Uma maravilhosa jornada
Há algum tempo, pus-me a escrever parte do testemunho de vida de minha família. Selecionei a fase que passamos do nascimento prematuro de nosso primeiro filho ao estabelecimento completo da sua saúde. Minha esposa enfrentou o flagelo da eclâmpsia ao sexto mês de gestação. Nosso filho foi retirado de seu ventre e levado para a UTI neonatal. Logo em seguida, as complicações oriundas da eclâmpsia sobrevieram a minha esposa, obrigando-a a passar 15 dias na UTI.
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Dez dias se passaram, após o parto, para que os rins da Elisa, pouco a pouco, voltassem a funcionar.
Começamos a viver dias de grandes vitórias! De acordo com que os rins iam voltando a funcionar, as hemodiálises iam se espaçando. O inchaço que a acometia estava diminuindo. Por consequência, sua pressão estava passando por um controle melhor, apesar de ainda estar alta.
Foram até aqui, ao todo, 15 dias de UTI. Todos os dias eu ia até o André, na UTI neonatal, e passava cerca de 20 minutos com ele. Saia de lá para estar pelo menos por 15 minutos com a Elisa na UTI adulto. O tempo que ela passou hospitalizada foram, ao todo, 22 dias.
Os sinais de Deus
Logo nos primeiros dias, após sair da UTI, mas estando ainda no hospital, nossa atenção sobre ela era redobrada. Elisa fazia uso de muitos medicamentos para controle de pressão e outros neurológicos para evitar novas convulsões. Por força dos medicamentos, ela raciocinava com muita lentidão e chegava a ouvir e ver coisas que não estavam acontecendo na realidade. Ver isso trazia à minha memória o temor da sequela neurológica. Mesmo assim, conseguimos partilhar um pouco sobre o tempo que passamos longe um do outro. Curiosamente, as experiências de Deus, que eu percebia, ela as percebia também ao mesmo tempo. Lembro-me de que, durante aqueles dias, pedia muito a intercessão de Padre Pio. Em uma dessas vezes, chamou-me à atenção, de modo particular, a sua presença em minha oração. Por aquele tempo, ela sonhava com ele enquanto dormia no hospital.
Leia desde o início:
:: Deus não faz o milagre pela metade
:: Eclâmpsia, uma notícia fulminante
:: Na hora da provação, a importância do amigo
:: Lutamos para o nosso filho viver
Aconteceu de ela ser levada para a sua última hemodiálise. Fiquei ali no quarto agradecendo a Deus pela sua melhora, entregando as minhas preocupações. Ao retornar, ela era outra pessoa! Estava agitada, falando normal e narrando como havia sido a hemodiálise. Eu fiquei olhando aquilo satisfeito, quase sem prestar muita atenção ao que ela dizia. Incomodada, ela quis saber o porquê da minha “cara de paisagem”. Eu lhe disse que estava feliz, pois, finalmente, estava reconhecendo minha esposa novamente. Mais uma resposta de Deus às minhas orações.
Foram lindos detalhes da manifestação da presença do Senhor.
Como sentir a presença de Deus?
Certo dia, o então cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) foi questionado por um repórter: “Quantos caminhos Deus tem?”. Sem demora alguma, ele responde: “Tantos quantos há de pessoas!”. Portanto, torna-se impossível eu inventar uma fórmula de “sentir Deus”, pois, para cada um, Ele tem um jeito. Dessa forma, vou limitar-me a dizer um pouco de coisas em linhas gerais. Talvez possam ajudá-lo.
Em todo o caminho que percorri, tanto na minha história quanto ao que acompanhei dos sofrimentos e conflitos de meus irmãos de comunidade, percebi que verificamos a voz de Deus somente após ter o máximo de conhecimento do que se passava, interiormente, no coração. Era preciso reconhecer e admitir o que estava por trás das próprias palavras e ações. Isso sempre nos exigiu um conhecimento cada vez mais próximo da verdade sobre nós mesmos e da realidade sobre a vida. Se não sabemos quem somos, e se não estamos atentos à realidade das coisas, jamais intuiremos, dentro ou fora de cada um, onde está Deus. O grande problema está aí!
Criamos imagens dentro de nós, imagens de nós mesmos e das coisas, como achamos que elas são. Mas essa imagem, para a maioria das pessoas, é feita daquilo que gostaríamos de ser, daquilo que achamos de como são as coisas, sem averiguarmos, a fundo, o que realmente somos. Sendo assim, não agimos dentro da verdade, muito menos dentro da realidade.
Queremos demonstrar que somos livres, no entanto, presos a um monte de coisas. Queremos mostrar quanto somos bons, muitas vezes, prejudicando os outros, injuriando e julgando. Queremos mostrar o quanto somos pessoas de oração, mas não aceitamos o sofrimento e reclamamos sempre das dificuldades. Invejamos, queremos reconhecimento e nos vangloriamos.
Todos temos imperfeições. No entanto, estou me referindo às pessoas que falam que são uma coisa, mas dentro de si ou mesmo nas suas atitudes mostram ser completamente outras.
Eu acredito que o início do caminho, necessário para reconhecer onde Deus está em si e onde Ele está nas coisas, é a busca e a aceitação de quem se é, é procurar a conversão em uma vida de oração e de muito estudo das coisas de Deus. Isso vai aumentando a nossa intimidade com Ele. E, sendo-Lhe íntimo, há o reconhecimento de como o Senhor se mostra a nós.
Foi esse o caminho que percorremos nos últimas oito textos da narrativa dessa parte do nosso testemunho de família.
Finalmente, minha esposa volta para casa
A Elisa recebeu alta no dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima; mais um singelo sinal da presença sobrenatural da Virgem Maria em tudo o que estávamos passando.
Nossos primeiros dias em casa, apesar do alívio de estarmos juntos, foram carregados de grande tensão. Ainda estava gravado em mim, de modo muito vivo, a Elisa convulsionando na minha frente e eu ali, sozinho, sem saber o que fazer. Aferia a sua pressão várias vezes no dia.
O tempo foi passando e ela gradativamente melhorava, a ponto de ser-lhe retirado, um a um, os remédios de controle de pressão, até chegar o ponto de sua pressão voltar ao normal. Em meio a isso, todos os dias íamos ver nosso pequeno na UTI. Trinta minutos por dia. Quinze minutos para cada um. A jornada dele ainda era longa. Ao todo, seriam cerca de 60 dias na UTI e mais sete internado.
Até semana que vem.
Deus e Maria abençoe sua família. Ver o testemunho de vocês me dá força na caminhada. Saúde para todos vocês. Obrigada!
Linda a história de vocês! Também tive eclâmpsia, fiquei 2 dias inconsciente na UTI, sendo 6 dias no hospital, a minha filha graças a Deus foi direto para o quarto. Hoje tenho uma filha linda de 4 anos. Estamos estudando a possibilidade de mais um filho, mas ainda estou insegura, sei que Deus está conosco, mas como os relatos de vocês, ficamos inseguros mesmo assim, pois o risco é muito alto. Fiquei bem feliz ao ver que deu tudo certo com esta família linda. Que Deus sempre ilumine vocês!
e um musico de história louvada na caminhada.Deus abençoe