– O que o senhor (sendo padre) acha que deveríamos fazer para conscientizarmos nossos párocos sobre a importância da Pastoral da Comunicação?

A carta do Papa Bento XVI para este 44º Dia Mundial da Comunicação foi suficientemente clara. Os sacerdotes precisam estar minimamente presentes no continente digital. A PASCOM é a “salvação” para alguns sacerdotes com pouca fluência na Internet. Nosso mundo migra rapidamente para o ambiente virtual. Precisamos estar “aonde o povo está”.
– Percebe-se que os padres mais antigos (com 25 anos ou mais de ordenação) são mais entusiasmados com a comunicação e as novas mídias que os novos padres. A que se deve isso?

Isto seria uma verdadeira tragédia. Mereceria um estudo sério e ponderado. Não tenho dados para verificar o alcance desta afirmação. Existem estatísticas ou pesquisas? É uma situação geral, ou situada em alguns lugares? Vale uma tese de mestrado. Alguém se habilita?
– Qual é a fronteira entre utilizar demais as novas mídias na evangelização – e correr o risco de ficar “queimado” – ou não estar presente?

Nosso seminário acontece no dia do Imaculado Coração de Maria. O evangelho de Lucas, da missa de hoje, terminou dizendo que Maria “conservava todas as coisas, ponderando-as no seu coração”. Ponderar, eis o desafio. É preciso alcançar, pelo exercício e pela ascese, uma disciplina virtual. A Internet é apenas um meio. Não é o fim nem a “salvação das almas”. É preciso relativizar os meios ou eles nos engolem. Só Deus é Deus. O Google não é…

– O que está faltando para a Igreja verdadeiramente invadir o meio virtual?

Não creio que seja necessário “invadir”. Há espaço para todo mundo. A Internet ainda é muito mal ocupada. Mesmo os evangélicos, que tradicionalmente ocuparam a TV, não estão muito atentos às Redes Sociais. É a nossa hora de colocar o BLOG no ar… e a baixo curto!

– O que colocar nos meios? Que conteúdos podem ser utilizados na evangelização?

A qualidade da mensagem é muito importante para garantir a sua credibilidade. Por isso é necessário utilizar “filtros” para não colocar qualquer coisa no ar no afã de se fazer presente. Uma boa equipe de PASCOM precisa ter alguém que tenha a capacidade de utilzar um filtro teológico ou gramatical. Um site de Igreja com erros de português pode colocar em risco a credibilidade do que se diz.

– O meio virtual pode ser utilizado em qualquer situação ou de acordo com o público daquela paróquia/comunidade? Ele pode ser melhor utilizado no meio urbano e menos na regiões do interior ou periféricas?

Não vamos esquecer que Internet com suas Redes Sociais são novos meios, são estradas mais acessíveis… Logo quase todos terão presença neste meio. A acessibilidade cresce mais na periferia que nos grandes centros. Mesmo os mais pobres estão tendo acesso à rede. Ela é menos excludente do que um livro que custa 25 reais. Por isso, se não puder adquirir meu livro, entre em meu BLOG. É de graça e cheio de graça: http://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/

Já terminei minha participação no 1º SEMINÁRIO DA PASTORAL DA COMUNICAÇÃO (PASCOM) de Santa Catarina. Compareceu um grupo pequeno mas extremamente representativo e qualificado. Há esperança de que a Igreja Católica em Santa Catarina intensifique e requalifique sua presença evangelizadora no CONTINENTE DIGITAL. Hoje precisamos dar alma à Internet. Há uma nova geração que já nasceu digitalizada. A cibercultura é uma realidade e precisa ser estudada e entendida. Este foi o assunto do nosso 1º SEMINÁRIO. Veja a foto de alguns participantes.

Ontem o encontro da PASCOM do Regional Sul 4 da CNBB (Santa Catarina) contou com a presença inteligente e bem humorada de Dom Murilo, me conterrâneo e confrade de congregação. Na foto se vê de um lado a Terezinha, coordenadora do evento e do outro Pe. Francisco, assessor da Pascom.

DÉCIMA PROMESSA

“Darei aos sacerdotes o dom de tocar os corações mais endurecidos.”

Antes de começar a escrever sobre esta promessa fiz uma revisão destes meus sete anos de sacerdócio na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Na verdade eu nunca tinha prestado muita atenção nessa promessa. Mas ela se cumpriu em cada minuto do meu apostolado. Nestes anos todos fiz muitas canções. Mas nenhuma ficou tão marcada na alma do povo quanto aquela em que o Espírito Santo me inspirou a cantar “Conheço um coração tão manso, humilde e sereno… Jesus manda teu Espírito, para transformar meu coração”. É impossível não ficar emocionado quando chego em um lugar onde nunca estive antes e vejo o povo cantando de cor (que significa “de coração) esta canção que um dia fez parte de meu diálogo solitário com o Coração de Jesus.

Na verdade eu amo muito este Coração humano-divino. Não sei pregar durante cinco minutos sem falar da ternura de Deus que se faz visível, sensível, palpável no Coração de Jesus. Ele é a manifestação mais concreta do amor de Deus por nós. Os frutos são imediatos. A promessa se cumpre. Até os corações mais endurecidos são tocados.

Entre as tarefas que Deus me confiou está a de ser professor de teologia. Posso lhe dizer que é uma tentação muito grande a gente querer entender Deus. Santo Agostinho bem que tentou. Santo Tomás perseguiu esta compreensão a vida toda. Mas o que fez destes homens grandes santos não foi sua preciosa inteligência, mas seu grande amor a Deus. De nada adiantariam teorias sobre Deus. Podem no máximo alimentar nossos debates de escola. Podem preencher nossas aulas. Mas não servem para saciar nossa fome de Deus. Já me aconteceu de preparar uma bela pregação e revestir-me de toda a eloqüência e sabedoria… e não aconteceu nada. No máximo as pessoas ficaram com seus ouvidos massageados por belas palavras ou bonitas canções. Quando me coloco nos braços do Bom Pastor, do Coração de Jesus, aí é diferente. A unção supera a inteligência. A eficácia supera a eficiência. O afeto de Deus presente em nossas palavras é imediatamente sentido pela alma do povo.

Você pode estar pensando: – “felizes dos padres que têm nessa promessa uma garantia de eficácia para o seu apostolado. Quisera ter esta força pois já não sei o que faço para tocar o coração endurecido do meu filho, ou do meu marido…”. Escuto esta reclamação todas as semanas. Por isso devo lhe dizer que a Décima Promessa não é só para os padres. É para os sacerdotes. E você sabe que pelo batismo todos nós nos tornamos em Cristo um povo de “sacerdotes, profetas e rei-pastores. Isto daria pano prá manga se quiséssemos explicar tim-tim por tim-tim. Não faltará ocasião. Basta no momento dizer que Jesus é o único e eterno sacertote: aquele que nos conduz ao Pai. Todos nós somos sacerdotes nele. Acolhidos em seu Coração, aquecidos pelo fogo do Espírito, estamos em viagem de volta para a casa do Pai. Neste caminho cantamos, fazemos a festa da partilha e do perdão. Celebramos. Os padres são os ministros ordenados para manter este povo na unidade. Nossa missão é reger a orquestra. Mas cada um deve tocar seu instrumento.

Portanto consagre as pessoas que você ama ao Sagrado Coração de Jesus. Lembre-se: ele lhe dará o dom de tocar até os corações mais endurecidos. Creia, ame e espere!