A origem do Rosário de Nossa Senhora

Conheça a origem do Rosário de Nossa Senhora e a sua importância na história da Igreja Católica.

Até nossos dias, não há uma unanimidade a respeito da origem do Rosário de Nossa Senhora. Em primeiro lugar, a dificuldade está em definir a origem do Santo Rosário num momento exato da História da Igreja. Pois, da mesma forma que os livros que compõe as Sagradas Escrituras foram definidos num processo que levou séculos, o Rosário também demorou séculos para adquirir a forma que tem hoje.

Conheça a origem do Rosário de Nossa Senhora e a sua importância na história da Igreja Católica.

O Mistério da Anunciação do Anjo a Virgem Maria

Na origem do Santo Rosário temos as disposições da Providência de Deus e, ao mesmo tempo, a ação de pessoas humanas, inspiradas pelo Espírito Santo. O Rosário nasce desse admirável intercâmbio entre Deus e a humanidade. Desse modo, a divina Providência dispôs da oração do Rosário conforme as necessidades de cada época na história da salvação dos homens.

As orações da Ave-Maria, do Pai-nosso e o Creio

Quanto à origem mais remota do Santo Rosário, podemos dizer que este nasce no mistério da Anunciação, com a saudação do arcanjo São Gabriel a Virgem de Nazaré: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28). A oração tem sua continuidade nas palavras inspiradas pelo Espírito Santo que saíram da boca de Santa Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).

A segunda parte da “Ave-Maria” foi definida no Concílio de Éfeso, na Ásia Menor, no ano de 431, pelo Papa São Celestino I. Primeiramente o Santo Padre promulgou o dogma maternidade divina, ou seja, definiu como doutrina da Igreja Católica que “a Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que é Deus”[1]. Em memória desta solene definição, o Concílio juntou à Saudação Angélica estas palavras simples, mas muito expressivas: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”[2].

O “Pai-nosso” tem sua origem também nas Sagradas Escrituras e foi o próprio Verbo de Deus encarnado que, a pedido dos discípulos, ensinou esta oração:

Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal (Mt 6, 9-13; cf. Lc 11, 2-4).

O “Creio” ou “Credo”, que também é conhecido como “Símbolo dos Apóstolos”, tem esse nome justamente porque tem a sua origem na fé ensinada pelos Apóstolos, nos primórdios da Igreja Católica. Como não havia muitos escritos e a catequese era precária, os fiéis eram instruídos a decorar o Símbolo dos Apóstolos como uma forma de declarar formalmente a sua fé.

Os santos recomendavam a todo povo de Deus que soubesse de cor o Símbolo dos Apóstolos: “Todo cristão é obrigado a saber o símbolo dos Apóstolos de cor” ensinava Santo Agostinho. “Quem não se empenha em aprendê-lo, torna-se gravemente culpado” lembrava Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. “Recitai todos os dias o vosso símbolo, nas orações da manhã e da noite, a fim de refrescar a vossa fé”, recomendava insistentemente Santo Agostinho. “O símbolo é a renovação do pacto concluído com Deus no Batismo” dizia São Pedro Crisólogo; “é uma couraça que nos protege contra os nossos inimigos”[3], explicava Santo Ambrósio aos fiéis.

Assista ou ouça homilia do Padre Paulo Ricardo na “Memória de Nossa Senhora do Rosário”:

O Santo Rosário como saltério dos leigos

O Rosário começou a tomar forma como oração própria dos leigos. Entre os historiadores não há uma unanimidade, mas normalmente afirma-se que o Rosário surgiu aproximadamente a partir do ano 800, à sombra dos mosteiros, como Saltério dos leigos. Os monges rezavam os 150 salmos e os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai-nossos. Além da dificuldade na leitura, a maioria das pessoas naquele tempo não tinha acesso às Sagradas Escrituras. A imprensa ainda não havia sido inventada. Por isso, um exemplar da Bíblia custava muito caro, o que a tornava acessível a poucas pessoas.

Com o passar do tempo, formaram-se outros três saltérios com: 150 Ave-Marias; 150 louvores em honra a Jesus Cristo; e 150 louvores em honra a Virgem Maria. Em 1365, fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave-Marias em 15 dezenas e colocando um Pai-nosso no início de cada uma delas. “Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios”[4].

Os grandes propagadores do Santo Rosário

O Rosário ganhou extraordinária popularidade com São Domingos de Gusmão, que foi um dos seus maiores pregadores. Em seu apostolado, empenhou-se em louvar Nossa Senhora, pregar suas grandezas e incentivar todas as pessoas a honrá-la por meio desta belíssima oração. Para recompensá-lo, a Santíssima Virgem não cessou de cumular o Santo de abundantes graças, coroando suas obras com grandes prodígios e milagres extraordinários.

Segundo a tradição, no século XIII, Domingos recebeu o Rosário da própria Virgem Maria, como uma arma para vencer as heresias. Dessa forma, a Virgem do Rosário alcançou a São Domingos a vitória sobre a heresia dos albigenses e o fez o fundador da grande Ordem dos Dominicanos. O Papa São Pio V, que era da ordem dominicana, recebeu de Nossa Senhora a revelação e que venceria a batalha contra os muçulmanos através do Santo Rosário. O Pontífice pediu então que toda a Igreja, inclusive aqueles que participariam das batalhas, que rezassem com fé e devoção o Rosário. No dia 7 de outubro de 1571, venceram a memorável batalha naval de Lepanto, na Grécia, contra os turcos muçulmanos. Em honra a esta clamorosa vitória, instituiu nessa data a festa de Nossa Senhora do Rosário.

Depois de São Domingos de Gusmão e São Pio V, houve muitos outros grandes homens de Deus que propagaram o Santo Rosário, como o Papa Leão XIII e o Beato Bartolo Longo. Mas, podemos dizer que na história recente da Igreja Católica não houve ninguém que propagou com tanta dedicação esta oração como o Papa São João Paulo II. Conhecido como o “Papa de Maria”, João Paulo II escreveu a “Exortação Apostólica Rosarium Virginis Mariae”, sobre o Santo Rosário. Através desse importantíssimo documento, proclamou o “Ano do Rosário”. Além disso, por ele São João Paulo II também acrescentou os “mistérios da luz” ao Rosário:

Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação leva-nos aos mistérios que se podem chamar, por especial título, “mistérios da luz”. Na verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a “luz do mundo” (Jo 8, 12). Mas esta dimensão emerge particularmente nos anos da vida pública, quando Ele anuncia o Evangelho do Reino. Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos – mistérios luminosos – desta fase da vida de Cristo, considero que se podem justamente individuar: 1º no seu Batismo no Jordão, 2º na sua auto revelação nas bodas de Caná, 3º no seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, 4º na sua Transfiguração e, enfim, 5º na instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal[5].

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O marxismo e a destruição das famílias”:

A importância do Rosário para os nossos dias

Desde os primórdios, diversas orações foram combinadas, de vários modos, até formar esta extraordinária oração que é o Rosário da Virgem Maria. Foram necessários dois mil anos para que o Rosário chegasse à sua forma atual. Nos últimos decênios, particularmente a partir do pontificado do Papa João Paulo II, o Rosário conhece uma “nova Primavera”[6], mostrando que esta é uma oração que foi enriquecida pela Providência divina especialmente para o nosso tempo.

Em várias aparições, a Santíssima Virgem recomendou insistentemente que rezássemos o Rosário pela conversão e salvação dos pecadores. Mais do que nunca na história da humanidade, precisamos rezar incessantemente para deter a “espiral do mal”, que cresce cada vez mais em nossos dias. Os maiores males que mais nos afligem atualmente são: o divórcio, o materialismo, o feminismo, o aborto e a ideologia de gênero. No entanto, todos estes não são fins em si mesmos, mas apenas meios para alcançar um fim hediondo que é a destruição das famílias.

Irmã Lúcia, uma das videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, confidenciou ao Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha, na Itália: “A batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre o matrimônio e a família”[7], e é justamente isto que vemos em nossos dias. Nessa batalha espiritual, o Rosário torna-se uma arma fundamental para deter essa “espiral do mal”. A própria Virgem Maria, nas aparições de Fátima, nos ensinou que um dos dois últimos remédios contra os males deste mundo é a oração do Rosário[8]. Por isso, tomemos posse desse remédio salutar que é o Santo Rosário e o rezemos o máximo que pudermos, especialmente em nossas comunidades e em família.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

Links relacionados:

TODO DE MARIA. As modas do mundo e a perdição dos cristãos.

TODO DE MARIA. O poder de Maria e do Rosário contra o mal.

TODO DE MARIA. O Rosário: a oração da família.

TODO DE MARIA. Um homem transformado pelo Rosário.

Referências:


[2]  Idem.

[5]  PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 21.

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