A canonização de Francisco e Jacinta Marto

Papa Francisco confirma a data de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

A confirmação da data da canonização dos irmãos Jacinta e Francisco Marto deu-se na manhã desta quinta-feira, dia 20 de Abril, durante o Consistório Ordinário Público, presidido pelo Papa Francisco no Vaticano. O Sumo Pontífice canonizará os dois pastorinhos no dia 13 de Maio, durante a sua visita a Portugal por ocasião das comemorações do Jubileu de 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Na mesma data da canonização, há 17 anos, os dois pastorinhos foram beatificados pelo Papa São João Paulo II.

Papa Francisco confirma a data de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Os Beatos Francisco e Jacinta Marto

Os Beatos Jacinta e Francisco Marto – que na época tinham apenas sete e nove anos respectivamente – serão as primeiras crianças que não foram mártires a serem canonizadas, ou seja, serão declaradas Santas.

A primeira aparição de Fátima se deu em 13 de Maio de 1917, repetindo-se no dia 13 de cada mês, a não ser no mês de agosto – no dia 13 de Agosto os videntes foram presos em Ourém pelas autoridades locais, por isso a Senhora do Rosário apareceu-lhes pela quarta vez no dia 19 de agosto – até o dia 13 de outubro, quando se deu a última aparição. Nas suas aparições, a Virgem Maria apresentou-se como Senhora do Rosário e confiou aos pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta, o Segredo de Fátima e pediu que estes rezassem o Rosário diariamente e fizessem jejuns, penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores.

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O sofrimento e a morte de Francisco e Jacinta

Doente desde o dia 18 de Outubro de 1918, com a epidemia da gripe espanhola, Francisco Marto recebeu o sacramento da Reconciliação no dia 2 de Abril de 1919 e o viático no dia seguinte, e faleceu em casa, no dia 4 de Abril. No seu processo paroquial, o pároco fez a seguinte anotação: “O Francisco – Vidente – faleceu às dez horas da noite, do dia 4 de abril corrente, vitimado por uma prolongada ralação de 5 meses de pneumónica [gripe espanhola], tendo recebido os Sacramentos com grande lucidez e piedade – E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho”[1].

O local do túmulo de Francisco – que ficou conhecido como “o consolador” pelo seu desejo de consolar Nossa Senhora com a oração – ficou perdido durante algum tempo. “Somente anos mais tarde seus restos mortais foram reconhecidos pelo pai, por um detalhe muito particular, o terço que ele tinha nas mãos”[2].

Jacinta Marto, a mais nova das três crianças de Fátima, adoeceu, tal como o seu irmão, no Outono de 1918. A Beata esteve internada no Hospital de Vila Nova de Ourém do dia 1º de julho a 31 de Agosto de 1919. Depois, foi novamente internada no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, no dia 2 de Fevereiro de 1920, onde passou por uma cirurgia e acabou por falecer. O corpo de Jacinta foi sepultado no cemitério de Vila Nova de Ourém.

Eurico Lisboa – um os médicos responsáveis pela hospitalização de Jacinta em Lisboa, relatou que na tarde do dia 20 de Fevereiro, a pequena Jacinta disse que se sentia mal e que desejava receber os Sacramentos. Por isso, foi chamado um Sacerdote, que a ouviu em Confissão. Depois, Jacinta insistiu para que lhe levassem o Sagrado Viático. O Padre não concordou, pois ela estava aparentemente bem, mas prometeu dar-lhe a Comunhão no dia seguinte. A Beata continuou insistindo em pedir o Viático, dizendo que morreria em breve. No mesmo dia, por volta das 22 horas, faleceu em profunda paz, porém, sem receber a Eucaristia.

O reconhecimento das virtudes heroicas de Francisco e Jacinta

Em Setembro de 1935, o corpo incorrupto de Jacinta foi transladado de Vila Nova de Ourém para Fátima. O corpo da Beata foi fotografado e dom José Alvez Correia da Silva, Bispo de Leiria-Fátima, que enviou uma cópia a Lúcia, que então era uma Irmã Doroteia. Na ocasião, o Purpurado pediu a Irmã Lúcia que escrevesse tudo o que sabia sobre a vida de Jacinta. Dessa forma, nasceu a Primeira memória, que ficou pronta no Natal de 1935.

Algum tempo depois, o Bispo pediu que Lúcia escrevesse também suas recordações a respeito de seu primo Francisco e das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Estes relatos deixados sobre a breve vida dos dois irmãos permitiram que fosse aberta a causa de canonização de Francisco e Jacinta. Pois, naquele tempo ainda não havia sido decretado o reconhecimento de “exercício das virtudes em grau heroico” também para as crianças, o que dificultaria muito a canonização.

O pedido para investigar a santidade de Francisco e Jacinta foi feito na Diocese de Leiria-Fátima somente em 1952 e o processo foi concluído em 1989, com o decreto sobre a prática das virtudes, em consideração à idade das crianças.

No Vaticano, o obstáculo era ainda a questão da possibilidade ou não de considerar duas crianças como candidatas à canonização. Esta questão que foi resolvida em 1981, por meio de um documento emitido com este propósito pela Congregação da Causa dos Santos.

Ouça homilia do Padre Paulo Ricardo com o tema: “A mensagem de Fátima nos impele”:

O milagre por intercessão de Francisco e Jacinta

O milagre atribuído à intercessão dos pastorinhos de Fátima, que os levou à beatificação, foi reconhecido em 1999. Quanto ao milagre que abriu o caminho para a canonização, reconhecido pelo Papa Francisco no dia 23 de março passado, diz respeito a uma criança brasileira, que na época tinha seis anos.

Esta criança estava na casa do avô, brincando com a irmãzinha, quando caiu acidentalmente de uma janela, da altura de cerca sete metros e sofreu um grave traumatismo crânio-encefálico, com a perda de material cerebral. Ela foi levada às pressas ao hospital, em coma, e foi operada. Caso sobrevivesse à cirurgia, viveria em estado vegetativo ou, na melhor das hipóteses, ficaria com graves deficiências cognitivas.

Milagrosamente, depois de três dias, a criança recebeu alta, sem nenhum dano neurológico ou cognitivo. Em 2 de Fevereiro de 2007, uma equipe médica deu o parecer unânime sobre a recuperação da menina como “cura inexplicável do ponto de vista científico”[3].

No momento do incidente, o pai da criança testemunha que invocou Nossa Senhora de Fátima e os Beatos Francisco e Jacinta. Na mesma noite, os familiares e uma comunidade de irmãs de clausura também rezaram com insistência, pedindo a intercessão dos pastorinhos de Fátima.

Beatos Francisco e Jacinta Marto, rogai por nós!

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A devoção dos cinco primeiros sábados.

TODO DE MARIA. Os três pastorinhos e a visão do inferno.

TODO DE MARIA. Penitências e sacrifícios dos pastorinhos.

Referências:


[1]  SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Cronologia dos videntes.

[3]  Idem.

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