Em um concerto de homenagem do presidente italiano ao Papa e aos sacerdotes
“O estudo da música tem um elevado valor no processo educacional do indivíduo, uma vez que produz efeitos positivos no seu desenvolvimento, favorecendo o crescimento humano e espiritual”, assegurou o Pontífice.
O Papa reconheceu que “no atual contexto social, qualquer trabalho de educação parece ficar sempre mais árduo e mais problemático”.
“Frequentemente, entre pais e professores, é falado das dificuldades que encontram na hora de transmitir às novas gerações os valores básicos da existência e de um comportamento correto”, explicou.
“Esta situação problemática interessa tanto à escola como à família e às diversas instituições destinadas à formação”, continuou.
Como resposta, “a música pode abrir as mentes e os corações à dimensão do espírito e conduzir as pessoas a elevar o olhar para as alturas, a abrir-se ao bem e à beleza absolutos, cuja fonte suprema é Deus”, disse o Papa.
“A alegria do canto e da música é também um convite constante para os crentes e os homens de boa vontade a comprometerem-se a dar para à humanidade um futuro repleto de esperança”, afirmou.
Por outro lado, continuou Bento XVI, “a obrigação de não tocar sozinho, mas de compor as diversas cores da orquestra, e ainda mantendo suas próprias características, se fundirem” e “a procura comum da melhor expressão, tudo isso constitui um exercício formidável, não só no âmbito artístico e profissional, mas no âmbito humano em geral”.
Em seu discurso, o Papa destacou que “os jovens, embora vivam em contextos diversos, compartilham a sensibilidade dos grandes ideais da vida, mas encontram muitas dificuldades para vivê-los”.
“Não podemos ignorar suas necessidades e expectativas, nem tampouco os obstáculos e ameaças que encontram”, notou.
De acordo com Bento XVI, os jovens “sentem a necessidade de se aproximar dos valores autênticos como o caráter central da pessoa, a dignidade humana, a paz, a justiça, a tolerância e a solidariedade”.
“Eles também procuram, às vezes de forma confusa e contraditória, a espiritualidade e a transcendência para encontrar equilíbrio e harmonia”, acrescentou.
O Santo Padre valorizou a longa experiência da Escola de Música de Fiesole, cuja orquestra interpretou obras de Giovanni Battista Sammartini, Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven e agradeceu pelo concerto a Napolitano.
Concluiu o discurso pedindo a todos que rezassem por ele, de forma que, “no começo do sexto ano de pontificado, eu possa cumprir sempre meu ministério segundo a vontade do Senhor”.
Por sua vez, o presidente italiano realçou que este concerto foi como um “oferecimento de serenidade” em um contexto nada “fácil” e até mesmo “áspero”, em uma conversa que teve com os assistentes antes do concerto.
Napolitano disse acompanhar com “discrição” e “respeito” o modo como o Papa exercita sua “elevada missão” diariamente.
E afirmou que o concerto é a expressão de sua “proximidade intensa e afetuosa” e de todo o povo italiano.
O presidente também mostrou sua “consideração” pela contribuição na “busca pelo bem e pela concórdia” e o compromisso “espiritual e social dos sacerdotes que trabalham na Itália”.
Também enfatizou a preocupação do Papa pelo progresso da Itália e pelas dificuldades e crises “sem solução”, como a do “processo de paz” no Oriente Médio.
Antes do concerto, o Papa e o presidente Napolitano tiveram um encontro “em um clima de grande cordialidade”, informou a presidência da República Italiana.
Eles abordaram “os principais questionamentos da atualidade internacional” e detiveram-se especialmente nas questões sobre o Oriente Médio.
O Papa evocou a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, que acontecerá no Vaticano de 10 a 24 de Outubro de 2010.
Napolitano ofereceu ao Papa a nova edição em italiano do “Tratado do futuro Papa Piccolomini sobre a Europa” (Europa, 1453), como mostra de seu apreço pelos esforços do Papa “de fazer progredir uma visão correta da Europa.”