Só pode testemunhar aquele que viu ou vivenciou algo; e é justamente isso que venho fazendo desde os últimos posts. Tenho partilhando tudo o que pude lembrar daquilo que o Senhor fez na vida de minha família. De modo particular, a gestação e o nascimento de nossos dois filhos, o André e a Maria Júlia.

No último texto, eu falei sobre o que foi a gestação de nossa filha, que, ao nascer, foi conduzida para a UTI neonatal para ganhar peso, pois, ao oitavo mês de gestação, devido a uma má irrigação sanguínea no útero, estava com somente 1300g. Em torno do décimo quinto de dia UTI, ela foi acometida de uma infecção generalizada, o que causou uma parada cardiorrespiratória. Fomos chamados às pressas para nos despedirmos dela ainda com vida.

image

O susto da ligação do hospital foi muito grande

O toque do telefone estava alto, e aquele som ficou gravado em nosso interior de tal forma que, toda vez que ele tocava novamente, vinha a dolorosa recordação do que ele anunciara naquela madrugada: a médica da UTI que nos chamava para ver nossa filha pela última vez viva. E esse toque, por assim dizer, fúnebre, desesperado, doloroso, lembrava-nos que algo ainda pior poderia ser anunciado novamente. Por fim, troquei o som. Inútil foi, pois enquanto a Maria Júlia estivesse em estado grave na UTI, qualquer ligação nos assustaria.

Ao dirigir às pressas para o hospital, tomei consciência da gravidade da coisa e rompi o silêncio no carro: “Amor, você sabe que quando nos ligam assim, fora da hora de visita, é para se despedir, né?”. A Elisa só sinalizou com a cabeça.

More »