O dia em que meu coração bateu mais forte

Ao final dos meus 16 anos tive uma experiência forte com Jesus. Após essa experiência, uma pergunta ecoava dentro de mim: “O que Deus quer de mim?”. Eu estava num tempo novo da minha vida, estava bem comigo mesmo e tinha ganho novos amigos. Estava engajado em vários trabalhos pastorais. Mas, essa pergunta continuava no meu coração: “O que Deus quer de mim?”. Eu estava feliz, porém, queria mais, era chamado para algo a mais. Trabalhava com uma pastoral de rua, cuidava dos mais pobres, no entanto, eu queria mais. Participava do grupo de jovens e teatro, e ainda assim, não era suficiente. Precisava de mais! O que era esse algo a mais? Uma simples empolgação de alguém que tinha acabado de se converter? Não. Era uma vocação ainda em embrião. O anseio da radicalidade do Evangelho e a coragem de ofertar a vida para Deus. O viver com outras pessoas, homens e mulheres, que possuíssem o mesmo objetivo: santidade e evangelização.

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Jonathan Ferreira, Missionário da Comunidade Canção Nova

Passaram-se meses e o anseio permanecia dentro de mim. Comecei a partilhar com as pessoas mais próximas e que faziam parte do meu círculo de amizades. Percebi que nem todos sentiam o que eu estava sentindo e muitos não eram capazes de me entender.

Quando tinha 17 anos, partilhando com um amigo, comecei a dizer de tudo o que eu estava vivendo, falei que não sabia onde chegaria, mas estava sendo incomodado por tudo aquilo. Ele me interrompeu e disse:
– Eu preciso lhe apresentar uma pessoa que vai te entender um pouco melhor, ela já viveu algumas experiências nesse sentido.
Eu respondi.
– Sim, claro, então me apresenta, por favor.

Fomos até a casa dela. Era uma jovem de 26 anos, morava sozinha e já tinha feito uma experiência vocacional na Canção Nova. Nós nos cumprimentamos e antes de, eu, ou meu amigo, começarmos a falar algo a respeito de vocação, ela começou a partilhar sobre várias experiências que tinha vivido na casa de missão da Canção Nova em São Paulo. Calma! Ela não era alguém que adivinhava as coisas (rsrsss). Foi providência de Deus! Ela contou sobre a vida fraterna e sadia convivência entre homens e mulheres. Achei aquilo fantástico. Partilhou sobre inúmeros trabalhos de evangelização que a Canção Nova realizava. Então eu percebi que existiam pessoas que deixaram tudo para seguir a Deus. Ufa! A primeira conclusão foi que eu não era um Alienígena! O que me marcou foi que enquanto ela partilhava, sobre suas experiências com a Canção Nova, meu coração batia forte e parecia que estava pegando fogo. Era isso que eu estava procurando. Algo dentro de mim respondia conforme ela partilhava.

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Ao final dessa conversa, percebendo que eu fiquei muito empolgado com tudo o que tinha partilhado, ela me chamou para ir numa vigília que a Canção Nova realizava e ainda realiza, na Basílica de Nossa Senhora da Penha, na cidade de São Paulo. Eu disse que iria com certeza. Mas, não era um convite para somente participar da vigília, era para trabalhar ajudando nas escalas como lanchonete, acolhida, cozinha e outras coisas. Eu fui nessa vigília e comigo foram alguns amigos do grupo de jovens. Lembro que fomos em mais ou menos 10 jovens.

Na vigília eu fiquei na escala da lanchonete. A lanchonete tinha duas mesas uma ao lado da outra, uma parte da mesa continha o que era de comer e a outra o que era de beber. Na parte de comer, tínhamos salgados como: coxinha, esfirra, pão de queijo e hamburgão. A outra parte, tínhamos coisas como: café, chocolate quente, água e refrigerante. Eu fiquei na parte de servir chocolate quente. A pessoa vinha até mim e dava uma ficha. Eu guardava a ficha, pegava um copo e enchia de chocolate quente pra ela. Eram muitas pessoas, todas falando ao mesmo tempo. Não existia fila naquele lugar. Só um monte de pessoas que queriam tudo ao mesmo tempo. Tudo muito rápido e agitado. Desesperador! Essa é a palavra: desesperador.

Tínhamos uma garrafa de chocolate quente de seis litros, ela tinha uma rosca que a gente abria para pegar chocolate e depois a fechava. O movimento era muito grande e tínhamos que fazer tudo muito rápido. De repente, enquanto eu abria a garrafa, a rosca dela soltou e começou a cair chocolate quente por todo o chão. Fiquei mais desesperado. Não conseguia servir o povo. Não conseguia encaixar novamente a rosca da garrafa térmica. E, para completar, o chão estava parecendo um rio de chocolate quente! Escutei uma voz que disse:
– A gente precisa pegar um pano e limpar isso!
Fui rápido até a cozinha pegar o pano de chão para l
impar tudo aquilo. Voltei da cozinha, me agachei e comecei a limpar. Enquanto estava agachado, passando o pano no chão, meus amigos chegaram e disseram:
– Jonathan, o que você está fazendo? O que é isso?
Eu, com um sorriso no rosto, respondi para eles.
– Estou limpando o chão!

A pergunta dos meus amigos foram de pessoas que não estavam entendendo o acontecido. E, talvez também não concordassem, com o trabalho de limpar o chão. Mas, a minha resposta, uma alegre resposta, foi de alguém que encontrou o que tanto procurava. Servir café na lanchonete ou limpar o chão, tudo com uma motivação: a salvação das almas. Não era somente o que eu estava fazendo. Não era o fazer pelo fazer. Era o sentido, e a motivação, por de trás de tudo isso. Mais do que fazer, eu estava assumindo o que Deus me chamou para ser: Canção Nova. Era indescritível o que eu estava vivendo. O sentimento era de estar, onde eu realmente fui chamado parar estar, e, ser o que realmente eu fui chamado para ser.

Foi nesse episódio da minha vida, limpando o chão com um sorriso no rosto, olhando para os meus amigos, que percebi minha vocação a Canção Nova. Eu não era melhor do que eles. Eles, por sua vez, não eram melhor do que eu. Mas, do meio deles, o Senhor me escolheu.

Entrei na Canção Nova com 20 anos. E o que eu mais me questionava no primeiro ano de comunidade era o seguinte: “O que eu deixei? Do que eu abri mão pela minha vocação? Qual foi a minha renúncia?”. Antes de qualquer coisa preciso adiantar que o deixar ou renunciar foi fruto de uma escolha livre e por amor. Deus me escolheu, mas eu também, escolhi a Deus. Por isso eu fui capaz de, sair da minha casa, deixar meus pais, irmãos e familiares. Deixar minha faculdade e meu emprego. Deixar a cidade que eu tanto gostava de morar. Abrir mão do sonho de morar em outro país para morar onde Deus me enviasse. Deixei, deixei e deixei… Mais do que deixar; eu ofertei! Tudo por amor e com amor. Ofertei minha juventude, meu trabalho, meu sonho, minha sexualidade, afetividade, história, família, amigos e tudo o que tinha a Deus.

Quero deixar uma provocação no final desse texto. O que tem feito o seu coração bater mais forte? Já parou para pensar que Deus pode ter te escolhido? Deus está lhe chamando. Sim, Ele está gritando o seu nome. Não foi por acaso que você leu esse texto, foi providência divina. Ele está investindo em você. Em você que tem se perguntado: “qual é a minha vocação?”. E, também em você, que nem tinha se ligado nesse negócio de vocação. Já parou para pensar que a sua vocação pode ser a Canção Nova?

Jonathan Ferreira
Missionário da Comunidade Canção Nova

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