Pe. Joãozinho, scj
Tudo começou quando a editora Planeta me convidou para fazer a revisão técnica do primeiro livro do papa Francisco “O nome de Deus é misericórdia”. Logo percebi que o papa tinha um estilo bastante pessoal e colocava poesia nas palavras. Não bastaria traduzir. Era preciso fazer uma versão, mais ou menos como fiz com tantas canções estrangeiras que hoje o povo canta como se tivessem nascido aqui no Brasil. Ao ler aquele livro uma pessoa comentou: “Parece que estou ouvindo o papa falar”. Tinha dado certo.
Em seguida vieram outros livros. A partir de “Deus é jovem” foi-me confiada também a tradução. Depois veio o “Pai Nosso”, “É proibido reclamar” (prefácio do papa Francisco) e finalmente este clássico: “Ave Maria”, em co-edição com Paulus.
Pai Nosso e Ave Maria são livros irmãos. Sempre sugiro que sejam lidos um após o outro. São duas entrevistas que o papa concedeu a um sacerdote do norte da itália chamado Marco Pozza. Além de ser um jovem doutor em teologia, ele é capelão do Presídio de Pádua, no norte da Itália. Escritor fecundo possui um programa de televisão. Em uma das temporadas arriscou o convite e o papa aceitou. Foram alguns encontros gravados que depois o entrevistador editou e submeteu à aprovação dos santo padre.
No livro Ave Maria o papa comenta a prece que aprendemos no colo da mãe, palavra por palavra. Chama a atenção o modo como ele faz a leitura de Maria como uma mulher normal e inserida na cultura do seu tempo. Outro detalhe interessante é a importância que ele dá para o carinho que existia entre Maria e José. Impossível não se encantar pela maneira simples e sábia com que o Papa Francisco descreve a família de Nazaré.
O livro é estruturado sempre em dois capítulos sobre cada tema. O primeiro é uma conversa entre o papa Francisco e o Pe. Marco Pozza e o segundo é uma reflexão feita pelo papa sobre esse assunto e extraída de alguma de suas catequeses. O resultado é um livro de leitura rápida e saborosa.
Os assuntos mais complicados para os teólogos são abordados com coragem e simplicidade pelo papa Francisco de modo que mesmo os que não têm formação teológica compreendem com clareza. É o caso de Maria “cheia de graça” ou “mãe de Deus” e “intercessora”.
A linguagem é clara e direta mas cheia de ternura. O papa fala de sua mãe e de sua avó. Lembra episódios de sua infância e explica a Ave Maria por meio de verdadeiras “parábolas do quotidiano”. Até ao falar da morte o papa não perde o bom humor, contando a história de um bispo em estado terminar, já em coma, mas que se negava a morrer. O que aconteceu? Bem… é necessário ler o livro. Só vou fazer um pedido. Leia em prece. Ao final de cada capítulo reze com sabor uma Ave Maria. E, ao rezar, não se esqueça de lembrar de mim em sua oração. Rezarei por você também.