Anete Ramos Oliveira
* 20/09/1934
† 12/01/2021
Hélio Oliveira
* 30/09/1940
† 04/04/2021
Conhecemos seu Hélio e dona Anete em 2004, num Acampamento de Oração na Canção Nova de Aracaju. Na ocasião, tanto eles como nós começávamos a servir como voluntários na missão. No ano seguinte, também juntos, começamos o nosso caminho vocacional e no dia 02 de fevereiro de 2007 entramos juntos para a Comunidade Canção Nova. Foram muitos anos de convívio próximo e pudemos aprender demais com os nossos “irmãos avós”. “Yes, man!” era o jargão preferido de seu Hélio. Bem-humorado, ele estava sempre tentando tomar uma Coca-Cola escondido de dona Anete, que zelava pela sua saúde e pelas suas lembranças. Nas conversas com os dois, era comum seu Hélio confirmar um fato, uma data, o nome de alguém com sua esposa: “Como era mesmo o nome daquele rapaz, Anete?” “Isso aconteceu quando a gente estava em que cidade, Anete?” Dona Anete era a elegância, a educação e a polidez em pessoa. Falava de forma pausada, com a voz suave e acolhedora. Até no riso era comedida, o que não significava que não fosse alegre. Quantas conversas, quantas memórias eles partilharam dos tempos de banco, das aulas, das viagens.
Seu Hélio e dona Anete volta e meia partilhavam que não tinham muito o que doar para a Canção Nova por já estarem numa idade que não permitia muito, mas como eles se doaram! Deram-nos sempre o melhor, o mais precioso que tinham, a começar pela sua presença. Estavam sempre na missão, fosse servindo nos acampamentos – no caixa, na cozinha ou no camarim –, ou como ministros extraordinários da comunhão. E sua companhia era preciosa! Sempre doces, felizes, para cima, nos ensinavam a nunca murmurar. Nunca vi seu Hélio nem dona Anete fomentarem fofocas ou murmurações. Pelo contrário, eram conciliadores e sempre viam o melhor em cada irmão. Deram também o melhor no serviço, na doação. Dona Anete serviu e proveu por muitos anos a Canção Nova com seus maravilhosos dotes culinários, a exemplo das suas famosas tortas de maracujá. Literalmente abriram as portas da sua casa incontáveis vezes para a comunidade: quantas convivências, formações, celebrações na sua acolhedora casa na Coroa do Meio. Quantas partilhas à beira da piscina ou nos sofás da sala. Eles contribuíram demais com a saúde da vida fraterna da comunidade com o seu desapego e generosidade. Mas não foram só as convivências. Por muitos anos, a casa de seu Hélio e dona Anete foi a “hospedaria oficial” para os eventos da Canção Nova de Aracaju. Quantos pregadores e músicos eles acolheram em seu lar! Como Áquila e Priscila, fizeram de sua casa uma extensão da Igreja, local de oração, serviço e acolhimento.
A Canção Nova será sempre grata pela presença, pelo serviço, pela doação. Mas há um motivo ainda maior para lhes sermos gratos, queridos Hélio e Anete: a autenticidade e a fecundidade do seu testemunho como cristãos e como Canção Nova. Não foi nos palcos, na frente das câmeras nem nas escalas de serviço que vocês viveram com maior eficácia o Carisma Canção Nova. Foi no ordinário da sua vida de casal, de família. No exemplo de relacionamento conjugal que vocês nos deram, sempre tão carinhosos um com o outro, mesmo após tantos anos de casado. Pareciam um casal de namorados. Quanta ternura e cuidado de dona Anete ao se dirigir ao seu esposo, quanta doçura e gentileza de seu Hélio ao falar com sua esposa! Vocês foram se santificando vivendo o ordinário de maneira extraordinária. Tiveram seus filhos, educaram-nos, foram avós amorosos, pais presentes, que nunca se furtaram de repassar aos filhos e netos o tesouro da fé católica. Vocês nos ensinaram, Hélio e Anete, que é feliz quem abraça a sua vocação, como nos ensina o nosso fundador, Monsenhor Jonas Abib.
Aqui, eu, Andréa, abro um pequeno espaço para um testemunho bem pessoal. Quando conhecemos seu Hélio e dona Anete, éramos casados há bem pouco tempo. Eu tinha apenas dezenove anos, um filho pequeno e muitas incertezas, especialmente sobre as coisas práticas da administração de um lar. Quis a Providência que dona Anete e eu fôssemos nos aproximando, e um canal para isso foram as tortas que ela fazia para os eventos da Canção Nova. Não lembro o ano em que comecei a ajudá-la, mas fiquei oito anos nesse serviço, e como aprendi! Não só aprendi a fazer tortas, mas nas tardes de sexta e de sábado na companhia de dona Anete fui ouvindo-a falar sobre educação de filhos, organização do lar, cozinha, modo de lidar com o esposo, enfim, tive um longo “curso” sobre como ser mãe, esposa e dona de casa com uma mestra atenta, compreensiva e amável. A mulher de Deus que sou hoje deve muito a dona Anete. Nunca esquecerei as suas muitas lições, que me ajudaram a ser uma mãe, uma esposa e uma dona de casa muito melhor para os meus e para mim mesma.
Fica a imensa saudade de vocês, seu Hélio e dona Anete, mas a nossa esperança, Cristo Ressuscitado, não nos decepciona, e sabemos que nos reencontraremos um dia, no céu, onde não haverá mais choro nem dor. Até chegar esse dia, seguiremos inspirados no seu exemplo, querendo gastar a nossa vida amando como vocês amaram, fazendo da própria vida uma oração e uma ação de graças a Deus, por meio do serviço, do cuidado com próximo e do testemunho autêntico de um casal que buscou a santidade.
Texto: José Leonardo e Maria Andrea, missionários e irmãos de comunidade do seu Hélio e dona Anete.