Novembro Azul – Cuidar da saúde também é coisa de homem | Por Dr Walmick Correia

Quando se fala em câncer de próstata, a primeira informação que se deve saber é porque o homem precisa se preocupar com este tipo de câncer. Eu responderia que basicamente por três razões.

A primeira razão é a frequência dessa doença. É importante ressaltar que no Brasil o câncer de próstata é o segundo tumor mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Só para se ter uma ideia de como isso é frequente, 1 em cada 6 homens vai ter câncer de próstata ao longo da vida.

Com números tão expressivos, segundo dados do INCA cerca de 69 mil novos casos de câncer de próstata são diagnosticados por ano no Brasil, os homens precisam saber que o câncer da próstata acontece quando as células deste órgão começam a se multiplicar de forma desordenada e por isso, quanto mais precocemente for detectado, maiores as chances de cura, pois o tratamento impede justamente que essas células cancerosas se espalhem por outros órgãos provocando as metástases.

Dr. Walmick Correia – CRM/BA 3785
Idealizador e diretor presidente do Andro Hospital Urológico

A segunda razão pela qual os homens devem se preocupar com o câncer de próstata é porque esta é uma doença que muitas vezes não tem sintomas por isso a consideramos uma doença silenciosa. Em 95% dos casos quando o paciente procura seu urologista sem ter histórico familiar ele já chega ao consultório num estágio avançado da doença.

Nesse estágio o paciente já pode apresentar dores ósseas principalmente na coluna e quadril devido às metástases. Podem ocorrer sintomas urinários também como dificuldade miccional, levantar mais vezes à noite para urinar, jato urinário mais fino ou interrompido, indicando assim certos sintomas de prostatismo, o que nem sempre significa câncer de próstata.

Mas aqui vale um esclarecimento: é comum homens acima dos 50 anos de idade terem esses sintomas urinários e a principal causa deste problema não é o câncer de próstata, mas sim um problema benigno chamado HPB – Hiperplasia Prostática Benigna que se caracteriza pelo crescimento benigno da próstata. É importante ressaltar então, que pacientes com certo grau obstrutivo de próstata nem sempre tem câncer sendo ainda mais imprescindível a conscientização masculina da importância da visita regular ao seu médico urologista e da realização de exames preventivos.

E porque é tão importante a realização dos exames preventivos?
Porque como já foi dito anteriormente, o câncer de próstata não apresenta sintomas na sua fase inicial. Quando se descobre o tumor de próstata nas fases iniciais as chances de cura são de até 90%. No entanto, quando a doença é descoberta nas fases mais avançadas as chances de cura se reduzem a quase zero, numa situação onde o médico já não pensa mais em tratar o paciente para curá-lo, mas apenas para controlar a doença e melhorar sua condição de vida por isso é imprescindível a realização dos exames preventivos. Mesmo na ausência de sintomas, a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia – SBU é que os homens devem começar a fazer os exames de rastreamento a partir dos 50 anos de idade ou dos 45 anos se tiver algum tiver algum fator de risco.

E falando em fatores de risco, essa é a terceira razão pela qual os homens devem se preocupar com o câncer de próstata. A medicina ainda não sabe a causa deste tipo de tumor, isso significa que não é possível saber quem vai ter câncer de próstata e também não se sabe como evitar essa doença. O que se sabe é que em algumas condições a chance de ter câncer de próstata é maior, e a isso chamamos fatores de risco.

A idade é o primeiro fator de risco que se pontua, pois se sabe que quanto maior a idade do homem, maior a chance de ter câncer de próstata principalmente depois dos 50 anos.
O antecedente familiar é o segundo fator de risco a ser pontuado uma vez que um paciente com histórico familiar: avô portador de câncer de próstata, pai portador de câncer de próstata, tios ou primos portadores de câncer de próstata tem chance de 2 a 10 vezes maior de ter câncer de próstata porque a história familiar genética dele aumenta consideravelmente os riscos.

Estudos indicam também que os homens da raça negra têm maiores chances de ter câncer de próstata e quando são acometidos pela doença normalmente essa se apresenta de forma mais grave e agressiva.

Então, diante de uma doença que é tão frequente, que não apresenta sintomas nas fases iniciais, que a medicina não sabe a causa e por tanto não se sabe como evitar, o que se deve fazer?
A melhor recomendação a se dar é que a partir dos 45/50 anos de idade os homens procurem seu médico urologista para fazer um acompanhamento constante da próstata. É importante conscientizar os homens de que quanto mais precocemente eles fizerem seus exames preventivos mais precocemente eles serão diagnosticados e tratados para que possam ser curados e acima de tudo ter uma melhor qualidade de vida. Os homens precisam se conscientizar que cuidar da saúde também é coisa de homem e que não só as mulheres precisam fazer exames preventivos ou de acompanhamento.

Nós, enquanto médicos e os formadores de opinião em geral, precisamos divulgar a importância do rastreamento precoce do câncer de próstata e principalmente desmistificar o exame do toque retal.
O toque retal é o exame que permite ao urologista delimitar o tamanho da glândula prostática, avaliar a consistência dessa glândula e a possível presença de nódulos endurecidos na superfície da mesma. Muitas vezes pelo toque retal não é possível detectar nódulos porque quando um tumor é muito pequeno ele pode estar dentro da glândula prostática sendo difícil sua percepção pelo toque. Mas através do toque retal é possível observar uma próstata aumentada, endurecida, com múltiplos nódulos e isso geralmente em exames realizados tardiamente.

Nos exames realizados precocemente não se encontraria esses nódulos pequenos por isso, a necessidade de realizar um preventivo urológico  prostático completo onde você tem além do toque retal o marcador prostático que é uma enzima produzida pelas células da próstata chamada PSA – Antígeno Prostático Especifico, detectado através de um exame de sangue. Esse antígeno avalia o quanto de enzima essa próstata está produzindo e sabe-se que com o aumento dessa enzima aumentam-se também as chances de se ter um câncer de próstata. No entanto, existem tumores de próstata que não aumentam o valor do PSA, e por isso o toque retal é tão importante.

A partir de um toque retal alterado ou de valores elevados de PSA, solicita-se uma ultrassonografia da próstata ou uma ressonância magnética multiparamétrica onde é possível ver se a próstata tem pequenos nódulos. Por fim, ao identificar os nódulos deve ser realizada uma biópsia da glândula prostática que consiste na retirada de fragmentos da próstata para análise de anatomia patológica e só então, com todos esses resultados em mãos, o urologista pode fechar o diagnóstico do paciente.

Quando se identifica o câncer precocemente o médico tem condições de indicar as melhores condições de tratamento. Inicialmente faz-se uma prostatectomia radical, cirurgia para retirada total da glândula prostática juntamente com a vesícula seminal, onde todos os órgãos suspeitos são retirados e já é possível constatar que muitos pacientes se curam apenas com a cirurgia. A partir de então esses pacientes precisam fazer investigações urológicas semestrais porque sem controle pode haver uma recidiva bioquímica e esse paciente ter um câncer de próstata lá na frente então, esses pacientes precisam se conscientizar e continuar visitando regularmente o seu medico assistente.

 

 

Dr. Walmick Correia – CRM/BA 3785
Idealizador e diretor presidente do Andro Hospital Urológico.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
Natural de Rio de Contas / Bahia.
Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP.
Especialista em Urologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Urologia com atuação em Urologia Clínica, Cirúrgica e Cirurgia Minimamente Invasiva com concentração em Urologia Oncológica.
Pós Graduação em Uropediatria, Infertilidade, Impotência Sexual e Tratamento Clínico da Disfunção Erétil.