Dietas ricas em ácidos graxos saturados aumentam o LDL-colesterol do plasma (o mau colesterol) e consequentemente o risco da ocorrência das doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC, ao passo que dietas ricas em ácidos graxos insaturados exercem efeitos protetores ao sistema cardiovascular.

A popularidade do óleo de coco disparou nos últimos anos devido ao seu suposto efeito na saúde, embora a gordura do coco contenha cerca de 90% de gordura saturada e as diretrizes dietéticas geralmente recomendam a restrição da ingestão desse tipo de gordura.

Um argumento comum feito a favor do consumo da gordura do coco é que ela, por ser composta de ácidos graxos de cadeia média, seriam rapidamente absorvidos (através da veia porta), podendo desempenhar um papel mais importante como fonte de energia via beta-oxidação, do que na síntese do colesterol.

Esse argumento cai por terra ao se saber que o ácido láurico (12:0), presente em mais de 50% da gordura de coco, apesar de quimicamente ser classificado como um ácido graxo de cadeia média,  pode não agir biologicamente como tal, pois segue a rota metabólica dos ácidos graxos de cadeia longa, que sabemos estarem relacionados ao LDL-colesterol. Além disso, cerca de 25% da gordura de coco consiste em saturada de cadeia longa, como o ácido mirístico (14: 0) e ácido palmítico (16:0).

Resultados de ensaios clínicos sobre os efeitos do óleo do consumo do óleo de coco mostraram que a ingestão dessa gordura ocasionou: redução dos níveis do LDL – colesterol, melhora da inflamação e da homeostase da glicose, bem como redução da gordura corporal, quando comparados com outros óleos vegetais.

Por conta desses estudos apresentarem vários vieses metodológicos, foi realizada uma revisão sistemática e uma metanálise atualizada de ensaios clínicos para se avaliar os efeitos do consumo da gordura de coco em comparação com óleos vegetais com baixo teor de gordura saturada e gordura trans (óleos vegetais não tropicais) nos fatores de risco cardiovascular.

Os resultados dessa pesquisa revelaram que o consumo de óleo de coco aumenta os níveis do LDL-colesterol no sangue, importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Além disso, essa gordura aumenta também os níveis do HDL-colesterol (a gordura boa), resultado que sabemos não ser acompanhado da redução do risco cardiovascular, quando esse aumento ocorre por meio de medidas dietéticas ou farmacológicas.

Assim, embora haja uma enorme campanha midiática para se usar a gordura de coco, como preventivo da doença cardiovascular, no controle da obesidade, e redução da inflamação, o seu uso é preocupante pois se sabe que a gordura saturada é nociva à saúde cardiovascular.

Fonte: Neelakantan, N.; Saem J.Y.H.; van Dam, R.M. – The Effect of Coconut Oil Consumption on Cardiovascular Risk Factors – A Systematic Review and Meta-Analysis of Clinical Trials.Circulation. 2020; 141:00–00. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.119.043052

Estimar a suscetibilidade probabilística de um indivíduo à predição de risco de doença – é fundamental para a tomada de decisão clínica, especialmente no contexto da detecção precoce da doença e prevenção de condições comuns de início na idade adulta. Além disso, esse procedimento é ferramenta poderosa para a gestão de saúde pessoal quando comunicada e entendida de forma eficaz.

Atualmente, a predição de risco clínico para doenças de início comum em adultos muitas vezes depende de características demográficas básicas, como idade, gênero e etnia; parâmetros básicos de saúde e fatores de estilo de vida, como índice de massa corporal, tabagismo, consumo de álcool e hábitos de exercícios físicos; mensuração de fatores de risco clínicos da doença, tais como níveis pressóricos, bioquímicos do sangue ou biomarcadores indicativos de processos de doença em andamento; determinação de exposições ambientais, como poluição do ar, metais pesados ​​e outras toxinas ambientais; e história da família.Isto quer dizer que, analisamos todos os fatores que podem ser causadores de doenças, sob o ponto de vista global, usando um resultado médio de todas os estudos estatísticos realizados no mundo todo. Tratamos os pacientes com base nas evidências e nos estudos científicos publicados na literatura médica, ou seja, nossa referência é a média de todas as pessoas que estiveram nas investigações.

Isso, até certo ponto explica situações onde prescrevemos um medicamento que é eficaz para uns e não para outros, ou quando pacientes tem importantes efeitos colaterais  logo no primeiro comprimido que tomam, e outros não tem resultado algum com o mesmo remédio.

A inteligência genética veio solucionar esse dilema! A introdução na pratica clinica dos testes genéticos veio trazer para os profissionais de saúde, uma enorme reforço para o diagnostico precoce de muitas doenças e principalmente na sua prevenção, alem de propiciar ao clinico, através da farmacogenetica, subsidio importante para a escolha do medicamento adequado para cada paciente em particular.

Do ponto de vista pratico, vale a pena ressaltar que a realização desses testes é muito simples e a colheita do DNA necessária para a realização do exame, é feita pelo próprio paciente, através de um esfregaço na bochecha. O material recolhido é enviado ao laboratório de genética para análise.

Varios sao os perfis genéticos analisados. Na nossa clínica utilizamos os perfis para obesidade, doenças cardiovasculares, longevidade, mal de Alzheimer, alterações do colesterol , depressão.

Com os resultados em maos podemos orientar o paciente objetivando dar as diretrizes corretas para que silenciem os maus genes e ativem os  bons, prevenindo assim a ocorrência de doenças que porventura herdaram.

O consumo de uma maior quantidade de gorduras insaturadas está associada com a mortalidade mais baixa, de acordo com um estudo da Harvard.

Em um grande estudo populacional seguido por mais de três décadas, os pesquisadores descobriram que um maior consumo de gorduras saturadas e trans foi associado com taxas de mortalidade mais elevadas do que consumir o mesmo número de calorias de carboidratos. Mais importante ainda, a substituição de gorduras saturadas por gorduras insaturadas conferem benefícios de saúde substanciais.

A substituição de gorduras saturadas como manteiga, banha e gordura da carne vermelha por gorduras insaturada a partir de plantas – como o azeite, canola e óleo de soja – pode conferir benefícios substanciais para a saúde e deve continuar sendo elemento importante nas recomendações dietéticas.

Diferentes tipos de gordura na dieta tiveram diferentes associações com mortalidade, os pesquisadores descobriram. As gorduras trans tiveram o impacto negativo mais significativo sobre a saúde.

Cada 2 por cento a mais de ingestão de gordura trans foi associado com  chance 16 por cento maior de morte prematura durante o período do estudo.

Maior consumo de gorduras saturadas também foi associado com maior risco de mortalidade. Quando comparado com o mesmo número de calorias provenientes de hidratos de carbono, cada aumento de  5% da ingestão de gorduras saturadas foi associada a  8% de aumento na  mortalidade global.

Por outro lado, a ingestão de elevadas quantidades de gorduras insaturadas,  poli-insaturados e mono-insaturados, foi associada com   11 a 19% a menos na  mortalidade global em comparação com a ingestão de o mesmo número de calorias provenientes de hidratos de carbono. Entre as gorduras poliinsaturadas,  os ácidos omega-6, encontrado na maioria dos óleos vegetais, e  ómega-3, encontrados em peixes e óleos de soja e canola, foram associados com menor risco de morte prematura.

As pessoas que substituíram as gorduras saturadas por gorduras insaturadas, especialmente gorduras poli-insaturados, tiveram  menor risco de morte global durante o período de estudo, bem como menor risco de morte por doenças cardiovasculares, cancer, doenças neurodegenerativas e doenças respiratórias, em comparação com aqueles que mantiveram  o consumo elevado de gorduras saturadas.

Os resultados para as doenças cardiovasculares são consistentes com vários estudos anteriores que mostram a redução do  LDL ( “mau” colesterol) quando gorduras insaturadas substituem as gorduras trans ou saturadas.

Pessoas que substituíram as gorduras saturadas com carboidratos tinha apenas um risco de mortalidade ligeiramente inferior. Além disso, a substituição de gordura total, com os hidratos de carbono foi associado com mortalidade modestamente superior. Isso não foi surpreendente, pois , conforme disseram os autores,  os carboidratos na dieta  tendem a ser amido, principalmente refinado e açúcar, que têm uma influência semelhante as gorduras saturadas no risco de mortalidade.

Este estudo mostra a importância de eliminar a gordura trans e substituição de gordura saturada por gorduras insaturadas, incluindo ácidos graxos poliinsaturados tanto ômega-6 e ômega-3. Na prática, isto pode ser alcançado através da substituição de gorduras animais com uma variedade de óleos vegetais líquidos, peixes, grãos etc..

Essa pergunta é rotineira em clínica, visto que  existem muitos tabus sobre o uso das estatinas, principalmente  quando se acreditam em informações , nem sempre corretas, obtidas pelo Dr. Google, muitas vezes carentes de evidências científicas, sendo apenas opiniões individuais , sem algum caráter científico. Recentemente foi publicado um artigo, muito difundido pela mídia leiga, tirando toda a importância do colesterol na gênese do infarto do miocárdio e do AVC. Esse artigo , no entanto, sofreu muitas críticas por parte de grande parte da comunidade científica, visto que carecia de uma metodologia científica apurada. Desse modo, devemos nos ater ao que REALMENTE  o mundo científico diz com propriedade: O colesterol elevado no sangue é um dos mais importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

Você tem que tomar as estatinas para prevenir a doença cardiovascular, que é a maior responsável pelas mortes no mundo todo. Indivíduos com colesterol elevado tem maior chance de ter um infarto do miocárdio ou um acidente vascular cerebral, do que indivíduos normais, conforme estudos vastamente conhecidos pela classe médica bem informada.

Existem regras a serem observadas no momento de se prescrever uma estatina para um paciente, visto que tal medicação causa uma série de efeitos indesejáveis, como dores musculares, sintomas gástricos,  que podem ser administrados ou minimizados com táticas terapêuticas corretas.

Dessa forma,segundo as orientacoes do American Heart Assotiation devemos prescrever as estatinas para:

  • pacientes com doenca cardiovascular clinica ( ja tiveram infarto, angina, AVC, ou com sinais de aterosclerose nos exames)
  • indivíduos com LDL-C maior do que  190 mg/dl
  •  pacientes de 45 a 75 anos com diabetes e LDL colesterol  entre 70 a  189 mg/dl ,  sem doenca cardiovascular clinica;
  • pacientesde 45 a  75 anos com LDL de 70 a 189 mg/dl com risco cardiovascular estimado igual ou maior do que  7,5%

FONTE- STONE, HJ- 2013 – ACC/AHA- Blood Cholesterol Guideline

Como prevenir o infarto do miocárdio?

É muito  importante conhecer os fatores de risco que aumentam as chances de ter um ataque cardíaco , para podermos evitá-los. Por isso, saiba como evitar o infarto do miocárdio.Por exemplo, a pressão arterial elevada coloca estresse nas paredes dos vasos sanguíneos. A elevação do açúcar no sangue a partir do diabetes pode danificar o revestimento arterial e tornar as plaquetas mais pegajosas e mais propensas a coagular. A obesidade aumenta as chances de desenvolver vários outros fatores de risco para doenças cardíacas, incluindo pressão alta, diabetes tipo 2 e colesterol alto ou outros lipídios (gorduras) no sangue.

Fatores de risco que você não pode mudar 

Esses fatores de risco estão fora do seu controle:

• ter mais de 45 anos (para homens) ou 55 (para mulheres).

• ter um pai ou irmão que tenha desenvolvido doença cardíaca antes dos 50- 55 anos, ou uma mãe ou irmã que a tenha desenvolvido antes dos 60 aos 65 anos. Isso representa um histórico familiar de doença coronariana prematura (precoce) e pode indicar susceptibilidade genética.

• ser uma mulher pós-menopausada, seja de menopausa natural ou cirúrgica .

Fatores de risco que você pode tratar ou controlar

Você pode tomar medidas para controlar:

• pressão arterial elevada – definida como pressão arterial igual ou superior a 140/90 mm Hg. Importante o uso frequente de medicação para controlar a pressão arterial.

• artérias obstruídas pelo colesterol (aterosclerose). Isto pode ser silencioso e não apresentar sintomas, ou pode aparecer como dor no peito durante o esforço ou estresse (angina), doença arterial periférica, aneurisma da aorta abdominal, doença da artéria carótida ou doença da artéria renal.

• diabetes – níveis de glicose no sangue alterados

• triglicérides elevados (maior que 150mg/dl, colesterol LDL elevado( > de 100 mg/dl) ou ambos.

• baixo colesterol HDL (menor do que 40 mg/dl).

• síndrome metabólica – um conjunto de fatores de risco cardiovascular, que pode se sobrepor a outra condição conhecida como pré-diabetes.

• excesso de peso – definido como um índice de massa corporal (IMC) de 25 até 30 ou obesidade , onde o IMC é maior do que 30.

• fatores de estilo de vida como tabagismo, falta de atividade física, uma dieta rica em gorduras saturadas e trans e carboidratos altamente processados, estresse crônico e isolamento social, depressão ou ansiedade.

Fatores de proteção

Enquanto alguns fatores aumentam suas chances de ter um ataque cardíaco ou derrame ou desenvolver alguma outra forma de doença cardíaca, existem fatores que ajudam a diminuir suas chances. Esses protetores são : alimentação saudável e exercício físico. Eles podem estar entre suas armas mais poderosas contra problemas cardiovasculares. Eles também são a primeira linha de defesa contra a diabetes, obesidade, síndrome metabólica e outros fatores de risco.

Você pode colher benefícios significativos fazendo algumas mudanças no seu estilo de vida. Por exemplo:

• A redução do colesterol total em 10% pode diminuir seu risco de ataque cardíaco em 20% a 30%.

• Andar pelo menos duas horas por semana pode reduzir suas chances de morrer precocemente de doenças cardiovasculares em até 53%.

• Ao cessar o tabagismo, o risco da ocorrência de um ataque cardíaco cai pela metade em um ano

• Manter um peso saudável reduz o risco de doença cardíaca em 45%.

• Comer cerca de 1.200 mg a menos de sódio por dia pode reduzir a necessidade de tratamento de pressão arterial pela metade. Também pode diminuir as mortes por acidentes vasculares cerebrais em 22% e as doenças cardíacas em 16%.