Padre Jonas Abib: Feito tudo para todos
Jakeline Megda D’Onofrio
Da Redação
“Anunciar o Evangelho não e glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! […] Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos” (I Coríntios 9,16 e 22).
O lema sacerdotal “Feito tudo para todos” reflete a vida desse profeta da modernidade, cuja missão e obra são dedicadas inteiramente à propagação do Evangelho e do amor salvífico de Deus, sendo por isso chamado carinhosamente de “padre Jonas da Bíblia”. Um sacerdote da Palavra, escolhido por Deus para evangelizar por intermédio da música, dos livros, das pregações e dos meios de comunicação, cujos frutos para a Igreja e para o mundo são incontáveis. Ele narra, com muita emoção, a sua entrega ao chamado de Deus por meio do sacerdócio:
“Chegou, enfim, o grande momento da minha vida. Tudo havia sido preparado e ensaiado. Agora era o momento de entrar em cena e mostrar que todo o aprendizado tivera sentido. Tanto o aprendizado que veio das aulas, dos livros, como aquele que veio dos sinais. Sinais que me davam provas concretas da real existência de milagres. Estava ali para entregar-me. Uma entrega total, consciente. Uma entrega alimentada por tantas refeições de dores e de certezas, de pobreza e de bonança, de solidão e de acolhimento. Momentos que hoje são leves, mas que, na época, meu Deus, só o Senhor sabe pelo que passei”, testemunha.
Saiba um pouco da história do chamado ao sacerdócio do monsenhor Jonas
Aos 12 anos, ele passou a estudar no Liceu Coração de Jesus, pertencente à Congregação dos Salesianos, na capital paulista, e a trabalhar nas oficinas de artes gráficas, no setor de encadernação. E um senhor chamado José Pinto disse-lhe que havia vagas abertas para o seminário São Manoel de Lavrinhas (SP) e lhe passou a lista dos materiais necessários para o ingresso, na qual estava escrito que ele deveria levar dois sacos de roupas. Contudo, por um mal-entendido, os pais, ao lerem a lista, pensaram que ele precisaria de dois sacos cheios de roupas. Por isso ele diz ter chorado à noite inteira, sem esperança de ingressar no seminário, porque os pais eram pobres e não teriam condições financeiras de comprar tantas roupas, nem de mantê-lo lá. Segundo monsenhor essa foi a maior dor que ele sentira quando criança.
No outro dia o senhor José Pinto perguntou a ele: “Falou com seus pais?”. Jonas respondeu: “Meus pais são pobres e não têm dinheiro para encher um saco de roupas; imagine dois!”. Monsenhor conta que esse homem caiu na gargalhada, porque os dois sacos eram para ele colocar as roupas sujas. E assim se iniciava um tempo novo na vida daquele jovem garoto de apenas 12 anos de idade.
Preparação para a ordenação sacerdotal
Jonas Abib se programou para fazer dois dias de retiro para a ordenação. E no primeiro dia de retiro, no final do dia, seus pais, Sérgio Abib e Josepha Pacheco Abib, foram levar os seus paramentos e lhe dar a bênção. Ficaram ali com o futuro sacerdote conversando um pouco, recordando-se dos momentos marcantes e até mesmo do mal-entendido acerca dos dois sacos de roupa suja. Riram, choraram e se despediram. Monsenhor partilhou que não sabe dizer se o que o marcou foi aquele momento de lembrança ou a sua ordenação.
No total foram ordenados dezessete sacerdotes no dia 8 de dezembro de 1964, contando com ele, na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, no Seminário São Manoel, da Congregação dos Salesianos de Lavrinhas (SP). Na hora dos ensaios para a cerimônia de ordenação, ele disse que estava na quarta fileira, no meio da turma, não seria o primeiro. Mas, quando se iniciou a chamada para a ordenação, o oficiante disse: “Jonas Abib”. Ele narra que não sabe o que acontecera para que o seu nome fosse o primeiro da lista e que ouvira essas palavras no seu coração: “Não viste tua doença? Foste o único com a certeza da ordenação. És o primeiro a ser ordenado entre os teus colegas”. Pois toda a sua vida havia sido marcada por milagres: do nascimento, quando sua mãe tivera complicações na hora do parto e recorreu à intercessão de São João Bosco, até a graça do tratamento correto e da cura do tracoma dos olhos, contraída aos dois anos de idade. E também ao ficar curado de um mal-estar que o deixava com fortes dores de cabeça e a visão turva, sem que os médicos descobrissem a causa, um pouco antes de ser ordenado.
Seus padrinhos de ordenação foram seu tio Santos e a tia Irene.
Já no primeiro dia de padre, ele foi o escolhido para fazer o discurso da ordenação. Deus já havia lhe dado o dom da eficácia da Palavra, conforme ele havia pedido ao Senhor, espelhando-se em Dom Bosco. E disse ter escolhido na última hora o lema sacerdotal: “Fiz-me tudo para todos” (I Cor 9, 22). Escreveu no seu convite de ordenação sacerdotal: “Jonas, sacerdote do Senhor, feito tudo para todos”.
Como esse grande homem de Deus mesmo diz: “Como tinha escolhido aquele lema, precisei colocá-lo em prática já no dia seguinte, atendendo ao pedido do meu colega. Não sou eu que mando, já que fui feito tudo para todos. Aí já estava delineada a minha missão. Meu modo de vida. Feito tudo para todos”.
Como dizemos na Canção Nova: “Deus fala nos fatos!”. A vida desse sacerdote do Altíssimo sempre foi uma entrega total para os seus filhos da Comunidade Canção Nova e para a Igreja. Sempre em busca da santidade para ser um bom pai espiritual a todos e, principalmente, para ser aquilo que Deus sonha: um sacerdote santo para um mundo novo. Um sacerdote cuja missão é preparar o povo de Deus para a segunda vinda de Cristo.
Celebremos como alegria a vida deste grande homem de Deus que nos indica dia após dia o caminho para o céu.
**texto copiado do portal: cancaonova.com