São Bento Bento, Patriarca de inúmeros religiosos, nasceu na Umbria no ano de 480, aproximadamente. Era filho de pais ilustres que não pouparam sacrifícios para dar-lhe esmerada educação. Contrário à inclinação natural da idade, desde menino São Bento mostrava aversão aos brinquedos infantis e amor declarado à oração. Logo que o desenvolvimento espiritual do menino o permitiu, levaram-no os pais a Roma, com o fim de encetar estudos numa escola pública. O meio em que as circunstâncias o obrigaram a viver, não lhe agradou e, receando o naufrágio de sua inocência, em companhia de tantos moços, que levavam vida repreensibilíssima, resolveu cortar todas as relações com o mundo. Para pôr em seguro a salvação, abandonou Roma e retirou-se para um lugar ermo. Jovem de 15 anos apenas, encontrou-se São Bento com o eremita Romano, que lhe deu o hábito de monge, instruindo-o sobre a vida regular e os respectivos deveres. Em seguida levou-o a uma gruta bem retirada, na serra, desconhecida e de difícil acesso. Foi esta gruta, chamada gruta santa, que escolheu para morada. Romano prometeu-lhe a mais estrita reserva sobre o esconderijo e também trazer-lhe a provisão necessária de mantimentos. Três anos passou São Bento naquela gruta, sem receber visita, a não ser de Romano. Deus, porém, querendo fazer brilhar a luz da santidade de seu servo, pôs a descoberta a existência do jovem eremita. Um sacerdote daquela região, estando a preparar a refeição, ouviu uma voz dizendo: “Estás preparando teu jantar, quando meu servo Bento morre de fome no deserto”. O servo de Deus pôs-se a caminho, em procura do Santo e só superando inúmeras dificuldades o encontrou. Bento, admiradíssimo de receber visita, não quis conversar com o desconhecido, senão depois de ter passado algum tempo com ele em oração. O sacerdote ofereceu-lhe em seguida comida e insistiu para que ele se alimentasse, pois não achava conveniente o jejum em dia da Páscoa. São Bento ignorava esta circunstância. Terminada a refeição, o sacerdote retirou-se. Tempos depois o paradeiro de São Bento foi descoberto por pastores. Devido à fama de santidade, foi enorme o número de pedidos dos que desejavam viver sob a direção do santo eremita. Após muitos rogos insistentes, aceitou a dignidade de abade do Convento de Vivaro. A disciplina daquele convento, porém, estava tão corrompida, que São Bento se viu obrigado a proceder com bastante rigor, no intuito de reconduzir os monges relaxados à observância fiel da regra. Formou-se entre os religiosos tão estranhada antipatia contra o santo superior, que terminou por degenerar em ódio. Para livrar-se-lhe da vigilância, conceberam o plano sinistro de matá-lo. Adicionaram forte dose de veneno ao vinho, que ia ser apresentado a São Bento. Quando este, porém, conforme o seu costume de benzer o alimento antes de o tomar, fez o sinal da cruz sobre a bebida, o copo partiu-se. Longe de se irritar com este fato, disse aos irmãos: “Deus vo-lo perdoe, meus irmãos. Tendes agora a prova de que tive razão, quando, logo no princípio, vos disse que os meus costumes não combinavam com os vossos”. São Bento não possuía a ciência das coisas profanas; tanto mais versado era na ciência de Deus e da salvação. Em Monte Cassino escreveu a admirável regra para a vida monástica. Nesta obra monumental São Bento revelava um profundo conhecimento da alma humana e da ciência que a conduz ao ápice da perfeição. São Gregório encantava-se com o espírito de sabedoria e modéstia desta regra e não hesitava em preconizá-la entre todas a primeira. A regra de São Bento foi adaptada por todos os monges do Ocidente e conservou-se por muito tempo como base da vida monástica. Eis o que prescreve a dita regra: o silêncio, a oração, o trabalho, o recolhimento, a caridade fraterna e a obediência. São Bento chamava sua Ordem escola para aprender a servir a Deus. Ele mesmo mostrou pelo exemplo a excelência da obra. Sendo superior da Ordem, era para todos os filhos o modelo de monge exemplar. Como outro Moisés, escolhido por Deus para conduzir o povo eleito, de Deus recebeu o dom dos milagres e da profecia, para autenticar-lhe a alta missão. A natureza era-lhe sujeita e o segredo das coisas futuras desvendava-lhe ante os olhos. São Bento morreu no mesmo ano que sua irmã Santa Escolástica , porém depois dela. Predisse a sua morte e seis dias antes mandou abrir a sepultura. No sexto dia da doença foi levado à Igreja, para receber os últimos sacramentos. Depois de ter feito umas exortações aos religiosos, de pé e as mãos elevadas ao céu, exalou o espírito, em 21 de março de 543, tendo a idade de 63 anos. Grande parte das relíquias descansam no Mosteiro de Monte Cassino hoje completamente restaurado. As outras foram transportadas para a abadia de Fleury, na França. Rezemos com São Bento – A Cruz Sagrada seja a minha luz. Não seja o dragão o meu guia. Retira-te Satanás. Nunca me aconcelhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces. Bebe tu mesmo dos teus venenos, amém. São Bento, rogai por nós!
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