Pai e seu papel de formador

     A missão de um pai é construir nos filhos uma fortaleza interior.

     Ao gastarmos um pouco de nosso tempo para avaliarmos a sociedade ocidental em sua contemporaneidade, seremos tomados por várias sensações e uma delas será a da ansiedade. Não é à toa que este “fenômeno” tem acompanhado a vida de boa parte de nossos coetâneos sejam eles crianças, adolescentes, jovens, adultos ou anciões. Mas o que tem a ver esta conclusão com o título do texto que se lê? Seria uma confusão do autor que vos escreve? Seria um erro do editor que não se ateve ao corpo do texto e o titulou de forma errada? Não mesmo!

Adriano Gonçalves e família – Foto: Arquivo pessoal

     O diagnóstico de ansiedade moderna que livremente dou à sociedade contemporânea tem fundamento na premissa de que, o pai perdeu seu lugar de formador na própria família, e logo, na sociedade. Como assim? Podemos definir ansiedade como o medo, pavor, receio do novo, do por vir, angústia diante do desconhecido e paralisia frente a possibilidade de se desfazer na existência. E aqui entra a figura do pai como aquele que tem por primeiro o dever de garantir, prover, uma existência que subsista. É do pai o lugar que abre possibilidades de enfrentamento do novo. Ele é o formador do filho que, num primeiro momento, olha o mundo pelo olhar paterno. É o pai a autoridade que se impõe não aniquilando caminhos, mas, pelo contrário, desbravando estradas por onde o filho vai se formando como pessoa. A ausência de um pai provedor e forte cria justamente o contrário, forma uma personalidade fraca, ansiosa, insegura e histérica. E hoje o que acompanhamos nos palcos da humanidade são pessoas que trazem em si a marca da ausência deste formador, de um pai.
      A missão de um pai é a de formar uma pessoa com seu caráter. Sua principal tarefa é construir nos filhos uma fortaleza interior, com capacidade de julgamento, consciência, vontade forte e ação que dure por toda a vida. E para isso é necessário um pai que seja presente e atento, que possa formar e liderar seus filhos de forma amorosa e viril, pois este pai não deve “criar” crianças, mas sim adultos, olhos que vêem além. Projetar seus filhos para eternidade e não para uma vida apenas mundana e medíocre. Ele sabe que seus filhos terão crescido não quando foram capazes de cuidarem de si mesmos, mas quando foram capazes de cuidarem dos outros. Não é suficiente que os filhos gostem dele, devem também respeitá-lo, e ninguém respeita um “amigão”, uma figura fraca e indecisa.
     O respeito que forma é o respeito que o pai revela em sua força de caráter, é isso que forma uma personalidade forte. Na maior parte das vezes, o crescimento das crianças em virtudes vem de imitarem inconscientemente as pessoas que elas admiram, começando por seus pais. Todo pai inteligente sabe que sua maior missão não está nas conquistas exteriores, mas na conquista da alma de seus filhos, e estas para Deus. Todas as características especiais da personalidade de um homem adulto, desenvolvidas desde a infância, seus músculos, força de vontade, resistência, hombridade, coragem, vigor, capacidade de planejamento estratégico e justiça moral, tudo isso se coordena para um único fim: formar sua prole. Negar este lugar é fracassar como homem e como pai, logo, levar ao fracasso de uma vida, lançá-la no lamaçal de uma ansiedade angustiante. Não é uma tarefa fácil, mas é a nossa tarefa como pais. Não podemos abdicar deste lugar pois há uma pessoa que espera por nossa liderança e formação.  Cabe a cada pai a construção de um mundo novo e, por fim, um novo céu. Que possamos ser os formadores de hoje em vista de um amanhã e, consequentemente, para eternidade.

Adriano Gonçalves dos Santos

É membro do núcleo da Comunidade Canção Nova desde 2003. Formado em Filosofia e Psicologia. Casado com Letícia Cavalli. Pai de 5 filhos: Chiara, Catarina e três que já estão no céu. Instagran: @adrianogoncalvescn

 

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