O Exercício quaresmal do Jejum nos faz crescer na Esperança!
Por no dia fev 25th, 2013 sobre Ano da Fé, Espiritualidade, Formacao, Quaresma.
Neste caminho quaresmal rumo a Páscoa não é a toa que a Santa Mãe Igreja nos propõe os exercícios quaresmais de conversão Oração, Jejum e Esmola, pois ao vivermos estes três exercícios crescemos nas virtudes teologais da fé, esperança e caridade. Essa é a trilha básica para o caminho de santidade de todo o cristão, não somente por quarenta dias, mas para toda a sua vida.
Se a oração atinge o relacionamento do homem com Deus, o jejum o celebra no seu relacionamento com os bens criados na virtude da esperança. Em quem e no que eu verdadeiramente ponho a minha esperança? “Vale pouco o exercício corporal, ao passo que a piedade é proveitosa para tudo, pois contém a promessa da vida presente e futura. Essa palavra é fiel e digna de toda aceitação. De fato, se nós trabalhamos e lutamos, é porque depositamos a nossa esperança no Deus vivo, salvador de todos os homens, principalmente dos que têm fé” (cf. I Tm 4, 8-10).
No seu relacionamento com a natureza criada, o homem é chamado a ser livre, a ser senhor da criação. Acontece porem, que muitas vezes se escraviza a ela. Por isso, a Igreja convida o homem a realizar um gesto de liberdade e de respeito em relação aos bens criados, através do rito do jejum.
O rito do jejum não vale pelo que é, mas pelo que significa. Na ação de comer e de beber é que o homem mais se apropria das coisas. Ele mesmo consome a comida; ele a faz tornar-se parte de si mesmo. Não só dela se apodera, mas muitas vezes, apoderando-se dela, a ela se escraviza. Por isso, o alimento e a bebida tornam-se símbolo de tudo quanto envolve o homem.
Jejuar é abastecer-se de um pouco de comida ou bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o pode escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, idéias, pessoas apegos e assim por diante.
Temos mais. Jejuar significa fazer espaço em si. Fazer espaço para Deus, fazer espaço para o próximo, fazer espaço para os valores que permanecem. Jejuando, a Igreja evoca o Cristo jejuando quarenta dias no deserto, o Cristo em sua atitude de liberdade e de domínio sobre a natureza e sobre o mal. Evocando-o, torna-o presente hoje.
A Igreja constitui o prolongamento do Cristo livre, do Cristo rei da criação. A Igreja exercita e celebra a atitude de liberdade e respeito diante da natureza durante a Quaresma, para que os cristãos vivam sempre esta atitude de harmonia com a natureza, usando dos bens para o seu crescimento em Deus. Temos, portanto, um exercício de conversão, pois “a esperança não decepciona. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (cf. Rm 5,5).
Veja o Vídeo Esperança, alimento de Deus que nos fortalece!
O que é a Virtude da Esperança? Segundo o Catecismo da Igreja Católica
§1813 As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão, Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de proceder como filhos seus e assim merecerem a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. São três as virtudes teologais: fé, esperança e caridade.
§1817A esperança é a virtude Teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo. “Continuemos a afirmar nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa” (Hb 10,23). “Este Espírito que ele ricamente derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que fôssemos justificados por sua graça e nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna” (cf. Tt 3,6-7).
§1818 A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.
“Espera, ó minha alma, espera. Ignoras o dia e à hora. Vigia cuidadosamente, tudo passa com rapidez, ainda que tua impaciência torne duvidoso o que é certo, e longo um tempo bem curto. Considera que, quanto mais pelejares, mais provarás o amor que tens a teu Deus e mais te alegrarás um dia com teu Bem-Amado numa felicidade e num êxtase que não poderão jamais terminar” (Santa Teresa de Jesus, Excl., 15,3).
§2090 Quando Deus se revela e chama o homem, este não pode responder plenamente ao amor divino por suas próprias forças. Deve esperar que Deus lhe dê a capacidade de corresponder a este amor e de agir de acordo com os mandamentos da caridade. A esperança é o aguardar confiante da bênção divina e da visão beatifica de Deus; é também o temor de ofender o amor de Deus e de provocar o castigo.
Exerçamos na esperança em Deus o domínio dos nossos desequilíbrios no comer e no beber, diante dos bens matérias e da natureza e também diante de nossos irmãos. Quando não conseguimos controlar a boca, não conseguimos controlar também o nosso corpo e ficamos escravos daquilo que dá prazer à carne, a comida, a bebida e muitas vezes desembocam no desequilíbrio da sexualidade e afetividade. Peçamos ao Espírito Santo o Dom do Domínio de si, da Temperança, da Fortaleza para que vencendo a nós mesmos consigamos vencer o pecado.
Daí-nos Senhor a graça de compreender a profundidade e viver o jejum, de renunciar aquilo que temos direito de comer ou de fazer por um bem muito maior. Daí-nos a graça da temperança de ter o controle dos nossos sentidos nas mãos para poder entregar ao Senhor. Que possamos viver o jejum como uma verdadeira batalha espiritual, para que recebamos os frutos e sejamos sempre gratos a Vossa Misericórdia e atentos as necessidades dos nossos irmãos.
Clique em comentários e partilhe como você vive o exercício espiritual do jejum?
Conte com as minhas orações.
Padre Luizinho, Com. Canção Nova.
Diretor Espiritual e Formador no Pré-discípulado.
*Fonte de pesquisa: Livro Celebrar a vida Cristã, Frei Alberto Beckhauser, OFM. Editora Vozes, 1991
Escute O Podcast: