Os esponsais de Maria e José e o amor a Deus

A união esponsal entre a Virgem Maria e São José nos ajuda a compreender a primazia do amor a Deus em nossas vidas.

Os esponsais da santíssima Virgem Maria e do gloriosíssimo São José são um sinal do amor de Deus por nós e, ao mesmo tempo, do amor que devemos consagrar a Ele. Nossa Mãe Imaculada, desde a sua mais tenra infância, queria dedicar-se totalmente a Deus num voto de virgindade. No entanto, ela sabia que na sociedade onde se encontrava isso era humanamente impossível. Pois, o casamento não era acertado pelo casal, mas era feito pelas famílias. Como nossa Senhora ficou órfã desde muito cedo, porque Sant’Ana e São Joaquim a conceberam na velhice, foi decidido pelos sacerdotes do Templo quem seria o esposo de Maria. Já estava tudo determinado e não havia alternativa.

A união esponsal entre a Virgem Maria e São José nos ajuda a compreender a primazia do amor a Deus em nossas vidas.

O casamento de São José e da Virgem Maria

Naquela época, o casamento era realizado em duas partes. Primeiro, havia o voto, a promessa de casamento, onde já acontecia o contrato matrimonial. Depois, havia uma segunda cerimônia em que o noivo era levado festivamente em procissão até a casa da noiva. Em seguida, a noiva seguia em procissão com o noivo para a sua casa, onde acontecia o desfecho da cerimônia. Esse processo de duas fases significava que, desde os votos, os esposos, se quisessem, poderiam consumar o casamento e até ter filhos. Eles não moravam juntos, mas já estavam casados, tanto que José foi chamado de esposo de Maria no Evangelho (cf. Mt 1, 19).

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O voto de castidade da Virgem Maria e de São José

A Virgem Maria já estava casada com São José e, antes de morarem juntos, – como atestam as escrituras, no Evangelho segundo São Lucas: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria” (Lc 1, 26-27); e no Evangelho segundo São Mateus: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt 1, 18) – aconteceu o que podemos chamar de um grande milagre espiritual.

Depois do casamento, Nossa Senhora revelou a São José o seu desejo de se entregar totalmente a Deus na virgindade consagrada. E então São José disse: “Pois este é o meu desejo desde sempre: eu também quero me entregar como virgem consagrado a Deus”. Esse foi um verdadeiro milagre espiritual. Deus foi preparando o coração da Virgem Maria e, ao mesmo tempo, o coração de São José. Quando os dois se casaram, aquilo que era impossível para os dois por causa da cultura judaica tornou-se providencialmente possível e então aconteceu que, depois de casados, fizeram um voto de castidade.

É importante lembrar que esse voto foi feito depois de casados. Por quê? Santo Tomás de Aquino explica que Maria tinha o desejo de ser virgem desde sempre, mas ela só fez o voto de castidade depois de casada. Porque, diz o Santo, quando um casal se casa, a promessa matrimonial consiste em dar direito um ao outro, como esposo e esposa, de terem relações sexuais. Ora, se ela tivesse feito o voto antes, o casamento seria uma espécie de mentira, porque foi feita antes uma promessa contraditória. Seria o mesmo que ela dissesse: eu vou ser virgem consagrada, não vou ter relações sexuais; e depois, no casamento, prometesse: eu te recebo José, como meu esposo, dando-lhe o direito sobre seu corpo. Ela desfaria o voto anterior. Não foi assim que aconteceu. Primeiro, ela tinha o desejo de ser virgem, mas não sabia como isso se realizaria, porque naquela sociedade judaica ela não mandava em si mesma. Outros que combinariam seu casamento. Ela tinha o desejo de ser virgem, mas se casou e fez um voto sincero, conforme exigia a Lei.

O voto de castidade e o direito à relação sexual no Matrimônio

Em um Matrimônio válido, para que haja um voto de castidade, é necessário que os esposos estejam livremente em pleno acordo a esse respeito. Pois, cada um deles está renunciando ao seu direto. Então, o casamento é isso: eu, esposo, dou direito à minha mulher sobre o meu corpo; eu, esposa, dou direito ao meu marido sobre o meu corpo. No casamento, está dado esse direito. Uma vez que eles têm o direito, então é possível renunciar a ele. Mas, para renunciar a esse direito, é necessário que haja mútuo acordo, porque o direito é de ambas as partes. O homem ou a mulher não pode fazer um voto de castidade sem o consentimento do cônjuge, ou lesará o direito da outra pessoa. Seria uma injustiça negar o direito do esposo ou da esposa à relação sexual. Quem nega ao seu legítimo esposo, à sua legítima esposa, a relação sexual, sem uma grave razão, comete uma injustiça. Sendo assim, pode-se negar a relação sexual por razões graves, como um estado de enfermidade ou a infidelidade conjugal, que colocaria em risco a saúde do cônjuge.

No Matrimônio, o direito à relação sexual só existe se houver uma abertura para a vida. Ninguém tem direito à relação sexual usando camisinha, anticoncepcional ou outro método contraceptivo não natural. Dessa forma, perde-se o direito, pois levaremos o cônjuge a pecar. O direito que se tem no Matrimônio é o de uma relação sexual aberta à vida. Por que a relação sexual é um dom maravilhoso que foi dado por Deus para nós povoarmos o Céu. Isto vale até mesmo para quem está na menopausa. Pois, para Deus tudo é possível (cf. 19, 26). Lembremos que, segundo a Tradição, São Joaquim e Santa Ana conceberam já na velhice.

A união esponsal entre a Virgem Maria e São José nos ajuda a compreender a primazia do amor a Deus em nossas vidas.

A Sagrada Família

Os esponsais de Maria e de José como sinal do amor a Deus

Assim, ao recordarmos os esponsais da Virgem Maria e de São José – o casamento da toda santa Mãe de Deus com o glorioso São José – lembramos uma coisa importante: para que um casamento dê certo, os esposos precisam ter um amor por Deus maior que o amor conjugal. Toda mulher católica tem que amar Deus mais do que ama o seu marido. E o seu marido precisa ser um trampolim para que ela ame mais a Deus, porque ele é um sacramento de Deus para ela. A mulher se entrega a Deus no seu marido. Da mesma forma, todo homem católico tem que amar mais a Deus do que ama a sua esposa. E essa mulher será o seu trampolim para cumprir a sua missão conjugal de amar como Cristo amou a Igreja (cf. Ef 5, 25), ou seja, derramando o Seu sangue por amor a ela. Nisso se realiza um grande amor por Deus.

Peçamos a Virgem Maria e a São José que abençoe as nossas famílias. Sabemos que apresentar os esponsais de Nossa Senhora e de São José é quase que falar de um sonho inalcançável, principalmente para alguns casamentos que já estão numa situação tão sofrida. No entanto, aqueles que são casados precisam saber que não estão sozinhos na vivência do Matrimônio. A Sagrada Família está presente. Jesus, Maria e José estão lhes dando a graça todos os dias, para manterem a fidelidade, apesar de tudo, para serem fiéis, como prometeram no Matrimônio, até a morte (cf. Mt 19, 6; Mc 10, 9). Até que a morte os separe! Essa realidade de vida e de morte que está no Matrimônio é tão dramática e, ao mesmo tempo, tão bela. Porque o Matrimônio é a celebração da vida, de sermos família aqui na Terra, para um dia sermos família no Céu.

Fonte: PADRE PAULO RICARDO. Os esponsais da Virgem Maria e de São José.

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. Matrimônio Josefino.

PADRE PAULO RICARDO. Virgindade e Espiritualidade.

TODO DE MARIA. Nossa Senhora Aparecida e o nosso casamento.

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