O padre cita a formação e o enraizamento da fé cristã como fatores essenciais para que os cristãos assumam a ação evangelizadora sem correrem o risco de transmitirem uma mensagem adulterada. Complementando essa formação, o sacerdote destaca a necessidade das pessoas se livrarem das influências do mundo para então serem capazes de evangelizá-lo.
“Eu vou para o mundo evangelizar, mas eu tenho que romper com a mentalidade mundana. Eu tenho que ser capaz de falar uma linguagem que este mundo entenda, mas eu não posso ter uma linguagem mundana. Então estarmos no mundo, mas não sermos mundanos, seria essa a ideia”.
Participação da comunidade
Padre Paulo Ricardo lembra a importância do Sínodo dos Bispos, uma vez que este constitui a reunião dos pastores da Igreja Católica que visa ao diálogo e à troca de experiências dos bispos. Nesta reunião, eles são iluminados pela Palavra de Deus nas decisões que a Igreja adota.
E se o Sínodo é bom para a tomada de decisões, a participação da comunidade torna-se essencial para colocá-las em prática. “É evidente que a Igreja acontece de verdade no meu dia a dia, na minha comunidade, porque são comunidades cristãs reunidas ao redor da Eucaristia que fazem com que realmente haja a Igreja e o cristianismo. Então eu preciso me alimentar da Eucaristia, da fé da Igreja e transmitir isso para as pessoas”, disse padre Paulo.
E como toda grande missão envolve desafios e dificuldades, o sacerdote alertou que as pessoas precisam estar prontas para assumir esta tarefa que é gesto de caridade e amor crucificado. Dessa forma, o cristão precisa de dispor a pagar o preço da sua fidelidade, desse amor que é aliança com os outros.
“Os bispos em Roma se reúnem, isso é coisa boa e importante, mas é importante que eu aqui também faça a minha parte e esteja disposto a morrer pelo Evangelho, porque é assim que a Igreja viveu e vive ao longo dos séculos e é assim que nós vamos chegar no céu”.
A nova evangelização: o que é?
Padre Paulo Ricardo explicou que a nova evangelização significa que, de alguma forma, perdeu-se a primeira evangelização. Ele contou que o Papa Bento XVI, desde a época em que era padre, já alertava os cristãos para o fato de que vive-se em um mundo que já não é mais cristão.
“O mundo em que nós vivemos é fundamentalmente pagão. Isso quer dizer que o nosso mundo é parecido com aquele que São Pedro e São Paulo tiveram que enfrentar quando eles evangelizaram”.
Porém, o sacerdote destaca que, antes, o Evangelho era pregado para um mundo que ainda não era cristão. Hoje, é preciso pregar o Evangelho em um mundo que não é mais cristão.
“Tem uma diferença e é por isso que nós chamamos de Nova Evangelização, porque é um mundo que, de alguma forma, já está vacinado contra nós, já tem preconceitos com relação ao cristianismo, à Igreja. Então nós precisamos de novos métodos, de uma nova forma de abordar esse mundo que está aí e precisa ser evangelizado”.
Igreja e as novas tecnologias
Hoje, além da própria Palavra de Deus, a evangelização pode contar com o auxílio do ambiente digital. Padre Paulo Ricardo afirmou que a Igreja está aberta a essa contribuição, o que, inclusive, constitui um apelo feito pelo Papa Bento XVI.
“O próprio Papa Bento XVI fez um apelo à Igreja no mundo inteiro e, sobretudo, aos sacerdotes que usassem mais os meios digitais”. O padre contou que, a partir desse apelo, ele mesmo começou a investir mais na evangelização por meio desse ambiente digital, que permite à evangelização alcançar lugares onde a ação evangelizadora não chegaria.
“Nós temos que olhar tudo isso como graça de Deus, como grandes oportunidades da providência divina para nós levarmos o Evangelho a todo um povo que espera a Palavra de Deus”.
O que falta para a evangelização?
Mesmo com tantos recursos, a exemplo das Sagradas Escrituras, do Sagrado Magistério e da Sagrada Tradição, que compõem os fundamentos da fé cristã, aliados às novas tecnologias, a evangelização ainda não alcança todos.
Para padre Paulo, o primeiro passo que os cristãos devem dar como Igreja é ter a coragem de ser pequeno, ou seja, ter a coragem de adotar um discurso que, mesmo não agradando a todos, consiga “pescar” pessoas para Deus, como costuma dizer o monsenhor Jonas Abib.
“Se formos um pequeno rebanho fiel, a gente atinge a massa. Mas se a gente quiser se confundir com a massa, o sal vai perder o seu gosto, a luz vai perder o seu brilho. Então é importante, na nova evangelização, sermos aquilo que somos chamados a ser: sal da Terra, luz do mundo. Nós não somos a Terra e nem o mundo, mas é assim que a gente faz a evangelização e a transformação da Terra e do mundo”.
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