É no sofrimento que Deus nos recria em santidade!

O sofrimento de sofrer incomoda muito mais que a dor em si

Levítico tem sido como um itinerário na vivência da vocação sacerdotal desde o Antigo Testamento. É nele que se encontram vários códigos rituais, relativos ao sacerdócio, às ofertas de dons, sacrifícios, holocaustos e oblações, e à própria conduta de vida do levita, o sacerdote do Antigo Israel.

Mas hoje, quero voltar a atenção a um trecho do livro que compromete não apenas os seminaristas, candidatos às ordens sacras e presbíteros. Alcança não somente outras formas de vida consagrada, mas atinge a cada ser humano naquilo que tantas vezes não sabemos como lidar: os sofrimentos.

Vivemos em tempos em que não se admite mais o sofrer, muito menos a tentativa de dar sentido às dores, privações e angústias. Somos uma geração ferida, sensível, com abertura a doenças como depressão, síndromes de pânico, transtornos… O sofrimento de sofrer incomoda muito mais que a dor em si. “Pare de sofrer” se tornou palavra de ordem. Mas o que Levítico ensina?

Tomemos o capítulo 24. Nele, o autor sagrado faz referência ao “azeite puro, de azeitonas trituradas”. E o que isso teria haver com sofrimento? O azeite para queimar as lâmpadas “continuamente diante do Senhor” precisava ser puro, retirado de azeitonas trituradas, prensadas. Podemos reinterpretar os fatos dolorosos de nossa vida como prensas em que pode ser extraído de nós “azeites puros”, ofertas purificadas, respostas maduras, ricas em autenticidade.

Espiritualmente, Deus também nos permite passar por apertos, trituras e prensas para que nossa fé seja purificada, nosso coração provado e nossa alma fortificada. Injusto? Cruel? Equívoco da misericórdia? Não! De forma alguma! Deus sabe que apenas por nossas feridas consegue alcançar a dureza do nosso coração. Ele se aproveita de nossas brechas para infundir o Seu amor e a vida ganhar novo sentido. E para que o interior do homem seja como uma lâmpada de perene entrega, contínua adoração a Deus, ‘desde a tarde até a manhã’ (Lv 24,3).

Não podemos nos privar das forjas do azeite puro! É no sofrimento que Deus nos recria em santidade! Das dores, restaura a graça! São das lágrimas que constrói a felicidade eterna! Não tenha medo! Ele está produzindo azeite puro para que nós não O deixemos.

Deus abençoe!

George Lima

Missionário Comunidade Canção Nova