“É Ele que vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Mt 3,11)… Esta promessa vai ter seu cumprimento, externo e visível ao mesmo tempo, no dia de Pentecostes: “Então apareceram línguas como de fogo. (…) Todos ficaram repletos do Espírito Santo” (At 2,3-4).
O fogo é o símbolo de uma purificação mais profunda, radical. A água purifica por fora, o fogo também por dentro. Canta o salmista: “Examina-me, Senhor, e submete-me à prova, purifica no fogo meus rins e coração” (Sl 26,2). As coisas preciosas – o ouro, no âmbito material, a fé no espiritual – são provadas no fogo (cf. 1Pd 1,7)…
Em Pentecostes – escreve Cirilo de Jerusalém – os apóstolos receberam “o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma”… Nós “escolhemos” passar pelo fogo que redime para não sofrer um dia o fogo do juízo que destrói… A partir deste momento, o Espírito começa a agir como um fogo, não mais porém como fogo que purifica e refunde, mas como fogo que aquece e inflama…
Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza e, se por acaso já tivermos caído na tibieza ou estivermos caindo, livra-nos dela. Da tibieza não se pode sair sem uma intervenção do Espírito Santo, intervenção nova, decisiva. Podemos vê-lo na vida dos apóstolos. Antes de Pentecostes, eram pessoas tíbias. Não eram capazes de vigiar uma hora, discutiam sempre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Mas, que diferença depois que sobre eles vieram pairar as línguas de fogo. A partir daquele momento, tornaram-se a viva imagem do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo…
Com isto há uma esperança também para nós. Se nos parece diagnosticar em nós os sintomas deste “mal obscuro” da vida espiritual – a tibieza – se descobrimos que estamos apagados, frios, apáticos, insatisfeitos com Deus e com nós mesmos, existe remédio, e é infalível: precisamos de um belo e santo Pentecostes! Com o auxílio da graça, é possível sair da tibieza. Houve grandes santos que, como eles mesmos o admitiram, se tornaram santos depois de um longo período de tibieza. É o que desejamos pedir ao Espírito Santo.
Monsenhor Jonas fala sobre a importância do Batismo no Espírito