Porta-voz vaticano faz um balanço da viagem a Portugal
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 18 de maio de 2010 (ZENIT.org). – Com sua viagem a Portugal, Bento XVI ensinou a Igreja a avaliar as dificuldades à luz da mensagem de Maria em Fátima, disse o porta-voz vaticano.
Ao fazer um balanço da recente visita apostólica a Portugal, realizada entre os dias 11 e 14 de maio, o Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, explicou como interpretar as palavras do Papa sobre a profecia de Fátima – que, segundo ele, ainda não foi concluída.
A intenção do Papa foi dizer que “não devemos esperar nada novo de Fátima e do que foi dito pelos pastorinhos, pelas visões e pelas profecias, no que se refere ao anúncio de eventos concretos nos próximos anos ou nos próximos séculos. Isto não está em questão”, sublinhou o Pe. Lombardi aos microfones da Rádio Vaticano.
“A profecia de Fátima, na perspectiva do Papa, que deve também ser a nossa perspectiva” – continuou -, significa ter aprendido a ler nos acontecimentos da nossa história o caminho da Igreja, com suas dificuldades e suas esperanças na fé de que tudo está sob o olhar de Deus, que acompanha a Igreja e a humanidade em seu caminho, age com sua graça naqueles que se dirigem a Ele, e nos convida a assumirmos um compromisso com esta história, começando pela nossa conversão, para agir segundo os critérios do Evangelho.”
“A profecia, entendida como leitura da realidade e história humanas, característica de Fátima, ensinou-nos a olhar não apenas nossa vida pessoal, mas também a vida da Igreja e de toda a humanidade sob a luz de Deus e de seu amor, com o compromisso de nos convertermos, tornando-nos testemunhas cada vez mais fiéis do amor de Deus no mundo em que vivemos e na história.”
“Esta é uma mensagem profética que continua sendo muito atual, e assim será no futuro”, opina o porta-voz vaticano.
A pior perseguição advém do pecado
Uma das frases do Papa que marcou esta viagem foi sua declaração, dirigida aos jornalistas durante o voo com destino a Lisboa, quando assegurou que a maior perseguição que afeta a Igreja não provém de inimigos externos, mas do pecado do interior da Igreja.
“Permitiu compreender que os sofrimentos, as dificuldades que a Igreja encontra, incluindo aqueles referentes à situação vivida nos últimos meses ou anos (…) em decorrência dos pecados cometidos por seus membros – os abusos sexuais – são algo que a Igreja carrega dentro de si: carrega consigo, portanto, também a realidade do pecado. E por esta razão, a mensagem de Fátima é sumamente atual e importante, pois nos fala de conversão, nos fala de penitência.”
“Assim, no contexto de uma leitura ampla do significado dos acontecimentos de Fátima, do ponto de vista espiritual, não devemos apenas pensar nas perseguições que partem de fora, que certamente têm tido um grande papel nos sofrimentos e nas dificuldades que assolam a Igreja (…). O Papa observou que os sofrimentos e as dificuldades da Igreja provêm também do nosso interior, isto é, do fato de sermos também pecadores, motivo pelo qual a mensagem de conversão e penitência se reveste de especial importância.”
Para o Pe. Lombardi, o balanço desta 15ª viagem apostólica internacional – a primeira a Portugal – “é superior às expectativas”.
“Podemos dizer que foi uma viajem maravilhosa. A acolhida foi enorme, calorosa, superou as expectativas dos organizadores. O Papa ficou muito impactado, muito feliz e se sentiu extremamente apoiado”, concluiu.