O Padre e as mulheres: é possível uma amizade desinteressada!

Por no dia jun 8th, 2010 sobre Ano Sacerdotal.

Eu agradeço a Deus por ter nascido em uma família cheia de mulheres, três irmãs e minha mãe. Eu e meu irmão mais velho crescemos neste ambiente rico das diferenças, mas principalmente do respeito e do amor puro. Lembro-me que eu e minha irmã mais nova tomávamos banho juntos, pois quando se educa o coração de um homem para a pureza ele cresce respeitando e acolhendo a grande e linda dignidade de ser mulher. Minha primeira grande amiga foi minha avó, que me ensinou os caminhos da fé, minha mãe e minhas irmãs me ensinaram a buscar nas mulheres o que de mais precioso elas tem para dar, o amor.

Escute este conteúdo:

Audio clip: Adobe Flash Player (version 9 or above) is required to play this audio clip. Download the latest version here. You also need to have JavaScript enabled in your browser.

Outro dia vi numa propaganda uma pergunta que intriga ao mundo: É possível amizade verdadeira e desinteressada entre um homem e uma mulher? Olhando para minha historia vejo que o amor humano por uma amiga chamada Eliete me trouxe de volta para Deus e pra vida. Através de uma amizade pura ela respondeu aos meus anseios e necessidades mais profundas. Não era de afetos e caricias que eu precisava, mas de um amor profundo e ela soube me dar e encaminhar com dignidade, não arrancando de mim o que eu não tinha, mas completando com respeito o que me faltava e que ela nunca conseguiria me dar fora de uma amizade em Deus. Jesus traz para o mundo o verdadeiro sentido da amizade, excluindo qualquer submissão que escraviza e interesse egoísta. A partir de Cristo, o amigo é aquele que descobriu o valor e a dignidade do irmão, à luz do Evangelho. Tal amizade exige certa comunhão, mais de almas do que de corpos, não fica na superfície da carne, mas atinge o vértice da alma e do coração.

“Não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo que ouvi do Pai” (Jo. 15,15).

Isso tudo me preparou para viver como sacerdote, homem de Deus no meu trato com as mulheres. Na Canção Nova elas são o auxilio para minha formação, o masculino e o feminino vividos juntos numa sadia convivência. Como padre preciso do respeito e do amor puro de minhas irmãs para o meu equilíbrio afetivo, para assumir e viver uma serena e profunda castidade nos pensamentos, nos sentimentos e nas atitudes. Em se tratando de homens e mulheres em pleno despertar de sua sexualidade e de sua vida afetiva torna-se importantíssimo o mutuo respeito. Não é preciso esquecer que eu sou homem e que elas são mulheres, mas lembrar sempre que sou separado por Deus e que elas são suas filhas amadas. Meu primeiro mestre na formação da Canção Nova foi uma mulher, a Salette Ferreira, a Márcia Costa que souberam me ajudar a ler os meus sentimentos e discernir a vontade de Deus no meio de minhas paixões como homem. Encontrei sempre nas mulheres a oração, o acolhimento, a misericórdia, por isso, não tenho medo do relacionamento com elas, mas necessidade deste respeito e amor puro que sempre me lembram do que eu sou: Sacerdote, pai de um povo.

O que pode haver de mais precioso entre um padre e uma mulher é a amizade, vivo isso com algumas irmãs de comunidade: a Heloisa, com a Simoni Cavazani, a Verinha; elas conseguem tirar de mim o que eu tenho de melhor e superam as minhas fraquezas e limitações. A Historia da Igreja esta cheia de exemplos do verdadeiro sentido do relacionamento entre o padre e as mulheres: São Francisco e Santa Clara, Santa Tereza e São João da Cruz, Santa Joana Francisca de Chantal e São Francisco de Sales, São Bento e Santa Escolástica, Santo Ambrósio e santa Mônica, Santa Catarina de Sena e o Papa Urbano VI, São padre Pio e Cleonice, João Paulo II e a doutora Wanda Poltawska, recentemente lançado o Livro: “HISTORIA DE UMA AMIZADE”. Santo Agostinho testemunha: “Santo Ambrósio amava Santa Mônica unicamente devido às raras virtudes que via nela e que ela mesma estimava este santo prelado como um anjo de Deus”. Respondendo aquela pergunta lhe digo: Amizade entre homem e mulher é possível sim, quando ela nasce do coração de Jesus, que se oferecia na cruz.

Perguntei para algumas mulheres: o que você espera ou busca em um padre? _respeito, compreensão, paternidade. Procuro a presença de Deus, voz de Deus, discernimento, sabedoria. A ultima fechou com chave de ouro: _busco o reflexo de Deus, um ombro amigo, lugar de encontro com a pessoa de Jesus, referência de santidade! Eu padre espero das mulheres, oração, acolhimento, respeito e misericórdia, companheirismo de uma irmã e muitas vezes colo de Mãe, como o de Maria. Eu Te agradeço Senhor porque na Tua infinita sabedoria criastes o Homem e a mulher, dando-lhes origem e destinos divinos. Elas são pra mim o afeto de Deus, a sensibilidade, a maternidade, a fortaleza frágil. Ajudam-me a viver a minha afetividade de maneira equilibrada e me lançam na busca da santidade nos pensamentos e nos afetos. Que em todas as mulheres que passar em minha vida eu encontre Senhor um pouco da pureza e da fortaleza da Virgem Maria. A elas a minha gratidão e minha benção.

Quais são os princípios que norteiam suas amizades, você tem um amigo (a) do sexo oposto?

Padre Luizinho,
Com. Canção Nova.

4 Responses to “O Padre e as mulheres: é possível uma amizade desinteressada!”

  1. E.U. says:

    Caro irmão Luizinho, ora aqui está a simplicidade do sacerdôcio e das relações entre géneros e géneros opostos. Se é verdade que cada um se realiza de acordo com o chamado ou com sua própria natureza, então, o que está em causa é o Homem e não a lei.

    Este rosto humano do homem no sacerdôcio, e dos homens que buscam a natureza divina que se espelha no rosto humano (não exclusivamente em um sacerdote)revelam ainda mais a verdade que nos é continuamente transmitida: “fazei aos outros e que quereis que vos façam a vós”.

    A crise existente nos sacerdotes, assim como a solidão que neles se espelha, deriva efetivamente do fato de se ter feito do sacerdote o homem que está acima de todas as angústias, necessidades e fraquezas. Não é verdade.
    Quando Jesus envia os discípulos dois a dois é porque tem conhecimento da natureza gregária do Homem. Da necessidade que este tem de apoio e de conforto. Acontece que fez-se do sacerdote algo como que um semi-deus, e hoje a igreja colhe os frutos do seu próprio erro.
    Assim sendo, a igreja tem que compreender que o caminho sacerdotal é um caminho feito a dois, um caminho constituido por apoios, com os homens e mulheres, um caminho de escuta e partilha, sabendo escutar e partilhar, um caminho que procura ver para além da realidade visível e dos limites que a lei lhes impõe.

    Assim sendo, há a necessidade de corrigir o “status quo”. Há a necessidade de humanizar (húmus, in terris) o evangelho dos homens, em favor do Evangelho de Jesus. Quem se submete à lei a ela perece.
    Submentendo-se à lei o evangelho não liberta, porque condiciona a sua própria liberdade e o poder libertador e reparador que por Ele se consuma.
    São estes divórcios e adultérios ao evangelho de Jesus, e ao próprio Jesus, que têm devastado o matrimônio da família cristã (igreja e leigos, igreja e outras igrejas). Devastação esta que surge também pela própria infedilidade da igreja. Sim, tem-se repudiado o espôso e a espôsa.

    “Tende, pois, cuidado de vós mesmos e não sejais infiéis!” (cf.Malaquias 2,16)

    A igreja tem medo da verdade e tem medo do debate, tem medo da critica e de se expôr à critica. Foi a sua soberba, cegueira e resitência às mudanças que devastou a sua estrutura e submeteu-a à “autoridade” de satanás.
    URGE SER FEITA UMA PROFUNDA REFORMA NO INTERIOR DA IGREJA. URGE HUMANIZAR A IGREJA. URGE ROMPER COM O DOMÍNIO DO PODER.

    Mãezinha, se estiver errado, não deixes que este comentário chegue aos destino. Trazei-nos a Tua bênção.
    PAX+++

  2. Isabela Cerqueira (Campos-RJ) says:

    Oi Pe a sua benção,
    Verdade esta matéria é uma grande verdade!…
    O mundo precisa saber q amigos tb amam e exp a sadia convivencia!!!…

  3. Isabela Cerqueira (Campos-RJ) says:

    amo esta música rs… eesta hist rs…

  4. Renata says:

    Pe. Luizinho – me senti profundamente alegre ao ler este artigo enraizado na sua experiência. Para mim, realmente, o relacionamento entre a mulher e o homem, de alguma forma, é necessário para o equilíbrio humano e espiritual de ambos. Como você bem disse, os santos descobriram e aprofundaram o amor de Deus na amizade com pessoas de sexo opostos e “viu que era bom” – já nas origens… Desejo tudo de bom e grande abraço de parabéns, Renata

Leave a Reply

You must be logged in to post a comment.