Feliz dia das Mães – Viva a Mãe de Deus e nossa Mãe!

Maio, mês das noivas, mês das mães, mês de Maria

Apresentação de Maria

Segundo uma tradição católica estima-se que a Virgem Maria teria nascido a 8 de setembro, num sábado, data em que a Igreja festeja a sua Natividade. Também é da tradição pertencer à descendência de Davi – neste sentido existem relatos de Inácio de Antioquia, Santo Irineu, Santo Justino e Tertuliano – consta ainda dos “apócrifos” Evangelho do nascimento de Maria e do Protoevangelion e é também de uma antiga tradição que remonta ao século II que seu pai seria São Joaquim, descendente de Davi, e que sua mãe seriaSant’Ana, da descendência do Sacerdote Aarão.
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço doSenhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim.

A Visitação a Santa Isabel,Domenico Ghirlandaio, 1491, Museu do Louvre, Paris.

Com a morte do pai teria se transferido para Nazaré, onde São José morava. Três anos depois realizar-se-iam os esponsais. Os padres bolandistas, que dirigiram a publicação da Acta Sanctorum de 16431794, supõem em seus estudos que São Joaquim era irmão de São José, o que caracterizaria um caso de endogamia, o que era comum entre os judeus.

Nos Evangelhos

O papel que ocupa na Bíblia é mais discreto se comparados com a tradição católica. Os dados estritamente biográficos derivados dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela virgem (em grego παρθένος), quando concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era uma mulher verdadeiramente devota e corajosa. O Evangelho de João menciona que antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João e a Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, filha da Nova Eva.
É dezenove vezes citada no Novo Testamento, entre elas: «A virgem engravidará e dará à luz um filho … E ele lhe pôs o nome de Jesus.» (Mateus 1:23-25)[3], “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. … será chamado Filho do Altíssimo.” Maria pergunta ao anjo Gabriel: “Como acontecerá isso, se sou virgem [literalmente: se não conheço homem]?” O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus.» (Lucas 1:26-35)[3].

Maria amamentando o Menino Jesus,Século IICatacumba de Priscilla, Roma

Fatos notáveis

As passagens onde Maria aparece no Novo Testamento são:
  • A visitação à sua prima Isabel e o Magnificat (Lc. 1,39-56).
  • O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos reis magos (Lc. 2,1-20).
  • A Sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no templo (Lc. 2,22-38).
  • À procura do Menino-Deus no templo debatendo com os doutores da lei (Lc. 2,41-50).
  • Meditando sobre todos estes fatos (Lc. 2,51).
  • À procura de Cristo enquanto este pregava e o elogio que Lhe faz (Lc. 8,19-21) e (Mc. 3, 33-35).
  • Stabat Mater – Ao pé da Cruz quando Jesus aponta a Maria como mãe do discípulo e a este como seu filho (Jo, 19,26-27).
E não há mais nenhuma referência ao seu nome nos restantes livros do Novo Testamento, salvo em Lucas (11, 27-28): Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram.

Palavras de Maria

Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:
  • Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lc. 1,34).
  • “Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua palavra (Lc 1:38)
  • “A minha alma engrandece o Senhor.” (Lc. 1,46-55)
  • “Filho, porque fizeste isto conosco? eis que teu pai e eu te procurávamos angustiados.” (Lc. 2,48).
  • “Não têm mais vinho”… (Jo. 2,3).
  • “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo.2,5).

Palavras dirigidas a Maria

Theotokos de Vladimir, Ícone bizantino de Maria.

Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida a Maria:
  1. A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo. (Lc.1,28).
  2. O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lc. 1,30-33).
  3. Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc. 1,35-37).
  4. Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: …e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lc. 2,34).
  5. Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lc.1, 42-45).
  6. O Menino-Deus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lc. 2,49)
  7. Cristo em Caná:Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. . (Jo.2,4)
  8. Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto dEla, o discípulo que amava, disse à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe.” E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo. 19,26-27).

As sete dores de Maria

A historiografia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as Suas Sete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
  • Primeira dor: A profecia de Simeão.
  • Segunda dor: A fuga para o Egipto.
  • Terceira dor: Jesus perdido no Templo.
  • Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.
  • Quinta dor: Jesus morre na Cruz.
  • Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe.
  • Sétima dor: O corpo de Jesus é sepultado.

A Dormição

Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma tradição cristã que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 42 d.C. e seu corpo depositado noGetsêmani.Lembrando que na doutrina Católica ela foi Assunta ao Céu.
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de “morte”. Alguns teólogos e santos da Igreja Católica, por dogma de fé, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria “dormitado” e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte.

A Dormição de Maria, por Duccio di Buoninsegna, 1308, Museo dell’Opera del Duomo, Siena.

Na liturgia bizantina a festa da dormição ocorre no dia 31 de agosto, é a Dormição da SS. Mãe de Deus, “Kóimesis” em grego e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir. A partir de 1 de agosto, na Igreja oriental e bizantina (ortodoxos e greco-católicos) inicia-se a preparação para esta festa. O dia 15 de agosto foi estabelecido pelo imperador Maurício (582-602), do Império Romano do Oriente, mantendo assim uma antiga tradição, no Ocidente foi introduzida pelo Papa Sérgio I.[4]
Do ponto de vista oficial do magistério, entretanto, a Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca duvidou da Assunção,mas , alguns de seus fiéis agem ingenuamente desacreditando na Assunção. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si. Sobre a dormição de Maria, entretanto, João Paulo II assim se manifestou:
(…) Novo Testamento não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se não tivesse sido assim, como teria podido passar despercebida essa notícia a seu contemporâneos sem que chegasse, de alguma maneira até nós?
No que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que querem excluir as causas naturais. Mais importante é investigar a atitude espiritual da Virgem no momento de deixar este mundo. A este propósito, São Francisco de Salesconsidera que a morte de Maria se produziu como efeito de um ímpeto de amor. Fala de uma morte “no amor, por causa do amor e por amor” e por isso chega a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor por seu filho Jesus (Tratado do Amor de Deus, Liv. 7, cc. XIII-XIV).
Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma “dormição”. [5]

DOGMAS

Ticiano: Assunção da Virgem Maria.

Segundo a doutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de :
As igrejas ortodoxas e anglicanas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam outras mostram-se reticentes sobre o tema.

A coroação da Virgem Maria pela Santíssima Trindade, Velasquez.

Maternidade Divina

Este dogma foi proclamado pela Igreja Católica no Concílio de Éfeso em 431, como sendo Maria a “Mãe de Deus“, em grego Theotokos e em latim Mater Dei. O Concílio de Éfeso proclamou que “se alguém não confessa que o Emmanuel é verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que engendrou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja anátema “(…). Segundo São Tomás de Aquino “A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito que é Deus”.[6] Para Santo Atanásio é inadmissível supor que a maternidade de Maria seja um relato fictício, pois é certo que Jesus se fez, conforme atesta o Evangelho de São João[7].

Virgindade Perpétua

Sobre este tema, especificamente, discorreu na antiguidade, Ambrósio de Milão, por volta do ano 391 ou 392, na obra De Institutione Virginis, em que se ocupa em defender a virgindade perpétua de Maria, contra algumas vozes que se levantavam na época contra esta prerrogativa que Lhe é reconhecida por algumas igrejas cristãs.
Sobre a virgindade de Maria, os cristãos católicosprotestantesortodoxos creem que Maria era virgem quando deu à luz Jesus, mas apenas a Igreja Católica e os ortodoxos creem que Maria ficou perpetuamente virgem. A tese sobre sua virgindade no nascimento de Cristo está ligada à profecia de Isaías 7:14.

Imaculada Conceição

Na bula dogmática Ineffabilis Deus, foi feita a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição; nela, em 8 de dezembro de 1854 disse Pio IX: (…) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis. [8]
Em 8 de setembro de 1953Pio XII através da Carta encíclica Fulgens corona anunciou a celebração do “Ano Mariano” comemorativo do primeiro centenário da definição do dogma da “Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria”. Em 5 de dezembro de 2007Bento XVI fez tornar público decreto que concede indulgência plenária aos fiéis que cumprirem as condições nele estabelecidas, por ocasião do “150º. aniversário da manifestação da Beata Virgem Maria na Gruta de Massabielle, próximo a Lourdes[9]

TÍTULOS

Na “Ladainha de Nossa Senhora” estão enumerados os títulos com que os católicos a homenageiam numa tradição milenar. O mais recente destes títulos – Regina Familiae, Rainha das Famílias – foi mandado acrescentar pelo Papa João Paulo II em 1995. Há uma crença geral de que foi ele quem também incorporou à ladainha o título de Regina Pacis (Rainha da Paz), mas quem o fez foi Bento XV, em 1917, ao mesmo tempo em que pedia para que todos os católicos rezassem pelo fim da I Guerra Mundial.[10]

PADROEIRA DO BRASIL

Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora da Conceição Aparecida é considerada a padroeira do Brasil. O seu santuário localiza-se emAparecida, no atual Estado de São Paulo, e a sua festa é comemorada, anualmente, a 12 de Outubro.
No Brasil, na Revolução de 1930, o culto a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi proclamado oficialmente, recebendo ela o título de Rainha e Padroeira do Brasil, na presença de autoridades eclesiásticas e do então presidente Getúlio Vargas. Para incentivar a sua devoção, na década de 1950, foi inaugurada a Rádio Aparecida, em 1999 foi instituída a Campanha dos Devotos e, no dia 8 de Setembro de 2005, inaugurou-se a TV Aparecida.