Vai chegando ao final o 23º Congresso da SOTER: Sociedade de Teologia e Ciências da Religião que, desde segunda-feira, reúne 250 dentre os maiores nomes da reflexão teológica no Brasil e para além de nossas fronteiras. O tema era tão difícil quanto urgente e provocativo: Religiões e Paz Mundial.

A noite de segunda-feira foi dedicada a uma revisão destes 25 anos de história da SOTER. A memória foi feita por e-presidentes da associação, como o jesuíta Pe. João Batista Libanio, o redentorista Pe. Márcio Fabri dos Anjos, o franciscano Frei Luiz Carlos Susin e o leigo Paulo Fernando Carneiro. Foi feita a memória de dois ex-presidentes já falecidos: P. Toninho e Ir. Carmelita.

Conheça todo o programa de desenrolar do congresso pelo site: http://www.soter.org.br/wp/

Aconteceram mesas temáticas muito interessantes, sempre em torno do tema RELIGIÕES&PAZ.

Foi discutida também a posição oficial e as ações da SOTER em relação ao Projeto de Lei 114/2005, do Senador Crivella, que pretende regularizar a profissão de teólogo. A SOTER tem se manifestado fortemente contra o projeto por perceber sua insconstitucionalidade ao ser uma forma de controle das igrejas e uma tentativa de viabilizar “teólogos” que possam dar aulas de ensino religioso sem terem feito Curso Superior de Teologia. O projeto encontra-se no Senado Federal e pode ir à plenário e votação.

Aconteceu durante este Congresso SOTER uma vídeo-conferência. Maria Clara Bingemer falou-nos diretamente de Chicago. pudemos fazer perguntas. Eu mesmo perguntei sobre uma Teologia Pacífica da Salvação e ela respondeu com inteligência e cordialidade.

Infelizmente, motivos de força maior me impedem de participar dos finalmentes deste interessante congresso. Hoje a tarde acontece a eleição da nova diretoria e amanhã acontecerá a conferência de encerramento com o Teólogo Andrés Torres Queiruga.

Arcebispo suíço assume dicastério para a Unidade dos Cristãos

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de julho de 2010 (ZENIT.org) – Apaixonado pelo ecumenismo, Dom Kurt Koch assumiu em 1º de julho a presidência do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Deixa, assim, a diocese suíça da Basileia, onde foi bispo por 15 anos, para suceder o prelado alemão Walter Kasper, que dirigia o dicastério desde 1999. Nesta entrevista concedida a ZENIT, Dom Koch fala de sua experiência e dos desafios que terá de enfrentar.

ZENIT: Como recebeu a notícia de sua nomeação para a presidência do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos?

Dom Kurt Koch: Para mim, isso representa uma grande honra. O Santo Padre manifestou em fevereiro, durante uma audiência pessoal, seu desejo de que eu estivesse à frente deste dicastério. Para mim, é uma grande alegria, pois o ecumenismo sempre esteve em meu coração; na Suíça, os protestantes são muito próximos e tenho também grande interesse pelas Igrejas Ortodoxas.

ZENIT: Quais são os principais desafios deste dicastério?

Dom Kurt Koch: Num primeiro momento, será necessário observar o panorama completo. Eu já integrava o Conselho desde 2002, envolvido também no diálogo com os ortodoxos. Em primeiro lugar, gostaria de falar com todos aqueles que colaboram conosco, e em novembro teremos nossa primeira assembleia plenária. O primeiro desafio será preparar adequadamente esta reunião, para que possamos ter uma visão global do ecumenismo e avaliar como proceder.

ZENIT: Como foi sua experiência como bispo da Basiléia, especialmente no que se refere ao ecumenismo?

Dom Kurt Koch: As Igrejas e comunidades eclesiais nascidas com a Reforma na Suíça constituem um caso especial. O grande desafio é representado pelo diálogo ecumênico entre católicos e ortodoxos. Temos um mesmo fundamento de fé, mas uma grande diversidade de culturas, enquanto nas Igrejas da Reforma o fundamento não é tão comum, mas sim a cultura. Com elas, há uma outra forma de fazer ecumenismo, que nem sempre é fácil.

ZENIT: E a experiência como presidente da Conferência Episcopal Suíça?

Dom Kurt Koch: Estive como vice-presidente durante 9 anos e como presidente por outros 3. Era um bom trabalho. Como presidente, pude abrir os olhos para a Igreja em nível europeu, meu trabalho na diocese prosseguiu, mas foi preciso reorganizar as atividades comuns, o que nem sempre é fácil.

ZENIT: Qual o papel da comissão para o diálogo com os judeus?

Dom Kurt Koch: No que diz respeito às relações entre católicos e judeus no âmbito deste Conselho, o cardeal Kasper fez muito para melhorar e aprofundar o diálogo. É muito importante conhecer e aprofundar nas dimensões religiosas desta relação. A prioridade são as relações religiosas, não as políticas. As visitas do Santo Padre às sinagogas em Colônia, Nova York e Roma são sinais muito importantes.

ZENIT: Como avalia os esforços empreendidos pelo Papa Bento XVI no que se refere às relações com outras comunidades cristãs?

Dom Kurt Koch: Penso que o Santo Padre tem feito muito. Na primeira homilia após sua eleição, declarou abertamente que o ecumenismo é um desafio que vem de Jesus Cristo e que o diálogo fundamenta-se nos documentos do Concílio Vaticano II. As viagens pastorais têm sempre uma parte dedicada ao ecumenismo. Tomemos como exemplo a viagem à Inglaterra, prevista para setembro. Não será fácil, uma vez que a situação com os anglicanos não é simples, mas com frequência se diz que Bento XVI dá prioridade ao diálogo com os ortodoxos. Para mim é impressionante; o Santo Padre me pediu expressamente que conduzisse este trabalho, enfatizando que deseja um bispo que conheça as Igrejas da Reforma com base na experiência, e não apenas nos livros. Isto demonstra a importância dada pelo Santo Padre às Igrejas da Reforma. Como professor, atuou muito neste sentido.

ZENIT: Quais são os frutos mais importantes destes diálogos?

Dom Kurt Koch: É sempre difícil ver os frutos, uma vez que o fundamento do ecumenismo é a espiritualidade. Os homens não podem promover a unidade, que é um dom do espírito Santo; o que se pode fazer é aprofundar no diálogo teológico e de amor, como o Santo Padre tem feito em seus encontros.

ZENIT: Falemos das seitas religiosas. Como abordar este desafio?

Dom Kurt Koch: Em primeiro lugar, a Igreja deve se perguntar por que as pessoas procuram mais seitas. Porque não vêm a nós? Sei que a Congregação para a Doutrina da Fé deu passos importantes no que se refere a este tema, e penso que o trabalho que se iniciou tão bem deve continuar a ser aprofundado.