A santa judaica que morreu no campo de concentração
Há 70 anos, morria em Auschwitz a Irmã Teresa Benedita da Cruz, ou Edith Stein, filósofa. Ela nascera em uma família judaica, havia se batizado e, depois, entrara no mosteiro das Carmelitas de Colônia, na Alemanha. Em 1939, encontrava-se no Carmelo de Echt, na Holanda, e foi capturada em julho de 1942, durante as blitz nazistas que se seguiram à carta de denúncia das deportações, assinada pelos bispos católicos dos Países Baixos e lida em todas as igrejas. Até aquele momento, os nazistas haviam poupado os judeus batizados: foram capturados cerca de 300 religiosos de origem judaica.
Cristiana Dobner, em um artigo publicado pela agência SIR, lembra que o jornalista Van Kempen conseguiu contatá-la no campo de triagem e se encontrou diante de “uma mulher espiritualmente grande e forte”. Ela não quis fugir nem receber um tratamento diferente dos outros judeus. “Ela me disse: ´Eu jamais poderia acreditar que os homens pudessem ser assim e que os meus irmãos tivessem que sofrer tanto!´. Quando não havia mais dúvidas de que ela seria transportada para outro lugar, eu lhe perguntei se eu poderia ajudá-la (tentar libertá-la); novamente, ela me sorriu suplicando-me que não. Por que abrir uma exceção para ela e para o seu grupo? Não seria justiça tirar vantagem do fato de ser batizada! Se não pudesse participar do destino dos outros, a sua vida estaria arruinada: ´Não, não, isso não!´”.
Edith Stein repetia que não havia traído o seu povo ao reconhecer Jesus como Messias. Ela seria proclamada bem-aventurada por João Paulo II em 1987 e santa em 1998. No ano seguinte, também copadroeira da Europa. No dia 12 de abril de 1933, Stein escreveu uma carta ao Vaticano, dirigida ao Papa Pio XI. Ela a enviou através do arquiabade beneditino de Beuron, Raphael Walzer, ao cardeal secretário de Estado, Eugenio Pacelli.