24. dezembro 2019 · Comentários desativados em COMER GORDURA NÃO DÁ INFARTO- FAKE NEWS · Categories: Hipertensão Arterial, Infarto, Obesidade · Tags: , , ,

A todo instante vemos na mídia eletrônica profissionais de saúde fazendo anúncios nem sempre calcados em bases cientificas, como por exemplo o que se está falando sobre a dieta com gorduras saturadas e doença cardiovascular.

O Estudo dos Sete Países , iniciado em 1956 e publicado originalmente em 1978, foi o primeiro estudo epidemiológico que examinou a relação entre dieta e doença cardiovascular em diferentes populações e partes do mundo. Seus resultados consolidaram a crença de que o aumento da ingestão de gorduras, especialmente aquela com níveis de ácidos graxos saturados elevados, esteve diretamente associada a maior prevalência de doenças cardiovasculares. Muitos estudos foram realizados nos anos subsequentes, sempre mostrando relação direta entre a mortalidade e a ingestão de gordura saturada e o papel protetor das gorduras insaturadas na prevenção das doenças cardiovasculares.

 Em 2017 , no entanto, após a  publicação do estudo Prospectivo Epidemiologia Urbana Urbana (PURE)  a crença sobre o papel adverso da gordura foi questionada. Esse estduo questionou as orientações relacionadas ao consumo de gordura ao avaliar a associação entre consumo de carboidratos, gordura total e cada tipo de gordura com doenças cardiovasculares  e mortalidade total. O estudo foi de grande dimensão epidemiológica, com mais de 135.000 pacientes matriculados em 18 países diferentes com diferentes status de renda nos 5 continentes. Os pacientes foram acompanhados por uma mediana de 7,4 anos. Os resultados incluíram mortalidade total e eventos cardiovasculares adversos importantes como morte por deonca cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. 

Maior consumo de carboidratos foi associado a um risco aumentado de mortalidade total, mas não com risco de doença cardiovascular ou mortalidade por doenças. Pelo contrário, a ingestão de gordura foi associada a um risco diminuído de mortalidade total, independentemente do tipo de gordura examinada, e a ingestão de gordura saturada foi associada a um menor risco de acidente vascular cerebral e mortalidade total . 

Em conclusão, o estudo PURE mostrou que a ingestão total de gordura apresentava pelo menos efeitos neutros ou mesmo benéficos efeitos na saúde cardiovascular, enquanto uma alta ingestão de carboidratos (> 60% da dieta) não teve impacto positivo na aterosclerose e doença cardiovascular.Também provou que a mortalidade aumenta quando os carboidratos  refinados substituem a gordura saturada na tentativa de minimizar o consumo de gordura. Finalmente, o estudo salienta que o maior benefício na mortalidade é observado quando os carboidratos refinados são reduzidos e substituído por gordura poliinsaturada . 

Esse estudo atraiu sérias críticas em alguns pontos. O fato de a maioria dos participantes do estudo ser de países de baixa renda aumenta a pobreza e  desnutrição, um sério fator de confusão em relação à mortalidade. Além disso, a confiabilidade da dieta foi questionada,  como na China, por exemplo, quando outras pesquisas mostraram uma média ingestão de cerca de 30% das calorias diárias da gordura, em comparação com 17,7% no PURE. 

 Finalmente, não foi qualificado o  tipo de carboidrato da dieta , não se sabendo se os participantes do estudo ingeriam carboidratos simples (com baixo índice glicêmico) ou complexo (rico em fibras e baixo índice glicêmico), que diferem significativamente em termos de incidência de eventos cardiovasculares .

 Esse estudo foi veiculado na mídia leiga causando uma enorme confusão pois , vem sendo sendo utilizado como base de muitas afirmações que temos visto no Instagram , Tweeter, Facebook etc.. Nesses posts, existem conclusões sem o mínimo conhecimento cientifico , verdadeiros FAKE NEWS, pois os seus autores não revelam ao público os viéses do estudo PURE, que colocaram em dúvida os seus resultados.

 É importante saber que as recomendações clássicas da ingestão de gorduras na prevenção das doenças cardiovasculares , publicadas pelas  associações medicas e nutricionais tanto europeias, americanas e brasileiras  ainda ressaltam o papel nocivo das gorduras saturadas na saúde, de modo a se recomendar que numa dieta não se consuma mais do que 35% de gorduras, sendo 10% de saturadas, sugerindo sempre a troca da gordura saturada pela mono ou poli-insaturada.

Dessa maneira, antes de você validar as informações que correm pela internet, principalmente com relação a sua alimentação, procure saber a origem das informações, se existe uma literatura de base , para evitar enganos que poderão ser prejudiciais a sua saúde.

31. julho 2019 · Comentários desativados em Tomar o café da manhã evita o infarto!!! · Categories: Acidente Vascular Cerebral, CORAÇÃO SAUDÁVEL, Envelhecimento Saudável, Infarto, Saúde · Tags: , , ,

Embora possam achar estranho, é fato que não tomar o café da manhã aumenta o risco de obesidade, e mais, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como mostram os resultados de estudo publicado recentemente na literatura médica.

Há muito se apregoava a ingestão de alimentos de 3/3 horas como uma ferramenta para a redução de peso. Estudos recentes no entanto revelam que consumir 2 a 3 refeições por dia, não deixar de tomar o café da manhã (que deve ser a maior refeição em calorias do dia), fazer a última refeição do dia não mais tarde do que 19 horas e não comer a noite, mantendo no mínimo 12 horas de jejum, prolonga a vida das pessoas, pois reduz a resistência a insulina, os níveis de colesterol do sangue, além de outros benefícios metabólicos e diminui a compulsão alimentar. Pessoas que se alimentam a noite tem risco maior de obesidade, de doenças cardiovasculares e diabetes.

Muito se fala hoje em dia do jejum intermitente, que é uma prática com o objetivo de fazer uma redução calórica no organismo. Muitos estudos experimentais em animais comprovam a importância desse procedimento para a manutenção de uma vida saudável. Embora poucos, alguns estudos em humanos vem comprovar os dados obtidos experimentalmente, de modo a se apregoar a prática 5:2, isto é: em dois dias da semana, não consecutivos, deve-se fazer a última refeição por volta das 18 horas e somente se alimentar novamente no almoço, fazendo pelo menos 16 horas de jejum, onde a pessoa só toma água. Nos outros dias da semana, libera-se a alimentação, mas se realmente você quer emagrecer, nesses dias, onde deve tomar café da manhã, almoço e jantar, e tentar reduzir a ingestão de calorias pelo menos 20% dos valores que você necessita.

Tenho feito esse tipo de proposta para meus pacientes e os resultados tem sido brilhantes, com redução de até 10 quilos em um pouco mais de 30 dias. Apenas uma ressalva: não faça nada sem consultar o seu médico, que lhe dirá se você não tem alguma contraindicação para esse tipo de conduta. 

Fonte:

1- Rong,S. et al – Association of Skipping Breakfast With Cardiovascular and All-Cause Mortality.J Am Coll Cardiol 2019;73:2025–32.

2- Trepanowski, F.J. et al – Alternate-Day Fasting onWeight Loss,Weight Maintenance, and Cardioprotection AmongMetabolically Healthy Obese Adults.A Randomized Clinical Trial. JAMA Internal Medicine July 2017 Volume 177, Number 7.