dos diamantes de sangue”.
O TESL reservou seis horas hoje para ouvir Naomi. Se o tempo não for suficiente, o depoimento pode continuar amanhã.
Charles Taylor está sendo julgado desde janeiro de 2008 em Haia por 11 acusações de crimes de guerra e contra a humanidade por seu envolvimento no conflito civil que assolou Serra Leoa entre 1991 e 2002, e que causou 50 mil mortos.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2010/08/05/naomi-campbell-admite-ter-recebido-2-ou-3-pedras-sujas.jhtm
Mais tristes notícias vindas da África:
Cresce a violência na região de Darfur, no Sudão
A violência na turbulenta região de Darfur, no Sudão, aumentou nos últimos meses, disse Alain Le Roy, o chefe das operações de força da paz da ONU, na quarta-feira. Ele atribuiu o aumento a uma combinação de fatores, incluindo conversações de paz espasmódicas, rivalidades tribais renovadas e a tensão geral no maior país da África, à medida que seu sul caminha lentamente para um referendo de independência.
Chamando a situação de “um quadro sombrio”, Le Roy disse em uma coletiva de imprensa que a segurança deteriorou significativamente, à medida que diminui o otimismo com o cessar-fogo de 2009.
Estatísticas recentes da ONU indicam que as mortes deste ano já se equiparavam às 832 mortes violentas registradas em todo o ano de 2009. Maio, com 400 mortes, foi o mês mais sangrento desde que as forças de paz foram posicionadas em dezembro de 2007.
É difícil resumir a trama complicada de atores na região, especialmente com a fragmentação dos movimentos rebeldes e o aumento dos criminosos bem armados que ocorreram ao longo dos sete anos em que guerra se arrasta. Parte do recente derramamento de sangue foi até mesmo atribuído a um esquema de pirâmide, que fez com que milhares perdessem suas economias.
Primeiro, em maio, o Movimento Justiça e Igualdade (MJI), o mais poderoso grupo rebelde de Darfur, abandonou as negociações de paz que transcorriam em Doha, Qatar, após o governo sudanês ter rejeitado sua exigência de que fosse o único negociador representando os rebeldes à mesa. Desde então, o grupo vem tentando se reafirmar militarmente e foi forçado a entrar em alguns combates, após o vizinho Chade ter melhorado seus laços com Cartum e fechado as rotas habituais de fuga do grupo pela fronteira.
Segundo, o conflito foi provocado por confrontos entre tribos árabes nômades e africanos não migratórios pelo suprimento de água. Com cerca de 2 milhões de pessoas, a maioria africana, deslocadas de suas terras e as tribos árabes disputando entre si os espólios, os recursos de água estão ainda mais escassos.
Terceiro, o sul do Sudão, que lutou por 50 anos com o norte em uma guerra que matou cerca de 2 milhões de pessoas, deverá votar a independência em um referendo em 9 de janeiro. O governo no norte quer pacificar Darfur antes do referendo – tanto porque Darfur terá um peso adicional no país menor que o Sudão provavelmente se tornará, assim como para desencorajar qualquer ideia separatista entre a população local. “Eles querem reafirmar seu controle político e militar”, disse Fabienne Hara, do Grupo de Crise Internacional. “Eles temem que Darfur não estará sob seu controle até janeiro de 2011.” A força de paz da ONU continua em confronto constante com o governo. Por exemplo, um soldado de paz egípcio sangrou até a morte em maio, após o governo ter se recusado a permitir que um helicóptero voasse para realizar sua evacuação, disseram funcionários da ONU. O governo sudanês professa regularmente sua cooperação plena.
Grande parte da atenção no Sudão se concentra em assegurar que o Acordo Abrangente de Paz, assinado em 2005 entre o norte e o sul não entre em colapso ao chegar ao seu momento mais crítico. Restando cinco meses para a votação da independência, a comissão para supervisionar a votação carece de um líder e ainda restam perguntas complicadas, como quem terá direito de votar, que ainda não foram respondidas.
Questões maiores, como a divisão dos recursos de petróleo entre o norte o sul também precisarão ser negociadas.
Alguns analistas culpam o governo Obama pela falta de uma política clara para o Sudão, dividida entre a linha mais branda do general J. Scott Gration, o emissário do presidente Barack Obama para o Sudão, e a abordagem de maior confronto frequentemente expressada por Susan E. Rice, a embaixadora americana na ONU.
Eles negam um racha, mas um alto funcionário do Departamento de Estado disse que Washington ainda está lutando para definir uma política. “Não há um senso de urgência de que este é um momento crucial e que temos que moldá-lo”, disse o funcionário, falando sob a condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre o assunto.
Tradução: George El Khouri Andolfato
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2010/08/05/cresce-a-violencia-na-regiao-de-darfur-no-sudao.jhtm