Em geral as conferências do Santo Padre nestes dias de visita a portugal duraram não mais do que 13 minutos. Uma das mais densas e marcantes foi, com certeza, a alocução aos bispos de Portugal na tarde do dia 13 de maio. Tive a oportunidade de ouvir tudo ao vivo pela rádio. Ele falava em tom coloquial, apesar de que cada palavra tinha um peso. Ele sabia que estava no coração de sua missão de confirmar os bispos na fé e no pastoreio. A certa altura Bento XVI fez referência a uma frase sem autor, como que algo que se ouve com frequencia por aí:
_ “Poderia alguém dizer: «É certo que a Igreja tem necessidade de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade…, mas não os há»!”
Os dois parágrafos que se seguiram a esta frase são um testamento sintético de Bento XVI a respeito dos Movimentos Eclesiais. Quem participa, por exemplo, da RCC terá aqui um referencial para refletir sobre sua identidade e eclesialidade.
A palavras do Papa:
“A propósito, confesso-vos a agradável surpresa que tive ao contactar com os movimentos e novas comunidades eclesiais. Observando-os, tive a alegria e a graça de ver como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de «inverno da Igreja», o Espírito Santo criava uma nova primavera, fazendo despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos, de viverem na Igreja que é o Corpo vivo de Cristo. Graças aos carismas, a radicalidade do Evangelho, o conteúdo objectivo da fé, o fluxo vivo da sua tradição comunicam-se persuasivamente e são acolhidos como experiência pessoal, como adesão da liberdade ao evento presente de Cristo.
Condição necessária, naturalmente, é que estas novas realidades queiram viver na Igreja comum, embora com espaços de algum modo reservados para a sua vida, de maneira que esta se torne depois fecunda para todos os outros. Os portadores de um carisma particular devem sentir-se fundamentalmente responsáveis pela comunhão, pela fé comum da Igreja e devem submeter-se à guia dos Pastores. São estes que devem garantir a eclesialidade dos movimentos. Os Pastores não são apenas pessoas que ocupam um cargo, mas eles próprios são carismáticos, são responsáveis pela abertura da Igreja à acção do Espírito Santo. Nós, Bispos, no sacramento, somos ungidos pelo Espírito Santo e, por conseguinte, o sacramento garante-nos também a abertura aos seus dons. Assim, por um lado, devemos sentir a responsabilidade de aceitar estes impulsos que são dons para a Igreja e lhe dão nova vitalidade, mas, por outro, devemos também ajudar os movimentos a encontrarem a estrada justa, com correcções feitas com compreensão – aquela compreensão espiritual e humana que sabe unir guia, gratidão e uma certa abertura e disponibilidade para aceitar aprender. Iniciai ou confirmai nisto mesmo os presbíteros.”
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Fiz questão de ressaltar a frase “graças aos carismas”, que do meu ponto de vista é o eixo do texto. O papa afirma que o Espírito Santo continua a suscitar na Igreja uma multiplicidade de carismas que tornam possível aquecer este inverno. É claro que isto não é exclusividade da RCC. Bento XVI faz questão de lembrar que os próprios bispos são carismáticos. Infelizmente temos a capacidade de sufocar este fogo em nossa vida. Portanto é preciso ouvir novamente o sempre atual conselho de Paulo a Timóteo: “reinflama o carisma de Deus que está em ti” (2Tm 1,6).
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