Violência interior e mansidão exterior

“Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. (Mateus 11,29)

      Se procurarmos no dicionário o significado da palavra “mansidão” teremos: gênio brando, manso e de temperamento fácil. Venho aqui contradizer este conceito, com uma interpretação agora espiritual.

Imagem ilustrativa – Fonte: Canvas

      São Francisco de Sales foi reconhecido por sua mansidão, mas o curioso é saber que encontraram sua mesa de trabalho toda arranhada por baixo, tamanha era a luta do santo para responder sempre com ternura e mansidão às pessoas que o procuravam. De temperamento forte, São Francisco lutou decididamente para adquirir a virtude da mansidão.
      Para o mundo, é forte aquele que vence, que tem a razão, que suas ideias sobressaem-se. Para o cristão, o forte é aquele que persevera independente das quedas.
      Nesta sociedade, a pessoa mansa, amável, terna, é vista como frágil ou fraca. Para Deus, somente o homem ou mulher fortes são capazes de domar seus impulsos e serem mansos mesmo diante das adversidades cotidianas. Mansidão diante da decepção, da frustração, da traição, da injustiça, do desemprego, da doença, da morte. Tribulações que fazem parte da vida do ser humano.
      São Francisco fala em fidelidade cotidiana, ensina uma ascese moderada que passo a passo vai entrando na intimidade de Deus. Em seu livro Filoteia indica fazer o bom uso da mansidão e aplicá-la a nós mesmos. Quantas vezes nos enfurecemos com nossa fraqueza, desânimo, pecado e falta de fé? Primeiramente sejamos mansos para conosco. Se eu não agir com misericórdia comigo mesma, como agirei com o outro? Quando uso de ira com minhas faltas, estabelece aí outro pecado: o orgulho. (mas isso é um assunto para um outro post). Por isso, “sedes mansos e humildes de coração”.
      Em tempos de pandemia, isolamento social e brigas acirradas dos poderes públicos, a nossa parte é criar um ambiente de ternura, harmonia e mansidão em nossos lares.
      Parece contraditório, mas, senão em todos os momentos ou na maioria deles, para agir com mansidão e estabelecer um ambiente de paz, devemos ser violentos. Violentos? Sim, violentos com o nosso eu, com o nosso querer, com a nossa a razão, com o nosso jeito de ver as situações. Uma violência interior que se dobra à ação do Espírito Santo e vence as paixões da carne.

“A começar em mim, quebra coração, pra que sejamos todos um, como Tu és em nós!”

Deus os abençoe!

Luciana Munhoz

Ingressou na Comunidade Canção Nova em 2001, permanecendo no núcleo durante 14 anos. Hoje é membro no Segundo Elo da Comunidade. Graduada em Administração com ênfase em Marketing e em Comunicação Social. Esposa do Bruno Alexandre Sá Gonzaga . Mãe do Samuel. Instagram: @munhozreinasa

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