Dá pra acreditar? Repercuto pela seriedade trágica da notícia!!!

Só a vuvuzela sacode o Senado

RUTH DE AQUINO

Nunca antes na história o Senado brasileiro teve uma semana tão profícua. Véspera de Copa, com o país amortecido pela polêmica da Jabulani e o requebrado da Shakira, os 81 senadores esqueceram o corpo mole e partiram para o ataque. A julgar pela quantidade de decisões nos últimos dias, deveríamos fazer um exame de doping. Até de madrugada, todos votavam com uma energia incomum. Entraram impedidos, chutaram a Jabulani na trave e fizeram gol contra. Vuvuzela neles.

O país só examinou as jogadas no tira-teima. O juiz supremo, Lula, já prometeu anular uma das manobras, a da partilha dos royalties de petróleo. Quem sabe a sociedade – que conseguiu na semana passada uma vitória incontestável na campanha pela Ficha Limpa já em 2010 – se conscientize agora do poder da mobilização popular. A internet e as redes sociais podem ajudar o cidadão a promover um vuvuzelaço virtual sempre que o Senado fizer jogadas ilegítimas. Dando carrinho na Constituição, atropelando a ética, votando em benefício próprio. Ou prejudicando a arquibancada.

Primeiro, o Senado recontratou uma empresa de limpeza, a Adservis, que havia sido multada em R$ 4 milhões por não pagar a seus próprios funcionários. Nem os jornalistas que cobrem o Congresso em Brasília se animam a investigar essa caixa-preta. Eles já desistiram, resignados. Todo ano, dizem, é a mesma coisa. Como assim? Você e eu queremos saber por que a Adservis pôde participar de uma concorrência se, em janeiro, alegou problemas financeiros e deixou de pagar a quem limpava as latrinas e servia cafezinho. Quem assumiu a folha foi o Senado. Agora, a mesma empresa vai receber R$ 1,2 milhão por mês para fazer a faxina da Casa. Em miúdos, limpar o Senado custa aos cofres públicos – ou a nosso bolso – R$ 40 mil por dia! Isso caso a limpeza fosse diária. Duvidoso, porque os senadores trabalham cerca de três dias e meio por semana. Notícia importante ou supérflua? O Congresso não prometera cortar excessos e diminuir despesas? A Adservis não vai conseguir limpar o Senado. Quem sabe a mobilização popular consiga no grito. Vuvuzela neles.

No ataque até a madrugada, os senadores fizeram gol
contra e deram carrinho na Constituição

No dia seguinte, o Senado aprovou um plano “secreto” de reajuste de cargos e salários. Todos assinaram, menos uma petista de nome impronunciável, Serys Slhessarenko. O presidente do Senado, José Sarney, também assinou – mas afirmou ignorar detalhes. O Senado se habituou a atos secretos. Mas o jornal O Globo teve acesso ao plano: o aumento seria de 8,5% neste ano e 17% no ano que vem. Como esses % não significam nada para nós, mortais, aí vai o impacto em números absolutos: mais R$ 217 milhões de gastos agora com a folha e mais R$ 481 milhões em 2011. O salário de consultor do Senado pularia de R$ 14 mil para R$ 22 mil. A despesa total com pessoal já é de R$ 2,2 bilhões ao ano. Temos um dos Congressos mais caros do mundo. Quero ver o próximo presidente engolindo uma Jabulani dessas. O “plano” ainda precisa ir a plenário. Anotem aí: o prazo para aprovação dessa jogada é 2 de julho. Vuvuzela neles.

Na madrugada fria de quinta-feira, às 2h25, quando o país dormia e sonhava com o hexa na África do Sul, o energizado gaúcho Pedro Simon estava em pé na tribuna do Senado. Nem aparentava seus 80 anos. Na ânsia de aprovar sem debate a mudança na distribuição dos royalties do petróleo, ele apelou a uma retórica fatal. Em vez de argumentos, $$$. O Acre passa a ganhar tanto. Alagoas, esse outro tanto. Seguindo a tabelinha ensaiada, o senador Heráclito Fortes perguntou: “E o Piauí, senador?”. “De R$ 18 milhões passa a mais de R$ 1 bilhão”, respondeu Pedro Simon. Todas eram contas fictícias e improváveis. O petróleo ainda não está sendo explorado. Não se tem ideia de quando o país conseguirá atingir o pré-sal.

Ninguém dormia na plateia, ao contrário das sessões sonolentas que discutem coisas intangíveis e menos importantes como emprego, saúde e educação. A lógica do bônus (não do ônus) era infinitamente mais sedutora para os 41 senadores que votaram a favor da emenda Simon. A emenda contraria a Constituição. Entra em campo, Lula. Vuvuzela neles.

6 Comentários

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  26. Luciana dos Santos

    Boa tarde,padre João Carlos
    Infelizmente,ficou provado que quando querem e interessa escontra-se “tempo” para os projetos serem votados…
    Eis que surge a vontade política,ambígua,mas aparece…
    Foi lamentável a atitude desses senadores,em sua maioria,naturalmente…
    Na calada da noite aprovaram o projeto pré-sal que simplesmente trará prejuízos enormes ao estado do Rio…
    Fazer Reforma Tributária somente no Rio de Janeiro é no mínimo falta de compromisso público com o país,a sociedade e casualismo político-eleitoral…
    Por que só o Rio de Janeiro? E os outros estados que também exploram os recursos naturais?
    Admiro a política,mas não posso dizer o mesmo de alguns políticos…
    As eleições se aproximam…hora de os brasileiros colocarem as pessoas certas nos lugares certos…
    Caso contrário essa situação se perpetuará…
    Um abraço……..

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  35. Simone Teixeira

    Pe. Joãozinho,

    A história se repete: quando o Brasil ganhou o tri em 1970, a quantidade de assassinatos e “deseparecimentos” de militantes políticos foi imensa… O problema é que alguns que lutaram tanto para que a ditadura acabasse, está usando os mesmas armas!
    Enquanto o povo se distrai com a copa, eles sobem na trubuna do senado… Continuam dando pão e circo aos desavisados para distrair o povo e deixar que eles continuem pensando que política é só para alguns!!! O governo que deveria ser do povo, para o povo e pelo povo, é dos mesmos, pelos mesmos e para os mesmos e quanto mais às escondidas, melhor… Fico indignada!

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  39. Esses políticos são nojentos.
    Se aproveitam de um momento de diversão do povo para aprovar leis que vão prejudicar o povo.
    O cidadão que rala, paga imposto não tem o direito de ver seu joguinho da Seleção em paz.
    Tem q ter um olho no peixe e o outro no gato.
    Deviam fazer um MP ou uma EC proibindo a votação sorrtaeira em madrugadas, principalmente em época de Copa.
    Povo não pode nem torcer em paz.
    Acho ridiculo quem diz q futebol é o ópio do povo.
    Tô aqui, com mta coisa pra resolver, mas smepre com um espacinho no coração para torcer pela nossa Seleção.
    Além da nossa vida e da torcida, temos que ter mil olhos pra não deixar os gatunos fazerem essas lambanças nas madrugadas.

    Uma lei que proíba essas votações madrugueiras, é isso q precisamos.

    Sua benção.

  40. Sandro Pereira

    Querido Pe. Joãozinho
    Pergunto eu, onde está o “todo poderoso” presidente da Repúbluca? O defensor das clases baixas da sociedade brasileira. Por onde anda o programa FOME ZERO? Acho que esse programa foi criado para os políticos, para os coitadinhos não passarem fome, isso já explica o noturno aumento de salários.
    NUNCA NA HISTÓRIA DESSE PAÍS SE ROUBOU TANTO.
    O “caridoso” governo federal dá pão( um mísero aumento no salário mínimo), circo(copa do mundo, olimpíadas) e bolsa família para iludir os mais necessitados.
    E ainda quer nos fazer crer que o país está progredindo, o PIB está aumentando. O único Produto Interno Bruto que aumenta nesse nosso amado e sofrido Brasil é o dinheiro nas contas bancárias desses “representantes do povo”.

    Enquanto isso, vamos comer pão e assiti o ciro que está esta copa do mundo.

    Que Deus tenha piedade de nosso povo, pois os caras lá de Braília não tem dó nem piedade.

    Abraços.

  41. Querido pe Joãozinho!

    Paz e Bem!

    Esse Senado não é sério. O pior é que não são eles que se elegem, não é que votamos neles. Fazer o quê?

    Atenção galera, ano eleitoral!!!

    E-beijocas cariocas da Família Mello

  42. Ficha limpa: os donos da lei

    Klauber Cristofen Pires

    Ao se observar a estranha seletividade da aplicação da Lei da Ficha Limpa, nota-se que esta é apenas mais uma tática para incriminar opositores ao PT, o partido dos mensaleiros e dos legitimadores políticos do narcotráfico continental. É mais um fruto do aparelhamento das instituições realizado pela quadrilha de Lula e seus lacaios.

    Ainda sobre a ficha limpa, assunto que retomo porque confirmam-se nos jornais as expectativas mais óbvias desde que o assunto tomou força a ponto de ter se concretizado em lei. Cadê a turma do mensalão, dos dólares na cueca, das invasões de terras, dos dossiês forjados?

    Como eu e poucos previmos, o que o golpe da ficha limpa veio trazer foi uma espécie de dumping eleitoral – uma forma de produzir algum diferencial legal que ponha pra fora os rivais do sistema governista, e isto funciona de tal forma a privilegiar o grupo que detenha o maior poder de denunciar.

    Ora, como foi que o PT subiu ao poder? Por meio de eficientíssimos órgãos de inteligência, alimentados por dados trazidos por milhares de militantes infiltrados em todos os órgãos, tais como a Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público, Ministério do Trabalho, Ibama, Incra, Banco Central, enfim, praticamente toda a máquina estatal.

    O Intemo (“Inteligência do Movimento”, pertencente ao MST), e a inteligência do PT, que restou cunhada como a PTpol, praticamente detêm o monopólio das informações sobre os seus inimigos. Lembram-se do procurador Luís Francisco de Souza, o Torquemada das esquerdas? Não se acomodem pelo seu silêncio, eis que desde 2003 o governo é do PT. Afinal, foi tão diligente que deu na vista. Ferveu o motor. Precisa do merecido repouso.

    Porém, ainda há mais sobre o que falar, algo ainda mais poderoso do que a já escandalosa rede de espionagem e atuação movidas com desvio de finalidade: eu falo da capacidade de incriminar o que não é um delito, e de tornar inimputável os mais notórios crimes. Quem possui tal prerrogativa manipula as mentes das pessoas desde cima, detém o efetivo controle sobre a mídia, sobre os promotores públicos, e até sobre os advogados dos acusados.

    Querem exemplos? Todas as acusações sobre alegados crimes de ódio, especialmente contra os homossexuais, transformaram-se, de uma hora para outra, em uma espécie de ordem de linchamento, aquela que ninguém sabe dizer de onde veio, mas que todos cumprem. E a tal da lei anti-homofobia nem sequer ainda existe, embora o governo já promova maciça campanha na tv e até mesmo nas escolas públicas. Outra: quando a Anvisa nem sequer havia publicado no DOU a sua tenebrosa RDC nº 24/2010, milhares de empresas já tratavam de ir se ajustando às futuras determinações que ainda estavam na prancheta.

    E quanto ao aborto? Quantas clínicas de assassinato de nascituros já foram fechadas nos últimos anos? Quantas mulheres foram presas? Cumpre lembrar o extremo do bizarro, representado por abusiva ordem judicial a proibir o Sr Padre Lodi da Cruz de chamar abortistas de “abortistas”.

    E quanto às invasões de terras? Em um país em estado de plena sanidade mental, um cidadão não necessitaria entrar com uma ação de reintegração de posse: bastaria chamar a polícia. Invasão que corta cercas, carneia gado alheio, sabota tratores e máquinas, devasta o plantio e toca fogo em armazéns e outras benfeitorias não merece ser chamada de pacífica nem sequer na mente de conquistadores como Gênghis Khan, afinal, mesmo eles reconheciam o que faziam. Mas no Brasil os seus defensores chamam tais terroristas de “movimento social” e dizem-se indignados com a “criminalização” dos seus atos.

    No Pará e no Paraná, a governadora Ana Júlia Carepa e o governador Roberto Requião têm sistematicamente desobedecido às ordens judiciais de reintegrações de posse. Pois pergunto: Estão, por acaso, alistados como inelegíveis por causa disto?

    Resumindo: para um partido ou corrente ideológica que pode dizer o que é legal e o que não é, mesmo que constitua um crime, ou que, respectivamente, não o seja, e que possui em suas mãos todos os instrumentos para levantar dados contra seus opositores (mesmo que tais informações, formalmente, não os incriminem), a ficha-limpa é notoriamente o instrumento de aniquilação da oposição por via da capa preta. Destes, nem podemos dizer que se acham “acima” da lei: eles são a lei!

    Olhem que estou dando exemplos notórios, tirados à vista grossa. Afinal, quando vêm à tona notícias como as que a CGU vinha selecionando por amostragem os municípios a serem auditados, e por “suprema coincidência”, nunca eram do PT, é porque estamos vendo somente o cimo do iceberg…

    Denunciar esta manobra é, sem dúvida, uma tarefa inglória, vez que até muitos famosos formadores de opinião que se situam como de direita aplaudem a nova lei. Todavia, precisamos persistir. No mínimo, para questionar por que a turma que instaurou o maior esquema de corrupção já havido no país nem sequer está na lanterna de tal lista.

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