No Getsêmani, Cristo orou com mais intensidade;
a oração nos dá a força para suportar as tentações e aflições da vida
Sentir angústia não é nada agradável. Diante desse sentimento, podemos ser arrastados, ficarmos perdidos em nossa capacidade de decidir corretamente. Ao ser tomado por essa agonia, Jesus sente a necessidade de rezar: “Permanecei aqui enquanto vou orar”. E, levando consigo Pedro, Tiago e João, e começou a apavorar-se e a angustiar-se. E disse-lhes: “Minha alma está triste até a morte! Permanecei aqui e vigiai”! E indo um pouco adiante, caiu por terra, e orava para, se fosse possível, passasse dele essa hora. E dizia: “Abbá (Pai)! Tudo é possível para ti: afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14, 32-36).
No momento desse grande sofrimento, orar foi o caminho escolhido por Jesus. “E é somente na oração que também Ele consegue superar a sua própria tentação. E somente a oração poderá fortalecer os discípulos nas muitas provações que os esperam. No monte das Oliveiras Jesus chega ao seu limite. Ele sente que o seu caminho, até a cruz, humanamente lhe é demais. Ele é confrontado com a sua própria angústia. Ele entra em agonia. Agonia é a suprema tensão das forças diante de decisões e catástrofes que se impõem (Grundmann, p. 412). Na sua angústia diante da morte, o suor lhe corre da testa como sangue que pingava no chão (Lc 22, 44). Um Anjo do céu o fortalece e reanima. Aqui Lucas pinta Jesus como o modelo fundamental do ser humano que ora” (Anselm Grun, Jesus modelo do ser humano – Lucas).
Agonia em grego quer dizer luta. “Orar é lutar com Deus. Sem a oração estamos entregues ao nosso medo, sem esperança. A oração nos dá a força para suportar as tentações e aflições da vida. Não somos deixados sozinhos na nossa oração. Deus mandará também para nós o seu anjo, para estar perto de nós, dando-nos nova força para o nosso caminho”(Anselm Grun, Jesus modelo do ser humano – Lucas).
Dois mil anos depois, o local escolhido por Jesus para orar ao Pai continua a atrair peregrinos de todos os cantos do planeta. Ainda hoje, as oliveiras do Getsêmani, em Jerusalém, “parecem reconduzir-nos, com o farfalhar das suas folhas, àquela noite de sofrimento e oração vivida por Jesus. A oração de Jesus é, então, dramática, é tensa como numa luta, e o suor manchado de sangue que escorre pelo seu rosto é sinal de um tormento duro” (Meditação de Gianfranco Ravasi para a Via Sacra conduzida pelo Papa Bento XVI, 2007).
A Basílica da Agonia ou das Nações, como também é chamada, está aos cuidados dos Frades Franciscanos desde o século XVII. Graças a eles, é possível percorrer o antigo Olival e adentrar o Templo Sagrado que acolhe o peregrino numa atmosfera que proporciona um profundo momento de comunhão com Jesus naquela noite de angústia. Consagrada em 1924, o projeto da nova igreja foi confiado ao arquiteto Barluzzi e contou com a colaboração de diversos países, incluindo o Brasil. A arquitetura particular e seus vitrais em alabastro azulado, que criam uma atmosfera de semi-escuridão, fazendo memória do episódio vivido por Jesus.
Em relação às Oliveiras, podem ser consideradas as mais antigas do mundo. Estudiosos em biologia e fisiologia vegetal de universidades italianas e do Conselho Nacional de Pesquisa revelaram que os troncos e ramos têm cerca de 900 anos. Todas têm o mesmo DNA, o que significa que se desenvolveram a partir das raízes de uma planta-mãe. Ainda de acordo com registros históricos da peregrina Egéria, sabe-se que na segunda metade do quarto século, cristãos se reuniam na Quinta-Feira Santa, “no lugar onde o Senhor rezou”, e que havia aí “uma igreja formosa”.
Rodrigo Luiz – Comunidade Canção Nova
Referências :
Anselm Grun, Jesus modelo do ser humano – O Evangelho de Lucas, 2004. Itinerarium Egeriae, XXXVI, 1 (CCL 175, 79)
Meditação de Gianfranco Ravasi para a Via Sacra conduzida pelo Papa Bento XVI, 2007 – https://www.vatican.va/news_services/liturgy/2007/documents/ns_lit_doc_20070406_via-crucis_po.html
Getsêmani: oração e anogia de Jesus – https://opusdei.org/pt-br/article/getsemani-oracao-e-agonia-de-jesus/#_ftnref6