O Papa Bento XVI fala sobre as peregrinações

Sob o lema “Entrou então, para ficar com eles” (Lc 24, 29), extraído da passagem evangélica dos discípulos de Emaús, dispondes-vos a refletir sobre a importância das peregrinações aos santuários, como manifestação de vida cristã e espaço de evangelização.

Desejo, com todo o gosto, exprimir aos congressistas a minha proximidade espiritual, que vos anime e acompanhe no exercício de um empenho pastoral tão fundamental na vida da Igreja. Eu próprio me deslocarei dentro em pouco como peregrino ao túmulo do Apóstolo São Tiago, o “amigo do Senhor”, do mesmo modo como tenho dirigido os meus passos a outros lugares do mundo, para onde convergem numerosos fiéis com fervorosa devoção. A este propósito, desde o início do meu pontificado que entendi viver o ministério de Sucessor de Pedro com os sentimentos do peregrino que percorre os caminhos do mundo com esperança e simplicidade, levando nos lábios e no coração a mensagem salvadora de Cristo Ressuscitado e confirmando na fé os seus irmãos (cf. Lc 22, 32). É como sinal explícito desta missão que figura no meu escudo, entre outros elementos, a concha de peregrino.

Neste momento histórico, em que, com força porventura ainda maior, estamos chamados a evangelizar o nosso mundo, há que sublinhar a riqueza que provém da peregrinação aos santuários. Antes de mais pela sua extraordinária capacidade de atração, que congrega um crescente número de peregrinos e turistas religiosos, alguns dos quais se encontram em situações humanas e espirituais complexas, um tanto distantes da vivência da fé e com uma débil pertença eclesial. A todos eles Cristo se dirige com amor e esperança. A aspiração à felicidade presente no espírito encontra n’Ele a sua resposta, e é junto d’Ele que o sofrimento humano encontra um sentido. Com a sua graça, também as mais nobres causas encontram a sua plena realização. Como o velho Simeão encontrou Jesus no Templo (cf. Lc 2, 25-35), assim também o peregrino deve ter a oportunidade de descobrir o Senhor no santuário.

Para tal, há que fazer com que os peregrinos não percam de vista que os santuários são lugares sagrados, comportando-se portanto neles com devoção, respeito e decoro. Desse modo, a Palavra de Cristo, o Filho do Deus vivo, poderá ressoar com clareza e proclamar-se-á em toda a sua integridade o acontecimento da sua morte e ressurreição, fundamento da nossa fé. Há que cuidar, por outro lado, com grande esmero, o acolhimento dos peregrinos, dando o justo destaque, nomeadamente, à dignidade e beleza do santuário, imagem da “tenda de Deus com os homens” (Ap 21, 3); aos momentos e espaços de oração, tanto pessoais como comunitários; à atenção às práticas de piedade. Ao mesmo tempo, nunca se insistirá demasiado no fato de que os santuários hão-de ser faróis de caridade, incessantemente dedicados aos mais desfavorecidos mediante obras concretas de solidariedade e misericórdia e uma constante disponibilidade para escutar. Há que favorecer também o acesso dos fiéis ao sacramento da Reconciliação, consentindo-lhes participar dignamente na celebração eucarística, de tal modo que esta possa ser o centro e o cume de toda a ação pastoral dos santuários. Tornar-se-á assim manifesto que a Eucaristia é, sem dúvida alguma, o alimento do peregrino, o “sacramento de Deus, que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção” (Homilia na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, 22 de Maio de 2008).

De fato, diversamente do vagabundo, cujos passos não têm uma destinação precisa, o peregrino tem sempre uma meta diante de si, mesmo se por vezes não tem disso plena consciência. E a meta mais não é do que o encontro com Deus por meio de Jesus, no qual que todas as nossas aspirações encontram a sua resposta. É por isso que a celebração da Eucaristia deve ser considerada o ponto culminante da peregrinação.

Como “colaboradores de Deus (1 Cor 3, 9), exorto todos vós a dedicar-vos a esta bela missão, favorecendo nos peregrinos, com a vossa solicitude pastoral, o conhecimento e a imitação de Cristo, que continua a caminhar conosco, iluminando com a sua Palavra a nossa vida e partilhando conosco, na Eucaristia, o Pão da Vida. A peregrinação ao santuário será assim ocasião propícia para revigorar naqueles que o visitam o desejo de partilhar com outros a maravilhosa experiência de saber que somos amados por Deus e enviados ao mundo a testemunhar este amor.

Com estes sentimentos, confio à intercessão de Maria Santíssima e do Apóstolo São Tiago os frutos deste Congresso, ao mesmo tempo que dirijo a minha oração a Jesus, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14, 6), ao qual apresento todos os que, peregrinando ao longo da vida, andam à procura do seu rosto:

Senhor Jesus, peregrino de Emaús, que caminhas ao nosso lado, por amor, mesmo se tantas vezes o desalento e a tristeza não nos deixam descobrir a tua presença.

Tu és a chama que reaviva a nossa fé.

Tu és a luz que purifica a nossa esperança.

Tu és a força que acende a nossa caridade.

Ensina-nos a reconhecer-Te na Palavra,na Casa e na Mesa onde se partilha o Pão da Vida, no serviço generoso ao próximo que sofre.

E ao cair a noite, ajuda-nos, Senhor, a dizer: “fica connosco”. Amém.

A todos concedo a implorada Bênção Apostólica, penhor de copiosas graças do Céu.

Vaticano, 8 de Setembro de 2010

BENTO XVI

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